🐍 04 | ㅤㅤI FEEL LIKE I'VE KNOWN YOU FOR DECADES
LOS ANGELES, CALIFÓRNIA.
MOUNTAIN LIONS SCHOOL.
─ Isso aqui sim eu chamo de uniforme legal, e não aquela coisa cafona que os ridículos do Cobra Kai usam.
Para a felicidade do pequeno grupo de estudantes, a professora de álgebra resolveu faltar de última hora e, consequentemente, deixou dois tempos livres para que pudessem fazer o que quisessem. Padma estava do lado de fora da escola, sentada na grama, na companhia de Valentine, Victor, Andrezza e Poppy. A citada, inclusive, estava de pé naquele momento, fazendo poses engraçadas com seu novo uniforme de treino.
Qualquer aluno com a mente corroída, acharia que o Phaya Nak veio para o vale com intenção de roubar o triunfo do Cobra Kai. Os uniformes ─ constituído basicamente apenas de uma camiseta preta, ou de tops e regatas mais leves ─ seguia uma padronização de cor preta, com detalhes azuis. O desenho do dragão, que mais tarde descobriram ser a serpente de uma lenda antiga, dava um contraste superior para quem o vestisse.
Poppy comprou todos os modelos de camiseta, e consequentemente obrigou os amigos a comprarem junto. Até mesmo Padma estava usando ─ claramente contra sua vontade.
─ Você deveria treinar com a gente, Pami.
A adolescente volta para o presente, piscando confusa.
─ O que?
─ Fazer Muay Thai conosco. ─ Padma solta um "ah" quase desanimado. Conseguiu disfarçar na última letra, mudando radicalmente o tom para parecer outra coisa ─ Qual é? Mesmo com o camp lotado de alunos, ele decidiu que iria nos ensinar numa turma privada. Se isso não é tratamento VIP, não sei mais o que é.
─ As turmas estão lotadas, Pam. O Muay Thai está fazendo o maior sucesso aqui no Vale. Quem diria que fossem enjoar de Karatê tão rápido assim? ─ Andrezza comenta animada, rabiscando algo em seu caderno ─ Hoje ele disse que vai ensinar o soco de gancho.
Os adolescentes mal sabem que aqueles socos básicos que estavam lutando para aprender e depositar toda força, Padma já os dominava a bons anos.
─ Não dá, preciso trabalhar ─ trata de fugir o mais rápido possível da conversa ─ E tenho lição de casa mais tarde, ainda não consigo... acompanhar muito bem as aulas. Meu desempenho em literatura inglesa é péssimo.
─ Vamoooos, Pami! ─ Poppy praticamente se joga em cima da adolescente, que solta um gritinho surpresa pelo peso surpresa. ─ Ia ser tão legal você treinar com a gente. Parece que consigo ver um futuro próximo onde nós vamos ser fortes e iremos chutar a bunda desses bullies!
─ Poppy, só você em duas semanas de treinamento conseguiu se arriscar numa sequência completa... ─ Valentine deu de ombros ─ E o Victor. Ele só tem essa carinha de fofo, mas na aula passada deu um soco tão forte que seu avô elogiou, Pami.
O adolescente se encolhe de vergonha.
Do outro lado do gramado, numa distância que consideravam segura diante das circunstâncias, Samantha Larusso e Demetri observavam com atenção a formação de um grupo que até mês passado, eram apenas figurantes de suas vidas agitadas. Os primeiros alunos da academia de Muay Thai da região, eram uma incógnita ainda.
Apenas sabiam seus nomes, e nada mais.
Queriam ter mais informações sobre Padma, que tinha o costume de se mostrar bastante indiferente quanto à presença das duas gangues de Karatê, mas ninguém sabia exatamente nada sobre ela. Apenas o nome, e que havia se mudado recentemente da Tailândia com a família. Fora isso, nada mais.
─ Ela é... ─ Demetri começa, tentando encontrar algum adjetivo para se encaixar com a adolescente.
─ Estranha. ─ Samantha complementa, séria.
─ Também não é assim. ─ Ele quase gagueja, mas volta a gesticular ─ Eu diria que ela é uma incógnita. Se encaixa melhor do que chamá-la de estranha, acho eu.
─ Não só ela, a família toda ─ ela se vira de frente para Demetri ─ Falei para meu pai sobre a abertura desse novo... camp, como eles costumam chamar ─ ela rola os olhos ─ Ele mandou uma cesta de boas vindas mas, não notou nada diferente. Por que boas pessoas viriam do nada só pra ensinar uma nova luta? Já não basta o inferno que foi o acidente do Miguel?
