Capítulo 16
Severus
Soltei o ar no momento em que saí da enfermaria. Parado no lugar, eu só pensava que se eu tivesse demorado para encontrá-la, só mais um segundo, eu a perderia nessa noite. Passei a mão em meus cabelos, horrorizado com esse pensamento.
Enfrentar uma mortalha-viva exige muita coragem de um bruxo, mais coragem ainda ao fazer isso estando sem sua varinha mágica, somente armada com um pedaço de pau. Confesso que admiro a coragem dela ao fazer isso.
Se eu demorasse mais para chegar, Maitê estaria morta e a culpa seria da Lívia. Só de pensar nessa mulher, o meu corpo todo enrijeceu de raiva.
Saquei minha varinha e conjurei o feitiço do patrono, mandando-o atrás de Minerva, para que me encontrasse em minha sala no terceiro andar, tenho assuntos pendentes para resolver lá. Virei-me para o lado e comecei a andar, tomado pela raiva do que aquela mulher fez e o pior que poderia ter acontecido.
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Ao virar a esquina de um corredor, encontrei com o professor Pruitt, sua varinha levantada com o feitiço Lumus "ativado".
- Professor Snape - cumprimentou, se aproximando de mim.
- Pruitt, o que faz aqui a essas horas?
- Te pergunto o mesmo, hoje é a minha vez de fazer a ronda por essa parte do castelo, e por mais que eu ainda esteja me acostumando com os corredores daqui, sei que não estou fora da rota. Mas e você, o que faz aqui? Pelo que sei sua ronda é em outra parte do castelo, ao menos por essa semana.
Respirei fundo, pronto para dar-lhe uma resposta fria, porém a frase de Lívia me veio à mente, sobre Carlos e Maitê.
- LeBlanc está na ala hospitalar - vi sua expressão se tornar preocupada.
- O que aconteceu com Maitê? - ele a chamou pelo primeiro nome com tanta... intimidade, que só tornou o comentário de Lívia real. - Ela está bem?
- Está - soltei um pigarro e desviei meus olhos dele, de sua expressão apaziguada por saber que sua amada estava bem. - Eu preciso resolver uma coisa. Creio que LeBlanc irá gostar de sua companhia - sem cerimônias passei por sua pessoa e continuei meu caminho, sem esperar por uma resposta vinda dele.
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Encontrei com Minerva alguns corredores de distância da minha sala.
- O que aconteceu, Severus? Sua mensagem exigia total emergência.
- Preciso relatar uma tentativa de homicídio contra um colega professor - seus olhos se arregalaram ao extremo.
- O que? - ela estava em choque. - Quem?
- Lívia Anderson tentou contra a vida de Maitê LeBlanc hoje.
- Céus. Ela está bem?
- Sim, levei LeBlanc para a ala hospitalar - me virei e retomei a caminhada para minha sala. A diretora fez o mesmo, seguindo ao meu lado.
- E onde está a Lívia?
- Presa em minha sala - lhe informei, o ódio estava tomando conta de mim novamente.
- E como ela foi parar em sua sala, Severus?
- Foi Lívia quem roubou a poção polissuco desaparecida do paspalho do Slughorn. Ela a usou para se transformar em LeBlanc, somente para me.. - Minerva vai achar essa notícia um tanto chocante. - Somente para me seduzir - não preciso olhar para ela para saber que suas sobrancelhas estão erguidas de surpresa.
- E por que ela faria isso? - os passos dela estavam praticamente corridos, para me acompanhar.
- Porque Lívia tem se insinuado para cima de mim faz tempo, e como a recusei, ela resolveu aderir a outra tática de sedução. Uma em que rouba a identidade de outra mulher, enquanto mantém a original largada no meio da floresta proibida, sem qualquer meio de proteção!
- Ela ficou maluca da cabeça? - Ouvi Minerva praticamente se engasgar com a pergunta.
- Ao que tudo indica, sim.
Chegamos à porta de minha sala, Lívia Anderson estava sentada com as costas apoiadas na parede, ela conseguiu se arrastar até ali ainda amarrada pelo feitiço incarcerous. Mas, dessa vez a Lívia era a Lívia, o efeito da polissuco já havia passado. Graças a Merlin, não ia aguentar mais olhar para ela no corpo de Maitê LeBlanc.
- Finalmente! Cheguei a pensar que iria me deixar aqui a noite toda! - fomos recebidos por sua irritante voz, assim que eu desfiz a azaração da boca presa nela.
