Capítulo sete

Ouço os fogos explodirem no céu, acompanhados por gritos animados.

Não preciso olhar pela janela para visualizar a cena que sei estar se desenrolando ao longe. Sei que se olhar, verei grupos de amigos saltitando, casais se beijando, famílias celebrando a chegada do ano novo. Sempre sou tomada por essa onda de renovação também, essa esperança de que agora as coisas serão diferentes porque o calendário saltou algumas horas e um ano novo começa, um ciclo novo. O mundo inteiro aos seus pés e o futuro desconhecido apenas esperando para ser desbravado.

Não tão desconhecido assim, agora que a aprovação do meu projeto chegou. Finalmente. Não me dou ao trabalho de pensar em como vou fazer o malabarismo de dar conta de iniciar um doutorado agora, porque isso não importa. Estou animada e vou dar um jeito.

Não dá para dar um jeito em tudo, contudo. Definitivamente não na cena à minha frente.

Ouço a batida na porta e ergo o olhar ao ver Viviane enfiar a cabeça pela fresta, os olhos um tanto inchados, a ponta do lábio presa entre os dentes. Ela não diz nada, e não preciso que o faça. Levanto-me da cadeira onde estou e vou na sua direção, os saltos pendurados na ponta dos dedos para evitar o barulho contra o chão do cômodo silencioso demais, onde apenas bipes ritmados são ouvidos.

Olho por sobre o ombro uma última vez, para a imagem tão frágil da minha tia deitada na cama de hospital, podendo ouvir seu silêncio ensurdecedor protestando por estar aqui, quando queria estar em casa; quando disse tantas vezes que não queria morrer em um hospital. Deixo um beijo na testa de Viviane e saio, permitindo que entre e fique com sua mãe.

No corredor, não me dou ao trabalho de procurar uma cadeira. Displicente com o vestido branco, cuidadosamente escolhido para a virada do ano que anuncia sua chegada lá fora, sento-me ao chão, jogando o par de sapatos para um lado, a bolsa para o outro após alcançar meu celular. Recosto a cabeça na parede e giro o aparelho nos dedos por alguns instantes antes de ligar para Rebecca. Mal toca duas vezes antes de ela atender.

Como ela está? — dispara. Posso ouvir a baderna acontecendo ao fundo, mas não me preocupo em me desculpar por estar interrompendo sua própria celebração de ano novo; sei que não preciso. — Como você está?

— Como está a tua festa? — desconverso, fechando os olhos. Rebecca fica em silêncio por poucos segundos antes de me oferecer um suspiro de pura repreensão, sabendo como eu funciono, sabendo o que estou pedindo: me distraia.

Ouço-a tagarelar sobre coisas sem importância, quem bebeu o que, quem beijou quem, sentindo um sorriso despretensioso crepitar pelos meus lábios aqui e ali, mas rapidamente minha mente toma seu próprio curso e viaja para alguns dias atrás.


Na ponta dos pés, acomodei a estrela capenga no topo da árvore. Ao invés de cinco pontas perfeitas, o adorno tem apenas três, as outras duas pedidas anos atrás, quando eu ainda era uma menina. De olhos fechados, ainda posso vislumbrar a árvore de Natal decorada de maneira um tanto peculiar, a seis mãos que em nada se entendiam, resultando em algo que poderia facilmente ser parte do cenário de um filme do Tim Burton — e eu não mudaria nada nela.

Por sobre o ombro, pude encontrar os olhos da minha tia, acomodada no sofá, um sorriso tranquilo nos lábios enquanto me assistia terminar os últimos detalhes da decoração.

— Pronta para os presentes? — perguntei, aproximando-me dela. Sentei-me ao chão, entre suas pernas, acomodando a cabeça em seu joelho. Cida acariciou meu cabelo como tantas vezes fez, em um gesto amoroso familiar que me acompanha desde a adolescência. Que me acompanhava.

