🐍 02 | ㅤㅤFIRST DAY
CAPÍTULO DOIS, PRIMEIRO DIA.
LOS ANGELES, CALIFÓRNIA.
PADMA NÃO ERA UMA DAS MAIORES FÃS de mudanças, principalmente aquelas que costumavam afetar toda sua rotina, de uma forma bastante negativa. Já estava acostumada com a escola localizada próxima ao trabalho de seus pais, mas como o Phaya Nak estava oficialmente pronto, não havia mais razões para retornarem para a região mais distante. Agora ficariam fixamente por ali, perto do bairro de Reseda.
Naquele dia em específico, o humor da adolescente não era um dos melhores. Kai acordou a casa inteira com músicas de rappers que, por sinal, cantavam muito mal. Padma sentiu vontade de se jogar da janela só para não precisar escutar a poluição sonora em plena sete e meia da manhã, mas o fato da maldita janela ter grade, a impediu. O que pode fazer foi tomar um banho gelado, se vestir com o mesmo conjunto de roupas que usou no dia anterior, e colocar fones de ouvido para inibir o som. Agora estava na mesa, olhando para o nada enquanto todos da família falavam um por cima do outro, afoitos.
Como Kai poderia estar tão feliz aquela hora do dia? Iriam se mudar para uma nova escola ── uma informação desgostosa que pairava toda hora sob a cabeça perturbada de Padma. ── Era estranho ver o sorriso esbranquiçado dele, deixando bastante evidente que sim, estava muito feliz de se mudar para uma nova escola.
Ela esboça uma careta desgostosa, enfiando a contragosto um pedaço de pão dentro da boca. O engole como se tivesse sido o diabo que havia o amassado.
─ Padma, coloca um sorriso no rosto. ─ Assim que Isara chega na cozinha insuportavelmente barulhenta, percebe na hora o rostinho azedo da caçula em meio a vários sorrisos. Sentia falta de ver algum traço de expressão em Padma, era como se ela tivesse se tornado um robô que não havia recebido tal funcionalidade ─ Por favor…?
A súplica foi inútil.
Padma sentia uma sensação grotesca grudada em seu coraçãozinho que, hoje em dia, era rodeado por gelo e diversos cadeados. Causou tanta dor em pessoas importantes para si num passado não tão distante, que tomou a triste decisão de apenas se manter longe. Observava de longe, vivia de longe, interagia de longe. Não se sentia merecedora de comemorar a nova virada de página da família, então fez o que achou que deveria fazer.
Se manter longe para evitar mais estragos.
Hansa, quieta no canto enquanto desfrutava de um suco de laranja, acompanhou mais uma das diversas tentativas de sua mãe para tentar trazer a velha Padma de volta. Era dolorido até mesmo para ela. Na Tailândia Hansa e Padma eram melhores amigas, sabiam todas as novidades e segredos. Mas, agora, trocavam no máximo um “ola” desleixado.
─ Vocês estão prontos? ─ Hansa interrompe a conversa animada de Kai com Hawk, olhando brevemente para Padma que assente sem movimentar muito a cabeça ─ Ótimo, vou deixar vocês na escola.
─ Quando eu posso tirar carta? ─ Kai indaga petulante, assumindo uma feição pidona para os pais ─ Eu tenho idade para dirigir.
Isara se apoia no balcão da cozinha.
─ Podemos pensar sobre isso se o Phaya Nak gerar lucro antes do planejamento feito. ─ Da de ombros, e Kai comemora ao exclamar um pequeno “yay” bastante animado. Foi a deixa perfeita para Padma, que jogou a mochila sobre os ombros e seguiu para fora de casa, sentindo um bolo de ansiedade pesar no pé do estômago.
Adolescentes eram seres cruéis. A garota de dezesseis anos sentia tremor quando sua mente insistia em criar cenários ─ difíceis de se acontecer, óbvio ─ mas que eram capazes de lhe gerar desconfortos evidentes. Padma não gostava de adolescentes, principalmente dos norte-americanos que pareciam ter nascido com uma veia a mais circulando pelo corpo, nomeada como “petulância”.
Na antiga escola passou despercebida, e agradeceu ao cosmos por isso. Felizmente ninguém notou sua dificuldade com o inglês, ou como sua caligrafia era bastante péssima tentando se adaptar a uma nova escrita que não costumava utilizar na Tailândia. Eram processos que Padma tinha vergonha de enfrentar, ninguém merece ser o centro das atenções e sofrer preconceito descarado.
