Capítulo 08 - Estou encrencada

  Primeiro andar

Quarto 16

Cheira a perigo

Ainda melhor

Faça suas metas

Abençoe sua alma

Estou encrencada (sim,eu sei)

Mas parece o paraíso

Shakira

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Já estava quase amanhecendo quando levei Ethan de volta ao St Regis. Nós combinamos que ele permaneceria no hotel até resolver tudo com Isaac, e depois me avisaria para que eu pudesse buscá-lo, assim ele passaria a ser meu hóspede pelo próximo mês.

Eu estava bêbada de sono ao chega casa, destranquei a porta e planejava seguir direto para minha cama, quando Nicholas me interceptou na escada.

— Mas que merda, Dess, onde você se meteu?

— Eu saí — franzi o cenho.

— Sério? Não tinha percebido — ele revirou os olhos.

— Porque pergunta, então? Eu deixei um bilhete avisando — eu apontei.

— Você chama aquele monte de rabiscos de bilhete? — Ele revirou os olhos.

— Ok, eu sinto muito. Eu vou melhorar minha letra, pai — eu ironizei antes de ir para a cozinha — Você comeu o frango?

— Quer dizer aquela coisa esturricada que você deixou no forno? — Ele murmurou — Onde você foi?

— Eu sai com Ethan, e na próxima vez vou te deixar com fome para aprender a não ser ingrato — eu o ameacei notando o prato vazio e lavado em cima da pia.

— O cara de Boston outra vez? — ele revirou os olhos — o que esse cara tem? Um pinto de ouro?

— Acho que as características do pinto dele não te interessa — Eu cruzei os braços — e mesmo se interessasse, eu estou com sono demais para responder.

— Ainda bem que esse cara vai embora logo — ele murmurou — Vamos dormir.

— Sobre isso — eu mordi o lábio passando por ele. Será que ele vai se irritar? — Acho que precisamos conversar.

— Dess, você fez algo estúpido? — ele me avaliou desconfiado.

— Bem, acho que...

— Dess, me diz que você não fez algo estúpido — ele gemeu.

— Talvez um pouco — eu admiti.

— Destiny, o que você fez? — ele respirou fundo, claramente cansado.

— Eu convidei Ethan para morar conosco pelo próximo mês — Eu dei de ombros.

Eu esperei a reação de Nicholas por alguns segundos, ele se limitou a me encarar com uma expressão séria antes de começar a gargalhar, me confundindo.

— Você não está bravo? — eu questionei.

— Boa piada, Dess — ele passou por mim, indo para a escada — muito boa.

— Piada? Não é uma piada!

— Tem que ser, porque se você tiver mesmo convidado um cara aleatório que você conheceu essa semana para morar com a gente — ele se virou em minha direção — eu mato você.

Ele me observou por alguns instantes antes que eu desviasse o olhar, decidindo deixar aquela conversa para amanhã.

— Boa noite, Bryce — Eu bocejei.

— Eu mato você, Destiny — ele fechou os olhos, passando a massagear a tempora

— A gente conversa sobre isso amanhã, Nick — eu pedi — Não é grande coisa.

— O que você tem na cabeça? — Ele me seguiu.

— O que? Nada! — Eu exclamei.

— Ótima resposta.

— Não foi o que eu quis dizer — eu revirei os olhos — nós conversamos sobre isso amanhã, Nick.

— Nós conversamos agora — Ele me segurou.

— Não vamos, eu não quero conversar — eu murmurei me soltando.

— Então vai me ouvir.

— Não, eu vou dormir. Nicholas! — eu gritei quando ele me pegou com facilidade no colo —me põe no chão!

— Nós vamos conversar sobre isso, você precisa começar a ter um pouco de juízo! — Ele afirmou me levando até o sofá.

— Nós não vamos conversar sobre nada, seu idiota — eu tentei me soltar, mas ele me segurava firme contra seu corpo — eu já tomei minha decisão!

— Sem se importar em consultar a outra pessoa que vive com você!? — ele me soltou no sofá sem nenhuma gentileza.

— Você não se importou em me consultar quando decidiu invadir minha casa — eu devolvi, tentando me levantar, mas ele me empurrou de volta para o sofá, me obrigando a me sentar  — Então é melhor parar de tentar controlar minha vida!