Podia ouvir Viviane e a namorada em uma conversa animada na cozinha, entre risadas e gritinhos, tendo a certeza de que a ceia daquela véspera de Natal não ficaria pronta. Como sempre, deixamos tudo para a última hora, a tradição não-oficial nessa família. Havia chegado a Canoas uma semana antes, mas somente naquela noite do dia 24 começara a decoração do lugar; Viviane insistiu em cozinhar e minhas suspeitas se tornaram verdadeiras quando terminamos a noite comendo sanduíches ao invés de uma ceia completa.

Jamais não trocaria essa bagunça por qualquer outra coisa.

Com o sol já fora do céu, a noite rapidamente se transformou em uma noite de garotas quando, após uma briga interminável pelo uso do chuveiro, nos encontramos todas sentadas na cama enroladas em toalhas, maquiagem espalhada pela cama e taças de bebidas diversas — cerveja para Viviane, vodca com suco de laranja para a namorada dela, vinho para mim. Tia Cida apenas observava a bagunça com uma caneca de chá preto em seu colo, os olhos serenos sobre nós.

Moldei um "tudo bem?" com os lábios, feliz por ela ter tido um dia tranquilo depois dos últimos, que haviam sido dolorosos para todos ao redor, mas muito mais para ela. Recebi um aceno discreto como resposta, seus olhos dizendo em silêncio para que eu relaxasse.

Obedeci, por algumas horas. Movi-me na cama, acomodando-me em seu colo, permitindo que o carinho discreto em meu cabelo continuasse. Não sei que horas adormeci, mas eventualmente acordei, ainda enroscada na toalha, debaixo do lençol, ao lado de Luana, o escuro da noite ainda invadindo a janela. Não consegui segurar a risada, e ela logo abriu os olhos, sonolenta e um tanto perdida, olhando assustada para mim, depois para si mesma, apenas para explodir em uma risada também. Não demorou para que Viviane enfiasse a cabeça pela porta em um shh agitado.

— Mamãe acabou de dormir, são três da manhã — reclamou, esfregando um olho. Mordi o lábio, silenciando a risada, apreciando o momento de cuidado que tão raramente via.

Sempre que estou por perto, sou eu a me dedicar ao cuidado integral de Cida. Sei que não estou aqui pela maior parte de ano, sei que Viviane assume a função. Mas nunca presenciei nada. Ela mais do que rapidamente me entrega quaisquer responsabilidades, e não posso culpá-la.

Eu tive que crescer muito rápido, muito nova. Precisei deixar minha casa, minha cidade, amigos e tudo que conhecia ainda menina, então, quando a saúde da minha tia deteriorou a ponto de precisar de cuidado constante, foi apenas mais uma mudança na minha vida. Nada drástico a ponto de me fazer perder a cabeça. Nada que me tirasse do eixo. Para minha prima, foi diferente. Ela teve a sorte de uma adolescência tranquila, uma vida protegida de qualquer coisa ruim que o mundo pudesse oferecer. Seu tudo foi, então, virado do avesso, e ela suga qualquer gota de tranquilidade que lhe seja oferecida. Que ofereço quando estou por perto.

— E se vistam vocês duas que a gente precisa abrir os presentes! — sussurrou com um sorriso no rosto, balançando a cabeça antes de sair do quarto.

Voltei meus olhos para sua namorada, que ainda encarava a porta com um sorriso bobo no rosto. Seus olhos não escondiam o que ela sente, e meu coração se apertou um pouco.

— Sabe que ela vai precisar de ti, não sabe? — perguntei, a voz baixa refletindo minha hesitação ao falar sobre isso. O olhar dela caiu sobre mim, o sorriso em seu rosto dando lugar a um umedecer de lábios com a língua antes de um aceno discreto de cabeça.

— Vivi está em negação — comentou. — Não quer enxergar o que está na frente dela, mas...

Assenti, afundando a cabeça um pouco mais no travesseiro, olhando na sua direção, sem realmente permitir que meus olhos focassem em nada. Senti sua mão alcançar a minha e apertei seus dedos em um apoio silencioso.

— Vou estar aqui para ela, prometo — ela garantiu.

Murmurei um obrigada, fechando os olhos por um instante a mais, sonolenta, cansada. Senti o peso do colchão mudar e ouvi seu movimento ao redor do quarto, a porta se abrindo alguns instantes depois.

