Depois que Dove olhou pra gente do pátio do avião pela última vez, o senhor Duhamel nos chamou para irmos embora. Ele não queria ficar até o momento dela entrar no avião. Os dois são muito apegados então imagino como ele deve estar se sentindo ao ver a filha indo embora para outro país.

- Pra onde vamos agora? - Joel pergunta assim que entramos no carro.

- Para o hotel. - Richard fala - Temos que arrumar nossas malas e voltar pra Miami.

- É verdade - concordo - Temos que ir pro México depois de amanhã.

- Vamos para o hotel então - Zabdiel diz e dá partida no carro.

(..)

O hotel fica a menos de dez minutos do hotel então chegamos rápido, mesmo com o transito infernal. Chegamos e já começamos a arrumar nossas malas. Temos que voltar para Miami hoje mesmo, nossas passagens já estão até compradas.

- Erick você pegou meu boné? - pergunto.

- Qual deles? Você trouxe mais de dez. - ele diz.

- Mais de dez? - Richard pergunta com os olhos arregalados.

- O Chris precisa se internar numa clinica de reabilitação pra ver se ele para com esse vício em boné - Joel diz do outro lado do quarto e mostro o dedo do meio pra ele. - Ui, medinho - ele dá risada.

- Cadê meu boné preto Erick? - insisto na pergunta.

- Qual deles zé mané? Você tem vários pretos - ele diz.

- O que tem uma águia na frente zé ruela - digo.

- Chris - Richard fala - Por que você está sem boné se você foi com um no aeroporto?

- Ah droga! - digo passando a mão na cabeça e pego a chave na mesa - Eu já volto.

- Aonde você vai? - Zabdiel pergunta.

- Buscar meu boné - digo e abro a porta.

- Chris ele nem deve estar lá mais, alguma criança deve ter pegado. - Richard fala.

- Mas eu vou mesmo assim. Eu o ganhei de presente da Dove no nosso primeiro mês de namoro. - digo e os meninos reviram os olhos - Se eu perder esse boné..

- Você é um homem morto - Joel continua minha frase - Vai logo então.

Fecho a porta e entro correndo no elevador. Quando chego ao primeiro andar, vou até o estacionamento do hotel rápido e entro no carro. Foi partida e meto o pé no acelerador, mesmo sabendo que não vai adiantar porque o trânsito aumentou.

(..)

- Moço será que dá pra ir mais rápido? - peço ao taxista.

- Só se eu fizer o carro voar moça. Está tudo parado.

Ele diz e suspiro me encostando no banco de novo. Pego o celular e resolvo ligar para a Sofia.

Ligação On

Dove? Já chegou?

Fala mais alto Sofi.

VOCÊ JÁ CHEGOUUUUU?

Não precisa gritar também abestada. Não, eu nao fui.

O QUEEE??

É eu não fui. Eu nao posso ir Sofia.

DEUS É MAIISSS
Ela não foi senhor Duhamel.
O que?

kkkkk
Sofia qual o hotel que os meninos estão hospedados?

Aquele perto do aeroporto.

Na avenida principal?

É.

Tá bom a gente se vê depois. Bjo

Ligação Off

(..)

Com muito custo, o carro anda e chego ao hotel. Pergunto pra recepcionista qual o quarto dos meninos e ela me diz que é o centésimo primeiro no sexto andar.

Acho a porta e antes de bater, escuto os meninos brigando entre si. Dou risada baixinho e bato na porta.

- ENTRA ZÉ MANÉ - Erick grita e franzo a testa.

- PODE ENTRAR CHRIS, A PORTA TÁ ABERTA. - Joel grita e abro a porta.

- Não é o Chris seus malucos. - digo é Richard deixa a mala cair no pé quando me vê.

- Ai - ele resmunga de dor e dou risada.

- O que você está fazendo aqui sua doida? - Zabdiel pergunta.

- Eu não consegui ir. - digo - Sai do avião antes dele decolar, mas vocês não estavam lá mais.

- Viemos embora antes de você entrar no avião - Joel diz e me abraça - Que bom que você resolveu ficar.

- Eu não podia abandonar tudo - digo quando nos separamos. - Eu arrumo outra coisa.

- Vai ter várias oportunidades baixinha - Erick diz e o resto dos meninos vem me abraçar.

