Capítulo 1

S/N pov

Novamente, aquela história de repetia.
Meu pai me e perturbava o dia todo por já atingir a idade pela qual eu deveria me casar. Na nossa família, era tradição as mulheres se casarem aos 18 e assim, terem um filho aos 20. Era o mesmo para os homens, deviam se casar com uma mulher de 18 anos e a engravidar no início dos 20 anos.

Amanhã é meu aniversário, completarei a idade do caos, o tão desesperado 18 anos.

Meu pai é um grande nobre da aldeia em que moramos, todos o respeitavam, todos o louvavam, e o tal se aproveitara de tudo isso. Em minha véspera de aniversário esse ano, ele anunciou minha mão ao público, sendo assim, praticamente me dando ao homem mais rico que tenha a disposição de se casar comigo. Essa história de casamento arranjado é muito clichê, eu realmente odeio isso.

- Não é como se eu aceitasse ser leiloada! - Descontava toda minha raiva nas palavras. - Isso não é justo! Eu tenho que ser a dona de mim!

- Não há nada que eu possa fazer, S/N. - Dizia minha Miko*, suspirando.

Miko: "Noiva de santuário") é um termo japonês que no tempo ancestral significava "xamã feminina; medium; profeta; sacerdotisa" que transmitiam oráculos divinos e atualmente significa "noiva de santuário; virgem consagrada a uma deidade" que serve a santuários xintos.

Apesar de ser uma miko, a mulher que atende pela alcunha Hinata foi contratada desde que nasci, com o propósito de cuidar de mim até onde meus pais não vêem.
Eu realmente não tenho privacidade com essa mulher aqui. Mas sua companhia é boa, não é algo desconfortável, já que sou acostumada com ela.

- Eu não quero ter que me casar com alguém que eu não amo. - Dizia, com os punhos firmes na katana em minhas mãos. - Você não pode... Sei lá, dar uma conversada com meu pai? As vezes ele muda de ideia.

- Querida, eu já tentei convencer seu pai, mas não é nada fácil. - Hinata se desculpou da rebeldia de S/N. - Mas posso te ajudar na seleção de um bom marido.

- Eu não quero um marido, quero ter minha vida sozinha! - Gritei, como se fosse resolver algo.

- É o preço de ser filha única. Sinto muito por você. - Hinata permaneceu.

- Essa família e louca, essa tradição é uma merda! - Desci a katana no boneco de palha à minha frente, cortando-o ao meio.

- Posso te contar uma história, então assim poderá refletir um pouco sobre sua opinião. - A miko virou seu rosto à S/N, ainda sem abrir os olhos.

- História? Que história? - Parei de perfurar o boneco à minha frente, ouvindo as palavras de Hinata.

- No monte ao sul da cidade, existe uma árvore de cerejeira, aonde muitos a referem como sagrada. Foi construído um templo xintoísa ao lado da árvore por esse motivo, mas já foi abandonado à anos. - Contava Hinata. - Dizem que o solo da região é sagrado e sobre a posse do grande deus do amor.

- Deus... Do amor? - Repeti para não me esquecer.

- Diz a lenda que ao orar para a árvore durante 21 dias, o Deus do amor o ouvirá, então enviará o seu companheiro desejado. - Miko terminou de falar.

- Como posso saber que isso é verdade, hm? - Subestimei a miko.

- Conheci meu marido dias após de completar os vinte e um dias orando incansavelmente diante à cerejeira. - Ela disse, sua voz era firme demais para ser mentira, Hinata não é uma mulher para brincadeiras.

- Oh... Então. Pode me levar até lá? Quem sabe eu goste da idéia. - Disse, tentando esconder meu interesse na história.

- Claro, querida. Quando vamos? - Olhou para mim.

- Que tal... Agora? - Sorri na direção de Hinata, ela arregalou seus olhos como sinal de nervosismo.

- Pelo visto já se decidiu, não? - Ela Tentou fazer com que seu nervosismo não fale mais alto.

- Vamos até lá, sim? - Pedi a miko novamente.

- Se arrume, então a levarei. - Disse a miko.

