Capítulo 4
Severus
Odeio esse dia, 31 de Outubro.
O dia em que a perdi para todo o sempre.
E foi tudo culpa minha!
Não há mais ninguém para odiar, a não ser eu mesmo.
E para piorar o meu dia, Minerva decidiu entrar na onda de Filius e realizar uma festinha de Halloween no grande salão. Que ótimo.
Tudo o que eu precisava agora, era ter de ficar de olho nos cabeças ocas que parecem ter fogo no rabo. Se bem antes da guerra já haviam alguns alunos empolgados demais, tenho medo de imaginar como será agora depois da guerra.
Na reunião dos professores, sobre essa maldita festa, fui um dos primeiros a me oferecer para vigiar os corredores atrás de delinquentes. Os que já me conhecem não ficaram surpresos com a minha decisão.
Ao final da reunião, Minerva me chamou e pediu que eu comparecesse ao salão principal para comer algo. Pelo menos isso. Visto que ela tem ficado de olho em mim durante as refeições, e viu que eu quase não tenho me alimentado.
Aceitei seu pedido somente para que ela não fizesse uma intervenção contra a minha pessoa e me obrigasse a comer.
Em meus aposentos, tomei um banho rápido e vesti minhas roupas de sempre. Tenho vários conjuntos iguais. Gosto do meu estilo de roupa. Não sei ao certo o porquê disso, apenas gosto. Pode ser costume após tanto tempo usando o mesmo estilo de roupa.
Dumbledore me disse uma vez que era devido ao meu luto por Lily. Posso ter aderido a esse motivo por um tempo. Mas eu já usava roupas assim desde antes dela morrer.
Após sair de meus aposentos e trancar a porta com feitiços, eu segui pelos corredores, já encontrando com dois alunos se agarrando, sem vergonha nenhuma, atrás de uma pilastra.
Descontei cinquenta pontos de cada um.
Esses alunos. Tem fogo no rabo, só pode.
Revirei os olhos, após eles se afastarem, às pressas, para o grande salão. Dai-me paciência Merlin, dai-me paciência.
O salão principal estava todo decorado ao estilo do feriado. Isso é coisa do Flitwick, ele adora esse lance de decoração nos feriados. O Natal é a sua época favorita.
Há poucos alunos fantasiados aqui. O feriado não tem mais a mesma influência neles, de antes da guerra.
Segui a passos rápidos e decididos até a mesa. Vou pegar alguma coisa para comer e depois sair daqui. Quero ficar sozinho.
- Professor Snape - LeBlanc me cumprimentou, com um sorriso.
- Professora LeBlanc - A cumprimentei, antes de chegar até a mesa.
Olhei para cada doce com decorações de Halloween, fantasmas, abóboras com rostos malvados, biscoitos em forma de morcegos, os pudins com calda vermelha para representar sangue, assim como alguns cupcakes. Não contive uma careta, devido ao enjôo que senti, só de pensar em comer esses doces.
- O senhor está fantasiado de que? - a pergunta da professora LeBlanc me puxou a atenção e eu a olhei, confuso. Como assim, fantasiado de que?
- Estou vestido como sempre - Não contive minha irritação com tal pergunta. Voltei minha atenção para a mesa cheia de doces enjoativos.
- Eu sei disso. Mas é Halloween. Então, posso dizer que o senhor está fantasiado de Batman? - ah, a senhorita também está nessa de me chamar desse herói? Francamente LeBlanc. - Sabe quem é esse?
- Sei - respondi, secamente. Pensei que ela havia desistido de puxar assunto comigo, mas me enganei. Ela podia fazer isso em qualquer outro dia, menos nesse, e em outras três datas.
- O senhor não gosta dele, não é? - pelo visto ela não vai parar de tentar conversar comigo.
- Na verdade, eu não ligo para ele - peguei um bolinho de chocolate, o único doce que não me enjoou tanto quanto os outros. Eu gosto de chocolate, principalmente os meio amargos. Mas, ultimamente, nem isso tem me decido ao estômago.