- Gente - digo olhando para os lados quando eles me soltam - Cadê o Chris?

- Ele voltou para o aeroporto. - Richard fala.

- Fazer o que?

- Procurar o boné dele - Erick diz.

- O preto com águia? - eles assentem - Se ele perdeu esse boné eu mato ele a pura paulada. - Digo e os meninos dão risada.

- Vai lá Dove - Zabdiel diz - Acho que você chega a tempo.

- Não vão comigo?

- Temos que terminar de arrumar as malas.

- Tá bom. Beijinhos. - digo, mas Joel me chama antes que eu feche a porta.

- Pega um pedaço de pau com prego. Mata mais rápido - ele pisca e dou risada.

Fecho a porta e desço com o elevador para a recepção. Saio do hotel e consigo um táxi. Digo para o motorista me levar para o aeroporto e por sorte, o transito diminuiu. Chegamos a seis minutos exatos no aeroporto.

Pago o motorista e desço do carro. Entro no aeroporto e vou direto para o portão de embarque porque tenho certeza que foi lá que o maldito perdeu o boné. Estou exagerando em chama-lo de maldito? Estou, mas ele merece por perder o boné caro que comprei pra ele. Mas não quer dizer que não o amo.

Ando devagar no meio das pessoas olhando pra cima, porque o único jeito de achar aquela coisa alta é olhando pra cima. Quando o fluxo de pessoas melhora, paro ao ver uma pessoa brigando com um menininho.

- ESSE BONÉ É MEU SOLTA - o menino grita puxando o boné da mão do Chris.

- QUE SEU O QUE MOLEQUE, DEVOLVE QUE É MEU - Chris grita de volta e caio na gargalhada.

- Você nunca soube lidar com crianças né? - digo chegando perto e ele se vira rápido para me ver.

- Dove? - ele pergunta com os olhos arregalados.

- Meu amor será que você pode devolver o boné para esse bebezão chorão? - peço para o menino - Fui eu que dei pra ele, e ele fez questão de perder - me aproximo mais de Chris e dou um tapa no seu braço.

- Tá bom - ele devolve o boné com a carinha triste.

- Obrigada querido.

- Só devolvi porque a tia é legal - ele diz pra mim e mostra a língua para o Chris antes de sair e dou risada.

- O que você está fazendo aqui? - Chris pergunta depois de alguns minutos me encarando.

- Acho que você sabe a resposta - digo - Eu não consegui ir. Eu precisava ficar. Não posso deixar tudo, meu pai, a Sofia, minha casinha, meus amigos e nem você. - ele sorri - Mesmo que não moramos na mesma cidade, mas pelo menos não é outro país.

- E como vai ficar lá agora? - ele pergunta - Você já mandou suas coisas.

- Eu ligo para falar que não vou aceitar mais e peço para mandarem de volta as minhas coisas.

- Você é maluca sabia? - ele sorri e segura minha cintura me puxando pra perto.

- Você acha? - coloco meus braços envolta do seu pescoço e sorrio. - Como a gente fica agora?

- Não sei - ele dá de ombros - A gente disse que ia esperar lembra?

- Mas esperaríamos se eu fosse pra China e olha eu aqui - digo e ele dá risada.

- Verdade - ele diz - Acho que tenho uma ideia - ele diz e fico esperando ele dizer - Quer voltar pela terceira vez a ser minha namorada de novo?

- O que eu ganho com isso? - pergunto.

- Uma sogra chata - ele diz e dou risada - Mas de contrapartida, um namorado gostosão só pra você. Só que dessa vez prometo dar certo.

- Proposta tentadora, então pode crer que eu topo.

Chris sorri e morde o lábio. Ele aproxima seu rosto do meu devagar e junta nossos lábios num beijo calmo.

- Eca - nos separamos e olhamos pra baixo e vemos o menininho com cara de nojo.

- Não estraga moleque - Chris diz - Vai pra sua mãe vai. - o menininho mostra a língua e Chris devolve e dá risada - Crianças - ele revira os olhos.

- Você já foi uma sabia?

- Eu não era intrometido assim - ele diz - Esquece esse pirralho vai.

Ele diz e volta a me beijar. Não nos importamos com as pessoas nos olhando e continuamos assim até irmos embora.