☆Jhuly☆

Jhuly acordou com despertador tocando, ainda grogue de sono tateou pela cama a

procura do criado mudo e silenciar lá o maldito relógio de cabeceira, mas sua mão pousou em algo na cama que não deveria estar ali.

Ao abrir os olhos deparou-se com a visão de uma rosa vermelha depositada ao seu lado. Sentou-se apanhando a rosa. Cheirou-a e sorriu, a flor tinha um perfume agradável. Perguntou-se quem á teria colocado ali, talvez Stevan, ou seu pai. Iria descobrir. Mas enquanto isso, levantou-se da cama, pegou um pequeno vaso de cristal que estava em cima da mesa de cabeceira, e após enche-lo de água na pía do banheiro, colocou a rosa dentro e colocou o vaso novamente onde estava inicialmente.

Após voltar para o banheiro, fazer sua higiene matinal e tomar banho adentrou novamente no quarto. Esquecendo-se da cama por fazer abriu o guarda-roupa, pegou um jeans e uma regatinha branca e vestiu-os.

Antes de descer para tomar café, pegou a mochila, jogou por sobre os ombros e saiu fechando a porta atrás de si.

- Bom dia, querida! - Cumprimentou Edgar quando ela apareceu na soleira da porta.

- Bom dia, pai! - respondeu enquanto ia até a fruteira e pegava as duas maçãs como de costume.

- Vou indo nessa se não vou chegar atrasada. Tchau, pai.

- Tchau, querida. Cuide-se.

- Eu sempre o faço! - exclamou enquanto saía para o quintal em direção ao muro que separava sua casa com a de Stevan.

Stevan já a esperava quando ela chegou embaixo da janela de seu quarto.

- Obaa, café da manhã! - exclamou ele olhando a maçã em sua mão, Jhuly revirou os olhos e em seguida sorriu ao lhe entregar a maçã.

- Bom dia para você também, Stevan! Eu estou ótima, obrigada por perguntar - ironizou.

- Ah vamos lá, de-me um desconto, eu acordei com fome. O que posso fazer? - deu de ombros.

- Você pode mexer esse seu traseiro e começar a andar, ou iremos chegar atrasados. - mordeu um pedaço de sua maçã. Stevan também o fez.

- Antes que me esqueça, queria perguntar se foi você quem deixou aquela rosa em minha cama hoje de manhã?

- Como assim, alguém deixou uma rosa em sua cama? - franziu o senho.

- É, deixou. Pensei que tinha sido você, bem... por causa do que aconteceu, hã... ontem, sabe? Achei que tinha subido pela árvore e tivesse colocado ela lá enquanto eu ainda dormia. - falou olhando para a maçã fingindo decidir onde daria a próxima mordida, apenas para evitar olhar para Stevan.

- Não, eu não o fiz. Infelizmente não fui eu a deixar a rosa em sua cama.

- Hã... tudo bem então, sabe, acho que foi meu pai. Vou perguntar a ele quando voltar para casa.

- Faça isso. - Stevan encorajou-a enquanto jogava o miolo de sua maçã fora.

Não falaram mais todo o caminho. Alguns  minutos de caminhada depois e já se aproximaram do colégio. Muitos alunos já haviam chegado e se espalhavam pela entrada, corredores, escadarias e salas de aula da construção antiga.

Era estranho mas Jhuly sentia como se não pertencesse aquele ambiente. Toda sua vida fora assim. Ela podia estar em qualquer lugar, com qualquer pessoa e ainda assim sentia que aquele lugar não era onde deveria estar. Apenas quando estava na presença de Stevan é que essa sensação sumia, o que era bastante estranho, pois Stevan era uma pessoa como outra qualquer...

Jhuly subia a escadaria de entrada perdida em pensamentos não vendo por onde pisava. Ao chegar no topo dos degraus seus pés derraparam no que parecia ser água, provavelmente derrubada da garrafa de algum estudante ou esquecida ali por alguém da equipe de limpeza, e quando Jhuly a notou já era tarde de mais e seus pés já haviam escorregado...

Stevan estava longe de mais para conseguir alcança-la a tempo de impedir que voltasse a descer as escadas de uma forma bem dolorosa. A última coisa que pensou foi: " oh merda, isso vai doer como o inferno..."

Mas a queda ou dor nunca vieram. Alguém conseguiu salva-la da queda eminente, alguém de mãos bem fortes por sinal, pois a suspendia longe do chão sem mostrar estar com dificuldade em sustentar seu peso.

