Com a lua de vestigio

     Estava sentada, observando todos dançarem energicamente. Tinha Anny e Tony na mira! A moça de braços cruzados, encostada de costas para a parede e o rapaz meio de lado, tentando não parecer nervoso. Riu com a tentativa falhada dele de fazer uma piada. Caiu em si por alguns instantes. "Ele deve gostar mesmo de mim!" pensou esperançosa, "Para me dar um beijo daqueles na frente de todo mundo ...", suas bochechas coraram feio ao recordar de como foi; tanto que a maquiagem não conseguiu esconder nada daquele vermelho! Tentou encobri-las com suas mãos enquanto tornava a pensar. "Como o beijo dele é bom!" sorria, "Como ele sabe ser carinhoso e como sabe os movimentos certos ..." um brilho apareceu nos olhos mel-avermelhados dela.

— Poppy, tudo certo?

     Olhou para cima. Branch sentou-se ao lado dela:

— Lógico! Bom dueto, o nosso, Tronco. — endireitou-se na cadeira

— Verdade ... e ... — coçou a nuca, nevoso

— E ...? — repetiu, curiosa

— Quer sair um pouco? Está meio cheio aq- ... — calou-se ao perceber um detalhe

Estavam no meio de um círculo vazio, do qual os outros adolescentes estavam formando:

— ... SIM, POR FAVOR! — puxou o coitado pelo braço

Dirigiram-se para fora do lugar, de onde provinha uma música eletrônica muito alta. Ele a levou para um lago muito calmo e bonito. Havia um galho que praticamente atravessava dito lago, onde a lua refletia seu majestoso brilho cinzento:

— Que lindo! — exclamou ela

— Eu sei! Meus pais adoravam vir aqui antes de eu nascer. Era um lugar especial ... — sorriu — Eles esperavam que eu trouxesse a mulher que eu amasse aqui algum dia ... pena que não estão aqui para ver. — olhou para o chão

— Mas estariam felizes se estivessem aqui para quando trouxesse. — pegou no ombro dele

— ... Eu já trouxe!

— Ah ... — se afastou, decepcionada — A tal de Marília, certo?

— Não! Eu não amava ela, eu amo você! — disse decidido, em tom de bronca

O encarou assombrada. Ele corou, coisa que se notava apesar da baixa claridade:

— ... Eu já me declarei, não preciso ficar negando; nem faria sentido ... — encolheu os ombros

— ... Boa observação. — soltou

     Ele a puxou pela mão até o galho. Ela estava de costas para ele, que estava pegando-a pelos ombros. Uma brisa morna no rosto da rosada, que fechou os olhos e levantou os braços até a altura dos ombros. Uma leve pressão que desceu em suas costas deu calafrio em sua espinha. Um par de mão a pegou com delicadeza pela cintura. Virou, encontrando com um lindo sorriso de seu querido lobinho:

— O que pensa que está fazendo?

Colocou a cabeça no ombro dela, que encaixou-se perfeitamente, deu um beijo na bochecha dela:

— Não posso querer você bem pertinho de mim?

— ... Ok, seu cachorrinho carente ... — acariciou sua cabeça na dele

Agora as mãos deles tomaram posse das dela:

— Sabe o que falta agora?

— Acho que sim ... — respondeu timidamente, com certo medo da resposta

— Então ... simplesmente faça! — sussurrou em seu ouvido

Virou a cabeça para dar aquele beijo que seu companheiro tanto queria. A cena era similar à do Titanic. Nem sabem como, mas eles estavam, num segundo com ela de costas, no outro frente a frente. Derretiam-se um nos braços do outro, a cada toque e movimento. "Ele é meu!" gritava a vampira dentro de si, "ESSE ursinho de pelúcia é MEU!" afirmava decidida. Sim, qualquer um que negasse tal afirmação se veria com ela depois. Ele estava tentando se controlar para não fazer nada errado. "Como é bom!" pensava com seus botões, "Ela é perfeita ... como eu te amo, Papoula Bleed!". Falta de ar.

Encaravam-se tentando recuperar o fôlego, corando cada vez mais. Uniram seus lábios mais uma vez. Pareciam desesperados com a simples suposição sobre a possibilidade de nunca mais fazerem tal demonstração de carinho. Agora, eram selvagens. Não se importaram se seriam inconvenientes ou até se o seu companheiro/a se machucaria – o que, felizmente, não aconteceu –, só importava saciar esta saudade e esse desejo de te-lo/a em seus braços que tanto tardaram em conseguir. Mais uma vez, o ar sumiu de ambos os pulmões.

— Foi como planejava? — perguntou com a respiração pesada

— Não ... — ela ficou um pouco triste, mas se assustou quando ele sorriu — Poppy, você fez até melhor do que eu planejava!

