Quatro


Três dias. Era isso que faltava para as selecionadas chegarem no palácio e o concurso começar oficialmente. 

Normalmente, não era uma pessoa muito ansiosa. Diferente da maioria das selecionadas, que naquela altura do campeonato, provavelmente estariam  arrancando os cabelos, podia dizer que eu estava calma e confiante.  Talvez, pelo fato de que já conhecia tanto o palácio como a família real. Desde os meus quinze anos já estava me preparando para a seleção, por que tinha certeza que entraria para a competição.

Embora eu e o rei Rubens Schreave, nunca antes tivéssemos trocado uma palavra se quiser, desde criança, nas pouquíssimas vezes que nós víamos ele sempre me mirava com  um olhar gentil e afetuoso. Com isso, conclui que o rei de Illéa gostava de mim. Por isso tinha grande possibilidade de me escolher para ser uma das trinta e cinco garotas para participar da seleção do seu filho. E eu não errei quanto a isso. A rainha Clair, também me tratava muito bem. Uma vez ela me deu um laço para colocar no cabelo.

O motivo do rei e da rainha me tratarem de forma simpática, era porque anos atrás, a minha avó, mãe da minha mãe, trabalhou no palácio como criada para Clair. Ela tinha uns dezenove anos na época e havia se casado recentemente com o rei.

Parece que a rainha teve dificuldades para se adaptar a vida na realeza e ficar longe de sua família. Além do mais, pouco depois do casamento real, a mãe dela morreu e Clair sofreu por muito tempo. Nesse momento de escuridão e tempestades, a minha avó que a ajudou a passar por tudo isso sem desistir e ser a rainha que Illéa merecia.

Minha avó faleceu a quase cinco anos atrás. A admiração e gratidão que os reis de Illéa, tinham por ela, se estendeu a mim por ser sua neta.



Sabia que ele estaria lá. No mesmo lugar. Porém, não tinha a menor intenção de deixar de lado o meu lugar secreto. O sótão. Quando surgi naquele corredor, nossos olhares se encontraram no mesmo instante e senti aquele friozinho na barriga. Mathews Lennox, pareceu surpreso, provavelmente não me esperava ali depois daquele nosso encontro inesperado.

_ Vamos fazer o seguinte, você finge que não viu nada _ Sugeri, com uma pitada de brincadeira, enquanto passava por ele com alguns passinhos rápidos. O guarda permaneceu com a sua postura profissional, olhando fixamente para frente, como se de fato não estivesse vendo nada passando por ali.

Tinha dois hobbies preferidos. As vezes lia e outras vezes desenhava. Normalmente, gostava de desenhar algo que tinha visto e que me deixará inspirada.
Sentada ao lado da pequena janela, ao sol batendo em um lado do meu rosto, fiquei encarando o papel em branco na minha frente, mordendo a ponta do lápis, sem saber ao certo por onde começar.

Na verdade, não tinha certeza do que desenharia. Apenas comecei com alguns traços. Que aos poucos foram se transformando em uma figura humana. Um guarda. Parado em frente a uma porta dupla e ao lado de um grande jarro de decoração. Ele estava em posição de sentindo.

Faltava alguns detalhes para finalizar. Como por exemplo, os olhos. Contudo, já estava no sótão a tempo demais e precisava ir. Coloquei o desenho dentro do livro e saí dali muito rápido. Mesmo sem conferir em algum relógio, meu subconsciente cronometrava o tempo exato que podia ficar escondida no meu lugar secreto. Normalmente, uma hora era o suficiente.

Desci as escadas do sótão com passos cautelosos, olhando para todos os lados, desconfiada. Nunca sabia o que poderia surgir na minha frente. Era sempre um risco. Mesmo assim gostava desse tipo de adrenalina.

