Capítulo 3
No dia seguinte, três horas após que teria acordado, andava sozinha pelo Palácio. Caminhei até o tal quarto do segundo andar, olhando para o cenário com uma pontada de tristeza.
Seu cheiro ainda estava ali, perfumado o futon que passamos a noite passada, dormindo juntos antes que Haruki me deixasse.
O que esse cara fez para me deixar assim? É um tipo de charme?
De qualquer forma. Eu prometi ao Haruki que seria fiel a ele, mesmo com sua ausência desconfortável. Eu o tive por apenas uma noite, e desejo tê-lo pelo resto dos meus dias.
Talvez eu já tenha encontrado meu companheiro? Preciso continuar indo até a árvore, ainda assim? Bom... Hinata especificou que ele aparecerá após rezar no pé da árvore por 21 dias, e não dois... Algo está errado, quem será meu companheiro senão o Haruki?
Suspirei pesado, então arregalei meus olhos, surpresa comigo mesma. Essa sou eu? Estou mesmo me comprometendo à um homem que nem sequer conheço?
Eu perdi minha virgindade com ele... A que nível eu pude chegar para fazer isso com um desconhecido?! Isso é culpa do saquê, eu tenho certeza que é!
Olhei para fora do quarto, dando passos pesados em direção à porta, caminhando na reta de meu quarto no terceiro andar. Chegando lá, me deparei com uma caixa encima da minha cama. Estava embalada com um lindo papel dourado, o que me despertou ainda mais a curiosidade.
Bom, está no meu quarto, na minha cama, portanto, foi dado a mim.
Me dirigi até minha cama, segurando o presente em meu colo enquanto me sento.
Eu puxei um dos lados da fita avermelhada que impedia a pequena caixa de ser aberta. Então, ela se abriu, revelando uma linda jóia.
Era um colar com o cordão banhado à ouro, com uma linda jóia avermelhada, no formato de uma raposa.
Segurei o pingente em minhas mãos, admirado o brilho avermelhado e reluzente da raposa, pondo-a sobre a luz do sol. A parede atrás de mim refletiu perfeitamente a imagem da jóia. Quem havia me presenteado?
Olhei para o fundo da caixa, aonde havia uma carta selada com cera. Eu a abri, assim desdobrando e lendo o papel de dentro.
" Este colar tem um significado especial para mim, assim como você tem. Te presenteei com esta bela jóia, para que se lembre de mim, que se lembre que você não está sozinha e que se lembre de nossos momentos sempre que observá-la.
Pode não ter um grande significado para você, assim como você pode não ter sentido por mim. Espero que seja correspondido assim como sempre corresponderei à você assim que precisar de mim.
Não garanto que voltarei cedo, mas voltarei o quanto antes para vê-la.
Para minha pequena princesa, com amor, Haruki. "
Suas calorosas palavras fizeram meu coração palpitar de alegria. Ele realmente assumiria a responsabilidade, e não me abandonaria como qualquer um outro.
Esse é meu companheiro ideal, não preciso de um outro senão ele. É necessário orar para um outro?
[ ... ]
Após o sol quase se esconder entre os montes, eu subi até o monte da Kanzakura, e assim caminhei até a árvore. Olhei para os botões de cerejeira nascendo, logo logo a árvore estará rosada, e por que as outras cerejeiras não?
Eu me ajoelhei no chão, então fui surpreendida com uma linda raposa branca após começar a orar.
A raposa tinha algo diferente, ela fitava meu rosto com os olhos amarelados enquanto balançava suas... Nova caudas?!
Eu recuei, assustada. Como assim?! Kitsunes são reais!?
- Não chegue perto de mim! - Eu disse procurando algo para me defender.
A raposa se aproximou passivamente, então pulou para trás de mim. Deslizando sua caudas em minhas pernas. Então voltou ao tronco da árvore. Sentando-se entre as raízes enquanto olhava para mim. Eu me aproximei novamente, ainda com passos lentos e desconfiados.
Bom, eu teria que terminar minha oração antes que anoiteça por completo.
Eu me ajoelhei novamente, bem devagar para que o animal não se sinta ameaçado com os movimentos, então passei a tentar me concentrar para voltar a orar.
Percebia o olhar satisfeito da raposa ao ouvir minhas palavras, até que se surpreende com minhas palavras finais.
- Por favor, me envie algum sinal caso minha alma gêmea já tenha me encontrado, pois eu tenho certeza que a encontrei. - Eu disse, olhando para os botões da árvore, com as mãos juntas em oração.
A raposa balançou a cabeça em negação, como se estivesse desesperada para que eu a percebesse.
Aonde está aquele homem de antes? Talvez ele seria um kitsune? Isso explicaria aquela beleza divina, uma aparência surreal para um mero ser humano. Seria a única explicação. Mas porque uma kitsune estaria explorando a Kanzakura?