- Você, hã... já pode me colocar no chão... - falou começando a ficar desconfortável por estar suspensa.

No mesmo instante sentiu seus pés tocarem o concreto novamente, mas o cara a suas costas ainda mantinha as mãos em seu quadril como se tivesse medo de que ela caísse novamente. Jhuly tentou virar-se para encarar seu "salvador " , e as mãos cederam para que ela o fizesse e em seguida voltaram exatamente para onde estavam - seu quadril, - o que talvez tenha sido uma boa ideia pois as pernas de Jhuly pareciam ter virado malditas maria mole.

O cara agora a sua frente só podia ser um Deus saído direto da mitologia grega para a sua escola. Vestido com uma jeans e camiseta negras, dava para perceber que era extremamente definido, pela camiseta rente ao corpo. Seu porte atlético com músculos. Seu cabelo era de um loiro escuro , e liso, moldando-se ao seu rosto e caindo desalinhados em algo que parecia uma franja conferindo-lhe um aspecto selvagem.

Seu rosto era ligeiramente quadrado, com  traços másculo, maçãs do rosto pronunciadas e face mais alongada, e seus lábios eram cheios na medida certa. Olhos azuis que escondiam um olhar profundo e sombrio cheio de mistérios e perigos.

Ele era de uma beleza de fazer perder o fôlego de qualquer mulher. Ele estava apenas lá, parado nas escadarias a segurando como um modelo da Vogue, em suas roupas casuais mas extremamente elegantes para um corpo como o seu.

Jhuly não conseguia parar de encarar o estranho de cabelos loiros na altura dos ombros e incríveis olhos azuis. Deus, aqueles olhos... Ela podia ficar a vida toda olhando para eles.

- Você está bem? - Ele perguntou e preocupação era uma emoção fácil de ler em seu belo rosto.

Jhuly assentiu, pois não sabia onde diabos sua voz tinha ido parar.

- Você é real? - viu-se perguntando antes que pudesse deter-se.

Ótimo! O cara deve pensar que sou maluca, pensou.

Em vez de franzir o senho para ela, ele sorriu parecendo divertido.

- Sim, eu sou real. - respondeu em sua voz máscula levemente rouca, provocando um arrepio na nuca da ruiva.

- Obrigada, por ter me segurado. - conseguiu dizer ainda encarando aqueles olhos azuis profundos.

- Foi um prazer segurar você. - Sorriu de canto fazendo o coração da garota falhar uma batida.

O sinal tocou, mas nenhum dos dois se mecheu, ficaram só ali parados em silêncio observando um ao outro, enquanto os demais alunos passavam por eles.

- Jhuly!? - Stevan chamou atrás dela, assustando-a, pois tinha se esquecido completamente dele, " e do resto do mundo também , " sua mente acrescentou.

- Merda! É, hã... quer dizer, sim?

- O sinal.

- Que sinal? - franziu o senho confusa, mas sem desviar o olhar daqueles olhos incríveis.

- O da aula, Jhuly. Para entrar. Vamos? - Stevan perguntou pondo a mão em seu ombro e Jhuly sentiu seu "salvador"  ficar tenso como se estivesse prestes a brigar, sem contar a raiva que viu passar por aqueles lindos olhos.

- Tristan!? - alguém chamou atrás do cara musculoso, e Jhuly mudou sua atenção para lá apenas para descobrir um moreno tão belo quanto o loiro a sua frente.

Voltou sua atenção para Tristan - esse parecia ser seu nome- que ainda a segurava pela cintura e viu que este estava com os olhos fechados. Após tomar uma longa respiração, voltou a abri-los e Jhuly já não via qualquer emoção discernivel ali. Até mesmo seu corpo pareceu relaxar.

- Você deve ir com ele, ou chegará atrasada na aula. - falou enquanto soltava sua cintura.

Jhuly por algum motivo desconhecido quis protestar, mas não o fez. Apenas acenou em concordância, virou-se nos calcanhares e começou a andar em direção a sua sala com Stevan logo atrás.

Alguns minutos depois e ela já estava sentada na primeira carteira da fila ao lado da parede, como de costume.

A professora explicava alguma coisa em frente ao quadro negro, mas pela primeira vez Jhuly não estava prestando  atenção em uma única palavra do que era dito; tudo o que sua mente via eram aqueles lindos olhos azuis oceânicos em sua frente.

Engraçado - pensou. Tinha a impressão de já ter visto aqueles olhos antes, mas era uma completa loucura, pois ela se lembraria se já tivesse visto. Não era como se alguém pudesse esquecer aqueles olhos, ou o dono deles...

