13• REINO AMEAÇADO
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"Mas das coisas que funcionam, existem apenas duas
E das duas que escolhemos para fazer
A paz irá vencer
E o medo irá perder
Há fé e há o sono
Precisamos escolher um, por favor, pois
Para ter fé precisamos estar acordados
E estar acordado significa pensar
E pensar significa estar vivo"
- Car Radio, Twenty one Pilots.
Passo pelos corredores do Tulipalacio, vejo raios de sol adentrando as janelas opostas as portas. Conforme avanço acabo percebendo que meus pés não se movem enquanto ando, melhor dizendo, flutuando até a escadaria central. Lá embaixo estão reunidas várias fadas, híbridos, elfos, sereias e tritões, todos muito extasiados com algo que sucederá, do que se trata, não sei bem.
As vestes são elegantes e clássicas, como se fossem participar de um baile de gala, ou uma coroação real. Creio ser a segunda opção, não existem bailes durante o dia e o sol estava no alto do céu.
Flutuo sobre os degraus e quando acho que vou esbarrar em alguém acabo atravessando a pessoa como se fosse apenas uma nuvem. Assim percebo que se trata de um acontecimento do passado, onde estou observando como se fosse um espírito do presente, algo desse gênero.
A multidão avança para os fundos, ouço um murmúrio geral de felicidade, a rainha de Penumbra está sendo coroada após a última desaparecer. Ao chegar no grande salão, onde havia uma janela cobrindo toda a parede, o local era muito bem iluminado fazendo com que o lustre pendurado brilhasse a luz do sol, provocando vários pequenos arco-íris por toda parte. Uma cena digna de filme.
Em frente a janela havia um degrau improvisado, contendo dois tronos no centro.
Mab Valanthe está sentada em um deles, Greyback ao seu lado. Ambos em uma versão mais jovem.
Todos aplaudiam seus novos soberanos, podia sentir a imensa alegria presente ali entre eles, estavam contentes em coroar sua rainha.
Mas também conseguia sentir a falta de algo, uma força maior que faltava ali, como se houvesse algo de errado. Mab não foi a primeira escolha para a soberania daquele reino. Há algo por trás e tenho certeza disso.
Acordo com o chamado de Cami, a mesma segurava a rosa branca que brilhava em sua mão. Eu ainda estava sonolenta e não entendi o motivo de sua expressão preocupada, o que houve?
- Está me ouvindo? – Ela pergunta me encarando. – A flor está brilhando.
Sento na cama e esfrego a mão sobre os olhos. O que será de tão importante a essa hora da manhã?
- Estou. Agora estou. – Falo entre um bocejo preguiçoso.
- Será que descobriram sobre a Ordem? Será que alguém nos viu entrando lá ontem à noite pelos fundos do palácio? Será que acharam que estávamos invadindo? – Cami pergunta frenética sem nem parar para respirar.
Parece que os acontecimentos de ontem foram a muito mais tempo atrás. O local secreto. As novas informações. Temos com quem contar nesse momento, mas não sei ao certo se devo confiar isso a eles. Quer dizer, estavam nos seguindo esse tempo todo, sabiam de tudo e nos trouxeram para Penumbra.
Mas por outro lado, a ordem 404 pode nos fornecer informações precisas do momento. Eles tem uma tecnologia de ponta naquele local secreto. Após Kai confessar que estava circulando nosso acampamento, deu um tempo para que eu pensasse no assunto, se aceitaria entrar para a ordem e começar a investigar o rei. De certo modo, ele tem razão em dizer que pode conseguir informações lá de fora. Em suas missões eles têm autorização para sair, enquanto nós ficamos presos aqui, pois se arriscar sair podemos ser reconhecidos. Como na informação obtida por um dos membros, sabem de alguém desaparecido. Posso começar por aí, talvez essa pessoa tenha algo relacionado com a traição, se descobrir quem é podemos chegar no motivo que o levou a fazer isso, e então a quem obedece.
- Calma, respira. – Tranquilizo-a. – Deve ser somente Hazel dando algum recado.
- Está certa. Então vamos ouvir o que é. – Cami tira a pétala que brilhava.
A rainha convoca todos a comparecerem ao Tulipalacio ás 8h. Ela tem um comunicado a fazer.
A mensagem acaba e a pétala cai suavemente no chão. Camilla me olha confusa e retribuo a mesma expressão. Não faço ideia do que possa se tratar.