─ Falando desse jeito, tá refutando até mesmo os ensinamentos do seu pai ─ Samantha arregala os olhos, abrindo e fechando a boca surpresa pela fala do rapaz ─ Nem todo mundo é mau, Sam. Sei lá, eles só pegaram uma época muito confusa para abrirem o camp.
─ Tanto faz. ─ Murmura emburrada, cruzando os braços ─ Mas, eu já vi esse filme antes, Demetri. Meu pai já viu esse filme antes. Sei que nem todas as novidades são ruins, mas... esse lugar já tem muito conflito. Não precisamos de mais um.
─ Sabe, pode ser que não aconteça nada. Eles estão abertos há duas semanas, a galera do Muay Thai é... de boa.
─ Por enquanto! ─ ela interrompe ─ Mudanças demoram para gerar reação.
Samantha guardava cicatrizes de quando fora atacada brutalmente por Tory Nichols. Não havia sido a tanto tempo, quase dois meses de toda aquela briga que foi o ponto de partida para muita gente, principalmente para ela que estava começando a tomar uma postura defensiva com tudo o que envolvesse Karatê e lutas. Amava o método de ensino do mestre Miyagi-Do, mas só de pensar em usá-lo de novo tão cedo, lhe dava arrepios.
Ela não conhecia o Muay Thai, não sabia o grau de dificuldade e violência da luta. Mas ela sabia como jovens cheios de adrenalina para dar e vender, lidavam quando tinham contato com algo novo. A sensação era gostosa, quase como uma droga que aos poucos os consumiam de dentro para fora.
─ Você vai visitar o Miguel hoje? Soube que ele acordou do coma.
A garganta de Samantha seca completamente.
─ Sim, só... vou fazer algo antes.
Demetri acena com a cabeça, escolhendo não dar continuidade no assunto ao perceber a expressão melancólica que tomou conta do rosto da Larusso.
Embora desconfiasse que parte daquela tristeza ─ possivelmente até culpa ─ que sentia em relação ao acidente, envolvia Miguel, no fundo abrangia um contexto maior. Robby Keene. Samantha sentia uma preocupação extrema em relação ao garoto. Queria saber onde ele estava, mas parecia não existir uma notícia sequer sobre, apenas que estava foragido.
Ela esperava que Robby estivesse bem.
─ Huh, você veio mesmo. ─ Padma para ao lado do adolescente, notando o sorriso que ele tinha no rosto ─ Toma.
─ Sabe, você não precisa ficar me dando comida. ─ Robby enfia as mãos no bolso, sentindo as bochechas esquentarem ─ Não precisa se preocupar comigo, faz... faz um bom tempo que tô me virando sozinho.
─ Bem, eu não sei como é ser uma fugitiva da polícia mas... ─ ela comenta com bom humor, arrancando uma risada baixa de Robby ─ imagino que deva ser difícil conseguir as coisas sem ser visto. A cafeteria me dá lanche, mas eu não gosto de comer, então...
Repetindo o mesmo gesto do dia anterior, Padma chacoalha a sacola de papel na frente de Robby, e mais uma vez, com toda a insistência, aceita. Eles caminham juntos até um banco de madeira que havia ali por perto, e sentam lado a lado.
─ Então... ─ Robby tenta puxar assunto ─ Acho que nunca ouvi seu nome antes.
─ É tailandês. ─ ela dá de ombros ─ significa flor de lótus. Existe um significado mais a fundo mas, não sou a melhor pessoa do mundo para confiar nessas sentenças antigas.
─ Flor de lótus ─ ele repete, balançando a cabeça ─ É um significado bastante bonito. Eu queria saber se Robby tem um significado a altura, ou se meu pai só estava bêbado demais e escolheu o mais fácil de lembrar.
Padma sente o clima pesar quando Robby solta uma risada um tanto quanto amarga.
─ Alcoólatra?
Ele acha fofo escutar o sotaque forte da garota, ignorando por segundos o contexto da conversa.
─ Tipo isso.
Padma cruza os braços, passando a maltratar os lábios.
─ Sinto muito.
─ Passei tempo demais lamentando a ausência dele na minha vida ─ o garoto reflete, parecendo distante quando se força de lembrar determinadas situações ─ Cansei de me culpar por algo tá longe do meu alcance.
Padma tinha muita curiosidade para perguntar o que ele havia feito, mas não o faria.
─ E você? Problemas com o pai?
Ela pisca lentamente os olhos.
─ Não, mas meu irmão não gosta muito de mim. ─ Ela ri sem humor ─ isso serve?
─ Acho que isso deve ser coisa normal de irmãos, não?
Ela negou com a cabeça, ainda rindo.
