Capítulo 19 - Eu sabia que não ia te esquecer
Eu sabia que não ia te esquecer
Então deixei você pirar a minha cabeça
O seu doce luar
O seu cheiro em cada sonho que tenho
Eu soube quando nós nos encontramos
Foi você quem eu decidi que fazia o meu tipo
Train
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Eu me sentia frustrado com a situação em que me encontrava. Após aguentar todo aquele tempo longe da Destiny, esperava por uma brecha para conversar com ela e tentar entender o que estava acontecendo. Mas assim que Valy soube quem era a mulher que eu não parava de observar, ela fez de tudo para jogar Max para cima de mim. Eu estava sendo paciente, apesar das brincadeiras sem graça de Isaac e das atitudes de minha irmã, mas quando ela tocou no assunto da expulsão de Dess e Nicholas, eu não pude me conter.
— O que você pensa que está fazendo? — eu questionei ao me afastar o suficiente do grupo.
— O que você está fazendo!? — ela devolveu furiosa — pensei que estivesse tentando superar, mas é só ela aparecer que você fica desse jeito!
— Você não sabe do que está falando! Eu nem tive a chance de conversar com ela e entender o que aconteceu — eu devolvi, tentando manter um tom discreto.
— O que aconteceu? Não importa, ela sumiu por cinco meses, e agora que você está bem com a Max ela ressurge?
— Eu não estou com a Max, você sabe disso — eu respirei fundo — eu saí com ela duas vezes, e deixei claro que não queria nenhum relacionamento.
— Ela é o melhor pra você agora , Rob. Por que você não consegue ver isso? — Ela suspirou irritada.
— Está tudo bem? — Max interrompeu, nos observando com cautela.
— Meu irmão é um idiota.
— Ela é sua ex-namorada? — Max mordeu o lábio inferior — por que você nunca me disse que vivia com alguém no Hawaii?
— Porque não era importante — eu apontei o óbvio.
— Não? — Valy se intrometeu — Você acha importante agora?
— Não, não é importante eu falar pra todo mundo que eu já vivi com alguém — eu respirei fundo — isso se chama privacidade.
Minha atenção foi atraída para Dess que estava prestes a desaparecer no mesmo corredor de antes com o Bryce, eu não posso perder essa chance, eu preciso falar com ela!
— Não é contar para todo mundo e sim para mim.
— Olha, eu acharia importante te contar se eu quisesse um relacionamento com você, mas... — eu soltei de maneira impensada, recebendo um olhar magoado em troca.
Eu fechei os olhos por alguns instantes para não olhar para Max naquele momento. Eu tinha consciência de que Valy estava furiosa comigo, mas eu precisava lidar com coisas mais importantes.
— Olha, sinto muito Max. Mas isso não vai dar certo — eu murmurei me afastando das duas.
Eu caminhei apressado na direção que vi Dess desaparecer com Nicholas momentos atrás, eu esperava encontrá-la e resolver de uma vez a nossa situação. Eu não suportava mais estar no mesmo ambiente que ela, e ter que fingir que éramos apenas conhecidos. Eu precisava descobrir o que estava acontecendo e como estava sua vida depois de tudo.
— Ethan — Isaac passou a caminhar ao meu lado.
— Agora não, Isaac.
— Olha, Destiny não parecia muito bem depois do que John falou — Ele insistiu — o Sr De Angelis vai fazer o discurso em breve, então talvez seja melhor você encontrar ela e aquele amigo.
— O que John disse? — eu rosnei.
— Ele ficou insistindo para saber sobre o que Valy falou, ela contou e saiu — ele respirou fundo.
— Ela contou o que, exatamente?
— A história do professor — ele me lançou um olhar significativo.
— Merda! — Eu exclamei.
Porque Valy tinha que trazer essa história à tona? Eu sei o quanto Dess se envergonha por aquilo, se ela pudesse sei que faria tudo diferente.
— O Sr De Angelis nos deixou claro que ela é uma peça importante de seu discurso — Isaac prosseguiu.
— Eu vou resolver isso, apenas faça com que ele espere um pouco — eu pedi, retomando meu caminho.
Eu entrei no corredor que levava até os toaletes, esperando encontrar Dess com Nicholas ali por ser uma área escondida, ao invés disso, encontrei o rapaz em meio a uma discussão com a namorada.