- Senhorita Anderson, é melhor ficar quieta, as acusações contra sua pessoa são muito graves! - Minerva ralhou, sua voz estava firme e decepcionada.
- Foi Snape quem me amarrou aqui! - protestou, indignada.
- E deu sorte que fiz apenas isso! - seu olhar magoado chegou aos meus olhos. Eu o ignorei. - Deveria tê-la jogado da janela - resmunguei perto de Minerva, de modo que somente ela pudesse me ouvir.
- Ainda bem que não o fez! - a diretora advertiu meu comentário com severidade. Sua expressão era dura, assim como seus olhos, com sua boca numa linha fina de irritação. - Irei contatar o Ministério agora mesmo. Precisamos de aurores por aqui.
- Não em minha sala! Não quero um bando de desconhecidos, que provavelmente me detestam, tomando conta da minha sala.
- Pois bem - ela aceitou minha advertência. - Irei chamá-los, mas iremos nos encontrar em minha sala. Eles podem querer vir aqui caso seja necessário, então não mude nada de lugar, Severus.
- Deixarei a porta trancada e vos acompanharei até o sétimo andar, para esperamos - Minerva concordou comigo, demonstrando isso num menear de cabeça, antes de conjurar um patrono e enviá-lo para o departamento dos aurores.
A diretora cancelou as cordas do meu feitiço nas pernas de Lívia, de modo que ela pudesse levantar e andar. Foi impossível não perceber que as vestes de Maitê estavam um tanto largas em Lívia, pois Maitê é uma mulher com costas largas e uma cintura aparente, já Lívia é dona de um corpo alto e magro, uma pequena cintura se faz evidente, então, o vestido rose que está usando ficou bem solto nos ombros e seios - o que fez o vestido cair a sua volta, mas felizmente não mostrou nada de suas partes de cima, cobertas por um sutiã preto, ao qual só vi a alça, antes de desviar o olhar para o lado.
- Onde está sua varinha? - McGonagall perguntou, enquanto mantinha sua varinha apontada para Anderson.
- Deixei em meu quarto - Lívia respondeu de cabeça baixa.
Impressionante em como ela foi tola o suficiente para deixar sua varinha em seu quarto. De certo optou por usar apenas a varinha de Maitê. Erro dela.
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Dois aurores atravessaram o fogo verde da lareira da diretora. Dois homens. Minerva explicou todo o acontecido, e eles deram uma boa olhada em Lívia e depois em mim, parado no meio da sala da diretora com os braços cruzados.
Os dois aurores conversaram algo entre si e o mais velho veio em minha direção.
- Boa noite, senhor Snape - ele parou de andar a minha frente, tendo poucos centímetros a menos que eu. Seus cabelos castanhos caiam pouco acima de seus olhos. A barba bem cortada lhe dava um ar de autoridade e maturidade. - Meu nome é Yuri Nelson, eu gostaria de ver a sala onde tudo ocorreu, pode me levar até lá?
Encarei seus olhos azuis com precisão, depois troquei um rápido olhar com Minerva, que anuiu com a cabeça para mim.
- É só me seguir - girei nos calcanhares e ele se pôs a andar atrás de mim.
Quando descemos o último degrau que dá acesso a sala da diretora, e a estátua tomou o seu lugar de costume, ao passarmos por ela, Yuri se pôs a andar ao meu lado, conseguindo acompanhar o meu ritmo.
- Você é aquele comensal da morte que na verdade estava do lado da luz, certo?
- Exatamente.
- Como conseguiu fazer todas aquelas crueldades a mando de você-sabe-quem e ainda dormir à noite?
- Eu não dormia - respondi e ele se calou.
Descemos os próximos andares em silêncio, graças a Salazar. À porta de minha sala eu empunhei minha varinha e retirei os feitiços que a trancavam. Eu entrei primeiro e Yuri veio logo atrás de mim, olhando atentamente para cada canto da minha sala.
- O que haviam nesse frasco quebrado? - perguntou após se ajoelhar e analisar os cacos quebrados e o líquido quase seco no chão.
- Poção para dormir - o auror me encarou. - Sono sem sonhos.
- Como esse frasco foi parar no chão? - ele se ergueu e começou a andar pela sala.
- Eu deixei cair.
- Por quê? - ele estava em frente ao meu armário de poções, analisando cada detalhe de seu exterior e interior.
- Porque a senhorita Anderson, que acreditava ser Maitê LeBlanc, e eu nos beijamos - o homem voltou a me encarar. - Eu deixei a poção cair no chão quando resolvi agarrá-la e levá-la até a minha mesa.
