Dove - Chris
Saio da casa da mãe do Christopher chorando. Até o motorista do táxi perguntou se estava tudo bem. Eu prometi a mim mesma que não choraria mais por causa de um homem, mas isso foi à gota d' água. Eu fui tonta o suficiente pra confiar no Chris de novo, e o resultado foi ter minha cara quebrada.
- Se acalma amiga. - Sofia me abraça - Isso só prova que ele não te merece.
Chegamos ao hotel e fui direto arrumar as malas. Pedimos para o motorista nos esperar e nos levar até o aeroporto. E subi correndo pra colocar tudo no lugar. Como Sofia não levou muita coisa, ela arrumou as dela rápido e foi levando para o táxi. Aproveitei e liguei para o Renato pedindo minha demissão. Disse que as fotos ficariam com eles, nada mais que justo. Ele pediu várias explicações do porque queria me demitir, mas consegui mentir e fazê-lo acreditar. Disse que eu precisava voltar para Nova Jersey e ajudar meu pai em algumas coisas.
Desligo o telefone e continuo arrumar as minhas coisas, até baterem na porta. Respiro fundo antes de abrir, temendo ser o Christopher.
- Meninos? O que estão fazendo aqui? - pergunto e dou espaço para entrarem.
- A gente queria saber como você está - Joel diz e me abraça.
- É, e também pedir desculpa pelo Christopher - Richard fala.
- Verdade. A gente não sabe o que aconteceu entre vocês, mas a gente senti muito pelo o que ele fez. - Erick diz.
- Obrigada gente - sorrio fraco.
- Você vai embora mesmo? - Zabdiel pergunta.
- Sim. - digo - É melhor. Eu vou voltar pra Nova Jersey, só vou posar em Miami pra fechar o contrato de aluguel da casa e arrumar minhas coisas.
- Então não vai mais trabalhar com a gente? - Erick pergunta.
- Sinto muito gente. Mas eu quero me afastar - digo - Não de vocês, mas dessa situação.
- A gente te entende - Zabdiel diz - Olha Dove, eu sinto muito. Eu tentei avisar ele que isso talvez acontecesse.
- Mas ele é um cabeça dura - digo e Zabdiel assente.
- Você sabia deles? - Joel pergunta.
- Sabia. Eu conheci a Dove quando eles estavam juntos antes. - Zabdiel diz.
- E ele não contou nada pra vocês, porque ele prometeu não comentar - digo - Até a gente se estabilizar. Mas como não aconteceu, vocês tem direito de saber. - sorrio. - Depois vocês conversam sobre isso.
- Dove só falta suas malas - Sofia entra no quarto. - Ah, oi meninos.
- Vamos então - Joel diz - A gente te ajuda a levar.
Agradeço os meninos e eles levam as que já estão arrumadas. Pego minha mochila com a câmera e minha bolsinha com os documentos e celular e olho para o quarto antes de ir embora. Os meninos disseram pra ficar tranquila quanto a minha reserva e a da Sofia, que eles mesmos fechariam. Assim que saio do elevador e vou para o táxi, meus olhos se cruzam com os do Christopher, mas não demonstro reação alguma. Ao contrário dele que mostra um pouco de tristeza e mesmo assim continua me encarando.
- Prontinho - Richard fecha a porta malas do táxi. - Foi à última.
- Valeu gente.
Digo e me viro pra abraçar Erick primeiro, ele fica me apertando e brincando pra mim não ir e dou risada com isso. Depois abraço Richard que também me aperta por alguns segundos e agradece pelo que fiz por eles. Em seguida Zabdiel, mas eu que o agradeci agora, por ter mantido descrição e me apoiado.
- Não vai esquecer-se da gente né? - Joel diz quando vou abraçá-lo.
- Lógico que não - digo e ele me dá um abraço apertado - Até parece que vou esquecer o Joelito da minha vida. - ele ri - Só não sei se vocês vão se lembrar de mim com tanto compromisso.
- Vamos, com certeza - nos separamos - Até mudei seu nome pra Desodorante da minha vida no whatsapp.
- Que engraçado - rimos
- Pior que todos nós fizemos isso - Zabdiel diz.
- Até tú Zabdi - digo e ele ri - Vou achar algum apelido maldoso pra vocês também e vou fazer questão de mandar print pra vocês. - rimos - Brincadeira, gente. Obrigada por tudo. De verdade.
- A gente que agradece - Richard diz.
Sofia também se despede deles com um abraço. Dou mais uma olhada pra Christopher antes de entrar no carro e ele apenas acena um adeus. Entro no táxi para ir direto para o aeroporto.
(..)
Dove olha pra mim mais uma vez antes de entrar no táxi e ir para o aeroporto. Eu aceno para ela, mas não tenho nenhum retorno da parte dela. Eu sempre fui cara meio durão, ficando normal o máximo possível em situações delicadas. Mas assim que o táxi vai embora, eu coloco os braços em cima do teto do carro e abaixo minha cabeça entre eles e acaba saindo sim umas lágrimas, isso não posso negar. Eu tive outra chance pra tentar ficar com a pessoa que eu amo de novo, mas eu joguei essa chance no lixo. Eu posso estar sendo clichê de mais ou brega de mais para um homem, mas a gente não controla nosso coração e nem nossos sentimentos.
- Acho que a gente pode almoçar agora - Zabdiel diz.