— Eu sei que ela precisava de você, não estou julgando isso — Débora reclamou — Só estou falando que na próxima vez eu posso ajudar, e agradeceria se você não me deixasse sozinha no meio de pessoas que eu não conheço. O pai dela me assusta!
— O que ele queria?
— Saber onde ela está, e o que está acontecendo — ela revirou os olhos.
— Onde Dess está? — eu fiz com que os dois me notassem.
— Depende — Nicholas estreitou os olhos em minha direção — o que você...
— No banheiro feminino — Débbie suspirou — Ella vai te deixar entrar.
Ela indicou uma funcionária do hotel que permanecia parada à porta do banheiro, eu segui até lá apressado, a garota olhou em direção dos dois em busca de confirmação e me deixou passar, eu abri a porta pensando em como eu poderia começar a falar com Dess. O que ela deve estar pensando de mim depois de tudo o que aconteceu?
— Você pode encontrar... — Dess estava encostada na pia do banheiro olhando para baixo.
Meu plano inicial era levá-la de volta ao evento para que seu pai pudesse realizar o discurso e depois nós dois pudéssemos conversar, mas quando ela ergueu o rosto e olhou em minha direção, toda aquela resolução se esvaiu.
— Você... — ela balbuciou descrente.
Eu rompi a distância entre nós com urgência, eu precisava tocá-la, sentir seu perfume. No início temi que ela não estivesse disposta a sequer me ouvir depois da indiscrição de minha irmã, mas quando a toquei e a vi reagir tão prontamente, eu desisti das palavras.
Dess levou sua mão para minha nuca assim que nossos lábios se encontraram. Eu desci minha mão livre para sua cintura, colando mais nossos corpos enquanto a intensidade de nosso beijo aumentava. Era diferente de antes, nós não tínhamos a calma de sempre, o beijo era repleto de saudades e outros sentimentos reprimidos. Ela não parecia disposta a se afastar de mim, como eu não estava disposto a me afastar dela, mas ambos precisávamos de ar.
Isso não me impediu de seguir até seu pescoço, aspirando seu perfume floral antes de deixar uma trilha de beijos em sua pele macia.
— Eu senti tanto sua falta, Destiny — eu murmurei entre meus beijos.
Sua mão seguiu para meu couro cabeludo, puxando meus fios enquanto inclinava a cabeça para trás me dando livre acesso a sua garganta. Ela respirou fundo antes de olhar diretamente em meus olhos.
— Eu quero que você me tire daqui — ela pediu, me incitando a voltar a beijá-la.
Eu mordisquei seu lábio inferior levando minha mão até seus cabelos. Dess começou a desabotoar meu paletó fazendo com que eu me afastasse. Nós precisávamos estar apresentáveis ao sair desse banheiro, não poderíamos continuar naquele caminho.
— Ethan, vamos sair daqui — ela voltou a pedir alisando meu peitoral por cima do tecido da roupa.
— Seu pai fará o discurso em breve e...
— Não, eu não quero mais voltar para lá, Ethan — ela fechou os olhos respirando fundo — eu não posso lidar com aquelas pessoas agora, e..
— Dess, eu sinto muito pelo o que Valerie fez, mas você não precisa sair do evento do seu pai por conta disso — eu insisti.
— Eu preciso sair daqui — ela repetiu pausadamente enquanto olhava em meus olhos — eu me resolvo com meu pai depois, eu me resolvo até mesmo com o seu chefe depois, mas neste momento eu só preciso sair daqui.
Eu pensei nas consequências de sumir com a filha de meu cliente momentos antes de seu discurso. Aquilo poderia ser um erro, eu precisava convencê-la a ficar um pouco mais.
Dess se aproximou mais uma vez, levando sua mão até minha nuca, eu senti suas unhas me arranharem com suavidade, me fazendo fechar os olhos apenas para sentir seus lábios em contato com a pele do meu pescoço. Dess distribuiu alguns beijos suaves indo em direção a minha orelha.
— Ethan, me tira daqui... — Ela voltou a pedir com a voz suave — por favo.
