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•Megan Smith•

Algumas semanas já haviam se passado desde que o Shawn veio a minha casa e me viu naquele estado, eu estava tão deplorável. Sofro bullying em minha escola a alguns anos, no começo eu não ligava muito, achava que era uma coisa normal, de crianças. Mas com o tempo isso foi piorando, o que eu achava uma coisa de criança acabou se tornando xingamentos e agressões que me machucavam tanto por fora quanto por dentro.

Eu comecei a sofrer de automutilação, em minha cabeça esse seria o único jeito de fazer aquelas vozes pararem, de conseguir aliviar minha dor que era sufocante. Alguns meses depois os cortes eram cada vez mais profundos, mas eu não sentia mais a dor, eu já havia me acostumado a sofrer, algo que não deveria acontecer.

Foi quando eu ouvi falar de Shawn Mendes, um jovem canadense que fazia vines e covers, e enquanto divagava ao som de Counting Stars eu senti que ele poderia ser minha âncora, talvez, mesmo sem ser conhecida pelo mesmo. Algo em mim mudou, para melhor, eu não cortava-me mais, as vozes haviam desaparecido.

Sentia-me segura ao ouvir a doce melodia de sua música entrando em meus ouvidos, como se nada nem ninguém pudesse tirar-me aquele momento, a felicidade, mesmo que fosse momentânea. Sua voz me acalmava, sua música, suas palavras.

" Leve uma parte do meu coração e faça dela sua, então, quando estivermos separados, você nunca estará sozinha"

Era exatamente como eu sentia-me, sozinha. Até que ele me seguiu, e tudo mudou.

" Pois sob a escuridão tem uma luz tentando fortemente aparecer, e eu sei disso porque eu vi um pouco brilhando entre as emendas."

Era isso, eu era a luz, mas meu brilho estava aos poucos se apagando, poderia ele reacendê-lo?

Alguns dias após Shawn ter me seguido, os insultos e agressões voltaram, mas com mais intensidade. As pessoas xingavam-me de coisas horríveis, batiam-me , chutavam, e foi então que as tão temidas vozes voltaram.

Eu já não aguentava ter de ouvi-las, mas elas não paravam, nunca paravam. A única solução que encontrei foi voltar aos velhos hábitos, voltar a automutilação.

Estava pronta para fazer mais um profundo corte, mas fui impedida por uma mão que levantou meu rosto fazendo com que eu pudesse perceber quem estava ali, a única pessoa que tinha sido capaz de ajudar-me , mesmo indiretamente, era Shawn, ele tirou a lâmina de minha mão trêmula e fria e puxou-me para um abraço aconchegante. Deixei que minhas lágrimas caíssem como em uma cascata, que parecia não ter fim, sua blusa antes cinza agora estava banhada por minhas lágrimas, mas ele não importava-se, pelo menos ao que parecia.

Shawn afagava meus cabelos enquanto eu ainda chorava compulsivamente, com meu rosto na curvatura de seu pescoço, e suas mãos em minha cintura. Aos poucos minhas lágrimas já não caiam mais, fixei meu olhar na pessoa que eu tanto amava em minha frente.

-Eu não acredito que você está aqui- disse e logo sorri.- Achei que você estava brincando quando disse que viria- sussurrei e abaixei minha cabeça encarando minhas mãos.

-Eu não podia deixar você fazer uma loucura, posso não ter conversado muito com você Megan, mas você é importante pra mim.- quando ele disse isso eu imediatamente levantei minha cabeça e pulei em seu colo com uma perna de cada lado e o abracei novamente.

-Eu te amo Shawn- disse o olhando.

-Eu acho que também te amo meu amor.- fomos nos aproximando cada vez mais, até que em uma questão de segundos nossos lábios já estavam se colidindo. Suas mãos subiram para minhas coxas, enquanto eu fazia círculos imaginários em sua nuca com minha mão. Terminamos o beijo devido à falta de ar que se mostrou presente.

Durante o resto do dia Shawn cantou pra mim, me fez rir, e incrivelmente, me senti feliz.

Desde esse dia tenho cada vez mais certeza, eu estou completa e perdidamente apaixonada por Shawn Mendes, e acho que ele, talvez, possa reacender minha luz, que aos poucos se apagou.

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