Capítulo único

Turma da Mônica em... um Halloween diferenciado 🎃


O céu estava estrelado nessa noite de Halloween, com a lua cheia bem no alto iluminando o Bairro do Limoeiro, deixando-o no clima para o feriado.

Mônica e Magali vinham conversando sobre suas fantasias, feitas por suas mamães, quando encontraram com Cebolinha e Cascão parados atrás de uma moita, com suas cestas em formato de abóbora postas ao lado deles.

— O que vocês estão fazendo? — Magali quis saber e sua pergunta fez com que os meninos dessem um pulo.

— AAAAHH — gritaram os dois.

— Que susto Magali!! — Cascão soltou irritado. — Não chega de fininho assim, não. Tá querendo matar a gente do coração?

— Desculpe Cascão, eu não queria assustar vocês — Magali ficou magoada, olhando para a cesta em suas mãos.

— Então polque vocês vielam aqui? — Cebolinha quis saber, cruzando os braços, sua maquiagem verde musgo do monstro de Frankenstein contribuindo em nada para que seu rosto parecesse irritado.

— A gente só quer saber o que vocês estão fazendo aqui, escondidos atrás da moita — Mônica olhou com um olhar desconfiado para os garotos.

— Nada não Mônica — Cebolinha respondeu de forma suspeita.

— Estamos vendo a casa mal assombrada do outro lado da rua, porque o Cebolinha tá com...

— Cala a boca, Cascão! Não é pla conta pla elas — Cebolinha interrompeu o amigo, tampando a boca dele com a sua.

— Mas por que? — Cascão afastou a mão do amigo da sua boca. — Eu só ia dizer que você tá com medo de ir lá pedir doces.

Cebolinha fez uma ação exagerada e espalhafatosa com as mãos no ar, sacudindo elas desesperadamente, para que Cascão não terminasse a frase, mas foi inútil.

— Ah, Cascão! — Cebolinha tombou a cabeça pra trás, irritado e envergonhado.

— Que que eu fiz? — quis saber Cascão, com um olhar confuso.

Quando Cebolinha ia responder o amigo, as risadas das meninas chamaram suas atenções.

— Tá lindo pol quê, Mônica?

— Você está com medo de uma casa — Mônica começou a explicar enquanto enxugava uma lágrima do olho, parando para tentar respirar e parar de rir.

— E que nem é mal assombrada de verdade — Magali completou a frase da amiga, enquanto ria.

— Eu não tô com medo! — esbravejou Cebolinha. — E a casa é mal assomblada sim!!

— Não é não! — Mônica devolveu.

— É sim! — Cebolinha insistiu.

Eles entraram numa discussão calorosa onde Cebolinha afirmava convicto de que a casa era realmente mal assombrada, e Mônica o contrário.

Magali e Cascão trocaram um olhar e ela se aproximou dele, com as vozes da discussão dos outros dois acontecendo ao seu lado.

— Quem te disse que a casa é mal assombrada?

— Um cara fantasiado de Drácula — ele respondeu naturalmente, recebendo um olhar entediado de Magali. — Ah, qualé Magali! Não vai me dizer que essa casa não parece mal assombrada? — ele indicou com a mão para a casa do outro lado da rua.

A garota vestida de bruxa com um chapéu pontudo na cabeça olhou para a casa de dois andares, com as luzes apagadas e as janelas fechadas, abóboras com rostos esculpidos de forma assustadora para o feriado enfeitavam desde a frente da casa, perto da porta, e faziam um caminho até a calçada.

— Não — ela respondeu calmamente.

De repente um trovão cortou o céu e tanto Cebolinha quanto Cascão se assustaram e se esconderam atrás da moita novamente, puxando pelo braço as duas garotas para se esconderem também, suas cestas caindo no chão pelo movimento repentino, mas por uma incrível sorte as cestas caíram no chão sem derrubar nenhum doce que as meninas ganharam de alguns adultos.

— A casa não é mal assombrada, só está enfeitada para o Halloween — Magali explicou, como se aquilo não fosse óbvio para os meninos.

— Assim como todas as outras casas — Mônica se levantou, pronta para sair dali, mas Cebolinha a puxou para baixo novamente, dessa vez agarrando a capa da fantasia de vampira dela.