Eu não pude resistir àquele pedido, ela havia feito tanto por mim. E agora estava me arrastando para mais uma loucura. Eu voltei a abrir os olhos, encarando seu olhar suplicante.
— Eu vou me arrepender disso — eu suspirei.
Dess sorriu, trazendo seus lábios de volta aos meus. Eu me afastei antes que aquela urgência voltasse a tomar conta de nós dois.
— Se quer fazer isso, precisamos fazer agora — eu avisei arrumando minha gravata.
Ela gastou alguns instantes tentando parecer apresentável antes de sair ao meu lado. Nicholas me lançou um olhar desconfiado assim que sai acompanhado dela. Eu mantinha minha mão em sua lombar enquanto caminhava tranquilamente ao seu lado.
— É bom você não fazer o que eu acho que você vai fazer, Dess — Nicholas murmurou.
— Eu resolvo com o meu pai depois — ela murmurou deixando os dois amigos para trás.
Nós tentamos atravessar o salão de maneira discreta, mas o Sr Zelner nos interceptou quando estávamos perto da porta.
— Srtª De Angelis, estávamos te procurando — ele sorriu cordialmente — seu pai...
— Sr Zelner, sinto muito, eu não estou me sentindo bem — ela atuou perfeitamente, se apoiando em mim — eu pedi ao Sr Roberts que me levasse para casa e...
— Mas Srtª De Angelis, seu pai em breve fará o discurso.
— E exatamente por isso eu não posso estragar tudo, seria horrível se eu vomitasse no meio do salão — ela suspirou.
— Você vai levá-la? — ele me lançou um olhar desconfiado.
— O senhor não espera que eu vá sozinha, não é? Eu mal consigo me manter em pé por conta da tontura — Ela fechou os olhos dramaticamente — Eu já conheço o Sr Roberts e me sinto mais à vontade em aceitar a ajuda dele.
— Sr Zelner, Destiny é uma velha amiga e...
— Certo, certo, leve-a para casa. Você mora em Boston, Senhorita?
— Sim — ela mentiu.
Com certeza ela estava hospedada no hotel junto do pai.
— Ótimo, segunda feira nós conversaremos sobre isso, Roberts — ele decidiu se afastar.
Ela apressou os passos até a porta, abrindo um sorriso aliviado assim que saímos do salão. Eu a encarei descrente enquanto ela caminhava com a graça de sempre até a entrada do hotel.
— Você está hospedada aqui? — Eu segurei seu braço.
— Sim, mas se eu ficar aqui, meu pai vai bater em minha porta assim que notar meu sumiço — ela mordeu o lábio inferior — Se você puder me levar para outro lugar por algum tempo. Qualquer lugar.
Eu ofereci a ela um meio sorriso antes de guiá-la até a chapelaria para apanhar meu sobretudo.
— Você planeja sair assim? — Eu questionei ao notar que ela não iria pegar nenhum casaco.
— Eu estou hospedada aqui — ela deu de ombros — só preciso aguentar a temperatura negativa até entrar no carro.
Eu não pensei antes de ajudá-la a colocar meu sobretudo. Ela congelaria antes mesmo de chegar até o carro se saísse vestida daquela maneira no meio da neve do fim de dezembro.
— Não é necessário — ela sorriu apesar de se encolher dentro do casaco.
— Vamos, Angel — Eu a guiei para a porta percebendo que enfim teríamos nosso tempo.
Eu aguardei até que o manobrista trouxesse meu carro abrindo a porta para que ela entrasse antes de dar a volta e assumir o banco do motorista. Dess parecia um pouco nervosa sentada ali, de uma forma que nunca tinha visto antes.
Eu comecei a pensar em uma forma de colocar para fora todas as questões que surgiam em minha mente, mas não fazia a menor ideia de por onde começar. Como sempre, foi ela quem tomou a dianteira.
— Um Honda Accord — ela comentou assim que o carro começou a se mover — combina com você.
— Não é seu Jeep — eu a provoquei.
— Eu não tenho mais um Jeep — ela respondeu, colocando alguma música no rádio.
— Não? — Eu me surpreendi — Por que? Você adorava aquele carro.
— Eu não vivo mais no Hawaii há alguns meses.
Aquela informação me pegou de surpresa. Ela deixou o Hawaii?
