Branch se declara

     Poppy nunca foi em algo parecido. Ter amizades femininas nunca foi o seu forte. Guy Diamante sempre foi o seu melhor amigo e corta por aí! Namorou o Creek por sete anos, é verdade, mas era totalmente superficial e físico esse relacionamento. Quando Anny acabou se tornando sua amiga, era uma experiência totalmente nova e emocionante. Agora ela passaria a noite toda na casa de uma garota que nem conhecia direito no meio de um monte de garotas que mal conhecia, Anny a exceção! Mas apesar de tudo, estava animada.
Arrumou uma mochila pequena com tudo que precisava. Ia saindo da caverna quando seu pai chegou:
— Oi pai, tchau pai!
— Aonde pensa que vai!!?
— Passar a noite na casa de umas amigas.
— De jeito nenhum!
— Como é?!
— Você não vai de jeito e maneira!
— E você vai me impedir? — debochou
— Eu não te impesso ... te proíbo!!
— Você nunca se faz presente na minha vida, então não faz escolhas assim por mim também!!
— Como assim!!?
— ONDE você estava na minha primeira apresentação!? ONDE você estava quando aprendi a voar!? Você CONHECEU o meu primeiro namorado!? Você SE IMPORTA com os meus sonhos!!? VOCÊ FOI O PAI QUE EU PRECISAVA!!!?
Silêncio. Ela revirou os olhos:
— Sabia! Com licença, eu vou ver as minhas amigas!
Não esperou resposta, saiu da caverna se transformando em morcego. Voou até a toca da Anny, já que não sabia onde ficava a da tal de Ella. Bateu na porta. Quem abriu foi Branch:
— Olha o que o morcego trouxe ... — brincou
— A Anny aí?
— Terminando de cuidar da María.
— María?
— A irmãzinha dela- ...
— VOLTA AQUI, BENDITA LOBINHA LEVADA!! — ouviram a voz dela
Em uma questão de segundos, uma filhote de lobo se escondeu entre as pernas dela, e Anny apareceu atrás dele:
— Por favor, devolva a minha irmã?
— "Isso" é a sua irmã?
     Pegou a filhote no colo, que se transformou em uma menininha que para nós teria uns três anos:
— Depois de aprender como se transformar em lobo, está me deixando maluca!
— Entra que tá frio aí fora.
Ela obedeceu. A decoração era realmente simples, mas muito bonita e acolhedora. Os móveis eram feitos de madeira de carvalho, trançados manualmente. A iluminação era feita por vagalumes, dando um aspecto aconchegante e mágico. Ela olhava para todos os lados, admirada. Parou e olhou seu reflexo num espelho de moldura de madeira, Branch foi do lado dela:
— Foi bem hoje, M'lady Rosada. Posso saber quem é esse "único" da canção?
Virou para ele:
— Por que a pergunta, Tronco?
— Sou seu amigo ou não sou?
— Somos amigos?
— Se você quiser ...
Riram juntos, começando um olhar carinhoso mútuo:
— Por que se mantinha tão distante de mim, quando tentava me aproximar? — deu um passo
— Medo, não sabia se seu pai ia me caçar até a morte. — brincou dando um passo a mais
— Mas eu dava uma de espírita e te ressuscitava! — deu mais um passo
— Que bom saber, fofa!
Estavam a centímetros de distância do rosto um do outro:
— Eu não sou fofa!
— É sim!
— Não! Eu não sou gorda!
— Você intendeu o que quis dizer ...
     Pegou nas mãos dela, com seus lábios roçando amavelmente uns nos outros:
— E eu intendi que você gosta de me beijar. — sussurrou a vampira
— Gostar é pouco! — dirigiu sua boca até a orelha da "jovem" — Sempre, mesmo que em sonhos, quando a doçura da sua boca se encontra com a minha, o tempo para e todas as borboletas do mundo se aglomeram no meu estômago. Queria que esses momentos durassem eternamente, mas, então, não conseguiria ouvir a doce melodia que é a tua voz; nem enxergar o brilho ofuscante dos seus olhos cor de mel, que nem mesmo tal doce pode superar o que você é!
     Poppy se derreteu como naquele dia das confissões nos braços de Branch, que a seguravam pela cintura. Estava completamente vermelha de vergonha. Ninguém jamais dissera coisas tão bonitas a ela na vida! Percebendo que chegou onde queria, Branch começou a encara-la diretamente nos olhos com um turbilhão de emoções mescladas. Colocou uma mexa rosa de cabelo atrás da orelha dela com cautela e ternura:
— Nunca ficou tão linda antes ...
— Pa-pa-r-a c-om is-so!!
— Isso o que? — seus narizes se juntaram
— PARA DE SER TÃO PERFEITO!!
— Não consigo ... mas ... você não gosta mesmo de ser mimada ...?