— Eu não estou tentando controlar sua vida! Estou tentando evitar ter que reconhecer seu corpo em um necrotério qualquer — ele exclamou — convidar alguém que você não conhece para morar com você, é a receita exata para isso. É loucura!

— Ethan também achou — eu murmurei.

— Ótimo, ele também devia estar com medo de acabar em um necrotério depois de ser morto por uma maníaca!

— Essa é a minha casa, Nicholas — eu retruquei — Você não tem o direito de decidir nada aqui.

— É assim que você quer jogar, Dess? — ele ergueu uma sobrancelha cruzando os braços.

— Sim, a casa é minha. Eu decido! — eu sorri vitoriosa.

— Ótimo — ele respondeu, pegando o celular e se afastando — Vamos ver o que o seu pai acha disso, que eu saiba a casa ainda é dele, não é? Aposto que ele vai adorar descobrir o que está acontecendo aqui!

Eu levantei do sofá em um pulo, o seguindo, ele não pode estar falando sério!

— Nicholas, espera! — eu supliquei — Qual é, você não pode fazer isso.

— Estou fazendo.

— Nick, você nem conhece ele — Eu gemi — por favor.

— Esse é o ponto, nós não o conhecemos — ele retrucou.

— Nick, nós também não conhecíamos ninguém quando chegamos a Kauai — eu apontei — isso não nos impediu de viver com a Débora por semanas enquanto a reforma da casa terminava.

— É diferente, Dess.

— Qual a diferença?

— Pra começar? Eu não dividi a cama com a Débora — ele revirou os olhos.

— Nick, Ethan passou por uma péssima situação — eu suspirei — ele está precisando de ajuda.

— Dess...

— É sério, ele perdeu a carreira que lutou para conseguir — eu insisti — sabe, a gente escolheu largar tudo e ter essa vida, mas ele não sabe fazer outra coisa a não ser trabalhar.

Nicholas me observou por um momento antes de suspirar e guardar o celular. O sol começava a nascer, iluminando a cozinha.

— Porque você se importa com esse cara, afinal? — ele murmurou

— Eu gostei dele — eu dei de ombros.

— E você acha que é uma boa ideia começar essa história? — ele me avaliou

— Olha, eu não estou me iludindo, ok? Eu sei os termos que estaremos. Só quero aproveitar — eu garanti.

— Tudo bem, mas fique sabendo que eu ficarei muito irritado se eu acordar com a garganta cortada — ele me avisou.

— Se a gente morrer, eu assumo total responsabilidade — eu sorri.

Nicholas passou o braço por meu ombro, me guiando até a escada.

— Você deveria ser mais gentil comigo, eu tive um péssimo dia — Eu reclamei.

— Tenho certeza que sua noite melhorou bastante — ele me provocou.

— Boa noite, Bryce — eu dei uma pequena risada antes de ir para meu quarto.

— O sol já está no céu, Dess — ele gargalhou, indo para o próprio quarto.

Nós dormimos apenas algumas horas antes que eu  arrastasse o Bryce da cama para me ajudar a limpar a casa. Não que ele estivesse feliz por fazer isso, mas a iminente chegada de Mandy não lhe dava muita escolha.

— Você vai cair — Nicholas me avisou pela quinta vez enquanto eu lavava o chão da varanda.

— Pela milésima vez, eu não vou cair — Eu murmurei esfregando o chão.

— Devia calçar algo — ele insistiu.

— Se você sugerir isso mais uma vez, eu vou te falar onde você pode enfiar o...

— Wow, Destiny — ele ergueu ambas as mãos em sinal de rendição — é com essa boca que você beija o seu publicitário?

— Ele não é o meu publicitário — eu revirei os olhos.

— Para todos os efeitos ele é, pelo menos pelo próximo mês — Nicholas me provocou.

— Ele é apenas meu amigo — eu o corrigi.

— Então devemos preparar um dos quartos pra ele?

— Não, ele vai ficar no meu — eu comentei, fingindo naturalidade.

— Dess, nós somos amigos e nunca dividimos o quarto, tirando aquela vez quando estávamos vindo para Kauai e não tínhamos dinheiro o suficiente para dois quartos de hotel — ele apontou — e eu dormi no chão.