— O que você quer dizer? — eu tentei seguir um caminho seguro enquanto vencia as poucas milhas do hotel até o prédio onde eu vivia.
Dess respirou fundo, se concentrando nas músicas ao invés de me responder.
— Você tem alguma música atual aqui, Mio caro? — Ela usou a sua tão conhecida técnica de tentar fugir do assunto — aliás, você tem um gosto meio depressivo, não acha?
— Dess, eu te conheço. O que aconteceu? — eu insisti enquanto entrava em minha rua.
— Eu te ouvi, isso que aconteceu — ela deu de ombros — Onde estamos indo?
— Estou te levando para meu apartamento — eu expliquei — e o que você quis dizer?
— Seu apartamento? — Ela me ofereceu um sorriso lateral — Vou finalmente conhecer onde você vive.
— Dess...
— Toda a questão de fazer alguma coisa da vida — ela se rendeu com um suspiro — Eu te ouvi, como eu te disse, eu precisava resolver as coisas sozinha e eu resolvi. Mais ou menos...
Um sorriso sincero se formou em meu rosto. Ela me ouviu? Eu não poderia ficar mais feliz por saber daquilo.
— Mais ou menos? — eu a provoquei.
— Eu não conseguiria sem meu pai — ela admitiu — ele cuidou de tudo, assim que você foi embora, eu telefonei para minha mãe para lhe contar sobre minha decisão.
— E como foi? — eu quis saber enquanto entrava no estacionamento do prédio.
— Ela ficou satisfeita em saber que eu voltaria para o continente, mas avisou que não poderia contar com sua ajuda, já que ela tinha feito de tudo para me colocar na faculdade de direito e eu joguei tudo fora por um capricho — Dess mordeu o lábio inferior.
— Então te restou conversar com seu pai? — Eu desliguei o carro, me virando em sua direção.
Dess parecia envergonhada por admitir aquilo, mas éramos nós dois ali. Ela não tinha segredos comigo, da mesma forma que eu não mantinha mais segredos com ela.
— Eu não tinha nenhuma chance de conseguir me matricular em uma faculdade em tão pouco tempo sem a ajuda dele — ela me explicou recebendo mais um sorriso meu.
Faculdade, ela começou uma faculdade.
— Vamos subir? — Eu questionei abrindo a porta do carro.
Ela logo se apressou para caminhar ao meu lado, eu passei o braço em torno de seu ombro antes de beijar sua cabeça. Eu não sabia nem descrever o que estava sentindo naquele momento.
— Estou tão orgulhoso de você — eu apertei o botão para chamar o elevador antes de depositar um beijo suave em sua boca — fico feliz que seu pai tenha te ajudado.
— Não pense que aquele velho facilitou pra mim — ela revirou os olhos — ele fez uma série de exigências estúpidas.
Eu voltei a beijá-la, demorando um pouco mais em saborear sua boca. Minha mão envolveu sua cintura, a segurando com firmeza.
— Quais foram as exigências? — eu questionei ao me afastar minimamente dela.
— Sem festas, sem empregos malucos, eu devo me dedicar totalmente aos estudos — ela começou a enumerar — ele deve ter acesso total às minhas notas.
— Alguém teve que entrar na linha — eu gargalhei ao notar sua expressão.
— Eu guardei a melhor parte para o fim, ele me obrigou a me juntar a uma irmandade — ela suspirou decepcionada — Tudo para provar que eu não estava desperdiçando o dinheiro dele.
Eu não pude evitar rir de sua expressão. Dess em uma irmandade sem poder ir a festas? O Sr De ngelis soube como puni-la. O elevador estava quase chegando quando eu decidi fazer a pergunta final.
— Qual faculdade você está frequentando? — Eu beijei seu rosto, tentando aproveitar cada momento ao seu lado.
Ela respirou fundo, ficando um pouco tensa com aquela pergunta. Eu mordisquei seu pescoço tentando aliviar um pouco sua tensão.
— Estou estudando na Universidade de Boston — ela soltou quando as portas do elevador se abriram.
Eu me afastei dela, a encarando com certo choque. As aulas começaram em setembro, isso quer dizer que desde setembro ela está em Boston? Eu senti falta dela por cinco meses sendo que estávamos na mesma cidade esse tempo todo?