- Oh, então, eu posso dizer que o senhor está fantasiado de homem morcego? - ah, por favor LeBlanc, não diga aquela palavra. - Morcegão, como ouvi alguns alunos o chamarem.
Respirei fundo, maldito aluno que me chamou assim na primeira vez, agora todos se referem a mim dessa forma. Haja paciência, Merlin.
- Diga o que quiser, eu não me importo - disse sem olhá-la nos olhos e saí de perto dela, a passos rápidos.
Pouco a frente, eu vi Minerva conversando com dois professores, ela dirigiu seu olhar para mim e eu mordi um pedaço do bolinho. Levantei minha sobrancelha para ela, enquanto mastigava e me obriguei a engolir o pedaço do bolinho de chocolate. Vamos ver se assim ela larga do meu pé.
Sei que Minerva só está preocupada comigo, mas eu não mereço toda essa preocupação. Nem dela, nem de ninguém.
Segui andando pelos corredores à procura dos delinquentes, mas não encontrei nenhum. Graças a Salazar. Então fiquei parado em frente a uma janela, apoiei meus cotovelos no peitoril e observei a noite.
Com muito custo, consegui comer todo o bolinho de chocolate. Só consegui fazer isso, pois me lembrei do dia em que Lilly me levou um grande pedaço de bolo de chocolate, para comemorar o meu aniversário. Foi no meu aniversário de 13 anos. Tenho saudades dessa época. Não das surras que recebia do Tobias, não do bullying que sofria nas mãos dos marotos, mas sim da época em que nós dois éramos amigos. Sorri com a lembrança.
Quando voltei a mim, percebi que um pouco de chocolate sujou o meu dedo, levei-o a minha boca e o lambi, voltando a olhar para o céu. As estrelas, a lua minguante. Senti o vento tocar o meu rosto e balançar meus cabelos, forçando a entrada pela janela, passando por mim e seguindo seu caminho pelos corredores.
Minha solitude foi interrompida quando escutei um barulho.
Peguei minha varinha, que estava entre a manga da blusa e meu braço, e segui cautelosamente até a origem do som, que logo percebi serem gemidos.
Dentro de uma pequena sala, encontrei dois alunos aos beijos e amassos. A garota estava sentada no colo do garoto, ambos no chão. São os mesmos que descontei pontos mais cedo.
- Mas que pouca vergonha é essa? - perguntei, ao anunciar minha presença ali.
Ambos se assustaram comigo e levantaram rapidamente, vestindo-se ao mesmo tempo. Ainda bem que cheguei antes dos finalmente.
- Vocês deveriam estar em seus dormitórios a uma hora dessas! Menos cinquenta pontos, de ambos.
- Cinquenta!? - a garota disse assustada.
- Sim. Quer que eu tire mais cinquenta, pelo fato de a senhorita ainda não ter fechado o zíper do vestido? - perguntei cinicamente.
- O fecho estragou, senhor - ela respondeu, com a cabeça abaixada de vergonha.
- Ande rapaz! - ordenei e o palermo ali não me entendeu. - Tire o teu casaco e dê a ela. Pelo menos tenha a decência!
O garoto fez o que mandei e entregou o casaco a garota, que o vestiu rapidamente, fechando os botões com ligeres. O vestido dela tem o fecho até pouco acima da cintura, é lateral, então com o casaco por cima ela ficou parecendo estar vestindo uma saia por baixo. Dai-me paciência, Merlin.
- Andem, vão para seus dormitórios, agora! - eles saíram da sala rapidamente.
Esses grifanos.
Saí da sala e a tranquei. Quando me virei, encontrei ela, a professora Anderson.
- O que estava acontecendo com aqueles dois? - ela perguntou, com o dedo apontando para os garotos ao longe.
- Estavam se agarrando na sala - expliquei.
- Ora Snape, eles são jovens, sobreviveram a guerra, deixe que se divirtam - a encarei, surpreso com tal frase. Ela sorriu. - Assim que sumirem de sua vista, vão achar outro cantinho para se agarrarem de novo.
