prólogo
Passo o dedo pela janela do ônibus acompanhando as gotas de chuva que escorrem pelo vidro embaçado. É completamente estranho estar livre novamente após doze anos na cadeia.
Suspiro sentindo o ar pesar sobre meus pulmões. O vento gelado que entra pelo vidro entreaberto faz com que eu estremeça.
-Olá!-Um garoto com seus cabelos desgrenhados se senta ao meu lado.
Curvo a cabeça o cumprimentando, evitando ao máximo não expressar minha voz. O garoto carrega uma mochila preta do ombro esquerdo, seus músculos estão completamente marcados pelas roupas de couro apertadas. Em seus pés um coturno com resquícios de sangue.
Solto uma risada nasalada. Criminoso ao lado de criminoso. Irônico.
-Aparentemente acabou de sair da cadeia.-o observo confuso, como ele poderia saber isso?- A mochila.-observo a mochila em meu colo como nome da prisão em que fique nos últimos anos.- E além do mais.-ele se aproxima do meu ouvido.- Esses músculos só poderiam ser de um presidiário.
Me arrepio. Não sei se devo me amedrontar ou me vangloriar. Insulto ou elogio?
-Qual o crime?- aparentemente ele está tentando puxar assunto, deve pensar que vou querer entrar em uma facção e roubar um banco pra ele.
-Me acusaram de ter matado meu... um amigo. Mas, felizmente, conseguiram as provas do contrário.-ele assente.
-Sinto muito!-me viro para ele.
-Pelo que?
-Pelo seu amigo, e por ter sido injustiçado.- ele desvia o olhar e eu dou de ombros.
O caminho foi silencioso, exceto pelo garoto ao meu lado, Jung Hoseok como se apresentou. Ele é legal, mas é perceptível que é um tanto forçado.
Descemos no mesmo ponto, mas seguimos caminhos opostos. E bem ali, no exato local em que nos despedimos, foi onde vi a única pessoa que eu amei ser assassinado. Foi bem ali onde consegui estilhaçar meus sentimentos e quebrar meu coração ao perder a única pessoa que eu tinha.
[...]
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