Capítulo 5

Maitê

Durante os dias, depois do Halloween, eu não consegui olhar para Lívia sem sentir inveja por ela ter beijado Snape, e não consegui olhar para Snape sem sentir raiva por ele ter beijado a Lívia.

Estou confusa.

Cada reunião de professores que teve, cada vez que Snape e Lívia estavam presentes, eu os observava, tentando encontrar algum indício de que eles se gostam. Mas não encontrei nada. Nem sequer um olhar.

Estranho.

Lívia me disse na festa que Snape a olha com carinho quando eles estão a sós. Mas quando isso acontece? Durante a madrugada? É um relacionamento às escondidas? Mas às escondidas de quem? Da diretora? Por quê?

Até onde sei, McGonagall é amiga de Snape, então, não teria porquê eles namorarem escondidos dela, certo?

A não ser, que ela não os aprove juntos, ou não aprove relacionamento entre colegas professores. Mas, se esse for o caso, eles não devem namorar em horário de trabalho, somente nas horas vagas, então aí estariam liberados, não é mesmo?

Em Beauxbatons, haviam alguns professores que se curtiam de vez em quando, exceto no horário de trabalho. Será que aqui, em Hogwarts, isso também é diferente? Os alunos têm a pretensão de quebrar as regras, por que não os professores fazerem isso também? Mesmo que de vez em quando.

Ah, ainda não consigo acreditar que o relacionamento deles está me deixando assim, uma fofoqueira.

Eu não tenho nada a ver com a vida deles. Eles que se peguem quando quiserem. Não tenho nada a ver com isso.

Mas, ontem, descobri que a bibliotecária, Irma Pince, sempre teve uma paixonite pelo professor Snape, mas eles nunca namoraram. Porém, ela me garantiu que trocaram algumas noites de amor juntos, e que tiveram de se separar quando você-sabe-quem assumiu a liderança de Hogwarts. Devido ao tempo que passaram longe um do outro, Pince acredita que Snape tem vergonha de voltar para ela. Mas ela me garantiu que o aceitará de volta quando ele estiver pronto. Que ela o ama.

Snape não parece ser aquele tipo de homem que se envolve com muitas mulheres, mas que não assume nenhuma. Snape não aparenta ser um pegador sem vergonha. Mas as aparências enganam, sei por experiência própria.

Mas que saco! Isso não é da minha conta! Eu nem sei se acredito em Pince. E eu não tenho nada a ver com a vida dele e de ninguém deste colégio. Eu não tenho nada a ver com isso.

Eu tenho é de focar meus pensamentos em outra coisa, algo produtivo e que tenha a ver com a minha pessoa, porque, senão, eu ficarei como aquelas tias fofoqueiras que só sabem da vida alheia e são cheias de gatos, pois somente eles as aturam.

Eu não quero acabar assim, falando sozinha com os animais que não me respondem. Já basta eu ficar presa em meus pensamentos e falar comigo mesma quando estou sozinha em meus aposentos. Já basta isso.

Nesses dias, parece que para cada canto que ia Snape estava lá, me seguindo. É coisa da minha cabeça, sei disso. Nossas salas ficam no mesmo andar, alguns corredores de distância. Então é normal que haja esses encontros, às vezes.

Também tenho tido alguns sonhos com ele, cada sonho é diferente do outro, mas ele está lá. Num sonho, eu vi Snape sentado num tronco de árvore, parado e olhando para o chão abaixo de seus pés. Eu me aproximei e chamei seu nome, mas ele não me respondeu. Eu tentei falar com ele, mas ele não percebia minha presença ali. Foi estranho. E então, uma ventania começou, indicando que uma chuva forte viria logo, eu tentei tirá-lo de lá, puxando seu braço, só que ele não se mexia. Raios e trovões cortavam o céu e eu entrei em desespero. Acordei no momento em que um raio veio em nossa direção.

Noutro sonho, eu vi Snape parado na ponta de um penhasco, eu corri até ele, mas não cheguei a tempo e ele caiu devido ao chão que cedeu, e eu acordei.

Teve um sonho, esse sendo o mais recente, onde estou andando pelos corredores do colégio, atrás dele, mas Snape anda muito rápido e eu não consigo acompanhar. Acabei por perdê-lo de vista e o fogo das tochas se apagou, a escuridão me engoliu e eu acordei.

Estou tentando entender o que esses sonhos significam. Tenho de ajudar o Snape ou ele não tem salvação?

Hoje, após minha última aula, resolvi ir até a sala da professora de adivinhação, Sibila Trelawney.

Quando acordei, realizei alguns dos meios para tentar entender meus sonhos, mas não consegui. Minha avó tinha um pensamento sobre isso, que não podíamos ter as respostas sobre nós mesmos em determinados assuntos. Talvez por estarmos confusos, com raiva ou assustados. Ela achava que isso interfere nos significados dos sonhos e nas previsões para o futuro.

Então, estou procurando alguém que possa ver o meu futuro para mim, e talvez, assim, poderei entender esses sonhos com o professor Snape.

•✿•♡•✿•

Bati na porta da sala de adivinhação e logo recebi autorização para entrar. Trelawney estava sentada em sua mesa, arrumando algumas cartas de Tarot.

— Estava à sua espera, professora LeBlanc — ela disse, assim que me aproximei.

— Então sabe porque vim — afirmei, sentando na cadeira frente à mesa.

— Sim — ela respondeu a minha pergunta não feita. — Bom, vamos começar.