Não sabia como seria no novo colégio. Seu único conhecimento é que ele já havia sido alvo de um conflito sério, onde um garoto caiu na escada ─ bem, não tinha certeza se eram apenas boatos ou sim uma grande verdade. Lembrava-se de ter escutado seu pai falar algo sobre, mas não deu muita bola.
Quando Hansa entra no carro acompanhada de Kai, Padma encosta sua cabeça sobre o vidro e passa o caminho todo quieta, sentindo sua mente lhe bombardear com “e se” constantes. Odiava ter aquele lado ansioso, mas não conseguia fazer exatamente nada para mudar. Ela acreditava que ainda era o resultado de uma mudança brusca.
O carro para na frente do colégio, ela abre os olhos numa lentidão semelhante a uma tartaruga, analisando brevemente a estrutura diferente e característica da região do bairro. Enquanto ela mordiscava os próprios lábios, observando as silhuetas dos estudantes e grupinhos conversando animadamente, Kai já tinha um sorriso enorme tomando conta do rosto. Ele parecia maravilhado. Padma apavorada.
─ Vou buscar os dois. ─ Hansa consegue avisar antes que Kai pulasse do carro. Restou apenas a adolescente no banco de trás, apertando as mãos em um punho para descontar a ansiedade. ─ Sei que ‘tá bolada com a mamãe por conta da mudança, mas…
─ Não tô bolada. ─ Padma corta.
─ Sim, você está.
─ Não, não estou.
─ Consigo ver pela sua cara, Pam. ─ O apelido pega Padma de surpresa, que pisca de forma aturdida nos primeiros segundos. ─ Sabe, pode esconder para eles, mas… comigo não precisa disso. Entendo o que sente.
“Entendo o que sente”.
Não, você não entende o que sinto. As palavras passaram pela cabeça da garota, desbloqueando mais uma sensação em meio àquela bolha de ansiedade que havia criado: a raiva.
Ficava dessa forma sempre quando era mencionado o acontecimento.
Para não correr o risco de dar uma resposta ignorante, Padma murmurou um “tchau” quase inaudível e deixou o carro aos tropeços, quase esbarrando sem querer em alguns estudantes que foram entrando no seu caminho sem aviso prévio. A caminhada até a entrada da escola foi tensa, sentiu-se tonta. Só não mais tonta ainda quando deu de cara com seguranças enormes, com carrancas seriíssimas. Ela se encolhe.
─ A mochila, garota. ─ Ele aponta, praticamente tomando da mão dela, empurrando-a para fazer o scanner corporal.
Qual o motivo de tanta segurança? Será que os boatos eram realmente verdade? O moleque foi jogado da escada e agora havia dezenas de seguranças ignorantes rodando por aí?
─ Pega leve, Matthew!
Padma não percebeu que estava agora, agarrada à própria mochila, enquanto continuava observando os estudantes sendo revistados a sua frente. Dessa vez, não estava sozinha. Uma menina mais baixa, de olhos claros e fios esbranquiçados, parou ao seu lado. Ela sorri.
─ Não leva ‘pro pessoal, eles são chatos assim com todo mundo desde que o Miguel Diaz quase foi para o além e a Samantha Larusso foi feita de churrasquinho. ─ Ela diz como se fosse algo normal, mas logo muda o assunto, ainda mantendo o tom divertido ─ Nunca te vi por aqui, sou Andrezza, Andrea ou Andy. Você é?
Padma demora um pouco para raciocinar que havia uma adolescente parada ao seu lado, perguntando o seu nome. Não sabia muito bem como reagir naquela circunstância, principalmente por nunca ter tido amizades antes.
Ela limpa a garganta, mantendo o mesmo olhar desconfiado que utilizava desde que chegou nos Estados Unidos.
─ Padma.
Andrezza triplica o sorriso de palhaço.
─ Igual a Padmé Amídala! ─ estala os dedos, como se tivesse acabado de desvendar um mistério superinteressante ─ Primeiro dia?
─ Uhum.
─ Regras básica de convivência, então ─ maior parte da diversão que a tal da adolescente exalava, some ao assumir uma expressão séria ─ Tem dois grupos de idiotas aqui nessa escola: Miyagi Do e Cobra Kai…
─ O que é Miya…
─ Nunca, em hipótese alguma, fale com eles. ─ Padma sente um frio na espinha ─ Se você quer problemas, é pedir para se envolver com algum deles. Não que os pobrezinhos coitados do Miyagi Do são do mal, mas, você sabe… essa galera do Karatê não bate bem da cabeça. Os Cobra Kai principalmente.
