Capítulo 17 - A última vez que vi seu lindo rosto
Centenas de dias me fizeram mais velho
Desde a última vez que vi seu lindo rosto
Milhares de mentiras me fizeram mais frio
E eu não acho que possa olhar para isso da mesma maneira
Mas toda a distância que nos separa
Ela desaparece agora, quando estou sonhando com seu rosto
3 Doors Down
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— Tem certeza que você está bem para ficar sozinha? — Eu questionei minha mãe pela quinta vez enquanto esperava Valy terminar de se arrumar.
— Por Deus, Rob. Eu não preciso de uma babá — ela reclamou.
— Você passou o dia com dor de cabeça — eu expus minha preocupação.
Já haviam se passado três meses desde que voltei a Boston, e depois da primeira vez, visitar minha família tornou-se um hábito semanal. Eu segui o conselho de Dess e decidi aproveitar ao máximo o tempo que ainda tenho com minha mãe.
Dess... Como uma pessoa pode marcar tanto sua vida e desaparecer em seguida? Como eu ainda posso pensar nela o tempo todo depois de três meses?
— Sua irmã está animada para isso, não conte para ela — minha mãe pediu — além disso, eu me conheço e vocês não devem se preocupar, eu não vou morrer hoje.
— Não diga isso — eu pedi.
— Você quer que eu morra? — ela ergueu uma sobrancelha.
— Você entendeu, apenas não diga — eu passei o braço por seu ombro, a puxando para perto de mim antes de beijar o topo de sua cabeça.
Eu tinha aprendido a respeitar o desejo de minha mãe sobre não fazer o tratamento, mas ouvi-la falar de forma tão natural sobre sua morte ainda me assombrava.
— Tudo bem, mas sua irmã está ansiosa para te apresentar aos amigos — ela declarou — e é o aniversário dela, ela merece comemorar sem se preocupar comigo.
Eu tinha me aproximado muito de minha irmã nos últimos meses. Quando percebi que seus amigos haviam parado de convidá-la para sair, eu decidi fazer isso eu mesmo. Afinal, de certa forma, eu fui culpado. Mas eu não esperava que acabasse me divertindo tanto ao lado da minha irmã mais nova.
— Estou pronta — Valy apareceu na sala usando calças jeans, sandálias de salto e uma blusa florida que lhe deixava com os ombros de fora.
— Você vai ficar com frio — eu avisei antes sussurrar para minha mãe — eu te ligarei de hora em hora.
— Eu posso pegar a sua jaqueta emprestada — ela zombou.
— Se você quer roubar a jaqueta de alguém, arrume um namorado — eu retruquei, seguindo em direção à porta da frente.
— Não briguem — minha mãe pediu enquanto minha irmã se despedia.
— Não é como se você tivesse uma namorada para emprestar a jaqueta — ela revirou os olhos enquanto eu abria a porta do carro para que ela entrasse.
— Você tem algumas amigas bonitas, eu posso mudar isso hoje — decidi provocá-las.
— Se você conseguisse parar de pensar na Havaiana que você deixou para trás, e pensasse em seguir com a sua vida... — ela comentou enquanto eu dava partida no carro.
— Eu estou seguindo com a minha vida — eu retruquei.
— Sexo casual não conta — ela ligou o rádio — e se você está mesmo seguindo em frente, porque sempre ouve as mesmas musicas de coração partido?
— Eu não..
— Always, You Give Love A Bad Name, Misunderstood, With Or Without You, Crazy — ela foi enumerando conforme pulava as músicas da minha playlist — Strutter... Todas falam sobre uma mulher.
— Isso não quer dizer nada — eu menti.
Na verdade, todas aquelas músicas me fazem pensar nela.
— Não mesmo? E porque essa mulher sempre parece ser um pouco desequilibrada? — ela zombou.
— Destiny não é desequilibrada — eu murmurei — ela é apenas diferente.
— Ok, supondo que você não tenha montado essa playlist pensando nela, qual será a próxima música? — ela me desafiou.
— Nós chegaremos ao bar em breve, porque você não deixa a música tocar? — eu murmurei, me sentindo incomodado.