Apegou-se ainda mais à cintura dela, que por sua vez, endireitou seus braços, que pousavam nos ombros do rapaz. Iam levemente para a esquerda e depois a direita, repetidamente. Só de sentir a respiração um do outro era tão bom – maravilhoso, para falar a verdade! Sentir a fina camada de pele da boca roçando na sua e a leve brisa quente que provinha dela, numa hipnose que os olhos faziam entrar ... era majestoso. Estavam tão juntinhos. Quase não havia espaço nenhum entre suas bocas, e seus corpos colados. Começaram a juntá-los levemente, hesitantes, como um casal de cento e treze anos dando seu primeiro beijo.

     Foi como uma nostalgia para eles. Para a rosada, era como quando começara a namorar Creek aos 120 anos. Ambos eram inexperientes na época, e seus oito anos de namoro deram experiência de sobra. Ao garoto de cabelo bicolor, era como quando Suki e ele fizeram um trato. Sim, não se orgulham nada disso, mas o primeiro beijo de ambos foi "um trato". Apesar de serem "populares" na academia, ninguém nunca gostou de nenhum dos dois. Queriam saber como era, e então combinaram de tentarem juntos, sem estragar sua amizade. Ficaram se encontrando escondidos para treinar por uma semana, e depois pararam. Ninguém sabe disso, nem Anny e Lia Mi.

— Quem diria, né? — sussurrou ela, sorrindo timidamente

— Quase saíamos no tapa, e agora ... dando uma surra de beijos ao luar? — sussurrou de volta, ironicamente

— Eu não diria que no tapa, mas ...

     Riram. De surpresa, ele a jogou na água:

— TRONCO! — gritou com raiva

     Começou a gargalhar:

— Eu fiquei um tempão me maquiando e arrumando o cabelo! — reclamou

     Ele tirou sua característica jaqueta de couro preta e mergulhou junto à ela. Pegou-a no colo, como se fosse uma menininha:

— Você não precisa de maquiagem! — colocou uma mecha rosa atrás da orelha — Você já é linda!

     Não queria, mas sorriu junto dele. Era inevitável! Estamos falando do cara que pode ser comparado com um ursinho de pelúcia, o ursinho de pelúcia da Poppy! Brincava com o cabelo bicolor dele distraída, e foi interrompida por um par de doces lábios que pousaram nos seus. Não teve outra, senão seguir seu instinto e corresponder. Giravam na água morna, como se dançassem. Levantou-a, fazendo-a sentar no galho e subiu também:

— Vai me dizer que não foi bom? — perguntou sorrindo

— Você ... — apontou acusando — ... é a minha perdição!

— E você a minha! — revelou carinhosamente, relaxando a postura

— ... Me diga, como você consegue ser tão fofo!? — perguntou meio estressada

— E quem disse que eu não sou? Só mostro para quem merece. Não quer que eu seja com você?

— ... Eu quero.

     Abraçou a si mesma:

com frio?

— Um pouquinho.

     Pegou sua jaqueta e colocou nos ombros dela:

— Fica até amanhã com ela.

— Mas você ama usar- ...

— ... -E quero que a monstrinha que mais amo não pegue uma gripe!

     Desceram do galho. Ele a levou até a saída do bosque, onde se despediram. Voou até sua caverna, onde encontrou um drácula muito bravo:

— Como que você some assim!?

— Eu não sumi, fui dormir e passar o final de semana com as minhas amigas. — corrigiu entediada

— E volta tarde, toda encharcada! — reclamou

— Eu já estou quase seca! Deixa de drama! — começou a ir ao seu quarto, desinteressada

— De quem é essa jaqueta!?

— De um amigo.

— "Amigo"?! Numa festa de MENINAS!?

— A gente também foi numa festa mista hoje!

— E se ele quiser gracinha com você!?

     Ela finalmente perdeu a paciência:

— Primeiro, qual o problema se quiser!? Segundo, e se eu quiser também!? Terceiro, a minha vida, tanto amorosa quanto pessoal e social, não te interessa! Quarto, se eu quiser algo sério com ele e ele comigo, a decisão é minha! Quinto, se o problema é você achar que sou "fácil", saiba que esta boca está restrita à dois monstros para ser tocada! BOA-NOITE!

     Dizendo isso, foi para o seu quarto. Tomou uma ducha bem demorada, dando muito tempo para pensar. "Se ele demorar para me pedir em namoro, eu mesma peço" decidiu mentalmente. Quando terminou, percebeu que estava sem sono. Viu um copo de plástico e teve uma ideia. Passou um bom tempo treinando com seu brinquedo antes de dormir.
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Notas da autora: ALERTA, ALERTA! SEMANA DE PROVAS SE APROXIMANDO! A PORCARIA DAS PROVAS SE APROXIMAM! Sério, que raiva cara! 😡

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