— Ah, que isso? Você não viu o tlovão agola pouco?

— Deixa de ser medroso, Cebolinha — Mônica se levantou novamente.

— Eu não sou medloso! — Cebolinha ficou de pé num pulo, olhando irritado para a amiga.

— Então vai lá na casa pedir doce — Mônica o desafiou.

— Pois eu vou mesmo — Cebolinha encheu o peito de coragem e ergueu o queixo, se virou para ir em direção a casa com uma pose confiante.

— É isso aí Cebolinha! — Cascão gritou torcendo pelo amigo, ele ergueu os braços no ar e as faixas brancas meio soltas nos seus pulsos de sua fantasia sacudiram.

Mas ele desistiu quando olhou para a casa, sua mente imaginando morcegos saindo voando dela e uma risada assustadora preencher o ar, e ele correu para trás de Cascão, arrancando uma risada da Mônica.

— Que sabe? Vai lá você, Cascão — Cebolinha empurrou o amigo pelas costas na direção da casa.

— Eu não! — Cascão pulou para trás do amigo e o empurrou pelas costas também. — É melhor você ir, Cebolinha.

— Não, vai você! — Cebolinha insistiu, indo para trás de Cascão novamente.

Monica soltou um suspiro cansado e irritado.

— Mas que coisa! Eu vou! — ela gritou, chamando a atenção de todos.

— Se você insiste, Mônica — Cebolinha deu uma risadinha e empurrou Mônica para fora da moita, na direção da casa.

— Para, não precisa empurrar, Cebolinha! — Mônica protestou, fazendo com que ele parasse de empurrá-la.

— Só não quelo que você pelca a colagem, Mônica — ele explicou dando um falso sorriso, antes de voltar para trás da moita, ficando ao lado de Cascão.

— Meninos — Mônica pegou sua cesta e se virou para atravessar a rua.

— Espera Mônica, eu vou com você — Magali se pôs ao lado da amiga, também com sua cesta em mãos, e juntas elas atravessaram a rua em direção a casa.

As meninas andaram até a porta da casa, trocaram um olhar antes de Mônica se esticar e apertar o botão da campainha. Um som assustador de uma risada soou e as duas se agarraram uma à outra e gritaram.

— As garotas estão em apuros, Cebolinha!! — Cascão gritou preocupado, antes de pegar sua cestinha e sair correndo.

— O que você tá fazendo, Cascão? — Cebolinha perguntou ainda atrás da moita, apenas sua cabeça aparecendo quando Cascão virou-se para o amigo.

— Eu vou ajudar a Mônica e a Magali, elas são nossas amigas e não merecem sofrer naquela casa — e tomado de coragem o garoto voltou a correr em direção a casa.

Cebolinha olhou para seu amigo indo para aquela casa mal assombrada, decidido a salvar as meninas.

— Ele está celto, elas são nossas amigas e não melecem sofle — Cebolinha pegou sua cesta quase vazia do chão, levantou e estufou o peito. — Eu que não vou deixa só ele fica com a fama de helói, fola que vou pode esflegar na cala da Mônica que eu salvei ela. — ele deu mais na risadinha. — CASCÃO, ME ESPELAA.

Cebolinha saiu correndo e alcançou Cascão na calçada em frente a tal casa. Andaram lado a lado entre os rostos assustadores das abóboras, que cada vez mais aumentavam de tamanho, ambos tremendo de medo. Quando chegaram na porta da casa, encontraram as cestas com doces de Mônica e Magali largadas ali em frente a porta fechada.

— Onde elas estão? — Cascão perguntou, olhando para seu amigo e para a casa.

— Elas folam laptadas — Cebolinha esbugalhou os olhos, assustado.

— Raptadas? Por quem? — Cascão estava amedrontado.

— Pelo sel maligno que vive nessa casa — Cebolinha respondeu com convicção.

— BUUUU!!! — os dois gritaram assustados num pulo ao ouvirem isso, se abraçando logo em seguida.

Mônica e Magali saíram de trás de uma abóbora enorme e assustaram os meninos, depois riram de gargalhar da reação deles.

— Isso não teve glaça! — Cebolinha se queixou, irritado.

— Não mesmo — Cascão concordou, ainda abraçado ao amigo.