Ela me ignorou, gargalhando ao passar para a próxima.
— Patience? Sério? E isso é porque você não está pensando nela?
Eu poderia jogá-la para fora deste carro. Porque ela não pode cuidar da vida dela?
— Eu juro que se a próxima música for November Rain... — ela continuou me provocando.
Eu estiquei a mão até o rádio e o desliguei, deixando o silêncio tomar conta do ambiente.
— Feliz agora? — eu murmurei.
Ela se inclinou beijando meu rosto, fazendo com que eu revirasse os olhos. Sempre a mesma, me irrita e depois tenta me agradar.
— Estou apenas pegando no seu pé, Rob. Sei que está sendo difícil para você — ela se endireitou no banco — mas está na cara que ficar assim não está adiantando, então você precisa seguir em frente. Aquela garota do escritório que você me contou parece ser legal.
— Sim, a Samantha é legal, nós nos divertimos, mas...
— Ela não é a sua Havaiana — Valy revirou os olhos quando enfim parei em frente ao bar onde ela tinha combinado de encontrar os amigos.
— A questão não é ela ser ou não a Destiny, eu consigo ter um relacionamento com alguém que não seja ela — eu me defendi, descendo do carro — a questão é outra.
— A questão é que a garota do escritório não te levou para uma aventura incrível no Hawaii — ela correu para me alcançar ao notar que eu a estava deixando para trás — vai mais devagar, eu estou de salto.
— E eu estou usando essa vantagem a meu favor — eu lhe lancei um olhar enviesado.
Ela envolveu meu braço, impedindo que eu a deixasse para trás. Eu revirei os olhos, decidindo fazer de tudo para deixar a noite dela perfeita. Eu sabia bem que ela estava se esforçando para me ajudar a superar Destiny, principalmente após ter me convencido a telefonar para ela mais uma vez, apenas para cair direto na caixa de mensagem. Eu não tive coragem de deixar um recado e Valy decidiu que me faria esquecer de vez tudo o que aconteceu.
Mas eu não queria esquecer!
Nós nos encontramos com algumas garotas que tinham reservado uma mesa, era o aniversário de vinte um anos de minha irmã, e ela estava radiante por finalmente poder entrar em um bar. Eu me senti deslocado assim que me sentei, por que ela insistiu em me trazer se viria apenas garotas? Ainda mais garotas que eu não conhecia.
— Nós não combinamos de não trazer namorados? — Uma delas reclamou.
— Por sorte ele não é meu namorado, Ava — Valy retrucou, se sentando ao meu lado.
Ava me avaliou parecendo um pouco descrente com aquela afirmação. As outras duas pareciam apenas curiosas em saber quem eu era, e quanto a mim, apenas queria matar minha irmã por me colocar naquela situação.
— Não? E por que? Eu sempre o vejo indo te buscar na faculdade — uma delas olhou para mim pela primeira vez.
Ela era uma bela garota, ela era pequena, tinha um corpo esguio e a pele clara que contrastava com seus cabelos castanhos e olhos esverdeados.
— Bom, seria estranho namorar com minha irmã — eu decidi colocar fim aquilo antes de me virar em direção à Valy, passando a sussurrar — porque você me trouxe se viria apenas suas amigas?
— Você me pareceu bastante deprimido semana passada — ela respondeu no mesmo tom — pensei que seria bom para você.
— Mesmo? O que faremos a seguir? Vamos tomar sorvete e conversar sobre desilusões amorosas? Talvez você tenha me confundido com a Carol — eu revirei os olhos antes de voltar a falar no tom normal — eu sou Ethan Roberts, é um prazer conhecer vocês.
Eu apertei a mão de cada uma das três garotas, sorrindo enquanto elas nos encaravam com curiosidade.
— Sim, eu trouxe você a um bar para fazer exatamente isso, tomar sorvete. Talvez você preferisse se encontrar com seus amigos e ir a um Stripclub — Valy ironizou ainda sussurrando antes de me apresentar às garotas — Rob, essas são Ava, Katherine e Maxinne.