— Você está brincando comigo — eu entrei no elevador, apertando o botão do décimo quinto andar.
Eu não queria acreditar naquilo, eu a convidei para viver comigo em Boston antes de partir e ela recusou apenas para vir sozinha depois?
— Não estou, meu pai também me deu uma lista das faculdades que ele aceitava. A Boston University estava na lista, então... — ela me seguiu para dentro do elevador — Você está com raiva?
— Dess, eu te convidei para vir comigo, você não quis!
— Eu não estava pronta para isso — ela respirou fundo.
— Ótimo, é um direito seu, mas por que você não me procurou quando veio para Boston? — Eu fechei os olhos tentando recuperar a calma.
— Eu não sabia o que eu iria encontrar, você estava acompanhado essa noite — ela devolveu de forma enérgica.
— Eu estava acompanhado porque minha irmã armou aquilo — eu me defendi — era amiga dela e...
— Então sua irmã armou um encontro surpresa que já chegou te beijando? — Ela ergueu ambas as sobrancelhas — Você quer mesmo que eu acredite nisso?
— Eu não me importo com o que você acredita, você sumiu por cinco meses — eu acusei — cinco meses! você tem ideia de como foi...
— Difícil? Você acha que não? Eu senti sua falta cada droga de segundo, e imaginava que se eu conseguisse acertar a merda de vida que eu tinha eu poderia finalmente aceitar sua proposta — ela ergueu a voz com os olhos marejados — mesmo sem saber se sua proposta estaria ou não em pé.
Eu murmurei alguns palavrões, sem saber se me sentia feliz por sua declaração ou irritado por sua atitude. Dess como sempre conseguia despertar cada sentimento meu, bons e ruins.
— E então quando meu pai me contou um pouco antes da festa que você estaria lá e depois eu te vi com ela — ela fungou desviando o olhar para impedir que as lágrimas saíssem — eu soube o erro que havia cometido, eu soube que tinha te perdido e teria que lidar com isso, eu passei aquela festa inteira te vendo ao lado dela sem poder te tocar, sem poder te beijar, sem poder...
Em um movimento rápido eu acabei com toda a distância entre nós dois, a empurrando sem nenhuma delicadeza para a parede do elevador antes de beijá-la. Eu não queria ouvir mais nenhuma palavra. Eu imagino o que ela sentiu ao me ver com Max, a forma como a encontrei naquele banheiro, e o olhar triste em seu rosto não deixava espaço para dúvidas.
A verdade é que eu não deveria ter desistido tão facil, eu deveria tê-la perseguido, dito todas as coisas que eu guardei para mim e tentado provar que o que nós tínhamos era o suficiente. E agora ela estava ali e eu não a perderia novamente, não importa nossos erros.
Dess se agarrou a mim com desejo, ela estava encurralada entre meu corpo e a parede do elevador, mas não pareceu se importar com aquilo enquanto puxava minha camisa para fora da calça. As portas do elevador abriram e eu logo a guiei para o corredor.
— Boa noite, Sr Roberts — A voz de Ruth Miller, minha vizinha, nos interrompeu.
Seu olhar correu por nós dois, eu mantinha minha mão em volta da cintura de Dess e seu cabelo estava bagunçado, praticamente entregando o que fazíamos no elevador.
— Boa noite srª Miller — eu sorri cordialmente para a velhinha que nos avaliava com um sorriso no rosto.
Eu esperava que ela seguisse para o elevador ou para o próprio apartamento, mas ao invés disso ela permaneceu parada na nossa frente, com um sorriso amigável no rosto.
— Srª Miller, essa é Destiny. Ela é minha namorada — eu apresentei Dess com naturalidade.
De fato eu não sabia se Dess era ou não minha namorada, mas costumávamos nos apresentar assim antes. Por que não agora?
— Namorada? Isso é uma surpresa. Você é sempre tão sozinho. — a mulher prosseguiu em um tom maternal antes de se virar para Dess — Eu sou Ruth Miller, é um prazer conhecê-la.
— O prazer é meu Srª Miller — Dess sorriu — eu concordo com a senhora, ele é sempre muito sozinho. Eu disse exatamente isso a ele quando nos conhecemos.