Padma não estava conseguindo entender. O que deveria ser Miyagi Do e Cobra Kai? Eram gangues?
─ Agora que você entendeu o básico, quer sentar com meus amigos no almoço?
Andrezza pensava a mil, e Padma sentia-se tonta com tanta informação jogada sobre si. Ela apenas abre um sorrisinho, balançando a cabeça como resposta.
─ Você é muito boa de papo, Amídala! ─ Andrezza estala os dedos mais uma vez, se afastando lentamente para dentro da escola ─ A gente se vê!
Pelo que Padma pôde observar durante as aulas chatas de álgebra, química, língua inglesa e biologia; foi que, de fato, Miyagi Do e Cobra Kai eram gangues. Gangues de Karate.
Desde o momento em que entrou em cada uma das salas para assistir às aulas do dia, conseguiu sentir de longe o clima um tanto quanto pesado, não soube ao menos onde sentar para evitar que lhe olhassem como membro de cada zorra. Se não fosse por encontrar Andrezza de novo, provavelmente já teria sido intimidada por algum grandalhão que se achava o rei da escola.
Agora, no refeitório, enquanto misturava a gelatina de frutas vermelhas em sua mão, escutava com extrema atenção Andrezza e seus amigos lhe explicando como funcionava o ambiente para que não caísse em nenhuma armadilha. Na outra escola não havia nada disso, sentiu um embrulho maior no estômago por estar se colocando num lugar que odiava.
─ Tá vendo aquele cara ali? ─ Andrezza, ainda mostrando-se bastante empenhada para situar Padma, aponta para um garoto de moicano, sentado em cima da mesa. Ele estava rodeado não apenas de garotas, mas também de outros caras tão patéticos quanto ele ─ É o Falcão.
─ Ou, se ficar mais fácil de lembrar, o mais babaca de todos.
Quem diz agora é Poppy Walker, amiga de Andrezza. Ela sorri no final da frase, enfiando na boca uma uva.
─ Todos são babacas. ─ Victor, o mais alto do grupo e, consequentemente, o mais tímido desde que Padma sentou-se com eles no almoço, finalmente abre a boca, surpreendendo a adolescente que pensou que ele não falasse. As bochechas do rapaz borbulham de vergonha, abaixando o olhar logo que percebe.
─ O que nosso querido Victor quis dizer ─ Andrezza aperta o ombro dele ─ Independente de qual dojô você entrar, você se torna algum deles. Só que, tem como escolher se quer ser o oprimido ou o opressor.
─ Isso me parece… triste. ─ Padma murmura.
─ Me parece algo não pensado, na verdade ─ a outra integrante do grupo, Valentine, a que parecia mais séria, diz ─ Entrar num lugar para fazer bullying com os outros, ou entrar num lugar que embora tente pregar o contrário, te torna um fraco.
─ Eu sinto vontade de fazer alguma aula de arte marcial ─ Poppy divaga sozinha ─ Só que se tenho apenas essas duas opções, prefiro viver na ignorância sem saber matar uma mosca.
─ A aula de kickboxing não deu certo? ─ Andrezza indaga, tombando a cabeça para encarar a amiga.
─ Nah… ─ a adolescente bufa ─ O cara não sabia o que ensinava. Queria só grana e… grana.
─ Não ensinam mais nada por aqui? ─ a pergunta de Padma exalava curiosidade pura.
─ Infelizmente a região é muito… específica, se é assim que posso dizer ─ Poppy explica, não encontrando as melhores palavras do mundo ─ Se você quer aprender mais que o básico, infelizmente o Karatê é o mais indicado.
Padma se perde na imensidão dos pensamentos de sua mente, mordiscando os lábios enquanto ouvia as lamentações que o grupo acabava soltando. Não podia negar, não era lá uma das melhores realidades. Pelo modo que falavam, compartilhando a experiência de uma forma tão… excludente, lhe veio na mente: o que fazem aqueles afetados pelo conflito dos dojos? Será que alguém já havia parado para pensar naquilo? Na desigualdade, na classe mais baixa de vítimas de um bando de adolescentes que não sabiam resolver os próprios problemas falando e faziam lutando?
Era ridículo.
Bem, claro, não que Padma pudesse dizer alguma coisa sobre dominar uma luta para usá-la de forma errada, mas conseguia distinguir quando ela poderia ser usada.