Sibila embaralhou as cartas e depois três foram separadas, postas à minha frente. A primeira carta a ser virada, representou o meu passado, que ainda influencia no meu presente. A segunda carta, por sua vez, veio a representar o meu presente, sendo virada logo depois da primeira.

Sofrimento é o que estava no meu passado, e ainda há resquícios dessa dor em meu presente. Também há obstáculos ao qual tenho de passar, assim como havia em meu passado, mas sendo diferentes agora.

A última carta a ser virada representa o meu futuro, onde há amor e dor. Por que minha vida tem de estar rodeada disso? Estou cansada de sofrer.

Pedi para que Sibila fizesse outras leituras para mim, e ela aceitou de bom grado. Pelo que percebi, Trelawney não tem muitos "clientes" para ler e prever o futuro, visto que muitos bruxos não acreditam na arte da adivinhação, pois ela não é exata, porém, ela nos ajuda a ter uma noção do que pode estar ou não por vir.

Além do Tarot, realizamos uma leitura minha com o auxílio das pedras, e também utilizamos as conchas. Em um resumo, disseram-me que terei uma pessoa importante em minha vida, um amor carregado de arrependimento e tristeza, envolto de uma escuridão ao qual ajudarei a sair, mas somente mostrando a escuridão que carrego comigo. Passarei por dor e sofrimento, mas também irei ter felicidade e amor, com respeito e compreensão. Terei de ter paciência e também terei de ser forte. As leituras também me avisaram de algo que me deixou confusa, disseram que há um mal me rondando, e que uma luz azul brilhante irá me salvar. Mas também me disseram que a escuridão irá me salvar.

— O que foi, minha cara? — Sibila perguntou, assim que viu a surpresa em meu rosto.

— Quando eu era pequena, minha avó teve essas mesmas leituras para mim — e eu pensei que se tratavam de Leonard, mas depois disso, percebi que não. Eu ainda não encontrei o amor destinado a mim.

Onde ele está?

Saí da sala de Sibila com essa pergunta em minha mente. Resolvi caminhar para espairecer, por meus pensamentos em ordem.

Dor e sofrimento. Ainda terei de passar por isso. Já não basta o que sofri com ele? Ainda terei de sofrer mais?

Para compensar, terei felicidade e amor, com respeito e compreensão. Tudo o que desejo agora. Mas para ter um, terei de passar por outro.

E esse mal que me ronda? Quem seria? Leonard?

Não, se fosse ele, as leituras diriam que há um mal do passado me rondando. Não, é algo novo, um novo mal me ronda. E eu serei salva por uma luz brilhante e uma escuridão. Como poderei ser salva por duas coisas completamente opostas? Isso seria possível de acontecer? Ou é uma charada ao qual terei de solucionar para, enfim, entender? Seria uma metáfora, então?

Com essas perguntas, martelando em meus pensamentos, fui andando até parar na floresta proibida, onde fiquei na companhia dos testrálios. Por algum motivo eles me acalmam.

•✿•♡•✿•

Decidi voltar para o castelo quando o céu começou a escurecer. Eu estava distraída, andando devagar, quando o som de um galho sendo quebrado atraiu minha atenção. Não fui eu.

Comecei a olhar a minha volta, com minha varinha na mão direita, procurando a origem do som.

— Pensou que ia escapar de mim, minha querida?

Eu congelei ao ouvir essa voz.

Não. Ele não. Não poderia ser ele.

Virei meu rosto para a direita, de onde a voz surgiu, e vi Leonard ali.

— Como senti sua falta, meu amor — ele disse sorridente e, sem pensar duas vezes, eu o ataquei.

Leonard voou para longe, batendo suas costas no tronco de uma árvore. Com esse golpe, ele não deve conseguir se levantar, não sem ajuda. Sorri com isso. Mas ele se levantou, rapidamente, de uma forma assustadora de se ver.

Merda. É um bicho papão.

Ergui minha varinha e, no momento em que ia pronunciar a palavra mágica, vi pela minha visão periférica, do lado esquerdo, que outro Leonard vinha em minha direção.

— Vamos para casa, meu bem — merda! São dois bichos papões.

— Teremos que repor o tempo perdido, querida — outra voz de Leonard se fez ouvir, surgindo logo ao lado do primeiro. Três! É sério isso Merlin? O que foi que eu te fiz?

— Tenho estado tão sozinho sem você.

Com um movimento, consegui afastá-los de mim, com um feitiço de ventania muito forte, e, então, eu me virei e corri.

Um assobio típico de Leonard se fez ouvir à minha direita, ao longe, enquanto eu corria. Quatro bichos papões! Quatro Leonards! Quantos desses transmorfos existem nessa floresta, afinal?

Apesar dos tropeços que dei, não parei de correr.

Eu pesquisei sobre cartas de tarô, as conchas e as pedras, mas os sites que entrei não me explicaram tudinho (também, deve ter muita coisa sobre esses assuntos e deve ser do tipo que não se ensina pela internet), enfim, então eu só escrevi por cima mesmo, não me aprofundei tanto no assunto 😉

Na cena das cartas de tarô, eu me senti no filme da princesa e o sapo sksks me senti o Dr. Facilier kkkkk😂..."eu tenho amigos, do outro lado 🎶🎷"

Enfim, é isso por hoje, espero que tenham gostado, comentem seus surtos a vontade😁

Bjokas proceis e até o próximo capítulo 🤭❣️✨

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