— Vejo que você escolheu bem a sua garota, Sr Roberts — Ela sorriu e parecia prestes a começar outro assunto.
Eu precisava agir rápido antes que terminássemos nossa noite tomando chá com a Srª Miller.
— Foi um prazer como sempre, Srª Miller. Mas Dess torceu o pé na festa em que estávamos e eu preciso cuidar disso agora — eu menti.
Destiny r
me lançou um olhar divertido enquanto eu aumentava o aperto em sua cintura.
— Claro, claro. Foi bom te conhecer Dess — ela se despediu — Tenham uma boa noite.
— Igualmente — Dess desejou.
Eu logo nos coloquei em movimento, amparando Dess que passou a mancar de maneira acentuada para corroborar minha história. Eu destranquei a porta com agilidade, a guiando para dentro do apartamento em seguida. Me ocupei em trancar a porta enquanto Dess avaliava o pequeno imóvel.
— Então é aqui que você vive. Combina com você — ela sorriu se livrando do sobretudo e o colocando no encosto da cadeira da mesa de jantar enquanto caminhava até a sala.
Eu dei alguns passos em sua direção, mantendo a distância enquanto ela ia até a grande janela exposta pela cortina aberta. A neve começou a cair do lado de fora.
— Você tem uma boa vista aqui, Mio Caro — ela sorriu fechando a cortina antes de se virar em minha direção.
— Nesse momento a vista é perfeita — eu comentei, me encostando na mesa enquanto a admirava.
— Eu estou uma bagunça — ela sorriu levando a mão até o cabelo bagunçado.
— Está perfeita — eu repeti me livrando do paletó e da gravata, colocando ao meu lado em cima de uma das cadeiras.
Ela penteou com os dedos seus fios de cabelo sem quebrar o contato visual comigo.
— Melhorou? — Ela sorriu.
Eu me limitei a corresponder seu sorriso me livrando das abotoaduras das mangas de minha camisa. Dess levou suas mãos até seus ombros, deslizando as alças devagar, expondo seu corpo até que o vestido estivesse embolado em seu tornozelo. Dess deu um passo para frente usando apenas um fio dental vermelho, o sapato de salto e as joias douradas.
Eu fiz uma avaliação minuciosa de seu corpo, sua pele sedosa parecia menos bronzeada do que antes, o que não era uma surpresa. Suas tatuagens estavam visíveis, me fazendo desejar trocá-la imediatamente. Dess era a imagem da perdição para mim, minha ereção latejou por conta do desejo que eu sentia por ela naquele momento.
— Está vendo algo interessante, mio caro? — Ela sorriu dando um passo em minha direção.
— Você não faz ideia — eu me desencostei da mesa fazendo sinal com o indicador para que ela se aproximasse.
Destiny veio até mim em passos lentos, sem nunca quebrar nosso contato visual. Ela parou na minha frente, exibindo todas as suas expectativas em seu olhar, eu desci ambas as mãos por seus braços, sentindo a textura macia de sua pele quente em meus dedos. Percorri todo o caminho por seus braços até chegar em seus quadris onde aumentei a pressão de meus dedos em sua pele a puxando para mais perto de meu corpo. Dess mordeu o lábio inferior enquanto eu voltava a descer minhas mãos por suas coxas.
Em um impulso a levantei em meus braços, ela envolveu meu quadril com suas pernas, cruzando os calcanhares para ganhar mais firmeza enquanto levava seus braços até meu pescoço. Eu mantive um braço embaixo dela, a sustentando com facilidade enquanto levava minha mão até seus cabelos, colocando uma mecha atrás de sua orelha.
— Eu senti sua falta — eu admiti com um sorriso no rosto.
— Mesmo? — ela trouxe seu rosto para junto do meu, dando um beijo suave em meus lábios antes de prendê-los entre os dentes com delicadeza — o que você acha de me mostrar o quanto?
Minha mão seguiu para sua nuca, puxando seu rosto de encontro ao meu. Nossas línguas dançavam juntas, deixando a fome que sentíamos um pelo outro dominar nossos instintos.
Eu nos guiei até as escadas, subindo com cuidado ainda carregando Dess que mordiscava meu pescoço, desabotoava os primeiros botões de minha camisa. Eu fui até a cama, me inclinando para deita-la ali, Destiny me puxou para mais um beijo, impedindo que eu me afastasse dela. Eu movimentei meu quadril de encontro ao dela recebendo em troca um gemido abafado.