─ Tem uma grande diferença quando irmãos são irmãos, e quando um babaca me trata mal a vida inteira porque meu avô teve planos diferentes para mim. ─ Comenta amarga. ─ Ele sempre... me odiou, entendi só depois de grande.
─ Gêmeos? ─ ela assente ─ Sinto muito.
─ É, eu também ─ a garota lamenta ─ mas, como você disse, não posso me culpar por uma decisão que está fora do meu alcance.
─ Às vezes sinto que te conheço há décadas. ─ Robby desabafa, e Padma reprimi uma risada ao sentir uma piada fazer cosquinha na ponta de sua língua.
─ Bem, isso seria impossível porque eu não tenho mais de duas décadas de idade, então diria que você está alucinando ─ Robby gargalhou, jogando a cabeça para trás ─ E segundo, se você é um serial killer, já aviso que tenho uma faca de plástico aqui no meu bolso e posso te matar!
─ Então, nesse caso, acho que nós dois seríamos fugitivos da polícia.
─ Não se eu te matasse. ─ Ela comenta séria, e por segundos Robby se arrepia ─ Você estaria morto, eu teria de ir sozinha para a prisão.
─ Se te consola, menores de idade não podem ir para a prisão. No máximo você pega três anos de reformatório e uns quinze meses de serviço comunitário. ─ Ele comentou risonho.
O clima gostoso que Padma compartilhava na presença do adolescente, desaparece em questão de pouquíssimos segundos. Robby na mesma hora entra na defensiva, com medo de ter dito algo que não deveria.
A fala dele é inocente, mas acaba sendo um gatilho para Padma. De repente, ela já não estava mais ali, sentada no píer de Santa Mônica, e sim no Tribunal de Bangkok quase dois anos atrás, sendo condenada a uma sentença parecida com a que Robby havia dito em tom de brincadeira.
─ Eu disse algo de errado?
Padma se assusta quando a bolha da imaginação estoura sem aviso prévio, lhe jogando de volta ao presente, onde Robby tinha uma expressão preocupada no rosto pela mudança de comportamento brusca dela. Ela sacode a cabeça, forçando um sorriso trêmulo.
─ N-não, eu só... ─ ela penteia os cabelos com o vão dos dedos ─ eu só lembrei de uma amiga minha da Tailândia que acabou indo para o reformatório ─ mente, engolindo em seco ─ sinto saudade dela.
─ O que? É sério? ─ ele piscou surpreso. ─ O que ela fez?
O que ela fez? O que ela fez? O que ela fez? O que ela fez? O que ela fez? O que eu fiz?
─ Má conduta de trânsito.
Robby não se convence da resposta, mas a cena com a cabeça ao sentir que Padma não queria dar continuidade no assunto. Percebeu um clima estranho que não combinava com o clima que compartilhavam.
O que salvou ambos do desconforto foi o telefone de Padma tocando. Ela até pensa em desligar, mas quando vê que é sua mãe pelo identificador de chamada, solta um suspiro e desliza o dedo pela tela, levando o aparelho na orelha.
─ Oi, mãe.
─ Padma, querida, temos um problema. Hansa vai ter uma prova de última hora e não tem ninguém para tomar conta da recepção da academia. ─ Ela revira os olhos, já prevendo o pedido ─ Sei que está cansada, mas pode vir nos dar uma mão?
─ E o Kai, mãe?
─ Kai vai dar aula para duas turmas seguidas. Eu sei que você não quer contato, mas eu não te ligaria se realmente não tivesse ninguém para me ajudar.
Isara tinha razão. Respeitava fielmente a decisão de Padma de não se envolver com o negócio o qual estragou no país de origem. Se ela ligou pedindo ajuda, então realmente era apenas ajuda, e não uma tentativa de aproximação de raízes.
A adolescentes solta um suspiro que deixa Robby um tanto quanto curioso, mas ele não diz nada, apenas observa as caretas que Padma exibia.
─ Certo, posso ir.
Isara vibrou.
─ Muito obrigada, meu amor! ─ A voz fina fez a orelha de Padma pedir por socorro ─ Prometo que é só hoje.
E desliga, encarando Robby em seguida.
─ Problemas em casa? ─ ele chuta.
─ Tipo isso. ─ Imita a fala dele, arrancando uma curta risada do garoto ─ Infelizmente preciso ir. Meu turno é daqui cinco minutos e vou precisar ajudar meus pais.
─ Então, amanhã no mesmo horário? ─ Robby pergunta curioso, uma parte de si rezando para que Padma dissesse que sim.
Para sua sorte ela sorri.
─ Amanhã, no mesmo horário. ─ Ele sorri de volta ─ Tchau, Robby.