— Ah, foi engraçado sim — Magali disse enquanto Cebolinha afastava Cascão de si.

— Precisavam ver a cara de vocês — Mônica zombou.

— Vamos embola daqui — Cebolinha agarrou o braço de Cascão e os dois saíram andando pisando firme.

— Foi só uma brincadeira, Cebolinha — o som do ranger da porta fez Mônica parar de falar e todos eles se viraram lentamente para olhar para a porta.

Eles trocaram um olhar assustado.

— Foi o vento — Mônica explicou, sua voz não transmitindo nenhuma confiança.

Eles olharam para a escuridão do interior da casa, e isso não passou nenhuma confiança para que eles entrassem.

— Eu não vou entla aí — Cebolinha declarou.

— Nem eu — Cascão e Cebolinha olharam um para o outro e concordaram com um balançar de cabeça, depois viraram-se na intenção de saírem dali.

O som de latidos chamou a atenção deles quatro, que então olharam para a porta a tempo de ver um cachorro caramelo sair correndo dali de dentro na direção deles.

— Um cachorrinho, que fofinho — Mônica e Magali repetiram em uníssono a última parte, enquanto o cãozinho corria em volta deles.

As crianças foram se aproximando conforme o cãozinho corria, e então uma luz verde brilhante começou a surgir em volta deles e de repente um clarão aconteceu, os obrigando a fechar os olhos.

Quando abriram os olhos, viram o cachorro sentado com a língua de fora, como se estivesse observando-os há um tempo.

— O que foi isso? — Mônica quis saber, sua voz saindo com dificuldade.

— Eu não faço ideia — Cebolinha respondeu, de uma forma diferente, mais rouca como se estivesse com algo preso na garganta.

— Que coisa esquisita — Cascão comentou. — Será que podemos sair daqui agora?

— Acho que AAAAA! — Magali gritou de repente, assustada.

— O que foi Magali? — Cascão perguntou, e como resposta ela apenas apontou o dedo para ele. Mônica e Cebolinha encararam Cascão e entenderam o porquê da reação de Magali.

Cascão olhou para seu corpo, um pouco mais enfaixado do que sua fantasia mumificada. Esticou as mãos para ver melhor e também estavam enfaixadas, mas de uma forma mais antiga e empoeirada. Ele agarrou uma das bandagens e puxou, um pouco de areia saiu dali e caiu no chão.

— O QUE QUE ACONTECEU COMIGO? — ele gritou desesperado.

— Eu não sei — Mônica disse, novamente com dificuldade.

— Mônica, você está bem? — Cebolinha perguntou, andando de forma esquisita para perto dela.

— O que você tem na garganta, hein Cebolinha? Parece que tá com catarr... — Cascão olhou para o amigo e congelou no lugar.

— Nada, ué — ele respondeu calmamente. — Que foi Cascão? Pol que tá me olhando assim?

— Você está verde.

— Mas é clalo, ué! É a minha fantasia.

— Não, você está diferente da fantasia — Mônica disse com a voz estranha ainda.

— Olha só quem fala! — Cebolinha se irritou. — Tá mais dentuça e feia que o nolmal.

— CEBOLINHAAA!! — Mônica gritou e num piscar de olhos estava pulando em cima dele, o derrubando no chão pela força do impacto.

— SAI DE CIMA DE MIM, MÔNICA! — Cebolinha gritou e com um balançar de cabeça da Mônica, como se estivesse voltando ao normal, ela saiu.

— Você está com olheiras, amiga — Magali se aproximou da Mônica. — E seus dentes estão realmente grandes.

— Até você, Magali? — perguntou desanimada.

— Mas é verdade, só que estão mais pontudos.

— O quê? — Mônica levou os dedos da mão até os dentes e sentiu algo afiado ali, dois de seus dentes realmente estavam grandes e pontudos.

— Os olhão dela ficalam velmelhos — Cebolinha limpou a sujeira do chão de suas roupas, mas estava mais empoeirado do que o esperado. E foi então que ele viu que suas mãos, uma delas realmente estava verde, com algumas cicatrizes também, mais abaixo no pulso a cor se tornou mais escura. Sua outra mão era de uma cor azul…diferente, escura e fosca. — AAAAA! O QUE É ISSO?