Na Ásia, aprendem o respeito acima de tudo. Quando se pratica uma das lutas mais violentas e complexas, o manual de bom uso vinha acompanhado em lições do dia a dia. Não se usa do que se aprende de forma injusta, não se usa do que se aprende para ferir alguém propositalmente somente por ganância. Se usa do que se aprende para entender quem você é, seu próprio eu.
Sua maior preocupação, agora que sabia como funcionavam os lados de cada território, era que pudessem fazer o mesmo com Muay Thai ─ e o pensamento lhe assombra, bombardeando-a com cenas repetidas do acidente de Shiva Somjai. Será que poderiam fazer o mesmo? Muay Thai não era apenas uma arte como o karatê dos Estados Unidos, o muay thai era além.
Padma estava tão preocupada, que quando escuta o sino do colégio ecoando por todo o ambiente, se levanta no automático, carregando a bandeja do almoço ─ intocada ─ consigo; só que ela não prevê que logo atrás dela, havia uma garota de cabelos escuros passando com um copo cheio de suco. A tailandesa percebe tarde o estrago, só consegue prender a respiração quando tem vislumbre da camiseta do Cobra Kai que a menina vestia, completamente encharcada.
Merda.
Parecia que conseguia ver os olhos dos amigos de Andrezza arregalados.
─ Você é cega, sua vadia? ─ Padma engole em seco, apertando a borda da mesa atrás de si, quando a menina dá lentamente um passo à frente, a encurralando. A atenção do refeitório estava presa na cena, conseguia ver o bando do Cobra Kai aos poucos se unindo para mais perto.
─ Ei, ei, ei! ─ Andrezza quem age, correndo até estar entre as duas adolescentes ─ Ela é nova, ela não te viu.
A situação era tensa, mas Padma não conseguia se sentir intimidada. Acreditava que era um instinto, já que já havia enfrentado coisa pior nos ringues de competições internacionais, onde se consagrou campeã mundial por quase sete anos seguidos. Uma cobra Kai tentando lhe apavorar com um tom de voz patético não era nada.
─ É o p-primeiro dia d-dela. ─ Victor também se levanta, quase caindo por seus cadarços estarem desamarrados, mas se põe ao lado da tailandesa, juntamente das outras duas meninas.
─ Ah, o gaguinho tá falando. ─ Falcão surge de trás da menina, com um sorrisinho sarcástico cobrindo seus lábios ─ Vai gaguinho, fala. Só não pode gaguejar!
Victor segura o punho de Poppy para que ela não avance, mesmo sabendo dar apenas um soco desleixado, onde provavelmente quebraria a mão pela ausência de domínio de uma arte marcial.
─ Não fala assim com ele! ─ Ela praticamente rosnou ─ E ela não viu você. Se estava passando com a porra de um suco na mão, usaria seus olhos estúpidos para perceber que não tem como alguém ter olhos nas costas!
A coisa começou a sair dos eixos, e Padma tremeu não por si, mas sim por aqueles que haviam acabado de conhecer, estarem a defendendo com unhas e dentes. Pediram tanto para que Padma tomasse cuidado com a gangue do lado ruim, que num passe de mágica, estragou tudo sem perceber. Provavelmente iriam apanhar porque ela era uma desleixada.
─ Poppy Walker, logo você quer crescer para cima de nós? ─ A menina provoca, finalmente se afastando de Padma, mas, por outro lado, se aproxima da adolescente que ainda estava sendo segurada por Victor ─ Qual é? Não sabe nem dar um soco e quer agir como se conseguisse lidar com a pressão?
─ Ninguém aqui quer nada disso. ─ Valentine, tensa com a rodinha que aos poucos juntava cada vez mais alunos, toma frente ─ Não queremos problemas, Sabrina. ─ Aponta para Padma ─ Ela não te viu, e Poppy não quer brigar. Deixa a gente em paz.
Mesmo ansiando por iniciar uma sessão de pancadaria, o bando de Cobra Kai abaixa a guarda. Não se convenceram completamente da fala da adolescente britânica, mas aceitaram porque, de fato, nunca tinham visto a figura de Padma circulando pela escola. Ela era bastante específica para passar despercebida na presença deles. Falcão ergue a mão, indicando para que o grupo recuasse. Sabrina esboça uma careta, mas faz.
─ Comece a prestar atenção por onde anda, novata ─ ele murmura, sorrindo de forma assustadora ─ Da próxima, não teremos piedade com um rostinho bonito.