— Eu não sabia que você tinha um irmão — Ava comentou com curiosidade e eu decidi ignorar sua provocação.
— Ele vivia no Hawaii até uns meses atrás, nós mal o víamos — Valy ironizou — eu pensei que você tivesse aprendido a ser mais divertido. É meu aniversário, sabia?
— Você quer diversão, Valy? Tudo bem... — eu olhei em volta, fazendo sinal para que um garçom se aproximasse, ignorando a expressão confusa das outras garotas — espero que todas vocês tenham idade para beber.
— Eu adorei seu irmão — Maxinne, a garota dos olhos verdes, que me lembravam os de Destiny, bateu palmas animada.
Eu paguei algumas bebidas às garotas, me mantendo apenas com uma água com gás, já que deveria levar minha irmã para casa depois, Maxinne se mostrou interessada em conversar comigo, questionando sobre os mais diversos temas, enquanto as outras duas estavam mais interessadas em minha irmã sobre assuntos que eu não compreendia.
Após algumas rodadas de bebidas elas decidiram se aventurar na pista de dança, me deixando para trás.
Valy estava radiante junto das amigas e aquilo me deixou feliz, de alguma forma eu estava conseguindo compensá-la por todos aqueles meses em que a deixei sem uma vida social.
Aproveitei que todas estavam distraídas e fui até o banheiro telefonar para verificar se minha mãe estava bem, ao retornar, encontrei Maxinne sentada na cadeira que eu ocupava pouco antes. Me sentei ao seu lado, observando as garotas ainda dançando.
— Se cansou de dançar? — Eu questionei despreocupado.
— Um pouco — ela admitiu — também decidi te fazer companhia, você parecia tão sozinho.
— E então, você veio me salvar — eu ofereci um meio sorriso.
Ela era uma garota bonita, mas eu não sabia se aquilo era uma boa ideia, eu não queria nenhum relacionamento no momento.
— Me chame de Max, e vim apenas te fazer companhia — ela sorriu timidamente.
— Max então... Aceita mais uma bebida? — eu ofereci olhando em volta em busca do garçom.
— Claro — ela seu sorriso se ampliou
Eu consegui um cosmopolitan para ela, pensando no que eu poderia fazer a seguir. Max era o completo oposto de Dess, ela parecia ser do tipo de garota responsável que fazia tudo o que era esperado dela. Isso era bom, de certa forma.
— Então Max, você estuda com a Valy? — eu puxei assunto.
— Eu estudo na mesma faculdade, mas estou me formando em dança — ela explicou.
— Dança?
— Sim, eu estudo balé desde criança e decidi seguir por esse caminho — ela provou seu drink — eu sou boa nisso.
— Não duvido que seja.
Ela tinha a postura de uma bailarina, mais um ponto para diferenciá-la de Dess, ela sabe o que quer fazer desde criança.
Dess... O que será que ela tem feito da vida nos últimos meses? Voltou ao St Regis?
Não, eu não devo pensar nela!
Já havia se passado tanto tempo e Destiny não saia de minha mente, eu ainda sonhava com ela e imaginava como tudo poderia ter sido diferente. O tempo e a distância me farão esquece-la em algum momento, mas eu também preciso fazer minha parte.
— Eu preciso de um pouco de ar — eu comentei subitamente, surpreendendo a garota.
— Ahh, claro — ela piscou atordoada enquanto eu me levantava — eu espero as garotas se cansarem.
— Sim, elas voltarão depressa — eu pensei no que estava prestes a fazer — a menos que você ainda queira me fazer companhia.
O sorriso voltou a iluminar seu rosto enquanto ela se levantava para me acompanhar, eu observei a sua forma de caminhar, ela tinha a elegância típica de uma bailarina, mas no fundo eu ainda preferia a forma leve e espontânea de outra pessoa.
Eu preciso tirá-la da minha mente!
Nós saímos do bar, indo até a lateral que dava para o estacionamento. Eu me encostei na parede observando o céu enquanto Max seguia meu exemplo.
— A noite está bonita hoje — ela comentou após alguns minutos em silêncio.
— Você precisava ver como era no Hawaii — eu respondi — nunca vi nada parecido com aquilo.