─ Tchau, Padma.
─ Robby? ─ ela para no lugar, beliscando os próprios dedos ─ eu também sinto que te conheço há décadas.
Padma estava, tediosamente, jogando paciência no computador da recepção quando o grito animado de Poppy Walker chamou sua atenção. Só deu tempo de fechar a barra do aplicativo e forçar um sorriso nervoso. Esqueceu-se completamente que iriam treinar naquele dia.
─ Você veio mesmo! ─ A morena diz animada, largando a mochila no chão para inclinar seu corpo sobre o balcão, consequentemente para mais perto de Padma. Só que franze o cenho ao ver a tailandesa com a mesma roupa de antes. ─ Ué, cadê sua roupa de treino?
─ Eu não vim treinar, Poppy. ─ O tom de voz de Padma era sereno, como se estivesse se desculpando por algo ─ Minha mãe pediu ajuda para olhar a recepção. Minha irmã está na faculdade hoje, não tinha ninguém para fazer isso.
─ Padmé Amidala, você feriu nossos corações ─ Andrezza chega mais perto, fingindo falsa tristeza. Segundos depois ela já sorria. Tocou um 'high five' com a tailandesa. ─ Poppy falou a tarde toda de você, jurei que a lei da atração havia dado certo.
─ Em partes deu. ─ Valentine comenta, Poppy fecha a cara de vergonha ─ Eu menti? Você ficou falando que a Padma ia aparecer para treinar, por instantes acreditei.
─ Pami, por favor, começa a treinar com a gente. Não aguento mais a Poppy chorando.
A fala de Victor, sem a presença recorrente da timidez, fez com que a adolescente sorrisse. Era a primeira vez, em semanas, que o via tão à vontade com sua companhia.
─ Oh, que fofo! ─ Andrezza esboçou um bico, apontando para Victor ─ Você chamou ela de Pami, finalmente.
─ E-eu não...
─ Não corre não, mané! ─ Poppy zomba, arrancando um coro de risada das três adolescentes que apenas assistiam a cena ─ Tem que ser homem, assume os b.o!
Ela e Victor entram numa pequena briguinha divertida sobre o assunto, e Padma não consegue disfarçar a química que ambos tinham. Andrezza se apoia no balcão, percebendo que a tailandesa compartilhava de seus pensamentos.
─ Eles um dia vão ficar juntos. ─ Ela sussurra, Padma sorri cúmplice ─ Esse dia ainda não chegou, mas em breve eles deixam de ser dois tapados e enxergam o que nós leigos vemos.
─ Devemos fazer algo? ─ pergunta divertida, observando de canto de olhos a interação do futuro casal ─ Eu não sou a melhor cupido, mas entendo de "dar sinais".
─ Nah... ─ Valentine se junta ─ O legal é ver eles perceberem. Daqui três anos isso acontece.
─ É muito tempo. ─ Andrezza choraminga.
─ O que é muito tempo?
─ É muito tempo que vocês estão de briguinha, o treino vai começar, oras! ─ A loira muda a postura na hora, como se não estivesse falando dos dois segundos atrás. ─ Pami, nos dê licença, mas iremos aprender a chutar agora.
─ Vou fingir que aquele saco de pancada vermelho é a cabeça do Falcão. ─ Poppy murmura séria, mas logo abre um sorriso para se despedir de Padma ─ Tchau, Pami. A gente se fala!
De longe, Kian acompanhava a interação divertida que acontecia na recepção da academia. Era a primeira vez em tanto tempo que tinha vislumbre de um sorriso sincero preenchendo o rostinho triste de Padma. Ficou tão chocado, talvez hipnotizado, por esquecer que sua neta havia àquele lado, que não percebeu que suas encaradas se tornaram bastante visíveis.
Quando Padma percebe que está sendo observada, principalmente pelo avô, seu sorriso morre em questão de segundos. O desconforto, o peso e a sensação recorrente de culpa, alugam novamente o espaço já conhecido dentro do coraçãozinho jovial da adolescente. E mais uma vez, lá estava aquela Padma que Kian via todos os dias: a menina que parecia se recusar a ser feliz.
Ela se distrai pelo resto da noite, ainda com a postura séria, realizando matrículas de novos alunos, recebendo ligações e vendendo algumas garrafas de água para aqueles que acabavam de sair do treino. Ela notou muitos rostos conhecidos do colégio, e se brincar, até mesmo dos dojos problemáticos da região. Lembrou-se de guardar a informação para pesquisar mais tarde. Queria a todo custo evitar que algum Cobra Kai entrasse ali.