- Será que os garotos ouviram? – Ela pergunta.
- Provavelmente eles ainda devem estar dormindo. – Respondo.
- Vamos até lá então.
Concordo e logo após me trocar, olho no anel e vejo que já passa das 7h, temos que nos apressar, não pegaria bem atrasar a um chamado da rainha. Uma das coisas na qual nunca me esquecerei.
Bato na porta freneticamente à espera que um deles abra.
- Precisamos de algo mais barulhento. – Camilla me lança um olhar que entendo na hora.
Ela abre a porta com cuidado (nem era necessário), entramos em silêncio e vejo os 3 dormindo tranquilamente em suas camas, no celular rolo o dedo pela tela a procura do alarme de despertar dos soldados. É um som estridente e ensurdecedor, quando eles treinavam no campo do palácio podia ouvir do meu quarto.
Assim que o alarme soa ao três acordam de uma vez, com a expressão rígida, Harry se levanta e bate Continência de olhos fechados sem saber que somos nós e não o General. Philip levanta assustado e rapidamente começa a colocar a roupa por cima do que já estava vestindo.
- Senhor, desculpe senhor! – Philip fala firme e com postura rígida.
James foi mais esperto. Antes de fazer qualquer movimento repentino se desperta e abre os olhos, ele ri da situação dos dois que parecem constrangidos agora percebendo de quem se trata.
- Como vocês são angelicais pela manhã! – Falo jogando uma camisa para Harry vestir.
- Isso porque nenhuma das duas passou meses dormindo em barracas no treinamento. – Harry se defende.
Reviro os olhos com seu comentário. (Afinal, não passamos dias numa barraca na floresta dormindo no relento?)
- O que houve? – James pergunta já fazendo sua cama.
- A rainha tem um comunicado e parece importante. – Camilla responde.
- Se apressem. É às 8h.– Falo saindo do cogumelo.
Quando enfim chegamos ao Tulipalacio, a entrada está repleta de pessoas. Todas curiosas com o pronunciamento que virá daqui a alguns minutos.
Algumas se agrupam e começam a especular o que será de tão importante. Muitas tiveram de deixar seu trabalho para estar aqui, crianças correm pelo jardim de tulipas em volta do palácio. Ao longe posso ver a entrada, os portões ainda estão fechados e com dois guardas em cada lado impedido que alguém entre.
Já são quase 8h e nada.
De repente vejo Skyler vir até nós acompanhada de seu irmão. Hazel e Ella logo atrás deles.
- Por acaso vocês sabem do que se trata? – James pergunta mais especificamente para Ella.
Nesses últimos dias, os dois andavam juntos a todo momento, ela adora a companhia do James, sempre o convidando para um passeio noturno. Em minha opinião eles combinam perfeitamente, como Romeu e Julieta, mas sem a parte da tragédia. Me admira ela não ter aparecido na noite passada, agora me pergunto se ela sabe sobre a Ordem. Qualquer uma delas parecem muito próximas à Mab e ao conselho, se forem fiéis às regras não acho que possam saber da sala secreta.
- Nem ideia. – Skyler responde no lugar de Ella, que apenas dá um sorriso para James. – A propósito, o que fazem aqui? São apenas visitantes mortais.
Seu comentário gera um olhar de repreensão por parte de Kai e Hazel, ela apenas dá de ombros e revira os olhos.
- Talvez se relacione com o outro lado. – Ella sugere.
- Já pensou sobre o que conversamos? – Kai se aproxima falando num sussurro para que apenas eu ouça.
Balanço a cabeça em resposta.
Ainda preciso de mais tempo. Não vou aceitar logo de cara e parecer desesperada. Vejo em seus olhos uma compreensão de sua parte, ao menos entende meu lado.
Nesse momento o burburinho das pessoas cessa e noto a presença da rainha, ela está à frente dos portões voando acima de todos para que possamos vê-la.
- Bom dia a todos os presentes! – Mab começa. – É de conhecimento geral, que estamos numa época um tanto quanto conturbada. – Sua expressão é séria enquanto olha para cada um de nós. – Há inúmeros relatos sobre a profecia está se desenvolvendo nesse momento, tais como pudemos ver há uma semana atrás, uma tempestade que quase nos deixou em apuros, mas por pouco foi detida. – Ela faz uma breve pausa para respirar. - Chegou ao meu conhecimento recentemente que dragões estão circulando fora de controle do outro lado, a magia do portal está instável nesses dias. Mas não foi por isso que os convoquei aqui no dia de hoje. Com essas informações, realizei uma minuciosa busca pela nossa última fada da luz. Tal qual era uma das citadas pelo oráculo. Não tenho outras palavras para descrever este infeliz fato, é com pesar que vos informo que a fada da luz está morta.
