Nosso segredo

Anny esperou até que a última luz da toca se apagasse, ansiosa. Se olhou no espelho, mesmo com a baixa claridade, viu que estava apresentável. Apreensiva por nunca ter feito nada do tipo, pulou da janela embutida na montanha de seu quarto e correu até o lago. Ele estava lá com sua máscara e completamente coberto:
— Você veio!
— Claro, você é muito legal para se fugir de uma conversa!
Por estar escuro, não notou que ela havia corado:
— Obrigada.
— Então, arrasou na soletração!
— Estudo muito, só isso.
— Claro que não! Só estudar não leva alguém a saber tudo! Eu estudo feito um burro para história e nunca consigo decorar os nomes importantes dos Vlad's da vida!
Ela riu:
— A sua risada é muito bonita ... — disse sem jeito
— Valeu, ninguém, além do Bran, foi tão gentil comigo ...
Se olharam nos olhos, numa espécie de transe:
— Qual a sua matéria favorita?
— Definitivamente música!
— Sério? Deve de ser fácil, afinal, pelo que eu vi, a sua voz é ... linda ... — corou
— E a sua?
— Música também, mas tenho vergonha de cantar ...
— Por quê?
— A minha voz é MUITO estranha ...
— Por favor ...
Hesitou:
— Você vai rir de mim!
— Juro que não! Por favor ...
Suspirou:
You could never know what it's like/ Your blood like winter freezes just like ice/ And there's a cold lonely light that shines from you/ You'll wind up like the wreck you hide behind that mask you use ...
— Como pode achar que a sua voz é estranha!? É linda!
De novo, um não notou que o outro corou:
— Valeu, lá na Presas, ninguém nunca disse isso ...
— É solitário, certo?
— Excluído, exceto pelo Kori, meu melhor amigo, mas ...
— O que foi?
— Ele é muito cara de pau! Fica dando encima de todas lá na escola, e fica me presionando pra arrumar uma namorada!
— Hahahaha ...
— Agora ... tem uma comida que sempre quis provar?
— Bom ... chocolate.
— Como?
— Nunca consegui provar esse doce porque não deixam lobisomens entrarem na doceira ... mas sempre quis saber qual o gosto.
— Sinto muito ...
— Sua culpa não é, tudo bem.
— Obrigada ... por tentar me dar uma chance de amizade.
— Não é nada, sempre quis um amigo vampiro ...
Ficaram num transe novamente. Reparou nos olhos azul claro dele, que brilhavam conforme o luar:
— Alguém te contou ... que você é linda?
— Não ... não um garoto que não fosse o Branch ... deixa algo bom no peito ...
— Sabe ... somos ... parecidos eu e você ...
— Por quê?
— É que ... você é meio insegura de si, e eu ... sou muito tímido para chegar nas pessoas.
— Bom, em mim você chegou, considere um progresso.
— Considero!
Riram juntos, ela bocejou:
— Que sono ...
— Aqui ... se não se importar ...
Deitou a cabeça dela no seu ombro direito. Anny estranhou, mas gostou:
— Amo admirar o céu.
— Nunca pensei que algo imóvel pudesse ser tão lindo ...
— Para falar a verdade, ele está sim se movendo, mas vamos pular essa parte ...
Riram:
— Nerd.
— Sou mesmo, e com muito orgulho! Sou a melhor aluna da minha escola.
— A prova viva de que alguém pode ser linda e inteligente!
Corou novamente:
— Falando assim, até parece que eu sou legal ...
— Não fala assim!
— É que perder os pais bem pequena, ser humilhada pela Bleed e ter um primo xereta e ciumento deixa a sua autoestima baixa ...
— Por que acha que estou dizendo tudo que acho de melhor em você sem malemá te conhecer? Quero que ninguém fique tímido como eu, e você tem talento ... mas tem gente que quer roubar ele e te puxar para baixo ...!
Ponderou o que ele disse, de olhos semiabertos pelo sono:
— Obrigada ...
— Não é nada ...
Ficaram cinco minutos em silêncio, uma ausência de som gostosa que envolvia os dois, do qual não queriam interromper tão cedo:
— Quer ouvir uma história?
— Sou todo ouvidos.
— Quando eu era pequena, a minha mãe me contava a mesma história todas as noites, que era assim ...
Obrigou delicadamente a cabeça dele virar para o céu, a boca próxima ao ouvido dele:
— A cada canção que se compõem, nasce uma estrela no céu, e se um casal cantar junto uma música de amor ao luar ... uma luz se acende entre eles e vai até o céu se for o destino deles ficarem juntos ...
Ele virou a cabeça, a encarando nos olhos. Restavam centímetros entre o rosto de um e outro:
— E se forem de clãs diferentes?
— Eu não sei ... sempre quis saber ...
— E ... como pretende descobrir?
— Não faço ... a mínima ideia ...
Sorriu para ele, que inconscientemente retribuiu. Ela beijou a bochecha direita dele:
— Espero te ver aquí amanhã, tudo bem?
— ...... Combinado ... Lótus ...
Na noite seguinte, conversaram mais, se aproximando, criando intimidade entre si. Se passaram mais de três noites desde seu primeiro encontro. Era noite de Lua de Sangue, as árvores banhadas pela tremeluzente luz avermelhada, da qual alguns lobisomens, acreditavam ser fruto de magia do amor (foto de referência lá encima):