Pelo o que eu sei, as kitsunes são seres perversos que amam fazer travessura com os seres humanos. Mas... A grande guerra dos anos 600 não matou todas as kitsunes?
Inquestionávelmente, deve ser uma outra espécie, ou talvez algum outro espírito brincando comigo.
Bom, de qualquer forma, eu já fiz o que deveria fazer. Então me despedi da árvore, e da suposta kitsune.
Trilhei o caminho novamente de volta para a casa.
[...]
Q
uando passava por algumas ruas quase vazias do vilarejo, evitava olhar para as poucas pessoas que estavam caminhando na rústica estrada de pedras do local, até que um par de braços envolveram minha cintura como um abraço. Olhei para trás, pronta para me questionar contra um suspeito pervertido, até que percebi quem realmente era.
Ninguém menos que Yoshida, o samurai da noite anterior.
- É uma bela noite, não acha, Lady S/N? - Ele perguntou, se direcionando a mim, se soltando logo depois.
- Oh, sim. - Eu disse, aliviada. - Você me assustou, na próxima vez apenas me chame antes.
- Peço perdão. Você parecia cabisbaixa. É pelo lorde Haruki, não? - Ele perguntou, preocupado.
- Não é nada disso, não se preocupe comigo. - Eu disse, mesmo com um aperto no coração de lembrar na despedida do rapaz.
- Claro que devo me preocupar com você Lady! - Ele disse, ainda insistindo. - Eu disse o que faria com ele caso te fizesse mal! Eu espero que ele se lembre da minha promessa, e do que fez com você!
- Está tudo bem, Yoshida. - Comecei a me preocupar com o comportamento de Yoshida. - Ele não me abandonou.
- Ele... - Yoshida abaixou o tom de voz, fitando o chão com os olhos. - Como será que nós dois estaríamos se ele não tivesse aparecido e te... Roubado de mim.
- Ele não me roubou de ninguém. Eu já disse, não se preocupe. - Passei a me sentir desconfortável com a forma com que Yoshida me referia de forma possessiva.
- Você não está o elegendo para ser seu companheiro, não é? - Ele questionou.
- Eu... Eu e Haruki demos um grande passo, e ele demonstrou maturidade o suficiente para assumir essa relação como um bom marido. - Eu disse, como se estivesse dando um fora em Yoshida, porém de maneira educada e discreta.
- Você não pode o escolher! Ele te deixou aqui! Aonde está o seu bom marido?! - Insatisfeito, Yoshida voltou a reclamar.
- Estou à caminho de casa. - Eu disse.
- Tudo bem, não vou te prender. Só... Espera, o que é isso? - Ele apontou ao colar, especificamente para o pingente deitado em meu peito.
- Ele me deu. - Eu cobri o colar com as mãos, percebendo seu semblante enraivecido na direção da jóia vermelha. - Bom, tenha uma boa noite, lorde Yoshida.
Feito isso, eu o deixei, dando passos rápidos em direção ao palácio.
O que estava acontecendo com Yoshida? Ele está parecendo um bêbado com esse ciúmes possessivos injustos. Não é justo que ele se sinta assim sobre minha relação com Haruki.
Aquele homem veio em minha mente assim que olhei em direção à lua. Com vários momentos em mente.
Ontem a lua estava igual a de hoje, mais bela que ontem foi, e menos bela do que amanhã poderá ser.
Imagino como ele deve estar agora. Com aquele lindo rosto virado à lua, recebendo a fresca energia lunar.
[ "- Já ouvi dizer que há a forma de um coelho na lua. Dizem que esse coelho está preparando o elixir da vida eterna com seu pilão. - Haruki disse enquanto acariciava meus cabelos, estávamos admirando a lua pela mesma sacada. - De qualquer forma, a lua pode significar uma coisa diferente para cada um. E para mim, agora significa nossa noite, significa gradativamente meus sentimentos por você. Eu olharei para a lua, então me lembrarei de você, lembrarei de nós dois." ]
Essas foram suas palavras um pouco depois de termos feito "aquilo". Haruki pode me admirar, e eu o admiro. Mas seria possível que ele sinta tudo isso por mim? Não há como tirar essa dúvida, não agora. E com certeza queria que houvesse uma resposta afirmativa.
Ele me prometeu que voltaria, então eu o esperarei, mas por que eu sinto como se ele estivesse bem aqui?
Olhei para meu colar, que aparentava brilhar muito mais do que quando apontado ao sol. Era como ele, um grande admirador da lua, e com o que ela o faz lembrar.
Sorrio para mim mesma, então voltei a caminhar para o Palácio, sem nem sequer notando que algo ou alguém estara a me observar em meio todo esse transe...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top