Eu abandonei seus lábios, mordendo seu queixo antes de descer para sua garganta. Ela inclinou a cabeça para trás me dando livre acesso àquela área, permanecendo com os olhos fechados e a respiração ofegante enquanto eu descia meus lábios por seu corpo. Eu absorvi todo o aroma floral que seu corpo exalava mordiscando cada parte de sua pele enquanto a sentia se contorcer embaixo de mim.
Passei por suas costelas mordiscando sua tatuagem, correndo minha boca por seu abdômen plano, antes de deslizar sua calcinha para fora de seu corpo, depositei um suave beijo na rosa em sua virilha, segurando sua coxa direita, correndo meus lábios por toda sua perna até chegar em seu calcanhar, tirando seu sapato em seguida. Eu refiz o movimento com a outra perna, sendo assistido por Dess.
Eu me levantei em seguida para me livrar de minhas próprias roupas, Dess flexionou os joelhos, apoiando os dois pés no colchão se deixando aberta para mim. Eu observei seu olhar desejoso enquanto corria sua mão por seu abdômen em direção ao sul.
Dess soltou um pequeno gemido quando seus dedos alcançaram seu clítoris antes de começar a movimentá-los lentamente sobre aquela área. Meu olhar se fixou nela, cada gemido que ela soltava, gravando suas expressões de deleite enquanto se masturbava que me deixavam à beira da insanidade. Eu desabotoei a camisa devagar tentando não perder nenhum detalhe do show que ela me proporciona.
Quando seus gemidos começaram a se tornar mais intensos e meu nome passou a escapar de seus lábios, foi preciso todo o meu autocontrole para me impedir de me lançar sobre ela e acabar de vez com aquilo, mas algo me impulsionou a continuar assistindo enquanto me despia devagar. Eu me livrei dos sapatos, das meias e finalmente a calça e a boxer que usava, largando no chão perto da cama antes de me juntar a ela.
Destiny estava à beira de um orgasmo quando segurei sua mão a afastando daquele ponto, me deitando ao seu lado. Ela abriu os olhos com uma expressão confusa apenas para voltar a fechá-los quando passei meu polegar por seu clítoris, sentindo toda a umidade concentrada ali. Eu queria ser quem a conduziria ao orgasmo.
Sua respiração se tornava cada vez mais ofegante enquanto eu aumentava o ritmo antes de a penetrar com um dedo. Seus gemidos se tornaram mais altos tornando praticamente impossível para mim aguentar por mais tempo, em um movimento eu me coloquei no meio de suas pernas, flexionando seus joelhos, a deixando completamente exposta antes de penetrá-la.
A sensação de ser envolvido por Dess era única, ela me tinha na palma de sua mão e sabia exatamente o que fazer para me levar a loucura sem nenhum esforço. Eu comecei a me movimentar devagar, aumentando o ritmo ao poucos enquanto Dess apertava os lençóis da cama com força entre seus dedos. Ela levou uma das mãos até minha coxa, cravando as unhas ali, me incitando a me movimentar com mais força.
Eu logo senti seu interior se contraindo fazendo com que eu me esforçasse mais por seu orgasmo que não demorou. Destiny cravou suas unhas com mais força em minha pele, mas eu não tive tempo para pensar na dor antes de chegar ao meu próprio orgasmo me derramando dentro dela.
Eu voltei a abrir meus olhos, localizando os olhos verdes que tanto me fizeram falta, me observando com um brilho satisfeito. Eu não fui capaz de desgrudar meu olhar do dela enquanto recuperava o fôlego, assim que me senti recomposto, me deitei ao seu lado, a admirando com carinho.
Essa mulher era minha perdição.
— Eu senti sua falta — eu repeti acariciando seu rosto.
A única resposta que obtive foi um sorriso seguido de um breve beijo antes que ela se aconchegasse em meus braços, se preparando para dormir.
Eu despertei sentindo o perfume de Dess ainda em meus lençóis, eu inspirei profundamente antes de me sentar ao constatar sua ausência. Onde ela está?
— Destiny? — Eu chamei, me levantando e vestindo a boxer que estava no chão próximo à cama.