— Porque estamos falando sobre isso?

— Eu quero entender o que esse cara tem — ele apontou.

— Eu não sei, ele é engraçado e...

— Dess, se você acha uma pessoa engraçada, você deve rir, e não convidá-lo para morar na sua casa
— Ele ergueu uma sobrancelha.

— Não dessa forma — eu tentei explicar — ele se esforça para ser misterioso, todo sério, concentrado e às vezes... Não sei, eu o acho triste.

— Isso é o oposto de engraçado — Nicholas revirou os olhos.

— Eu não sei explicar.

— Então é isso — ele revirou os olhos — tudo não passa de uma tentativa maluca de consertar uma pessoa?

— Eu só estou tentando ajudar.

— As pessoas precisam querer sua ajuda, Destiny — ele apontou — Você não pode obrigar alguém a ser ajudado, principalmente quando você não o conhece.

— Eu posso tentar — eu dei de ombros.

— Deus, como você é teimosa — ele gemeu — Pelo menos o sexo pode te deixar menos chata.

— Não sou eu que sofro com falta de sexo, Nicholas — eu o provoquei.

— Golpe baixo, De Angelis — ele murmurou — você não deveria falar isso, é um ponto doloroso.

— Imagino que sua falta de sexo  seja mesmo dolorosa — eu zombei — desvantagens de um relacionamento a distancia. Não sei como vocês conseguem.

— Gostando da pessoa, Dess — Ele revirou os olhos.

O toque de meu celular vindo da cozinha interrompeu nossa conversa, eu me apressei para atender, o que se provou um grande erro, já que acabei escorregando no chão molhado e caindo de costas.

— Mas que merda — eu gemi deitada no chão.

Nicholas caminhou calmamente em minha direção, antes de passar por cima de mim, indo até a cozinha enquanto eu tentava me levantar, caindo de novo.

— Desisto — eu choraminguei encarando o teto.

— Hey Roberts — eu ouvi Nicholas atender meu celular — fiquei sabendo que você é nosso novo colega.

— Nicholas! — eu exclamei, me sentando depressa.

— Ela está aqui no chão... não, ela caiu... — ele prosseguiu me ignorando — não, eu não derrubei ela, apenas não me importei em ajudá-la...

Eu finalmente consegui me levantar, secando meus pés em um pano na porta da cozinha antes de correr até ele.

— Seu babaca, devolve meu celular! — Eu pulei em suas costas.

— Sério, com alguns dias vivendo com ela você vai entender o que eu digo — ele gargalhou antes que eu arrancasse o celular de sua mão.

— Ethan, eu sinto muito — eu pedi pulando para o chão.

— Você está bem, Dess? — sua voz parecia preocupada.

— Eu cai e esse idiota ao invés de me ajudar decidiu atender meu telefone — eu reclamei — está tudo bem?

— Sim, eu encontrei com Isaac mais cedo, e agora ele está resolvendo tudo com Willow — ele explicou.

— Você não desistiu, não é? — eu mordi o lábio.

— Vai começar a implorar, Dess? — Nicholas me provocou da varanda.

— Vai pro inferno, Bryce — eu gritei em resposta.

— Eu não desisti — ele me tranquilizou — mas Isaac está curioso sobre minha decisão.

— O que você disse a ele?

— Que uma pessoa com alto poder de persuasão me convenceu a ficar — ele suspirou.

— Está tudo bem entre vocês?

— Ele é meu amigo.

— Ele te demitiu — eu apontei.

— Não foi decisão dele, e simdo pai — Ethan o defendeu.

— Sempre tem um velho chato — eu desconversei — quando posso buscá-lo?

— Eu não acredito que você me convenceu a fazer isso — ele suspirou.

Eu observei Nicholas secando a varanda. Acho que ele pode cuidar de tudo por aqui.

— Te encontro em meia hora — eu cantarolei.

— Eu te encontro no lugar de sempre.

Eu desliguei o celular, avisando Nicholas que iria sair, correndo para me trocar. Talvez eu esteja um pouco animada demais com essa história, mas essa era sem dúvida a coisa mais insana que eu já tinha feito em minha vida.