- Droga. - xingou.

- Disse alguma coisa, senhorita, Dolson? - Perguntou a professora.

- Oh, não professora. Só estava pensando alto.

Antes que a professora pudesse falar mais alguma coisa, alguém bateu na porta e em seguida abriu-a. A atenção de todos os presentes se fixaram nos recem chegados, que Jhuly já havia conhecido de primeira mão. Literalmente.

- Com licença, é aqui a sala do terceiro ano? - O moreno ao lado de seu "salvador" perguntou.

- Sim, é aqui mesmo - A professora Martha respondeu.

- Então somos seus novos alunos - O moreno sorriu arrancando suspiros das garotas na sala, exceto de Jhuly que continuava a encarar o seu acompanhante, que agora estava encostado no batente da porta encarando-a abertamente. Jhuly corou com a intensidade do olhar do loiro e abaixou os olhos para o seu caderno.

- Muito bem, então apresente-se para a classe e se sentem. - Martha falou.

- Eu sou Mailos, e esse aqui é meu irmão, Tristan. - apontou para o loiro atrás de si.

 
                                  ***

☆Tristan☆

Tristan encostou-se no batente da porta enquanto Mailos fazia as apresentações, coisa que ele não estava com paciência para fazer no momento mesmo tendo tomado seu tempo para esfriar a cabeça e deixar sua raiva ir antes de entrar na sala, um pouco desta ainda persistia em seu interior.

Ele queria matar o maldito macho que novamente havia tocado sua Jhuly...

Falando nela, a garota estava linda como sempre. A regatinha branca que usava o fazia lembrar de quando a viu dormindo com aquela mini-camisola branca mais cedo, e só a lembrança fez seu pau pulsar para a vida dentro das calças onde estava agora dolorosamente confinado.

Como se soubesse que ele estava pensando nela, Jhuly virou-se para olha-lo e quando seus olhos se encontraram ela rapidamente corou desviando o olhar. Tristan sorriu. Ela ficava realmente adorável quando corava daquela maneira.

Seguiu Mailos até o fundo da sala quando este começou a andar e sentou-se em uma das cadeiras vazias logo atrás de seu irmão.

O tempo passava enquanto ele continuava ali sentado naquela cadeira. Professores entravam e saiam da sala de tempos em tempos mas Tristan não prestava muita atenção neles ou mesmo ao que diziam, estava mais interessado em olhar para seu belo anjo ruivo que de vez em quando lançava olhares furtivos para o fundo da sala, e toda vez que ela o fazia, Tristan sorria, pois significava que ele havia chamado sua atenção. Uma centelha de esperança se ascendeu em seu peito, de que não demoraria muito para ter enfim Jhuly em seus braços, e quando ele a tivesse faria tudo para mante-la. Ele a protegeria e amaria até seu último suspiro.

O sinal para o intervalo tocou em determinado momento tirando Tristan de seus pensamentos. Levantou-se e seguiu porta a fora pelo corredor em direção ao refeitório.

Após servir-se, ele e Mailos sentaram-se em uma das mesas mais próximas. Logo em seguida Jhuly passou por eles para sentar-se duas mesas depois com uma garota loira que sorriu-lhe. Provavelmente elas eram amigas.

- Você não pode ficar encarando-a dessa maneira, todos vão perceber - Mailos falou chamando sua atenção.

- Não dou a mínima. É até melhor, assim nenhuma outra garota se aproxima de mim. - deu de ombros.

- Nesse aspecto somos totalmente diferentes, irmão. Eu quero mais é que as meninas se aproximem. Eu já vi algumas bem quentes por aqui. - Mailos sorriu de canto.

- Só lembre-se de usar camisinha, tudo o que nós não queremos é  um híbrido da nossa espécie perdido entre humanos, pois depois que terminarmos aqui, iremos voltar para casa.

- Eu não sou nenhum amador ou idiota, irmão. Eu sei dos riscos que isso nos traria caso os humanos descobrissem sobre nós.

- Bom. Eu sei que você sempre se cuida, mas lembrar nunca é de mais.

- E o que você está planejando  fazer para passar mais tempo com Jhuly?

- Para começar? Me siga e verá. - falou levantando-se da cadeira.

Mailos amaldiçoou antes de segui-lo até a mesa onde Jhuly estava sentada com sua amiga.

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Olá, curioso(a) para saber o que irá acontecer a seguir? Então continue acompanhando porque em breve postarei o próximo capítulo.

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