O silêncio foi minha única resposta, o banheiro estava vazio e ao descer as escadas percebi que ela havia ido embora. Ela desapareceu como se aquilo tivesse sido um sonho.
— Por que? — Eu murmurei descontente antes de subir para um banho.
Eu estava cansado daqueles joguinhos de Dess, ela não poderia ficar uma vez? Ou então me acordar para se despedir? A água quente da ducha escorria pelo meu corpo, aumentando a minha frustração, ela poderia estar dividindo esse banho comigo!
O toque do meu celular me obrigou a interromper meu banho, eu me enrolei na toalha antes de verificar quem estava me ligando tão cedo.
Espero não me irritar ainda mais pela manhã.
— Carol.
— O que aconteceu entre você e a Valy ontem, Rob? — Ela me interrompeu, parecendo cansada.
— Bom dia pra você também — eu murmurei em resposta — Ela chegou bem?
— Bem irritada, vai me contar o que aconteceu?
— Conto mais tarde — eu decidi ao ouvir o som da campainha.
Quem poderia ser agora?
— Mais tarde? — ela perguntou enquanto eu descia as escadas ainda envolto na toalha a fim de atender a porta.
— Sim, você não pensou que chegaria da Florida e eu não te visitaria, não é? Preciso desligar agora.
Eu desliguei o celular em seguida, abrindo a porta quando a campainha voltou a soar. Daniel um dos porteiros estava parado ali segurando um pequeno pacote.
— Bom dia, Sr Roberts. Desculpe a interrupção — ele parecia desconcertado ao me encontrar apenas de toalha.
— Algum problema? — Eu franzi o cenho.
— Não senhor... — ele negou antes de me estender o pacote — sua namorada deixou isso comigo há alguns minutos, ela me fez prometer que seria entregue em mãos.
— Minha namorada? — Eu não contive um pequeno sorriso com aquela definição — Obrigado, Daniel.
Ele acenou com a cabeça em concordância antes de seguir em direção ao elevador. Eu fechei a porta enquanto abria a embalagem. Dess tinha me mandado um pequeno álbum de fotos junto a um bilhete, eu o desdobrei sentindo a irritação de antes se dissipar enquanto lia.
"Sinto muito ter saído assim, meu pai veio me buscar e não me deu tempo para despedidas. Nos reencontraremos em breve, Sr Publicitário. Enquanto isso..."
Eu abri o álbum, observando a primeira foto. Era literalmente a primeira foto que ela tirou de mim, eu estava sentado no avião lendo, a legenda dizia "um sério homem de negócios". Meu sorriso se ampliou e logo segui para a próxima página, um espaço estava vazio apenas com a legenda "O sorriso de quem iria passar as melhores férias de sua vida no Hawaii", ela provavelmente guardou aquela foto para si, já que eu já tinha uma cópia.
A foto seguinte era dela, ela vestia um vestido azul e estava na praia do resort abraçada com o garotinho de quem ela cuidou uma vez, ele parecia alheio à câmera ou ao abraço que recebia de sua babá, mas Dess portava um sorriso exuberante no rosto. Em outra foto nós dois estávamos juntos sentados na areia em uma praia, Dess tinha os cabelos molhados e descansava a cabeça em meu braço com o mesmo sorriso de sempre, enquanto eu olhava para a câmera com uma expressão desconfiado, foi a primeira vez que saímos e eu nem imaginava o quanto ela mudaria minha vida. "tão relaxado quanto um soldado britânico esperando a rainha".
Eu folheei o álbum observando fotos dos mais diversos momentos que passamos juntos, Nicholas aparecia em algumas fotos mas em sua grande maioria era apenas nós dois. Ao chegar à última foto eu passei um tempo a observando.Eu não reconhecia aquela foto, nunca tinha visto antes, na verdade sequer sabia de sua existência. Nós dois estávamos deitados no píer com a garrafa de vinho ao lado, Eu estava dormindo com um braço ao seu redor e Dess descansava a cabeça em meu peito e também mantinha os olhos fechados com um pequeno sorriso apesar de seu rosto estar marcado por lágrimas. Eu desci meus olhos para a legenda.
"A melhor e mais difícil noite da minha vida".
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