Meu coração acelerava a cada milha que eu percorria, me aproximando do St Regis. Se meus pais descobrirem o que estou prestes a fazer, eles com certeza irão me trancar em um convento.

Eu parei o carro do outro lado da entrada do hotel, observando o movimento. Tim estava rondando por ali, e não iria gostar nem um pouco caso eu aparecesse. Eu liguei para Ethan, a fim de avisá-lo que estava esperando do lado de fora.

Eu eslerei que ele atendesse o telefone, mas isso não aconteceu. Qual o problema dele? Eu avisei que chegaria logo. Após longos minutos ali, eu decidi me arriscar no hotel, a chance de encontrar Tim era pequena, ele devia estar trancado no escritório esse horário.

Caminhei apressada até a recepção, onde Kimi, a recepcionista, aguardava a chegada de algum hóspede.

— Kimi Kimi — eu ofereci meu melhor sorriso — Faz tanto tempo que não nos falamos.

— Nós nos vimos ontem, Dess — ela franziu o cenho.

Kimi morava perto de minha casa, então acabávamos nos cruzando às vezes. Mas isso não nos fazia melhores amigas, na verdade, eu mal dava atenção para a garota.

— Sim, foi ótimo te ver. Você pode me fazer um favor? — eu segui sem rodeios.

— Que tipo de favor?

— Eu estou saindo com um dos hóspedes daqui — expliquei — Ethan Roberts, o publicitário.

— Sim, eu fiquei sabendo — ela me observou um tanto desconfiada.

— Ficou sabendo? — eu ergui ambas as sobrancelhas.

Por que as pessoas estão sabendo disso?

— Sim, estavam comentando pela manhã que uma das temporárias se envolveu com um hóspede, a mulher dele descobriu e...

— Ele é solteiro! — eu a interrompi — aquela coisa não é mulher dele e... Não importa!

— O que você quer de mim? — a mulher me avaliou.

— Eu vou dar uma carona pra ele, ele me disse que faria o check-out e me encontraria lá fora, mas não consigo falar com ele — eu expliquei — ele já fez o check-out?  Você consegue encontrá-lo?

— Dess, você sabe que não posso fazer isso — Ela negou.

— Qual é Kimi, é coisa rápida. Eu tenho que resolver isso antes que Tim me encontre aqui! — eu supliquei.

— Nesse caso é melhor você sair, ele está vindo.

— Merda — eu murmurei, me afastando discretamente do balcão antes de me dirigir à saída.

Com sorte ele não me notaria.

— Pare! — Sua voz soou atrás de mim.

Eu congelei no lugar imediatamente. Merda!

Eu só quero encontrar Ethan e sair daqui, não quero um novo sermão!

— Vire-se — ele pediu.

Eu respirei fundo antes de me virar de frente para ele, cruzando meus braços em seguida.

— O que você está fazendo aqui, Dess? — ele rosnou — pensei que tinha sido claro.

— Eu não estou aqui para trabalhar — eu murmurei — na verdade já estou indo embora.

— O que você veio fazer então?

— Não importa, é algo pessoal — eu o desafiei.

— No meu escritório, agora! — Ele murmurou.

Eu o segui em silêncio, respirando fundo para manter a calma. Eu precisava apenas me livrar daquela situação e encontrar Ethan. Tim abriu a porta para que eu entrasse, a fechando logo após.

— Você pode ser rápido? Eu tenho um compromisso.

— Vou perguntar mais uma vez, o que você está fazendo aqui, Dess? — Ele me encarou com uma expressão grave — eu fui claro...

— Já falei, é pessoal!

— Se você pensa que eu vou permitir que você arrume confusão com a Senhorita Bricks.

— Arrumar confusão? Sério? — eu revirei os olhos — Que eu me lembre, ela arrumou confusão comigo e não o contrário.

— Você não devia ter se envolvido com um homem comprometido — ele apontou.

— Comprometido? Ele não é comprometido e você sabe disso, Tim — eu exclamei.

— Dess, eu sei. Mas o que conta é o que os hóspedes pensam — ele respirou fundo.

— Claro, ela decidiu que eu roubei o cara dela — eu cruzei os braços — então eu passo a ser culpada, mesmo com todos vendo que eu não fiz nada?