Antes de pular o último degrau e pisar no chão do corredor, observei Matthews Lennox, por um momento. Estava no seu devido lugar. Mesmo o corredor sendo silencioso e quieto demais, Matthews parecia estar sempre atento a tudo o que poderia acontecer de repente. Ele corria os olhos por todos os cantos, e as vezes quando cansava de ficar na mesma posição, dava algumas voltas pelo lugar.

O trabalho dos guardas do palácio muita das vezes representava ser bem monótono e entediante. Se fosse um guarda, ficaria todos os dias esperando por algum tipo de emoção. Como por exemplo, talvez um ataque rebeldes, ou um ladrão tentando invadir o palácio ou alguma guerra. É claro que, ninguém realmente deseja que essas coisas aconteçam, porque os resultados são sempre os piores. Entretanto, a ideia ficar parada em algum canto do palácio me faria sentir inútil.

Será que Matthews, também se sentia assim? Acho que não. Ele não demonstrava em seu semblante nem um traço de impaciência. Pelo contrário, ele parecia estar sempre de bom humor.

Respirei fundo, e dei uma leve concertada na minha franja, que cobria a testa. Não tinha planos de dirigir nem mesmo uma palavra com o guarda. Só queria passar por ele sem chamar a atenção e sair daquele corredor antes que outro guarda chegasse.

_ Este sou eu?

Tinha acabado de passar por Mathews Lennox, mas sua pergunta me fez parar e olhar para trás com um olhar de dúvida.  Matthews, estava segurando o papel com o desenho do guarda que tinha feito hora antes. Ele estava analisando os detalhes do desenho e rindo um pouco. Engoli em seco, me sentindo corar e dei um passo para frente.

Me dei conta de que estava segurando o livro de cabeça para baixo. O que explicava o papel ter caído no chão perto dele.

_ Não, claro que não _ Me hesitei _ Tem um montão de guarda aqui no palácio com esse mesmo tipo de farda.

Ele mirou o desenho com a testa franzida e os olhos semicerrados por alguns instantes.

_ É, não dá para saber mesmo. Já que você não terminou de fazer os olhos e o nariz.

_ Não deu tempo _ Expliquei, entre uma risadinha fraca, enfiando as mãos nos bolsos traseiros da minha calça.

_ Você desenha muito bem _ Mathews, me elogiou, levantando os olhos para ver o meu rosto.

_ Obrigada. Hã... você pode ficar com o desenho se quiser.

Ele abriu um sorrisinho satisfatório. Como se dissesse que sabia desde o começo que aquele guarda do desenho, era sim sobre ele.

_ Mas não é você no desenho. É só um guarda qualquer _ Reforcei.

_Quer saber de uma coisa? Por que não termina de fazer o rosto primeiro e depois você me dá de presente. Vou gostar muito! _ Matthews, me devolveu o papel. Olhei diretamente nos seus olhos. Ele parecia estar falando sério.

Concordei com a cabeça

_ Pode ser.

Andando pelo corredor, me peguei com um sorrisinho bobo no rosto. Antes de virar para a direita, me atrevi a dar uma rápida olhadinha para trás. Para a minha surpresa, Mathews, estava me olhando. Mesmo um pouco de longe, o efeito do seu olhar penetrante, me causava arrepios e sentia o meu coração bater de uma forma desregulada.

O que era estranho. Não era o príncipe Joshua Schreave, o homem da minha vida? Mas não sentia por ele todas aquelas sensações físicas, estranhamente assustadoras e muito boas ao mesmo tempo!

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Oie! Hoje o capítulo de domingo saiu um pouco mais tarde. Mas aqui estamos aqui!

Quero saber o que estão achando, como sempre. Amo ler os comentários!

Não é fofo como o rei Rubens e a rainha Clair, demonstram um carinho especial por Wendy?

E o que estão achando das cenas de Matthews e Wendy? Acham que aquele desenho é mesmo ele? Será? Kkkk

Eu particularmente estou ansiosa para ver esse reencontro, quando Wendy, entregar o desenho pronto!

Enfim, é isso!
Um super beijo real e até o próximo domingo! 😘😘



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