Eu levanto a cabeça, passo a mão no rosto pra tirar qualquer vestígio de choro e me viro pra eles concordando. Todos entramos no carro em silêncio e antes que eu dê partida no carro, meu celular começa a vibrar. Olho e vejo o nome da minha mãe na tela, mas eu recurso a chamada e começo a andar com o carro.
- Aonde vamos? - Erick diz para quebrar o silêncio.
- Tem um restaurante de comida caseira e um de tacos - digo - Vocês escolhem.
- Tacos seria uma boa - Joel diz.
- Vamos pra lá então.
Ficamos em silencio de novo até chegarmos no restaurante. Sentamos numa mesa ao lado das janelas e do nada começa a chover. Tudo para o dia ficar mais deprimente ainda.
- Então Chris - Richard começa a falar depois que a garçonete sai de perto - Vai contar pra gente o que aconteceu? Porque até agora estamos tentando entender.
Suspiro e continuo em silêncio. Tiro o meu boné, coloco de lado e dou uma arrumada no cabelo.
- O que querem saber? - pergunto depois de alguns minutos.
- Fazia tempo que você conhecia a Dove? - Richard pergunta.
- Faz. - engulo seco - Quando eu me mudei para o apartamento em Nova Jersey, ela era minha vizinha e me ajudou com as mudanças. Como forma de agradecimento, eu chamei ela pra sair e no começo eu só a via como uma amiga. Até porque eu tinha acabado de mudar e só conheci ela e o cara que era dono do prédio. - dou uma longa pausa - Depois de alguns meses que a gente tinha aquela amizade bem próxima, eu comecei a gostar dela como mulher. Não conseguia enxergar ela como amiga e eu arrisquei. Pedi ela em namoro e ela aceitou, dizendo que sentia a mesma coisa. - paro de falar quando a garçonete traz nossos pedidos - Ela me incentivou a entrar no La Banda, ela ficou comigo durante toda a audição.
- E onde sua mãe entra nisso? - Richard pergunta.
- Ela nunca gostou da Dove. Dizia que ela tinha cara de garotas que só se aproveitavam e depois davam um pé na bunda. - dou uma risada fraca - As duas eram como cão e gato, sempre querendo se matar. - os meninos dão uma risadinha - Quando eu entrei pro La Banda, minha mãe não me apoiou muito, mas a Dove sim. Mas quando eu ganhei a primeira audição, a minha mãe disse a ela que ela não era suficientemente boa pra mim e falou umas coisas pra ela.
- E ai? - Erick pergunta como se eu tivesse contando alguma história de ficção.
- O que minha mãe disse pra ela aconteceu, sem eu mesmo saber. Eu me afastei um pouco da Dove, esqueci até que ela era minha vizinha. Eu só queria me dedicar ao programa, queria ganhar. - dou uma pausa para dar uma mordida no taco - Quando eu me lembrei que tinha namorada e fui ver ela, ela jogou tudo isso na minha cara e acabamos nos separando. O tempo passou, ela se mudou do apartamento, eu ganhei o La Banda, não nos vimos mais e agora, a pouco tempo ela começou a trabalhar pra gente. - dou uma risada - Eu não tinha muito aquele sentimento que eu tinha antes quando ela começou a trabalhar pra gente, mas ele voltou e eu tentava mascarar isso enchendo o saco dela.
- E como enchia - Richard diz - Eu tinha dó dela quando começou a trabalhar - acabo rindo e os meninos também.
- Pois é - digo - O Zabdiel era a pessoa que sabia de tudo isso, então ele prometeu que ficaria quieto.
- E sinceramente, isso foi dificil -Zabdiel diz.
- Obrigado! Sério - agradeço
- Então deixa eu ver o que rolou agora - Erick diz - Seus sentimentos pela Dove voltaram, mas não disse a ela que temos um contrato de cinco anos onde somos proibidos de namorar, pede ela em namoro de novo e ainda não conta pra ela que iamos almoçar na casa da arqui-inimiga dela.
- É isso ai - concordo.
- Desculpa a sinceridade Chris - Joel diz - Mas se fosse comigo eu teria quebrado a sua cara - dou uma risada fraca.
- A Sofia fez questão de começar isso - eles arregalam os olhos - Ela me deu um tapa na cara na porta do hotel. E antes que vocês digam, porque eu conheço os amigos que tenho e sei que vão falar, eu mereci.
- O que vai fazer agora? - Erick pergunta.
- Com a Dove? - pergunto e ele assente - Nada. Ela não vai me perdoar mesmo se eu me ajoelhar na frente dela. Ela é teimosa quando quer e arrogante quando precisa.
- O que vai fazer então? - Zabdiel pergunta.
- Continuar a vida.
- E esse continuar a vida significa mulheres. - Joel diz.
- Isso vai ficar fora de cogitação por um tempo.
- Sei - Erick diz - Logo você, que ama ter a atenção das mulheres.
- Eu sei. Mas acho que vou dar um tempo por enquanto.
Eles assentem e ficamos em silêncio para acabar de comer. Durante todo o almoço, minha mãe não parou de ligar, mas eu não dei bola.
Agora o melhor a fazer é seguir a vida. E provavelmente, pensar em alguma coisa para dizer ao Renato, porque é certeza que ele vai querer saber o motivo da Dove se demitir.
Agora o que nos resta, é pensarmos na nossa turnê e nos dedicarmos ao trabalho. E é isso que eu vou fazer.
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