— O hóspede sempre terá razão, Destiny!

— Se ela me acusar de entrar no quarto dela e roubar algo, eu terei alguma chance de defesa? — eu apontei.

— É diferente.

— Não é! Você sabe que eu não tive culpa, e ainda assim deu razão a ela — eu murmurei — A única prejudicada fui eu.

— O que você espera que eu faça?

— Nada — eu revirei os olhos — Boa sorte na próxima vez que precisar de uma babá de última hora.

— Você é apenas uma temporária, Destiny — ele desdenhou — não é insubstituível.

— Boa Sorte, Tim — eu murmurei quando meu celular começou a tocar.

Babaca.

Ele ainda vai precisar de alguém de última hora. Ele sempre precisa.

Eu saí da sala atendendo a ligação de Ethan enquanto caminhava em direção a recepção do hotel.

— Onde você está? — eu murmurei.

— Desculpe, eu tive alguns problemas — sua voz soou distante — Onde posso te encontrar?

Eu o avistei sentado em uma poltrona ao lado de sua mala assim que entrei no Hall da recepção. Seu semblante combinava com sua voz, o que aconteceu?

— Já te encontrei — eu avisei antes de desligar o telefone.

Ele olhou em volta, se levantando enquanto me procurava, guardando o celular no bolso do terno ao me localizar. Claro que ele estaria de terno e gravata. Com sorte, será a última vez que o vejo assim.

— Vamos? — Eu sorri ao me aproximar.

Eu não sabia bem como agir, não tinha certeza se ele se sentiria confortável em me beijar em público. Optei por manter uma distância aceitável.

— Claro, onde está seu carro? — ele perguntou, parecendo desinteressado.

— No lugar de sempre — eu mordi o lábio, me sentindo um pouco desapontada por sua atitude — aconteceu algo?

— Nós falamos sobre isso em outro momento — ele pediu, colocando a mão na base de minha coluna,  me guiando em direção à saída.

— Seu chefe resolveu tudo? — eu questionei.

— Sim, eu tive outra reunião com Isaac — ele me explicou — por isso não atendi sua chamada, desculpe.

— Entendo — eu franzi o cenho caminhando até meu carro.

Nós ajeitamos tudo em silêncio, antes de assumirmos nossos respectivos lugares no veículo. Eu aguardei até que estivéssemos na estrada antes de tentar fazer com que ele se abrisse.

— Aconteceu algo? — eu questionei quando estávamos na metade do caminho.

— O pai de Isaac o enviou para resolver nossa situação — ele me explicou sem rodeios — Eu não precisaria ser demitido, iriam me dar alguns dias de licença para abafar o caso e depois eu retornaria, mas...

— Mas?

— Willow decidiu que se me demitirem ela manterá o contrato com a agência — ele explicou.

— Figlia di puttana¹! — Eu exclamei irritada.

Por que aquela mulher decidiu prejudicá-lo dessa maneira?

— O que isso significa? — eu murmurei, ignorando o olhar curioso de Ethan sobre mim.

— Significa que ela arruinou minha carreira — ele admitiu — ela enviou um email para o Sr Zelner e... eu estou acabado.

— Sinto muito Ethan — eu o olhei com compaixão.

— Espero que você  me faça mesmo esquecer tudo isso nos próximos dias, Destiny — ele suspirou.

Minha única resposta foi um sorriso confiante. Eu tinha um serviço árduo pela frente, mas não tinha dúvida que conseguiria.

Eu estacionei meu carro, notando a ausência do carro de Nicholas, incitando Ethan a descer. Ele me seguiu até a porta da frente em silêncio. Na última vez que esteve ali, ele ficou na sala com Nick enquanto eu me arrumava, mas agora ele viveria ali.

— Eu vou lhe apresentar o resto da casa — eu o instruí — espero que você goste.

Nicholas tinha deixado um bilhete avisando que tinha saído para  preparar algumas coisas para a chegada de Mandy no dia seguinte. Após um rápido tour pelo andar de baixo, eu fui até a escada.

— Vamos — eu peguei sua mão, o levando para cima — vou te levar ao quarto.

— Você tem uma bela casa — ele comentou com a voz apática.