— Jessi? — sua voz fina chamou. Apoiei-me no cotovelo, segurando o lençol protetoramente em frente ao peito com a outra mão. — Você vai ficar bem?

Sorri, acenando com a cabeça.

— Sempre fico — garanti.


Agora, encarando a porta do quarto onde minha tia está depois de ter saído de casa carregada em uma ambulância, desacordada, repito a mesma promessa para mim mesma.

Sempre fico.

Sinto uma mão quente tocar meu ombro e ergo os olhos para encontrar Luana me estendendo um copinho plástico com café recém-comprado na cafeteria do hospital. Não tenho coragem de dispensar a bebida e declarar que não suporto o gosto de café; ao invés, sorrio pequenino e tomo um gole curto, esforçando-me para manter a careta fora do meu rosto.

— Vivi? — ela pergunta.

Indico com o queixo para a porta à minha frente. Luana me encara por mais alguns instantes.

— Quer ir para casa? Tomar banho, trocar de roupa?

Nego com a cabeça.

— Só cuida dela — peço, soltando uma risada um tanto histérica. — Porque eu realmente não posso agora — completo em um sussurro culpado.

Ela não diz nada, e agradeço por isso. Apenas acena com a cabeça e abre a porta do quarto. Pergunto-me quanto tempo vai demorar para aparecer alguém e reclamar, mais uma vez, por eu estar sentada no chão; quanto tempo vai demorar para aparecer alguém e dizer que o horário de visitas acabou, ou que apenas uma pessoa é permitida no quarto.

Pela porta entreaberta, vejo Viviane não hesitar por um segundo antes de se jogar nos braços da namorada, como já a vi fazer tantas vezes. Como a vi fazer depois que as taças de bebida foram substituídas por canecas de chá, quando uma comédia romântica natalina qualquer tocava baixinho na televisão e eu, sentada na ponta do sofá, observei-as por um instante, a serenidade encontrada uma na outra, sentindo meu peito apertar. Tentei, sem sucesso, manter o nome dele fora da minha mente, como vinha fazendo pelas últimas semanas, imprestável na tarefa de manter o incômodo longe.

Falhei a cada dia, e falho agora mais uma vez.

O celular em minha mão vibra, e franzo o cenho para a mensagem de Rebecca que pisca na tela. Faz pouco mais de quatro horas que falei com ela ao telefone e, a essa altura, o sol já ameaça querer nascer do lado de fora. O céu, antes escuro, começa a dar sinais de um avermelhado distante que não faz estar menos frio aqui.


Não fica brava comigo


Releio a mensagem algumas vezes, perguntando-me o que poderia provocar tal coisa. Começo a digitar a resposta, mas, antes mesmo de chegar ao fim da frase, aperto o aparelho entre os dedos, entendendo o motivo. O som de passos se aproximando me dá toda resposta que preciso e, dessa vez, quando ergo os olhos, trinco os dentes para evitar que minha boca externe o que meu coração produz.

Irritação. Mágoa. Dor. Saudade.

Henrique não diz nada. Tira a jaqueta do corpo e me estende. Aceito-a, envolvendo meus ombros, sentido o calor que não vem do tecido, e sim do seu corpo. Quando ele me estende a mão, contudo, não me movo na sua direção. Alguns segundos depois, seus dedos desistem e caem novamente ao lado do seu corpo. Agacha-se na minha frente, os olhos preocupados erráticos percorrendo meu rosto.

— Você pode me odiar depois — declara, a voz baixa e pouco firme. — Tem o resto da vida para me odiar, mas não agora.

A risada seca que escapa dos meus lábios não parece atingi-lo, não como eu gostaria. O único mínimo sinal de nervosismo são seus dedos tamborilando na própria coxa em um tique conhecido.

— Tu não devia estar no Rio? — questiono, uma sobrancelha acusatória arqueada lembrando que ele passa os fins de ano com sua família em sua cidade natal.

Mais uma vez, ele sequer pisca.

