Então me compreenda
Te levo nos andares de ruelas sem amor
Sem motivo nenhum para fazer o que faço
O amor faz isso tudo valer a pena
Mesmo me tirando o sono
Mesmo me dando de presente você, que me acompanha
Me traduz inseguro em situações cotidianas
Uma conversa se torna um choque
Uma lágrima, um sinal de fraqueza.

Já não escrevo por linhas tortas
Meus desenhos não buscam o traço
As aquarelas não precisam ser tão precisas
Me atento no que é sincero
Mesmo tendo medo
Mesmo me fazendo duvidar do que já era certeza
Da arte que me escolhe
A poesia me queima e me inunda em oceanos que não tenho mais medo de mergulhar
E me dá o medo do fracasso
Me dá o medo de perder.

Adoro amar totalmente
Porém você me tira tudo isso
Arranca minhas maiores vontades de ser feliz
De não me preocupar finalmente com o que há por trás
Então você acaba comigo, aos poucos
De uma maneira tão suave que quase não percebo sua sonda
Me atoa
Me envenena.

Porque me mata de dentro para fora?
Me crucifica nos altares do que eu não tenho mais
Nos olhares alheiros da rua e da cidade sem brilho, sem amor
Porque ainda está aqui, Maria?