Mais uma vez aquele humor.

— Meu pai tem — eu o corrigi — eu apenas a mantenho inteira.

Eu abri a porta do meu quarto, permitindo que Ethan entrasse no cômodo. Ele olhou em volta, analisando cada detalhe antes de colocar sua mala no chão, e seguir até a grande janela que ficava de frente a cama de casal.

— Eu separei um espaço no armário pra você — eu expliquei, fechando a porta atrás de mim — Nicholas está ocupado hoje, estamos tentando arrumar tudo antes que a Mandy Chegue.

— Obrigado — ele respondeu, ainda observando a vista.

— Então, você está arruinado — Eu me coloquei atrás dele, subindo minhas mãos por suas costas até seus ombros — Sua carreira pode ter acabado antes mesmo de começar.

Eu segurei a gola de seu paletó, deslizando minhas mãos por ela até conseguir tirar a peça de seu corpo. Ethan me lançou um olhar atravessado por sobre o ombro enquanto eu colocava seu paletó sobre a cama.

— Isso deveria me animar? — ele murmurou.

— Não, isso é apenas uma constatação dos fatos — eu segurei seu braço, o virando de frente para mim antes de começar a afrouxar sua gravata — Você sabe que fez besteira e isso pode afetar todo o seu futuro, você não pode fazer nada sobre isso.

— O que você está tentando? — seu olhar sobre o meu parecia um pouco sentido.

— Admita que você falhou e se liberte disso, Ethan — eu tirei a gravata de seu pescoço, a colocando com o paletó.

— Sim, eu falhei — ele me seguiu sem resistência quando peguei sua mão e o guiei até a porta do banheiro — mas não entendi o que você pretende com isso.

Eu abri a porta e observei o lugar bem arrumado, se ele soubesse a bagunça que estava pela manhã.

— Ethan, você não pode mudar o que aconteceu — eu me virei em sua direção, desabotoando lentamente sua camisa — mas você pode controlar o que acontece daqui pra frente.

Eu depositei um beijo suave na pele de seu pescoço, sentindo seu olhar acompanhar cada movimento seu.

— Como eu faço isso?

— Se levante, admita que você não pode controlar tudo. Aprenda em qual momento você deve assumir o controle, e em qual momento você deve deixar — eu soltei entre os beijos que passei a distribuir a cada centímetro de pele exposta pelos botões que eu abria de sua camisa. — Esqueça aquilo que te decepcionou e siga em frente, você deve saber melhor do que eu que a vida vai te derrubar em diversas ocasiões. Você precisa decidir se irá se levantar.

Eu deslizei a camisa para fora de seu corpo, a soltando no chão, descendo minha mão para seu cinto. O acessório acabou batendo no piso do banheiro com um barulho surdo quando o soltei junto à camisa.

Eu me afastei seguindo até a porta do box, abrindo e ligando a ducha. Ethan terminou de se livrar de suas roupas enquanto eu seguia seu exemplo, entrando no box logo depois. A água morna escorreu pelo meu corpo enquanto Ethan entrava no box, fechando a porta atrás de si. Eu logo enlacei seu pescoço com meus braços, trazendo seu rosto para junto do meu, enquanto suas mãos contornavam meu corpo.

Ethan como esperado, logo assumiu o controle daquele beijo, eu aproveitei seu momento de distração e usei o peso de meu corpo para empurrá-lo contra o vidro, quebrando o beijo e correndo meus lábios para seu pescoço, lutando contra sua tentativa de voltar a me beijar. Eu passei minha língua por sua jugular, seguindo até seu ouvido.

— Nós teremos algumas regras, Mio Caro — eu mordisquei sua pele sensível, tendo o prazer de receber um gemido em troca.

— Do que você está falando? — ele questionou enquanto eu descia minha mão por seu abdômen, o arranhando de leve.

— Seu controle — eu mordi meu lábio para conter um gemido ao sentir suas mãos aplicarem mais pressão sobre minha pele.

— O que tem ele? — ele tentou voltar a me beijar, me obrigando a fugir de novo.

— Você abrirá mão dele — eu sorri — eu sou o seu controle agora.

— O que você quer com isso? — ele ofegou quando envolvi seu pênis com minha mão, começando a masturba-lo devagar.