— Feche os olhos.
— Por quê?
— Não confia no seu amigo?
— Con- ... -fio!
Obedeceu :
— Estenda uma pata.
Estendeu, sentiu algo pequeno nela:
— Abra ...
Era uma bolinha de alumínio achatada na base, desproporcionalmente pesada para a quantidade de material:
— O que é isso?
— Você não disse que nunca provou chocolate na vida e queria experimentar?
— Sim.
— Isso é chocolate, mas embrulhado em alumínio para proteger.
Anny ficou comovida, e meio envergonhada:
— Você ... dando pra mim?
— Sim, o meu pai tem uma chocolateria, então não faria muita falta. E também, você merece por pegar a Bleed com a boca na botija faz um par de dias!
Encarou o presente, sorriu largamente:
— Isso é ... a coisa mais fofa ... que qualquer um fez pra mim ... na minha vida inteira!
     Olhou para o amigo, que, apesar da máscara e da mínima luminosidade, aparentava ter corado:
— Prova, vai gostar, tenho certeza.
     Desembrulhou cuidadosamente, mordeu um pedaço. Uma explosão de sabor e uma sensação de alegria envolveu ela:
— É a coisa mais deliciosa do mundo!!
— Também acho.
     Comeu o outro pedaço, admirada:
— Pena que não deixam os lobisomens entrarem nas doceiras ...
— Um dia, tenho certeza de que tudo isso vai acabar! E você vai ser muito feliz com o seu primo!
— ... Mas e você?
— Como assim?
— Você ... vai continuar sendo meu amigo, certo?
— Claro! Você é ... a minha melhor amiga ... — disse sem jeito
— Posso ... te fazer uma pergunta meio esquisita e pessoal?
— Pode.
— Você já ... beijou alguém?
     Ele fitou o chão:
— Não, ainda sou bv, e você, Lótus?
— Até semana passada, achava pura falta de higiene!
     Riram:
— O que te fez mudar de ideia?
— ...... Um garoto ...
     A expressão dele foi de alegria para decepção:
— Ah ... o seu arroba, certo?
— Sim ... ele é o meu melhor amigo!
— Achei que eu fosse o seu melhor amigo ... — resmungou
— Bom ... você é o meu melhor amigo, então ...
     Se fitaram corados, Anny com um brilho nos olhos, que por serem particularmente grandes, davam um aspecto lindo ao luar. Vermelho se aproximou mais dela, deixando uns vinte centímetros entre suas bocas:
— Então o ... chocolate estava bom?
— ...... Muito ... — sussurrou
— ... Só acredito na prática ... — sussurrou de voltou
— ... Ok ...
     Seus narizes se encostaram, suas respirações entraram em perfeita sintonia. Se encararam por um breve momento, os olhos semiabertos. Uma tensão gostosa com um dilema que os dois compartilhavam silenciosamente, "Quem vai dar o primeiro passo? Ou melhor, primeiro beijo". Ele não aguentou e uniu suas bocas. Não sei descrever com exatidão como se sentiam; pois eram um turbilhão de emoções, sentimentos e sensações misturadas, mescladas ao ocorrer esse ato físico de afeto. O estômago de ambos pareciam baladas a todo vapor em um pula-pula dentro de um ônibus! Pior ainda, Anny mordeu o lábio inferior dele. A situação piorou muito, mas em um sentido bom! Se separaram, sem fazer ideia de quanto tempo havia passado. Seus rostos ardiam feito pimentas das bem ardidas, como se não bastasse a luz da lua:
— ... Correção, recém perdi o bv! — disse ela
     Conseguiram rir:
— ... Continua gostando do seu melhor amigo?
— ... E ele gosta de mim também?
— Sim.
     Sorriram, sem graça:
— Que bom que ... a do Ness estava errada ...
— Como assim?!
— Uma monstra do Ness ... disse que nenhuma menina ... iria querer ... ficar comigo ...
— Te disseram isso? Que idiotice! Queria te ajudar lá ...
— Tudo bem, estar do seu lado ... já me faz me sentir melhor.
— Posso ... te beijar de novo?
— ... Lógico, Lótus ...
Pegou o rosto dele, puxando para perto de si - mesmo com a máscara. Fazia cafuné nele, que não evitou enrolar seus braços na cintura dela. Era um momento perfeito, simplesmente perfeito! Parecia um filme romântico; um casal, entre 140 e 150 anos, completamente apaixonados, se beijando "às escondidas", deixando apenas a lua, com sua luz avermelhada romântica, como testemunha. Se separaram, sorrindo. Ficaram se encarando nos olhos, sem tirarem as mãos das posições. Voltaram, em um ritmo lento, mas apaixonado, transbordando dos mais lindos e profundos sentimentos. Perderam o ar:
— Te ... vejo amanhã, Vermelho?
— Sempre estarei te esperando, minha flor de lótus ...
Riu, e com um último cafuné, foi de volta para sua toca, já que, no dia seguinte, teria de cuidar da Bleed.
Fim do flashback








Eu: Desculpa, amo escrever cenas bem românticas e kawaii, não resisti 😍

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