— Eu estava — declara simplesmente, e só então realmente recebo o baque pela sua chegada. Henrique suspira, esfregando o rosto. — São só duas horas de avião, Jéssica, não é do outro lado do mundo.

Culpo meu atual estado emocional instável pela facilidade com que qualquer mínima demonstração de afeto dele me quebra, e não me questiono quando, dessa vez, aceito a mão que ele me estende e não demoro a me pendurar em seu pescoço.

Quando uma mão alcança minha lombar e a outra prende meu rosto em seu ombro, quando sua voz sussurra um estou aqui em meu ouvido, pela primeira vez desde que as últimas doze horas caóticas começaram, eu choro.

Henrique orbita ao redor da sala ao lado de Luana, como se os dois houvessem assumido controle da minha vida sem me consultarem. A presença dele me irrita o suficiente para eu ter passado os últimos dois dias ignorando o fato de estar aqui, mas não o suficiente para que eu o mande embora. Digo a mim mesma que é porque tenho muito com o que me preocupar no momento, o que é reforçado quando Viviane finalmente desce as escadas.

Nossos olhares se encontram e consigo ver a irritação em seu rosto inchado pelo choro aparente, resultado da discussão acalorada que tivemos na noite anterior. Que ela teve, enquanto eu ouvia; e isso pareceu apenas irritá-la mais. Viviane não me culpa, disso tenho certeza, e está apenas procurando um saco de pancadas para o que está sentindo.

Estava procurando um saco de pancadas no hospital após o médico se desculpar, dizendo que não havia nada que pudessem fazer, e depois, após algumas horas, quando tia Cida nos deixou, e me acusou de ter desistido dela meses antes.

Estava procurando um saco de pancadas quando, ao chegarmos em casa, comecei a organizar todos os detalhes do funeral, acusando-me de ser fria e sem coração por lidar com a situação com tanta "altivez e distanciamento". Estava procurando por um saco de pancadas ontem à noite quando cheguei em casa após ter passado uma hora inteira correndo até que meu corpo sucumbisse ao cansaço e minha mente se calasse, acusando-me de não me importar. E está procurando um saco de pancadas agora, quando me encara com julgamento nos olhos por estar uma bagunça e mal conseguir se manter de pé, enquanto engulo tudo e assumo a responsabilidade por ser a adulta da família, mais uma vez.

Deixo que namorada lide com ela, porque minha paciência há muito se esgotou e está muito, muito difícil alimentar qualquer empatia desde nossa última briga, semanas atrás. E Luana o faz, tirando minha prima do meu campo de visão.

— Chá?

Finalmente ergo os olhos para ele, parecendo deslocado demais agora que estamos sozinhos pela primeira vez em dias. Em semanas, já que alcançamos a proeza de não cruzarmos o caminho um do outro depois daquela cena de horror na sua casa mais de quinze dias atrás.

Não respondo e ele desvia o olhar, parecendo incomodado. Acena com a cabeça e segue para a cozinha. Encaro nenhum ponto específico na minha frente, ouvindo a movimentação atrás de mim. Após alguns minutos, uma caneca é colocada na minha frente. Maçã e canela, reconheço o cheiro, e odeio que ele conheça meus gostos tão bem.

— Não acho que eu tenha tempo para chá — reclamo, talvez arisca demais.

— O funeral não começa por outros quarenta minutos, você pode tomar chá, Jéssica — insiste.

Não agradeço ao pegar a caneca da sua mão e não o olho novamente enquanto o beberico. Estou quase no fim da bebida quando o ouço novamente.

— Precisa de alguma coisa? — a voz gentil me acerta.

Nego com a cabeça. Ele tira a caneca da minha mão e delicadamente me põe de pé, enroscando meu braço no seu e conduzindo-me para a saída. Quando abre a porta e o vento frio pouco característico dessa época do ano me atinge o rosto, estaco no lugar. Ele me olha confuso e é um esforço físico maior do que o esperado o encarar nos olhos.