- Costuma transar com colegas professoras na sua sala, senhor Snape? - Havia sarcasmo em sua voz.
- Não, senhor Nelson. Ela veio me pedir uma poção para dormir e depois mudou de ideia, se insinuando para mim. Eu não recusei sua investida.
- Por que Lívia precisou tomar o corpo de Maitê para vocês se pegarem aqui? - Yuri passou a analisar a mesa à procura de não sei o que. - É algum tipo de fetiche?
- Eu não a suporto -- ele me encarou. - Lívia Anderson.
- Por quê? - ele pôs seus braços atrás das costas.
- Eu apenas não gosto dela - cruzei meus braços, observando ele se aproximar de mim e parar na minha frente.
- Mas gosta da professora Maitê LeBlanc? - Yuri imitou a minha postura.
- Eu e LeBlanc nos simpatizamos melhor, e antes que pergunte o porquê, LeBlanc não fica se atirando para cima de mim a todo momento, o que Lívia Anderson costuma fazer desde que entrou para o corpo docente da escola.
Yuri Nelson anuiu com a cabeça, soltando um "hum" pensativo.
- Tem uma coisa que não entendo - ele indicou com a mão para o meu armário. - Você é professor de defesa ou de poções?
- Defesa, mas lecionei poções aqui durante anos.
- Por isso, Lívia, se passando por Maitê, veio aqui lhe pedir uma poção para dormir?
- Exatamente.
- Costuma dar poções para dormir aos outros ou é só para Maitê?
- A quem me pedir, às vezes Slughorn pode não ter a poção em seu estoque, mas eu a tenho.
- Então, está dizendo que Slughorn, que acredito ser o professor de poções de Hogwarts, não tem uma simples poção de sono sem sonhos em seu estoque?
- Honestamente, eu não faço ideia. Eu só sei que Lívia Anderson atacou Maitê LeBlanc, roubou sua identidade e veio até mim.
- Para te seduzir a transar com ela sob a sua mesa em sua sala de aula no meio da noite - ele disse, interrompendo-me.
- Exatamente - sustentei seu olhar frio e julgador.
- Gostaria de conversar com Maitê LeBlanc agora - Yuri disse, sem desviar o olhar ou baixar a postura rígida. - Pode me levar até onde ela está agora? Na ala hospitalar, de acordo com a diretora, certo?
- Certo - fui o primeiro a desviar o olhar, virando-me e andando em direção a porta, com o auror em meu encalço.
- Como Maitê foi parar na ala hospitalar? Quem a encontrou, após ser atacada por Lívia? - Yuri perguntou, após eu trancar a porta de minha sala.
- Acredito que Minerva já lhe contou sobre isso - eu respondi, me pondo para andar com ele seguindo ao meu lado.
- Mas quero ouvir de você - ele disse por fim e eu respirei fundo.
- Após perceber que Maitê na verdade era Lívia, eu a questionei sobre o porquê de tudo aquilo e onde LeBlanc estava. Descobri que Maitê estava no meio da floresta proibida, sem sua varinha e protegida por um escudo, que de acordo com Lívia podia desaparecer a qualquer momento. Entrei na mente dela, visto que Lívia não sabia onde havia deixado LeBlanc, e encontrei sua localização. Isso depois de prendê-la e recuperar a varinha de Maitê. Então eu saí pela janela a procura de LeBlanc, que encontrei enfrentando uma mortalha-viva armada com um pedaço de pau. Eu a salvei daquele ser e depois a tirei dali, trazendo-a para Madame Pomfrey.
- A medibruxa?
- Exato.
- Depois disso você chamou a diretora e a levou até sua sala, onde Lívia estava amarrada e contou tudo a ela.
- Sim.
- Como descobriu que Maitê na verdade era Lívia?
- Ela disse uma coisa que somente Lívia sabia e havia comentado antes.
- E o que era?
- Algo sobre eu ser um romântico e sedutor. Ela disse isso no Halloween, numa das suas tentativas de transar comigo.
- Eu preciso admitir uma coisa, Snape, eu nunca imaginei que você teria duas mulheres aos seus pés, devido a tudo que você fez como comensal.
Eu também não, pensei. Mas somente uma mulher tem estado atrás de mim, não aos meus pés, e a outra consegui fazer me odiar.
- De certo Lívia tem um fetiche ou algo do tipo - comentei, apressando o passo.
- E Maitê não? - ele questionou, alcançando o mesmo ritmo que eu.
- Eu não faço ideia - respondi, ficando mais incomodado que antes.