Ela já estava farta de encarar a montanha de papéis que se acumulavam na mesa, quando uma figura chama sua atenção ao entrar na academia. Não era um adolescente mimadinho procurando problemas, para seu alívio, mas seus olhos assumem o ar da confusão no momento que ela tem o vislumbre de um homem ─ consideravelmente velho ─ andando pelo espaço um tanto quanto curioso.
Ele olhou tudo o que pôde. Espaço, janelas, falhas na pintura das paredes. Tudo. Padma já estava prestes a chamar por seus pais quando ele finalmente para em sua frente.
─ E aí.
Ela franze o cenho.
─ Eu posso te ajudar? ─ pergunta na dúvida.
─ Eu vim por isso ─ ele estende um panfleto amassado, sujo de cerveja e com um cheiro estranho ─ aqui diz que vocês tem uma sala sobrando para alugar.
Padma cruza os braços.
─ É.
─ E qual é o truque?
Padma deve ter atirado pedra na cruz em sua vida passada para ter de aturar um maluco oito horas da noite. Ela respira fundo, escondendo a careta e o xingamento que já estavam prestes a sair e, com toda a calma do mundo, pergunta:
─ Perdão?
Padma nunca havia o visto na vida, nem passando pela região ou em qualquer outro lugar.
─ Vocês riquinhos imigrantes chegam, abrem uma academia do caralho de uma arte marcial que ninguém conhece, roubam grande parte dos meus antigos alunos e ainda alugam uma sala como se fosse tão fácil assim?
Padma fecha a cara. Seus pais não estavam por perto, e ela parecia dividida em dar uma resposta educada ou ácida o suficiente para que o sujeito fosse embora. Com toda certeza do mundo ele era do Cobra Kai. Postura de 'machão', linguajar grotesco e personalidade que somente um professor de dojô com alunos questionáveis teria.
E mesmo estando há poucas semanas morando fixamente naquela região, Padma decidiu que não gostava do Cobra Kai. Talvez por influência de Andrezza que, a cada três palavras ditas, quatro eram "odeio o cobra kai".
─ Que eu saiba, seu dojô não fica aqui. ─ A adolescente murmura após desistir da postura educada. O homem à sua frente ergue as sobrancelhas, surpreso com a mudança de expressão brusca da garota. ─ O cobra kai não é bem vindo nesse camp.
─ Mesmo se eu fosse do cobra kai, seus pais sabem que você fica espantando clientes com essa carinha de chata insuportável? ─ ele aponta para a expressão azeda de Padma, e ela sente fumaça saindo de suas narinas.
─ Clientes é? E o que você quer aqui?
─ Eu quero o cacete da sala. ─ Ele aponta com mais força para o papel, que por pouco não rasga.
─ Você quer é um...
─ Padma!
Prestes a proferir o palavreado mais porco já existente em sua gramática pessoal, a voz da mãe de Padma interrompe a pequena briguinha que acontecia na recepção da academia. A adolescente sente o sangue gelar quando vê a expressão séria de Isara, claramente desaprovando seu lado imaturo. Ela apenas engole em seco, encolhendo-se atrás da montanha de papéis.
─ Venha senhor, vamos conversar sobre o aluguel da sala.
O loiro assentiu, mas antes de começar a seguir Isara para outra região da academia, ele se debruça no balcão, tendo novamente a atenção de Padma que já não tinha mais o amargor presente no rosto.
─ Eu não sou dono do Cobra Kai. Não mais. ─ Ele batucava os dedos na mesa, seus anéis faziam um som insuportável ─ Lutamos contra o mesmo inimigo, no fim das contas. Seria interessante descontar essa sua raiva em algo que tem um propósito diferente.
A garota permaneceu quieta, ainda o encarando de forma inexpressiva.
─ Até mais, Pamela. Recomendo sorrir mais para os clientes.
Ela negou com a cabeça enquanto o via se afastar, e ri de forma desacreditada.
─ Babaca.
Padma mal sabia que aquele era Johnny Lawrence. Um cara que, naquele momento, não faria tanta diferença em sua vida. Mas no futuro? No futuro talvez fosse um agente responsável que ajudaria a jovem a lidar com o próprio eu.
─ foi dessa forma que johnny olhou pra cara dela e disse: irei adotar como minha filha!
─ obrigada robby keene por fazer minha filha sorrir ☝ olha que ela n tem te conhece e se sente mais a vontade do que com os próprios amigos!
─ EU ADORO ESCREVER O JOHNNY PQ ELE NÃO PENSA QUANDO VAI FALAR E ACHO ISSO INCRÍVEL, TÁ!
Obrigadinha pelos 1K de leituras, vcs são incríveis!!!!
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