— Você parece sentir falta de lá — ela se aproximou um pouco e atraiu minha atenção.
Seu olhar transbordava ansiedade e por um segundo antes que ela se aproximasse ainda mais, eu me peguei pensando no que eu estava fazendo. Eu a segurei, a pegando de surpresa ao impedir que ela avançasse ainda mais.
— O quanto você bebeu? — eu questionei desconfiado.
— Não o suficiente para ser errado — ela franziu o cenho — mas se você não estiver interessado.
Eu decidi terminar de vez com aquilo, Valy tinha razão, eu precisava me divertir um pouco. Eu desci minhas mãos para a pequena cintura da garota puxando seu corpo para perto do meu antes de levar meus lábios até os dela. Ao contrário de Dess, Max não se incomodou em tentar assumir o controle de nada, apenas se deixou levar. Eu não sabia definir se me sentia aliviado ou incomodado com aquilo, mas antes que eu pudesse aprofundar mais o beijo, meu celular começou a tocar, fazendo com que eu me afastasse.
— Eu preciso atender — eu murmurei ao notar a foto de Isaac estampada na tela do aparelho.
Porque ele me ligaria tão tarde?
— Isaac?
— Ethan, me diz que você está em Boston esse fim de semana — ele pediu.
— Eu estou em Springfield — eu neguei dando alguns passos para longe de Max — o que aconteceu?
— Eu preciso de você aqui amanhã de manhã — ele avisou — temos uma reunião importante.
Uma reunião em pleno domingo? O que está acontecendo?
— Isaac, é aniversário da minha irmã — eu neguei — nós não podemos resolver isso na segunda?
— Impossível, nós temos um cliente novo e o valor que ele está pagando pela campanha... Você precisa voltar, Ethan — ele respondeu agitado.
Eu cogitei aquela hipótese, o quanto Valy e minha mãe ficariam chateadas por eu sair assim? Mas por outro lado, eu não tenho sido uma peça importante na equipe desde que retornei, ele poderia fazer essa reunião sem mim.
— Isaac, eu não tenho como fazer isso — eu respirei fundo torcendo para que ele entendesse — tenho certeza que não fará diferença se eu comparecer ou não a essa reunião.
— Ethan, você não entendeu — Isaac suspirou — pediram especificamente por você. Meu pai me mandou te avisar.
Eu senti minha mente girar com aquela informação. Pediram especificamente por mim? Isso quer dizer que eu serei responsável por uma campanha novamente?
Eu precisava levar Valy para casa agora e arrumar minhas malas, porque algo está mesmo começando a dar certo para mim.
~~**~~
Eu estava terminando de dar o nó em minha gravata enquanto sentia a ansiedade tomar conta de mim, era o primeiro evento que eu organizava desde o fracasso do lançamento da Blue Ocean há cinco meses.
Mas dessa vez, eu estava confiante, eu tive pouco mais de dois meses para organizar tudo, mas eu decidi dar o meu melhor para provar meu valor. A reunião foi com um representante da joalheria Angelo D'oro, que pretendia expandir seus horizontes para fora da Italia e abrir uma filial em Boston. A festa, além de anunciar a abertura da nova filial, ainda pretendia lançar a nova coleção de jóias. Eu consegui que as pessoas certas recebessem os convites, e o Sr Zelner disponibilizou todos os recursos possíveis para que tudo saísse perfeito no evento.
Em alguns minutos, eu deixaria meu apartamento e seguiria para o hotel Fairmont Copley Plaza, onde tinha conseguido reservar para a realização o evento, e enfim, conheceria o homem por trás de tudo aquilo, mais cedo Isaac me telefonou avisando que o Dono da Joalheria já havia desembarcado e estava acompanhando tudo de perto para garantir que tudo ficaria de seu agrado.
Eu não entendo o motivo dele ter pedido especificamente por mim, ainda mais depois que o Sr Zelner tentou de todas as formas dissuadi-lo de sua decisão, afirmando que eu ainda não estava pronto para um evento daquele porte.
