Capítulo 3

Maitê

Hoje teremos uma reunião de Halloween no grande salão. Por mais que isso seja para os alunos, eu decidi me arrumar para comemorar essa data.

Em Beauxbatons, nós professores não podemos nos fantasiar para comemorar essa data, somente os alunos. Mas, aqui em Hogwarts, isso parece ser diferente e extasiante.

Desde aquele dia na floresta proibida, em que o professor Snape me fez companhia para observar os Testrálios, esse dia não sai da minha mente. Aquele momento em que Snape me ajudou a acariciar o animal. O momento em que ele ofereceu sua mão a minha, seu toque, um tanto áspero. Isso não sai da minha mente.

Voltei para o presente quando um aluno me perguntou algo sobre a disciplina. Pisquei algumas vezes e mudei meu sorriso, de reação a lembrança, para um sorriso gentil ao responder a questão do aluno.

Droga mulher! Você não pode ter uma quedinha por um homem que nem conhece! Por um colega de trabalho! Você não pode! Não pode!

Após a minha última aula do dia, fui para os meus aposentos me arrumar. Vesti um longo vestido azul, que contém alguns brilhos talhados em seu tecido, coloquei um par de brincos recém comprados, para combinar com o meu colar. Peguei um arquinho simples meu e o transfigurei, para que pareça uma tiara branca florida, muito bonita por sinal. Nos meus pés, decidi usar um par de saltos que Evangeline me deu para combinar com o vestido, que ela também me deu. Deixei meus cabelos soltos, olhei meu reflexo no espelho e fiquei contente com o que vi. É, eu estou fantasiada de Cinderela.

Peguei minha varinha e saí de meus aposentos, seguindo para o grande salão.

Encontrei com alguns alunos no caminho, poucos estão fantasiados. No grande salão, encontrei mais alguns alunos lá. O colégio é grande, tendo muitos estudantes, quase a metade estão no salão principal, os outros preferiram ficar em seus dormitórios. Afinal, foi neste ano que a Segunda Guerra Bruxa chegou ao seu auge e acabou, com muitas baixas.

Nós, professores, ficamos surpresos, porque muitos alunos vieram continuar seus estudos em Hogwarts. Alguns, poucos, decidiram não vir nesse ano, o que é compreensível, então, voltarão no próximo ano para terminarem seus estudos. Outros trocaram de colégio, pois perderam amigos aqui e não conseguem vir para cá sem eles. É difícil e, novamente, compreensível.

Alguns professores se propuseram a ficar pelos corredores do castelo, cuidando para que nenhum aluno queira aprontar algo. Sozinho ou com companhia.

Decidi vir para a mesa dos doces e escolhi um docinho de abóbora para pegar, virei-me a tempo de ver o professor Snape entrar no salão principal. Ele está muito bonito.

Tá certo que ele está usando as mesmas vestes de sempre, usando a mesma expressão séria de sempre. Mas, isso eu não posso negar, ele está muito bonito.

Ou seria, ele é muito bonito?

Bem, ele tem um certo charme, isso não tenho como negar.

Respirei fundo, vendo-o se aproximar.

— Professor Snape — dei-lhe o meu melhor sorriso.

— Professora LeBlanc — ele disse, em seu típico tom sério, dando-me um breve olhar, antes de seguir para a mesa de doces e ficar um tempo ali, olhando.

— O senhor está fantasiado de que? — ele me olhou confuso.

— Estou vestido como sempre — Snape voltou o olhar para a mesa, procurando algo para comer. Mas, pela sua demora em pegar algo, nada deve estar de seu agrado.

— Eu sei disso — dei um sorriso, seguido de um riso soprado. — Mas é Halloween. Então, posso dizer que o senhor está fantasiado de Batman? — ele me encarou. — Sabe quem é esse?

— Sei.

— O senhor não gosta dele, não é?

— Na verdade, eu não ligo para ele — Snape finalmente decidiu qual doce pegar, optando por um bolinho de chocolate.

— Oh, então, eu posso dizer que o senhor está fantasiado de homem morcego? Morcegão, como ouvi alguns alunos o chamarem.

— Diga o que quiser, eu não me importo — Snape disse, sem me olhar, e saiu dali a passos rápidos.

Mordi um pedaço de meu docinho de abóbora e o mastiguei com raiva. O que custa ser legal? Para ele, parece exigir muito.

Por que ele sempre está tão irritado? Por que ele é assim? Naquele dia, na floresta proibida, ele estava diferente, mais gentil e menos rude, ele podia ser assim mais vezes.

— Do que a senhorita está fantasiada? — uma voz se fez surgir ao meu lado, virei-me para ver que a voz pertence a professora de transfiguração, Lívia Anderson.

A senhorita Anderson é uma mulher alta, magra, de cabelos longos e escuros. É uma linda mulher.

— Eu estou fantasiada de Cinderela — respondi, sorrindo e vi uma certa confusão em seu olhar. — Ela é uma princesa, de um dos contos de fadas das crianças trouxas — expliquei. — E essa é uma fantasia feita no improviso. Mas e a senhorita, está fantasiada de quê?