E se afastam para fora do refeitório, demorando para quebrar o olhar. Padma solta um suspiro pesado, finalmente voltando a olhar para os adolescentes ao seu lado.
─ Se eu soubesse, eu juro que daria um soco na cara daquela vaca! ─ Poppy ergue o punho, ela tremia de tanta raiva, ou talvez por altas doses de adrenalina circulando a mil pelo sangue de seu corpo.
Padma coça a nuca, fechando seus olhos por alguns segundos antes de dar um passo à frente.
─ Olha, me desculpem por arranjar problemas para vocês ─ sua voz saia bastante baixa, mas é o suficiente para que a feição nervosa do grupo se altere ─ Juro que não sou desatenta dessa forma, eu só…
─ Relaxa, Padma ─ Poppy sorri, nem parecendo que estava possessa momentos atrás ─ Como a gente te disse, esses babacas arranjam problema com tudo. Não foi a primeira, e infelizmente não vai ser a última vez que vão tentar fazer isso.
─ É isso que amigos fazem ─ Valentine enfia as mãos no bolso, dando de ombros ─ Se defendem. É nossa amiga agora, e foi irado sentir a adrenalina. Deu vontade até de dar aqueles chutes estranhos de Karatê, se eu soubesse.
Amigos. Padma nunca teve amigos antes. A sensação de sentir acolhimento a pega desprevenida, e ar falta em seus pulmões. Era a primeira vez em meses, talvez anos, que ele batia de uma forma diferente e não melancólica.
─ Obrigada. ─ Murmura baixo, sorrindo minimamente para o grupo. A fala de Poppy e Valentine permaneceram na sua mente, e uma ideia surge. Uma ideia talvez arriscada, mas poderia prestar ─ Ahn, vocês disseram que tem vontade de começar aula de artes marciais… não é?
─ É, mas me recuso a fazer Karatê ─ Poppy murmura ─, e correr riscos de me tornar uma deles. Desse esquema de pirâmide social eu tô fora.
─ Não, é que… ─ ela trava de início ao ter de proferir sobre algo que ainda a machucava, mas precisava. Padma respira fundo ─ Vocês perceberam uma construção nova aqui perto, né?
─ É, mas acho que é um dojo novo de Karatê e…
─ Não é. ─ Interrompe a fala de Valentine ─ Olha, minha família vai abrir daqui duas semanas um centro de treinamento de Muay Thai. A luta é… diferente do Karatê, mas se usar com sabedoria e agilidade, pode te ensinar a socar e fazer muito mais que isso. Vai ser lecionado por tailandeses, o lugar onde a luta surgiu, então eu garanto qualidade.
Os olhos de Poppy brilham.
─ Tá falando sério?
─ Seríssimo. ─ Ela sorri ─ Se forem lá, digam que eu que indiquei. Meu avô vai ensiná-los como… deveria.
Padma se recorda que dentro da mochila havia os cartões que seu pai havia feito na última semana. Ela tinha uma ideia inicial de colocar no balcão de algum estabelecimento qualquer e sair correndo, mas felizmente parecia mais útil. A Madee-Kim enfiou o braço com certa urgência dentro da bolsa, e distribuiu os pequenos cartões.
─ Ah… eu vou indo. ─ Ela joga a mochila sob os ombros, não sabendo exatamente como se despedir ─ A gente se vê… amanhã?
─ Claro, Padma ─ Valentine, que encarava com certa curiosidade o cartãozinho preto em tons azulados, ergueu o olhar para a tailandesa ─ Até amanhã!
─ Padma! ─ prestes a deixar o refeitório, Poppy a chama ─ Você promete que se eu fizer, vou saber dar socos?
Ela sorri.
─ Socos e muito mais.
─ Irado! ─ aperta o papel ─ Eu vou estar lá, pode ter certeza.
─ ai eu tenho uma dó dela KKKKKKKKKKKKKKKKK imagina escutar o dia todo pra ficar longe dos encrenqueiros e na primeira oportunidade esbarra num deles KKKKKKKKKKKK
─ adoro que a Padma é a maior hater dos Estados Unidos e dos norte-americanos. Pode ter certeza que na primeira oportunidade que ela tiver, ela vai xinga-los ☝
─ meu engajamento na bomba do tiktok tá um cacete, não tô conseguindo divulgar a história ☠️ mas espero que estejam gostando <3 até sexta!
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