- Então, vou segui-los e garantir que sigam para seus dormitórios - disse, em meu tom ríspido, e passei por ela.
- Deixe-os Snape - ela segurou no meu braço. - Você nunca foi jovem? Nunca ficou de namorico com uma garota?
Encarei sua mão em meu braço e depois olhei em seus olhos, mas ela pareceu não entender o que eu queria dizer com isso. Então, sem nenhuma delicadeza, puxei meu braço e o soltei de sua mão.
- Quando tinha a idade deles, eu não ficava de agarração com uma garota numa sala qualquer imunda, prestes a transar num chão sujo. Eu, pelo menos, tinha a decência de tratar uma garota, e ainda tenho ao tratar uma mulher, como ela deve ser tratada. Com respeito e não como uma vadia de quinta categoria!
Me afastei dela e segui pelo corredor, mas Lívia não desistiu e veio atrás de mim.
- Então, você é desses? Um romântico?
- Não me lembro quando isso passou a ser da sua conta.
Ela tentou segurar o meu braço novamente, mas eu fui mais rápido, felizmente, e o afastei, antes de sentir seu toque que me causa enjôos. Com esse movimento, paramos de andar e ficamos um de frente para o outro.
- Tenho uma proposta para você, Snape - ela começou a subir seus dedos pelo meu braço. - O que acha de me apresentar esse teu lado romântico e sedutor, e eu lhe ofereço o prazer que você deve querer?
- Eu dispenso - voltei a andar.
- Tem medo de, se aceitar, você se apaixonar por mim, Severus?
- Será que dá para me deixar em paz? Tenho que terminar minha ronda. E eu não lhe dei permissão para me chamar pelo primeiro nome.
- Faço isso por um beijo.
Revirei meus olhos e parei de andar, e ela fez o mesmo, parando ao meu lado. Merlin, ela não vai desistir nunca, não é mesmo?
- Um beijo e a senhorita larga do meu pé, a senhorita para de se oferecer a mim, e a senhorita me deixa em paz!
- Eu prometo - ela disse sorridente.
Com brutalidade, a empurrei até a parede e me aproximei dela, suas mãos já estavam passeando pelo meu corpo e eu nem a beijei ainda. E nem irei.
- Sabe qual é o único problema? - perguntei, com meus lábios perto dos dela, o suficiente para que ela já estivesse com seus olhos praticamente fechados.
- Hum? - Anderson gemeu em resposta.
- Eu não acredito em suas promessas - ela abriu seus olhos no momento em que afastei meu rosto do dela. - A senhorita é o tipo de pessoa que não desiste até ter o que quer somente para colocá-lo em sua estante. E eu não serei mais uma conquista sua. Nem hoje, nem nunca. Então, vê se me deixa em paz!
Me afastei dela, que estava me encarando surpresa e cheia de raiva.
- Agora saia, está atrapalhando a minha ronda - disse seriamente e ela finalmente obedeceu, indo embora para longe de mim.
Respirei aliviado, consegui me livrar dela, por hora. Obrigado Merlin.
Voltei o meu caminho e, logo na curva, dei de cara com LeBlanc.
- Professora LeBlanc - usei de meu tom sério, esperando transmitir, assim, que não quero conversa.
- Snape - ela pareceu ter um olhar decepcionado, não entendi o porquê.
LeBlanc passou por mim sem dizer mais nada, nem um "boa noite" de costume, e seguiu seu caminho para longe. Fiquei a observá-la, a distância, até que ela virou outro corredor, indo até as escadas. Só então, voltei para o meu percurso da ronda.
Nessa data, 31 de Outubro, eu não costumo dormir cedo. Fico até tarde pelos corredores de Hogwarts, andando para lá e pra cá pelo castelo, não consigo ficar parado num lugar. E hoje, não será diferente.
Cá está o capítulo, do explicando o pov do Snape sobre o que realmente aconteceu com a Lívia, ou seja: nada✨
Se preparem para passar raiva com a Lívia 🤭
É isso por hoje, espero que tenham gostado e até o próximo capítulo 😁
Bjokas proceis e fui 🤭❣️✨
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