Suas últimas palavras foram motivo para uma comoção geral. Todos começaram a falar ao mesmo tempo causando uma confusão enorme. Pude ver no olhar de algumas pessoas o desespero iminente, custavam a acreditar no que acabara de ouvir.
Pelo que parece, essa fada era de extrema importância para o reino.
- Esse é nosso fim! – Uma fada de meia idade dizia para quem estava ao seu lado.
- É mentira, não pode ser! – algumas não conseguiam enxergar a realidade da situação.
- É de suma importância que todos tomem o devido cuidado. – Mab interrompe os murmúrios com uma fala mais alta. – Não sabemos a profecia toda, então não se sabe o que mais acontecerá. Peço que vocês continuem com as atividades diárias, não tentem sair para o mundo mortal. Qualquer coisa fora do normal, relatem imediatamente. Vou deixar elfos de guarda no portal para nossa segurança. Qualquer novidade venho comunicar a vocês, e por último, façam suas preces, peçam as deusas que nos ajudem. Agradeço a presença de todos!
Antes que fizessem mais perguntas, a rainha sai voando apressada para dentro do Tulipalacio novamente, os portões voltam a se fechar atrás dela impedindo que alguém fosse atrás da rainha.
Não imaginei que a situação por aqui estava ruim. É como Cami disse, num dia achamos este paraíso e no outro ele está prestes a ser destruído. Parece que onde vamos, levamos o caos conosco.
Não posso deixar de pensar em como isso era um conto de fadas que eu amava ouvir sobre quando era criança, esse lugar é muito mais do que eu poderia imaginar, tem muitas vidas aqui, crianças inocentes. Não posso deixar que aconteça o mesmo a Penumbra, não quero ver mais destruição, mais vidas se esvaindo. Eu não sei qual o motivo disso tudo, nem qual a profecia, mas de uma coisa estou certa. Se precisarem de ajuda, serei a primeira a me oferecer.
Se tem uma coisa que aprendi com meu pai, foi que não importa quem seja, ou para que, se precisarem de ajuda não a negamos. Eles não podem me ajudar, mas isso não é motivo de devolver na mesma moeda, não sou egoísta a esse ponto, nem nunca serei. Não se nega ajuda a quem precisa.
Arrasto Kai para longe da multidão falante, ele arqueja em resposta a minha repentina ação.
- Algo me diz ter sido você quem investigou. – Solto num tom de ameaça.
Seu olhar já revela a verdade. Ele assentiu em concordância.
- Tem a total confiança da rainha? – Pergunto.
- Sim. Foi mal por ter escondido essa parte, mas era para ser confidencial. – Ele fala num tom sincero.
Estou pensando numa alternativa para que possa fazer duas coisas ao mesmo tempo. Kai é o braço direito da rainha, ela confia as missões a ele, tem todas as informações de fora, é discreto o suficiente para se passar despercebido pelos humanos. Ele me seguiu e nunca percebi sua presença. Isso é fato, eu posso ajudá-los e me ajudar ao mesmo tempo.
- Vamos fazer um acordo Kai Flutterfall. – Ele me ouve atentamente. – Eu entro para a Ordem e fico a disposição para o que precisarem, em troca você será meus olhos e ouvidos lá fora. – Cruzo os braços mantendo a aparência rígida.
- Deixa eu entender. Você quer minha ajuda, e em troca nos ajuda? – Ele coloca a mão no queixo num gesto de pensamento.
- Isso mesmo. É pegar ou largar.
- De que tipo de ajuda estamos falando? – Ele junta as sobrancelhas em desconfiança.
- Digamos que preciso de algumas informações.
- Precisa de um espião?
- Talvez.
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PRÓXIMO CAPÍTULO EM ANDAMENTO...
CONITUEM POR AQUI, VALE A PENA.
O QUE ESTÃO ACHANDO DA HISTÓRIA ATÉ AGORA?
PS: DEIXA A ESTRELINHA ⭐
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