Decidi telefonar para Valerie para confirmar se ela viria mesmo para a festa, no fim, eu prometi que a traria, por ter interrompido seu aniversário, mas eu não me importava com aquilo. Seria bom ter uma companhia por fim. Isaac tentou de todas as maneiras me apresentar alguém, mas eu decidi que era melhor não me distrair com nada nesse evento.
— Rob — Valy cantarolou.
— Me diz que você está a caminho — eu pedi.
— Sim, mas...
— Não, sem mas! — eu a interrompi — eu estou indo para o hotel em cinco minutos e preciso saber se vou ou não te encontrar lá.
— Sim, eu apenas quero saber se a oferta para levar um acompanhante ainda está em pé — ela retrucou.
Perfeito, ela vai com um acompanhante.
— Apenas se você conseguir uma reserva de hotel, meu apartamento não é grande o bastante para acomodar duas pessoas — eu decidi.
— Não se preocupe, a última coisa que se passa em minha cabeça é ficar no seu apartamento hoje a noite — ela zombou, me provocando uma careta.
E a última coisa que eu precisava saber era sobre a vida sexual da minha irmã mais nova.
— Carol já está com a mama? — eu mudei de assunto.
Nós estávamos na semana do natal, então Carol acabou vindo da Florida com o marido e os filhos para passar as festas conosco.
— Sim, ela chegou hoje de manhã. Eu preciso desligar agora, Rob. Te encontro no hotel.
— Até depois.
Eu desliguei o telefone, me concentrando em terminar de me arrumar. Em poucos minutos estava dirigindo ao hotel. Isaac e seu pai me aguardavam na entrada, provavelmente para garantir que eu não faria alguma besteira.
— Sr Zelner, Isaac — eu apertei a mão dos dois homens, me sentindo ainda mais ansioso pelo o que estava por vir.
— Está pronto para nós mostrar o que você conseguiu, Roberts? — Isaac questionou, caminhando ao meu lado e do pai em direção à entrada do hotel.
Eu sentia meu coração acelerar a cada passo que dávamos em direção à área que seria realizado o evento, essa era a minha chance de consertar tudo. Eu inconscientemente prendi a respiração quando as portas foram abertas, revelando o resultado de todo o meu esforço.
Espalhados por toda a extensão do salão estavam diversos cavaletes com fotos de modelos usando as jóias e os mostruários portando as próprias peças. Penduradas nas paredes ainda estavam algumas fotografias das joalherias na Italia entre outras. Todas as fotos eram lindas.
— Você fez um bom trabalho, Roberts — O Sr Zelner declarou por fim após avaliar o lugar.
O evento ainda não tinha começado, mas os garçons já se movimentavam tentando deixar tudo perfeito. Eu aproveitei que o homem se afastou em seguida apenas para observar as fotos com mais atenção. Eu parei na frente de uma específica. Uma modelo vestida com roupas de gala e banhada nas mais diversas jóias do mais puro ouro, estava em uma ponte a noite, ao fundo se podia ver a extensão de um canal rodeado de prédios antigos e uma gôndola.
— Eles tem um bom fotógrafo — Isaac comentou parado ao meu lado.
— Sim.
— Definitivamente a melhor que já vi — uma terceira voz carregada de um sotaque Italiano chamou nossa atenção.
Nós nos viramos a tempo de ver um homem se aproximar, ele estava na casa dos cinquenta anos, tinha o cabelo cuidadosamente penteado para trás e vestia um Smoking cor de vinho com uma camisa e um lenço branco que contrastava com a cor.
— Veneza. sabe, lá é possível ouvir os passos das pessoas enquanto caminham. Sem toda a poluição sonora de um tráfego intenso que acompanham uma grande cidade — Ele comentou parando ao nosso lado.
— É um lugar muito bonito, senhor — Isaac franziu o cenho ao observar o homem parado ali com naturalidade.
— Perdoem minha falta de educação, Vito De Angelis — ele estendeu as mãos em nossa direção — É um prazer conhecê-los.
Eu pisquei atordoado diante daquele sobrenome. Será possível?