— O que tu está fazendo aqui, Henrique? — pergunto, cansada. Ele abre a boca, mas interrompo antes que tenha a chance de dizer o óbvio. — Tu me mandou embora como um cachorro sarnento da última vez que te vi. Podia ter ligado e desejado condolências se for puxar a carta de amigo — debocho, ácida. — O que está fazendo aqui?

Ele me encara por alguns segundos antes de apoiar a mão na base das minhas costas e terminar de me conduzir para fora de casa. Fica em silêncio por instantes longos demais enquanto caminhamos aos metros que nos separam do carro estacionado na entrada. Ele abre a porta do passageiro e me recuso a entrar até que olhe para mim novamente. Irritado, passa uma mão pelo rosto.

— Jéssica, agora não — insiste, indicando com a mão para que eu entre no carro.

Recuso-me a dar razão a ele e cruzo os braços na frente do peito. É destrutivo adicionar qualquer volubilidade ao meu já instável estado emocional, mas insisto, empinando o queixo.

— Podemos conversar depois? — tenta mais uma vez. Diante da minha completa ausência de reação, Henrique parece se irritar um pouco mais. Estende as duas mãos e segura meu rosto entre elas: — Para de fingir que não está sentindo nada.

A acusação certeira me faz empinar o queixo um pouco mais e morder o canto da língua para impedir as lágrimas que ameaçam cair. Tento me desvencilhar do seu toque, mas, pela primeira vez, Henrique impõe sua presença e não me deixa sair.

— Para de mentir, Jéssica — sussurra, parecendo frustrado, genuinamente exausto. — Para de se comportar como se nada te atingisse, para de fingir que está bem com tudo o tempo inteiro, para de...

Ele deixa a frase morrer no meio do caminho, soltando meu rosto para esfregar o seu próprio, inquieto. Abraço-me, tentando me proteger de seja lá que acusação está sendo feita.

— Não vai trazê-la de volta — sussurro para mim mesma mais do que para ele. Desvio o olhar, encarando meus pés. — Chorar, me permitir cair na cama e não levantar mais, admitir que está doendo mais do que sei lidar... fechar os olhos e lembrar de cada maldito detalhe dos últimos anos e me questionar se existia qualquer coisa que eu podia ter feito para mudar as coisas, nada disso vai fazer minha tia voltar.

Só percebo que as lágrimas finalmente atingiram meu rosto quando seus dedos percorrem minha bochecha, espalhando a umidade pela minha pele.

— Não vai — ele concorda, parecendo aliviado demais por me ver me comportando como um ser humano normal ao invés de um robô sem emoções. — Mas é impossível começar a tratar uma ferida que você sequer admite estar aberta. Vai doer para sempre desse jeito. Confia em mim, eu sei.

Forço meu olhar até o dele, não gostando da posição invertida. Tia Cida sempre teve razão ao dizer que não sei a hora de desistir de alguém, que não sei como não cuidar de outro alguém; é verdade, e não nego que isso me impede de me afogar em meus próprios problemas. Não gosto de ser forçada a estar do outro lado da equação, cuidada e obrigada a admitir fraquezas.

Seu olhar silencioso espera por uma permissão que concedo sem ter certeza do que estou concordando quando seus braços encontram espaço em volta da minha cintura e o aconchego do seu peito me envolve. Tudo que sei é que o soluço escapa sem que eu possa mais prendê-lo dentro de mim, e a dor que venho tentando ignorar e encobrir pelos últimos dias explode no formato de um choro copioso.

Quando ele me abraça forte, preciso lutar contra o instinto de mentir mais uma vez, dizendo que não preciso dele, que não faço tanta questão assim de o ter por perto, como venho fazendo pelos últimos três anos. Desisto de qualquer senso de autopreservação e me aninho aos seus braços, sabendo que é uma péssima ideia confiar irracionalmente assim que alguém vá me impedir de desabar. Que Henrique vá me impedir de desabar.

Não me importo.

Simplesmente desabo.

OI MENINESSS!

Eu sei, tá doído, tá triste, me abracem. Segurem minha mão, vai dar tudo certo. A gente vai sobre um pouco antes? Talvez. Mas vai dar tudo certo.

Amo vocês!

Até breve <3

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