— Você virou o Frankenstein mesmo — Cascão zombou do amigo, rindo de gargalhar.

— Olha só pla você, tá palecendo uma múmia fedolenta! — devolveu, irritado, calando a risada de Cascão.

— Nós viramos as nossas fantasias — Magali disse, chamando a atenção deles.

— Ah, jula? Nem tinha notado — Cebolinha usou de puro sarcasmo para responder ela.

— Não fala assim com ela! — Mônica brigou com ele, seus olhos se tornando vermelhos brilhantes novamente, o que o fez engolir em seco.

— Mas como isso aconteceu? — Cascão foi quem teve coragem de perguntar, sob o olhar assustador da Mônica, mesmo que não fosse direcionado para ele, aqueles olhos estavam de dar medo a qualquer um.

Os quatro ficaram em silêncio e se puseram a pensar.

Cascão andou de forma molenga até perto de Cebolinha, analisando o amigo dos pés a cabeça e vice-versa.

— Se eu tocar aqui o que acontece? — antes que qualquer um lhe respondesse, Cascão tocou num dos parafusos na cabeça de Cebolinha e tomou um choque, espalhando areia para os quatro ventos.

— Cascão, você é doido? — Cebolinha berrou, vendo o amigo caído no chão.

— Cascão, você tá bem? — Mônica perguntou, andando para se aproximar dos dois, mas acabou correndo rápido demais e foi parar no céu em forma de morcego.

— Isso é muito legal — Cascão múmia disse, recebendo a ajuda de Cebolinha para levantar do chão. Ele olhou para o céu, a tempo de ver Mônica retroceder da forma de morcego ainda no ar e cair de bunda no chão. Cebolinha e Cascão riram de gargalhar diante dessa cena.

Mônica levantou num pulo e encarou dos dois, furiosa, antes de cair no riso junto deles pois isso não a machucou em nada.

Em meio a essa confusão, Magali permaneceu pensando no que podia ter acontecido para que eles ficassem assim, ela olhou para o cachorro e viu em sua coleira algo brilhante e verde.

— Vejam a coleira do cachorro, tem alguma coisa ali da mesma cor daquele brilho esquisito — todos eles olharam para o cãozinho.

— É verdade — Mônica disse.

— Ei, cãozinho, vem aqui — Cascão chamou e o cachorro abaixou as patas da frente, ergueu a parte de trás e balançou o rabo animadamente, latiu brincalhão para eles e então saiu correndo.

— Ei!! Volta aqui — os quatro correram atrás do cachorrinho.

Magali tropeçou no tecido do seu vestido e caiu no chão, lançando uma luz roxa brilhante das suas mãos que por pouco não atingiram seus amigos. Eles se abaixaram e desviaram das luzes roxas bem a tempo, fazendo-as atingirem algumas das abóboras que cercavam o caminho.

— Magali, você está bem? — Cascão que estava atrás dela, por não conseguir correr direito, se aproximou para ajudar a amiga a se levantar.

— Sim, estou bem — ela garantiu a ele.

Nesse momento, Mônica correu super rápido até o cachorro, parou na frente dele e com os braços estendidos para os lados o fez parar.

— Calma cachorrinho — a vampira disse, com as mãos estendidas no ar numa forma de acalmá-lo.

— Peguei! — Cebolinha gritou orgulhoso de si ao segurar na coleira do cachorro, impedindo dele sair correndo.

— E agora? O que fazemos — Mônica quis saber, analisando a pedra verde na coleira do cachorro.

— Tem um nome aqui — Cebolinha comentou, lendo a outra parte da coleira do cão. — Batati…

— ARGHHHH — todos ouviram um som estranho e congelaram no lugar. Um som que começou a se multiplicar.

— O-O q-q-que fo-oi isso? — Cascão gaguejou.

Algo se mexeu ao lado deles, chamando a atenção de cada um. Uma abóbora esculpida de forma assustadora para decoração do Halloween esticou suas folhagens para os lados, como se fossem braços, se apoiou nelas e ergueu seu corpo alaranjado, soltando mais um grunhido assustador.

Os quatro deram um grito e viram que as outras abóboras começaram a fazer o mesmo, algumas bloquearam a saída e outras avançaram para cima de Magali e Cascão, que estavam mais atrás.