— Senhor De Angelis, eu sou Isaac Zelner e esse é Ethan Roberts, o prazer é inteiramente nosso — Eu vi a postura de Isaac ficar um pouco mais tensa — Espero que tudo tenha ficado do seu agrado, fizemos o possível para promover sua joalheria da melhor maneira e...
— Senhor Roberts — o homem ofereceu um sorriso satisfeito — Foi um belo trabalho que o senhor fez aqui hoje.
Eu deixei de lado a questão de seu sobrenome por um momento ao me permitir ser agraciado por aquele elogio, finalmente eu me recuperei depois de tudo.
— Obrigado, Senhor De Angelis — eu sorri com orgulho.
Em minha mente, eu buscava uma maneira de saciar minha dúvida sobre seu sobrenome, não é possível que seja apenas uma coincidência, ela disse que seu pai era dono de uma joalheria.
Mas o que ele está fazendo aqui? Por que eu?
— Eu preciso ir, apenas vim verificar como estavam as coisas — ele começou a se despedir — nos vemos mais tarde filho, eu tinha certeza que um publicitário na família seria algo bom.
Naquele momento todas as minhas dúvidas foram saciadas. Seria possível que ela voltaria assim para minha vida?
— Ethan, meu pai está chamando — Isaac interrompeu meus pensamentos, fazendo com que eu procurasse me focar no que estava acontecendo.
Eu procurei me concentrar no evento, resolvendo qualquer eventual problema que surgisse pelo caminho. Mas as palavras do Senhor De Angelis permaneciam em minha mente. Ele pediu especificamente por mim, será que Destiny me indicou ao pai? Ou ele apenas decidiu me procurar por já ter conversado comigo? Ele sabe que terminamos?
Logo os convidados começaram a chegar dando início ao evento, algumas modelos desfilavam pelo espaço usando as jóias da nova coleção, enquanto os garçons ofereciam champagne para os convidados. A pequena orquestra que contratamos para cuidar da parte musical se preparava para iniciar a apresentação, e eu buscava em vão o Sr De Angelis entre os convidados. Ele vai desistir de vir na própria festa?
Dess uma vez me disse que mal tinha contato com os pais, será que continua assim? Ou ela aparecerá aqui hoje? Não, eu não deveria esperar algo do tipo, apenas me iludiria.
— Roberts, tem duas garotas aqui te procurando — a voz de John Zelner, primo de Isaac, e advogado da agência chamou minha atenção.
Ele estava acompanhando Valy que usava um longo vestido preto e olhava atônita ao redor, e para minha surpresa, Max. Ela sorriu assim que me viu, ela estava bonita com os cabelos presos e um vestido prata.
Então essa era a companhia de Valy?
Ela vinha tentando me fazer assumir algum relacionamento com a amiga desde seu aniversário, nós saímos juntos mais algumas vezes depois disso, mas eu sempre deixei claro que éramos apenas amigos e que não estava interessado em nada sério. Mas eu não pude evitar de sorrir em resposta ao vê-la ali.
Meu sorriso morreu imediatamente quando ela caminhou em minha direção, o problema não era ela ou minha irmã. O problema foi a figura que surgiu atrás das duas quando as portas se abriram revelando o Sr De Angelis.
Destiny usava um longo vestido Preto com decote ombro a ombro e uma fenda que ia até metade de sua coxa, seus cabelos estavam soltos, a deixando ainda mais charmosa e seu sorriso estava destacado pelo batom vermelho. Seu olhar foi atraído pelo meu, fazendo com que seu sorriso diminuísse um pouco.
Eu sentia meu coração acelerar com aquela visão. Cinco meses desde a última vez que a vi, cinco meses sem um único contato, cinco meses pensando em como poderia ter sido se eu tivesse agido diferente, cinco meses.
— Rob, parece que você viu um fantasma — Valy parou na minha frente fazendo com que eu piscasse atordoado.
— Não esperava me ver aqui? — Max sorriu antes de se esticar e me dar um selinho — espero que não se importe.
Eu percebi o pequeno sorriso de Dess morrer imediatamente ao ver aquilo, antes de desviar o olhar.
Por favor Deus, que isso não se transforme em um pesadelo mais uma vez!
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