- Não? Você e ela não tem um lance?
- Por que acha que temos um lance? - usei de um tom sarcástico nas últimas palavras.
- Claramente existe algo que perturbou Lívia o suficiente para atacar Maitê e se fazer passar por ela.
- Para mim, Lívia insiste em se meter onde não é chamada, tornando sua constante presença árdua e desagradável.
Alcançamos o corredor da ala hospitalar, a porta estava fechada, porém não trancada. Eu a abri e entrei, encontrando Carlos ao lado de Maitê, sua perna já havia sido tratada, obviamente, Papoula não a liberaria tão cedo se não tivesse feito seu trabalho meticuloso. Ela estava ali, parada em pé ao lado dos dois.
Pruitt estava servindo de amparo para que Maitê não caísse, segurando em sua mão, e com a outra em seu braço. A proximidade de ambos me deixou incomodado, porém o que eu esperava dizendo ao Pruitt que sua amada estava aqui? Que ele ignorasse esse fato? Que se mantivesse afastado dela a pelo menos um metro ou dois?
Ridículo!
- Boa noite, senhorita Maitê LeBlanc, eu presumo - ela trocou um olhar confuso entre eu e o homem ao meu lado, que deu um passo na sua direção. - Sou Yuri Nelson, um dos aurores responsáveis por investigar os acontecimentos de hoje a noite. Posso lhe fazer algumas perguntas?
- É claro, senhor Nelson - ela anuiu com a cabeça, rapidamente trocando um olhar comigo.
Papoula andou até parar do meu lado.
- Pode me explicar o que aconteceu agora? - pediu aos sussurros.
- E quem seria o senhor? - Yuri perguntou ao homem que segurava LeBlanc.
- Carlos Pruitt, sou professor de estudo dos trouxas e amigo de Maitê - ele disse com a voz firme.
- Ok - Nelson o analisou dos pés à cabeça e vice-versa. - Gostaria de conversar a sós com a senhorita, mas se preferir seu amigo pode ficar. Pretendo fazer algumas perguntas a ele também.
LeBlanc olhou brevemente para mim antes de pousar seus belos olhos em Carlos, seu "amigo".
- Bem, então podemos facilitar para o senhor, eu gostaria que Carlos ficasse, assim pode fazer-nos as perguntas ao mesmo tempo - vi Yuri anuir com a cabeça e eu resolvi me afastar para dar-lhes privacidade. Papoula me seguiu.
- Não vão muito longe, por favor - o auror disse para nós. - Gostaria de fazer algumas perguntas à medibruxa também - Pomfrey balançou a cabeça positivamente e voltamos a nos afastar.
- Pelo que Maitê me contou, ela foi atacada e deixada para morrer na floresta proibida, e que você disse que foi Lívia quem fez tudo isso, por quê? - a mulher despejou as palavras em cima de mim assim que paramos de andar.
- Porque Lívia não bate bem da cabeça - respondi, virando-me de modo que pudesse observar a conversa dos três.
- Severus! - a medibruxa me repreendeu.
- Mas é a verdade - encarei ela. - Lívia tem insistido em insinuar-se pra cima de mim há tempos, tentei afastá-la, mas claramente não deu certo. Agora a doida resolveu fazer o que fez com LeBlanc somente para virar ela e se atirar pra cima de mim novamente. E por conta de suas ações, Maitê LeBlanc quase morreu hoje.
- Mas você a salvou, felizmente, Severus - ela disse, voltando seu olhar para os três conversando.
- Como Maitê está? Foi somente a saia que saiu rasgada?
- Maitê ficou com um arranhão na coxa, mas não foi profundo. Uma poção para dor e pomada irão resolver isso em menos de uma semana. Ela não ficará com cicatriz - a medibruxa me informou.
- Bom. Isso é bom - voltei a olhar para Maitê. Que bom que ela está bem.
Quando Yuri passou a mão nos cabelos, aparentando estar incrédulo, eu estranhei.
- O que foi? - Pomfrey perguntou após ver a minha cara fechada.
- Tem algo errado - resolvi me aproximar deles, sendo seguido por Papoula. - Algum problema? - perguntei olhando para Maitê e depois para os outros.
- A senhorita LeBlanc não deseja prestar queixa contra Lívia.
- O que? - minha voz saiu exaltada, carregada de surpresa e irritação, interrompendo o auror. - Ela atenta contra a tua vida e você vai deixar por isso mesmo?
Demorei, mas voltei rsrs
Bjokas procês e até a próxima ♡
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