— Temos de ajudá-los — Mônica disse antes de sair correndo num rompante e pular em cima de uma das abóboras andantes, derrubando ela no chão e virando morcego logo em seguida.

— AAAAA — Cebolinha soltou a coleira do cachorro e correu em direção a outra abóbora, num grito que transmitia sua coragem. Ele agarrou os braços de folhagem do fruto e começou a puxar, girando-o até soltar e a abóbora cair em cima de outros frutos que vinham na direção das crianças.

— Vamos! — Cebolinha liderou a corrida em direção a casa com a porta de entrada aberta.

Cebolinha ajudou Magali a correr e Mônica agarrou as bandagens na nuca de Cascão e o levou voando até a varanda da casa.

— Não podemos deixar o cachorro — Cascão protestou assim que ela o largou no chão. Então Mônica morcega voou rapidamente para salvar o animal de um ataque de algumas abóboras.

Mas Mônica se transformou em humana bem no meio do caminho, caindo de bunda no chão.

O cachorro conseguiu escapar das folhas de alguns frutos e correu na direção de Mônica, que o segurou no colo e voltou correndo para a casa. Todos eles entraram na residência e fecharam a porta.

— Que malavilha, Magali, tinha que faze um feitiço, né? — ironizou Cebolinha, completamente irritado, acendendo as luzes da casa no processo.

— Eu não fiz por querer — ela se defendeu.

— Mas fez. Agola desfaça!

— Eu não sei como.

— Então pla que selve te podeles de bluxa? — ele gritou, sentindo as abóboras baterem com força na porta. Sua força do monstro de Frankenstein era o que estava impedindo os frutos de conseguirem entrar, mas isso até que mais abóboras se juntaram do lado de fora para tentar passar pela porta.

Mônica largou o cachorro no chão e correu para ajudar Cebolinha a manter a porta fechada.

— Não devíamos ter vindo pra essa casa — Cascão disse o que todos pensavam e correu como pode para ajudar seus amigos, sendo seguido pela Magali.

— Eu quelo a minha mãe — Cebolinha gritou.

— Eu também — os outros três repetiram.

De repente, os grunhidos cessaram e todo o som assustador do lado de fora acabou.

— Será que eles cansaram? — Cascão arriscou.

— E folam faze o que? Tila uma soneca?

— Ou foram perseguir outras pessoas — Mônica concluiu, preocupada.

— Que malavilha!

— Cebolinha! — os três repreenderam o amigo.

— Que é? Eles que se vilem.

— Mas os outros não tem poderes como nós — Mônica disse o óbvio. — Se você não for ajudar, eu vou — ela abriu a porta, pronta para sair.

— Eu também vou — Magali e Cascão disseram em uníssono, seguindo Mônica, Cascão tropeçando nas faixas que sobravam enroladas no seu corpo.

— Nem me olhe assim — Cebolinha encarou o cachorro. — A culpa é toda sua. — Ahh — gemeu frustado. — Me espelem!! — por fim, ele seguiu atrás dos amigos porta a fora, esbarrando neles parados na varanda. Haviam duas pessoas também paradas encarando eles.

Alguns minutos atrás.

Um homem com uma criança segurando em sua mão chegaram na calçada de casa, encontrando um monte de abóboras andantes tentando invadir a casa, por um motivo desconhecido por eles.

— Pelas barbas de Merlin! O que está acontecendo aqui? — o homem perguntou, largando as sacolas que trazia consigo no chão.

— Aí não, o que o Batatinha fez agora? — a criança tinha o tom de voz preocupado, mais que o do pai. — Será que ele tá bem?

— Parem! Voltem ao normal — o homem esticou a mão para frente e o rubi no seu anel brilhou intensamente quando ele começou a dizer as palavras.

Várias luzes vermelhas preencheram o ar e rodearam as abóboras andantes, fazendo com que voltassem a ser apenas abóboras de decoração.

A menina abriu os braços e um brilho dourado intenso saiu do seu colar, flutuando as abóboras para os seus lugares anteriores, decorando o caminho para a casa.

Eles pegaram as sacolas do chão e correram até a casa, encontrando com quatro crianças que saíram de dentro da casa. Todos pararam no lugar e se encararam.