     A carinha de cachorrinho pidão era tão fofa e de derreter o coração que ela concentrava toda a sua força de vontade em não beija-lo. Os latidos tristonhos que segurava na garganta o faziam parecer a coisa mais fofa do mundo:
— Eu gosto, e muito! — confessou sem pensar
— Sério ...? — seus olhinhos brilharam
— S-sim ... — respondeu nervosa e corando mais
— Au ... au! — lambeu a bochecha dela
Sorriu para ela, colocou mais uma mexa de seu cabelo atrás da orelha e da guirlanda de flores azuis:
— ... Tronco ... — aproximou seus rostos
— ... O que? — copiou o ato
— ... Eu gosto de você ... — seus narizes se encontraram
— ... Eu de você ... — a pegou pela cintura
— ... Como amiga? — segurou no pescoço dele
— ... Muito mais do que amiga, e já faz muito tempo ... — seus lábios roçavam
     Ambos sorriram sem saírem de suas posições. A sensação era gostosa. Estarem tão perto um do outro, mas uma mínima barra de gelo os separava; e isso não era o pior – ou seria melhor? Tinham essa vontade, ela latia e pulsava dentro de suas veias, e sabiam muito bem disso! Dava medo de alguma forma, mas num bom sentido – se é que tem bom sentido em ter medo. O medo do que os outros pensariam, o que fariam, o que pensariam, como reagiriam, milhares de "como's" e "e se's" possíveis; porém, que sumiam conforme olhavam os olhos do outro.
Tanto que, ao repararem no que faziam, estavam no meio de um beijo.
Era mágico. O toque com ternura, a respiração lenta e calma, o sabor doce, o ritmo calmo ... "perfeito" não é adjetivo suficiente para descrever essa mescla. Nem mesmo quando ele mordeu o lábio inferior dela, dando início a um beijo francês, foi nem de longe rápido ou desesperado. Branch realizava um sonho que poderíamos nomear "de infância" pelo tempo pelo qual almejava esse momento. Tê-la bem ali, em seus braços, movimentando suas bocas em perfeita sincronia ... inexplicável! Poppy realmente não fazia ideia se estava sonhando ou acordada. Creek jamais lhe dirigira frases lindas, feito carinhas para sentir pena, a consolado ou lhe dado beijos com tamanho cuidado e carinho! Eram apenas um pequeno prazer físico, vazio e substituível. Com Branch era diferente. Sentia com toda a certeza que alguém poderia ter que; se estivesse triste, chateada, cansada, estressada, irritada, alegre, carente, animada, eufórica, com medo, apavorada, qualquer coisa que sentisse; boa ou ruim; que lhe daria o mesmo beijo. Sentia como se fosse uma princesa de cristal, apesar de que odiava ser comparada com uma, fingindo ser forte com os outros, mas que poderia ser inocente e frágil com ele.
"Quero ele só pra mim, e para sempre!!" pensou. Finalmente intendeu por completo a história do Branch-descoladão. Por fora e com quem queria, era chato e briguento, mas ... com quem mais amava, era como um ursinho de pelúcia muito fofo. Ela não perderia seu ursinho de pelúcia!
Com a maior delicadeza e cautela do mundo, ele terminou o beijo. Olhou maravilhado para o rosto completamente vermelho da amante. Achava que naquele dia da quadra ela estava fofa, mas se enganara. Algumas mexas rosas caíam-lhe sobre os olhos; a luz dos vagalumes dançava, fazendo um efeito lindo no rosto dela; a boca semiaberta esboçou um sorriso largo.
— ... Eu te amo! — disse ele
Ela abriu os olhos. Parecia que tinham glitter de tão brilhantes:
— Você sabe o que realmente significa essa frase?
— Quem você acha que fez a explicação pra Anny?
     Ficaram lá, indo levemente de um lado para o outro, se perdendo em olhares. Não fazem ideia de se passaram segundos, minutos, horas daquele jeito, mas:
— Com sua licença ...
     Olharam para o lado. Anny os tinha pegado com a mão na massa:
— ... Sinto informar-lhes que eu não sou candelabro pra ficar segurando vela, não!
     Se separaram de um golpe só. Os dois estavam vermelhos como pimentões. Ele coçou a nuca antes de responder:
— ... Acho que estão esperando vocês lá na toca da Ella ...
— Verdade ... vamos, Poppy?
— Sim!! — respondeu na hora
     Elas se dirigiram a passo rápido até a porta circular e se foram. Branch tocou sua boca, ainda sentindo os toques do ato. Porém, outra coisa lhe tomava os pensamentos, o deixando ao mesmo tempo feliz da vida e nervoso:
— ... Eu me declarei pra ela ...
     Sorriu muito largamente, dando algumas risadas de pura alegria:
— SIM! EU CONSEGUI!! AUUU!!
     Gargalhou de alegria enquanto entrava e fechava a porta. Ficou de costas para ela e desceu devagar com as costas coladas nela. A sensação era inigualável. Confessou tudo que sentia por ela de uma maneira muito romântica. Deu um longo suspiro sonhador:
— ... Como você me deixa louco ... louco de amor!
     Abraçou os próprios joelhos. Ficou um bom tempo lá, depois foi para seu quarto escrever poemas, logicamente, destinados à sua amada.

Palavrinhas rápidas:

     Voltei! Cheguei meu povo!
     Tenho que perguntar, sentiram saudades do Troppy forte? Sei que foquei bastante no Tanny, mas era parte. O casal principal tarda, mas faz com estilo, isso eu garanto.
     Não sei se fico triste ou feliz. Triste porque meu foguete só voou 56 passos, feliz porque fiz um amigo novo.

   Beijos e roteiros,
                                      Aliindaa.

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