- Certo! Me espere aqui! - Sorri para a mulher antes de deixá-la sozinha.

Corri até meu quarto, jogando algumas roupas da prateleira em meu futon, até que achei uma roupa que me agrade. Peguei um lindo kimono uchikake, com as camadas pretas e azuis, do meu agrado. Não me preocupei muito em arrumar meu cabelo. Calçei meus sapatos e borrifei um doce perfume natural. Corri até o salão de treino, aonde era para hinata estar. Ela não estava lá.

Quando pensei em voltar atrás, sua mão gentil tocou meu ombro.

- Ei, S/N. Lamento muito, mas não vou poder acompanhá-la. Seu pai me ordenou a comprar roupas para seu casamento. - Lamentou Hinata, cabisbaixa.

- Ah... Eu queria que você fosse, mas... - Eu devolvi o olhar cabisbaixo. - Você pode me dizer aonde fica? Posso ir sozinha, meu pai não vai ficar sabendo.

- Mas isso é arriscado! São quase cinco da tarde! - Hinata levantou sua cabeça de supetão. - Aliás, eu sou responsável por você.

- Mas eu já sou grandinha, já posso me cuidar. - Eu dei uma piscadela em sua direção. - No monte ao sul, certo?

- S/N, você não- Hina foi interrompida após ser abandonada por S/N na sala.

[ ... ]

Após caminhar um tanto até chegar na tão imensa escadaria do monte ao sul, comecei a subir aqueles degraus. Era como se tudo estivesse em ruínas. O lodo escorregadio nas pequenas partes lascadas dos degraus me incomodava de certa forma. Se a terra do Deus do amor está assim, o que está acontecendo com as pessoas?

Parei ofegante antes de chegar à imensa torii que guardava a entrada do templo. As lanternas estavam começando a se descartar conforme o sol foi se pondo, então apressei o passo. A vista da cidade era linda, tudo estava em seu devido lugar, em sua devida saturação.

Quando cheguei ao final das escadas, me deparei com aquele velho templo caindo aos pedaços, alguns "deuses" de pedra e a principal atração... A grande e sagrada Kanzakura.

Olhei para o tamanho daquela árvore, a comparando com as cerejeiras que há no jardim do palácio aonde moro, as árvores dessa espécie costumam ser tão delicadas e frágeis, agora essa árvore em específico parece até um baobá.

Não pensei duas vezes antes de correr até o pé da árvore, iniciando assim minha oração.

[...]

Já era meu segundo dia orando aos pés dessa árvore, e até agora sem resultado algum, mas isso não é motivo para desistir. Após terminar minha oração, suspirei em frente à árvore, me virando de costas para a mesma para me despedir.

Em meu primeiro passo para longe da árvore, senti um toque macio em meu braço, como se estivesse sendo segurado. Olhei para trás, então me deparei com aquele lindos olhos, tão amarelos quando o sol. Aqueles longos cabelos esbranquiçados que pareciam dançar ao vento.

Suas três marcas avermelhadas em cada lado de suas bochechas me alucinavam, não aparentava ser sangue. Seus lábios levemente rosados que me levaram ao paraíso por breves segundos. Então, seria esse meu parceiro predestinado?
Ele me entregou um ramo de cerejeiras, sem me dar uma única explicação. Então recuou para trás, pulando nos galhos da árvore, ele se foi sem sequer dar uma única despedida.

O que foi isso? Quem é esse rapaz?
Com aquela beleza, não é possível ser um humano... Não mesmo.
Com esses pensamentos duvidosos, retornei ao palácio lentamente, aproveitando cada brisa daquele ar noturno, ainda com aquele homem em meus pensamentos. Queria saber mais dele, queria conhecê-lo de verdade, talvez... Tocá-lo, assim como ele me tocou. Eu com certeza estara sonhando alto, mas nada podia me impedir disso, não é? Eu ao menos sei aonde ele pode estar, já é um passo, não?
Com um sorriso bobo em meus lábios, descia aquelas escadas de pedra enquanto pensava naquele homem. O que ele tem para me fazer me atrair com tanta facilidade? É o que eu quero descobrir...

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