— Esse é o começo de nossos dias juntos — sussurrei em seu ouvido — Você confia em mim?

— Sim — ele fechou os olhos, respirando fundo.

Eu voltei a beijar seu pescoço, descendo em direção ao seu peitoral, erguendo meu olhar para encontrar seus olhos.

— Então eu serei o seu controle — eu mordisquei a pele próximo a sua virilha.

Assim que estava ajoelhada à sua frente eu aumentei um pouco a pressão em volta do seu membro, sorrindo ao notar um pequeno arfar do homem.

— Você aceita, Ethan? — Eu voltei a mordiscar sua pele — Aceita que eu seja o seu controle?

Era no mínimo irônico que eu fizesse essa pergunta ajoelhada a sua frente, mas a forma como ele me olhou não me deixou nenhuma dúvida. Eu o tinha na palma de minha mão.

— Sim — ele afirmou com a voz mais firme que conseguiu, enquanto eu aumentava um pouco o ritmo de minha mão em seu membro.

Ethan soltou um suspiro extasiado quando envolvi seu membro com meus lábios. Eu comecei em um ritmo lento, relaxando minha garganta ao máximo para receber todo o seu comprimento com mais facilidade. Eu observei cada expressão de Ethan aumentando minha própria excitação. Ele passou a murmurar algumas palavras desconexas ao envolver meus cabelos, tentando conseguir um pouco mais de firmeza.

— Deus, você é gostosa — ele murmurou, fechando os olhos e inclinando levemente sua cabeça para trás enquanto eu aumentava o ritmo.

O gemido que saiu dos lábios de Ethan enquanto gozava quase me levou ao meu próprio orgasmo, observando o homem ainda de olhos fechados, ofegante, apoiado no vidro do box.

Eu me afastei, recuperando o fôlego ainda ajoelhada a sua frente, sentindo a água quente escorrer por meu corpo, minha excitação tinha atingido níveis quase dolorosos, me deixando desesperada.

— Como você pode fazer isso tão bem? — Ele recuperou a fala, me ajudando a me levantar.

— Eu sou boa em muitas coisas — eu suspirei enredando meus dedos em seu cabelo, o puxando de volta para mim, o envolvendo em um beijo faminto que ele não hesitou em corresponder com a mesma urgência.

Eu precisava dele, e precisava naquele exato momento.

— Ethan — eu ofeguei quebrando nosso beijo.

— Sim? — Ele questionou, ao mordiscar o lóbulo de minha orelha.

— Você pode assumir o controle — eu avisei.

Ele sorriu descendo ambas as mãos pelo meu corpo, passando pela minha bunda antes de chegar em minhas coxas. Ele me impulsionou para cima, me fazendo envolver sua cintura com minhas pernas. Seus lábios logo vieram de encontro aos meus, me pressionando contra a parede do box.

Ethan de alguma forma conseguiu se encaixar em minha entrada mesmo sem romper o beijo. Não consegui conter um gemido alto quando ele me penetrou em um único movimento.

Ele se movia de maneira implacável, nossas peles molhadas deslizavam com facilidade e minhas costas batiam contra a parede, enquanto eu sentia meu interior se expandir cada vez mais para recebê-lo. Ethan se concentrava em meu pescoço, possivelmente deixando algumas marcas ali.

— Puta merda, Ethan — Eu gemi ao sentir meu interior se contrair, e o orgasmo se aproximar a cada estocada.

Não demorou muito para que enfim eu gozasse, ouvindo Ethan sussurrar meu nome como em uma prece. Quando terminamos, eu passei alguns segundos descansando a cabeça no ombro de Ethan, ainda em seu colo.

— Incrível — eu sorri enquanto Ethan saía de dentro de mim, antes de pular para o chão.

— Você é incrível — ele voltou a me beijar.

— Esse é apenas o começo, Ethan — eu me afastei olhando em seus olhos — Eu vou te ensinar a viver e você não poderá me contrariar. Eu tenho o controle.

— Sinceramente? Acho que não quero te contrariar — ele admitiu acariciando meu rosto — O que vem agora?

— Agora? O banho — eu pisquei antes de alcançar a esponja.

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¹filha da puta

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