Ela estava vestindo um longo e justo vestido preto, com uma maquiagem que realçava seus olhos escuros, e um batom vermelho nos lábios.

— Eu estou vestida de Mortícia Addams. Conhece ela? — anui com minha cabeça, ela é uma bruxa espetacular, pelo que ouvi dizer. — E minha fantasia foi feita no improviso também — ela disse com um sorriso.

Improviso, sei.

— Está muito bonita — a elogiei, com um sorriso leve em meus lábios.

— Obrigada — ela se virou para a mesa e pegou um bolinho de chocolate. — Qual é a sua relação com o Snape?

— Somos colegas professores, só isso — respondi naturalmente, pois é a verdade. Ela fez uma cara de quem não acreditou muito, soltando um "hum". — Por que a pergunta?

— Por nada — Lívia coçou a cabeça. — É que, eu estou interessada nele, e acho que ele também está interessado em mim.

É mesmo?

— Por que acha isso? –— perguntei, tentando não transmitir a minha incredulidade quanto a isso.

— Bem, ele me olha diferente. E quando estamos sós, ele é gentil comigo — Lívia disse, meio envergonhada, e eu sei que ela está fingindo estar assim. Algumas pessoas usam a manipulação a seu favor, como fingir algo só para ganhá-lo depois. — Uma vez nós quase nos beijamos — ela continuou a falar.

— Ah, é?

— Sim — Lívia sorriu. — Espero que ele tente novamente. Quem sabe nessa noite, isso acontece, não é?

— É, quem sabe — concordei com um sorriso falso, mas espero que tenha sido verdadeiro para ela.

— Eu vou indo. Até amanhã, LeBlanc — ela disse sorridente e saiu andando para longe de mim, para fora do salão principal.

Enfiei o resto do meu doce de abóbora na boca e o mastiguei. Lívia está interessada em Snape, mas não acho que seu sentimento seja correspondido. Eu nunca vi Snape dirigir nenhum olhar a Lívia que não fosse carregado de raiva, assim como ele olha para todos.

Nem sei porque estou pensando nisso, eu não tenho nada a ver com isso.

Eu disse a verdade, Snape e eu somos apenas colegas professores. Só isso.

Eu o achar lindo não significa que temos algo.

— Ela é uma víbora, tome cuidado com ela, senhorita LeBlanc — Carlos Pruitt, o professor de estudo dos trouxas, disse ao se aproximar de mim.

— Já lidei com mulheres assim antes, senhor Pruitt, em Beauxbatons. Conheço bem o tipo dela.

— Isso é bom. Não será enganada por ela, então — ele disse e bebeu um gole de seu suco. — Ei! Vocês aí! Nada de agarração! — Carlos se afastou de mim, indo atrás dos adolescentes que estavam passando dos limites, num cantinho do salão principal. Não posso culpá-los, depois de tudo que passaram durante a guerra devem querer aproveitar a vida. Só não deviam fazer isso em público e aqui no colégio.

•✿•♡•✿•

Fora esses dois, não tivemos mais alunos inventando de se agarrar com nenhum outro. A festa foi boa.

Eles não precisaram de minha ajuda para arrumar o grande salão, então, como eu estava cansada, segui para os meus aposentos. Estava virando um corredor, quando vi duas pessoas ali, uma pertinho da outra.

Eu não me considero uma pessoa bisbilhoteira, mas naquela situação, me senti assim. Fiquei parada, escondida, observando os dois. O corredor não estava tão escuro, haviam tochas acesas por toda sua extensão, permitindo-me reconhecer um dos dois. Snape. Meio difícil não reconhecê-lo, aquela enorme capa preta só pertence a um professor daqui, e, arrisco dizer, a um único homem na face da terra.

Ele estava parado, prensando alguém contra a parede. Uma mulher. Quem será ela?

Tive minha resposta logo depois, eles se afastaram e a mulher veio andando pelo corredor, em minha direção. Me afastei um pouco, retrocedendo meus passos, e voltei a andar, como se não tivesse visto nada. Afinal, esse corredor dá em direção as escadas para que eu possa ir aos meus aposentos.

Praticamente trombei contra a mulher, que logo vi ser a Lívia.

— Boa noite, professora LeBlanc — Lívia disse, meio sem jeito, e depois seguiu pelo corredor atrás de mim.

— Boa noite — foi só o que consegui dizer, pois ela já se afastou e creio que nem ouviu o que eu disse.

Quando virei-me novamente, dei de cara com o professor Snape.

— Professora LeBlanc — ele disse, em seu típico tom grave e sério.

— Snape — não disse mais nada, passei por ele e segui meu caminho.

Parece que Lívia não estava mentindo. Ela e Snape tem algo. E ao que tudo indica, ela conseguiu seu beijo da noite.

Escolhi a atriz Sarah Wayne Callies para representar Lívia Anderson, somente porque não gosto dela em The Walking Dead, como Lori. Então, já sabem o que esperar dela na minha fic ksksk

Aqui está a fantasia de Maitê, que usei como inspiração:

É isso por hoje, espero que tenham gostado e até o próximo capítulo ☺️

Bjokas proceis e fui 🤭❣️✨

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