— Quem são vocês? — a vampirinha perguntou.

— Eu que pergunto quem são vocês? — o homem olhou desconfiado para as crianças. Uma vampira, uma múmia atrapalhada, uma bruxa e um monstro de Frankenstein. O que estava acontecendo?

— E nós é que perguntamos primeiro — a múmia cruzou os braços desafiadoramente.

— Mas somos nós que moramos nessa casa — a filha do homem usou do mesmo tom desafiador do garoto, imitando sua postura.

— Vocês molam na casa mal assomblada? — isso arrancou uma risada de pai e filha.

— A casa não é mal assombrada — a menina respondeu.

— Mas e o som assustador de uma risada que ouvimos quando tocamos a campainha?

— Nós gostamos muito do feriado, às vezes exageramos na decoração — o homem explicou.

As crianças trocaram um olhar entre si e um latido chamou a atenção de todos. O cachorro saiu de dentro da casa e correu na direção da outra criança.

— Batatinha! — a menina gritou alegremente, o cachorro pulou nela, recebendo carinho, e depois foi para o chão, ofegante com a língua de fora. — Que bom que você está bem, garoto.

— Esse cachorro só trás problemas, Lumena. Não devíamos ter dado uma pedra para ele, não agora, ele ainda não está pronto.

— Ah, papai, só precisamos treiná-lo mais um pouco — Lumena fez carinho na cabeça de Batatinha, sentado ao lado de suas pernas.

— E precisamos mesmo, veja o que Batatinha fez, — o homem estendeu as mãos para mostrar o redor. — deu vida às abóboras.

— Na verdade, senhor, isso foi eu — pai e filha olharam para quem disse essas palavras.

— Não sabíamos que tinha outra bruxa nesse bairro — o homem comentou. — Eu me chamo Lethur, e essa é minha filha Lumena. Qual seu nome, bruxinha?

— Outra bruxa? — o garoto múmia perguntou assustado, trocando um olhar amedrontado com seu amigo esverdeado.

— Eu me chamo Magali, e eu não sou uma bruxa — ela admitiu e isso provocou confusão nos outros dois.

— Essa roupa diz o contrário, Magali — a menina, Lumena, disse.

— São fantasias que de algum jeito ganharam vida.

— É, foi culpa desse cacholo aí! — Lethur suspirou ao ouvir isso, vindo do garoto verde.

— Então Batatinha transformou vocês nas fantasias que vestiam?

— Com uma luz velde blilhante e esquisita.

— Bem, é melhor desfazermos isso o quanto antes — Lethur lançou um olhar acusatório para Batatinha, que baixou as orelhas e a cabeça.

Lethur ergueu as duas mãos no ar, o rubi do anel em sua mão voltou a brilhar intensamente.

— Voltem ao normal com suas fantasias — um brilho vermelho envolveu as quatro crianças e após um clarão, todas voltaram a como estavam antes, onde vampira, bruxa, múmia e monstro de Frankenstein eram apenas fantasias.

— Obrigada, senhor Luther — a garota de presas de vampiro falsas disse, sendo seguida pelos amigos. — Eu sou Mônica, e esses são Cascão e Cebolinha — ela apontou com a mão para cada um.

— É um prazer conhecê-los — Luther e Lumena retribuíram a gentileza com um sorriso amigável.

— Então, é melhor nós irmos, antes que aconteça mais algum feitiço doido — Cascão foi quem disse, soltando uma risada sem graça.

— Não querem um pouco de doces ou travessuras primeiro? — Luther ofereceu.

— É, nós saímos justamente para comprar bastante doces — Lumena ergueu suas sacolas para que as crianças vissem.

— ARGHHHH!! — um som enorme e assustador se fez presente e fez com que todos dessem um pulo assustado.

— OS MONSTROS VOLTARAM! SALVE-SE QUEM PUDER! — Cascão berrou.

— Não gente, é só a minha barriguinha — Magali soltou uma risadinha com as mãos na barriga, como se pudesse abafar o som. — Eu ouvi vocês falarem em doces ou travessuras?

A pergunta de Magali arrancou várias risadas de seus amigos e dos dois bruxos.

E assim se encerra essa aventura diferenciada na noite de Halloween.

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