Capítulo 25 Nos braços do homem da minha vida

Dentro da minha cabeça um turbilhão de vozes e pensamentos fervilhavam em um alvoroço sem fim, mas do lado de fora, o clima durante o almoço estava bastante descontraído. Meus pais contavam histórias dos meus tempos de criança, enquanto eu torcia para aquela conversa não terminar com uma sessão de fotos zoadas da família, e acreditem, havia várias. Rafael estava risonho, mas Rodolfo por várias vezes o vi olhando para o pai e a mãe com lágrimas nos olhos, eu sabia que tentava se manter forte por fora, mas por dentro, estava completamente quebrado.

"Meu pai construiu fortuna no decorrer da vida e terminou assim. Eu abriria mão de tudo, se isso significasse ter minha família unida e saudável outra vez."

Aquela frase ecoava em minha mente, me fazendo lembrar de o quanto eu era rica, de amor, de carinho, valores, afeto. Sei que o fim chega para todos, mas só de pensar em um dia me despedir de meu pai, meus pais, já me causa um nó na garganta, não sei o que faria da minha vida sem eles. O Rodolfo herdou uma fortuna que eu não fazia ideia de seu valor, mas mesmo que vendesse tudo pelo triplo do que valia, não seria suficiente para comprar o que ele queria de fato. Além de não ter preço, já não havia mais tempo.

— Vai ficar tudo bem — sussurrei apertando firmemente a sua mão.

— Tem que ficar — ele respondeu com um suspiro profundo.

Queria abraçá-lo, sentia que estava precisando de colo, pensei em chamá-lo para dar uma volta, sei lá, poderíamos ficar sozinhos, mas não sei porque cargas d'água aquele abismo ainda reinava entre nós. Aliás, eu sei sim, era minha consciência me torturando por conta de algo que sequer tive culpa, ou talvez tivesse, sei lá, o fato é que culpada ou não, eu o traí.

Bem que tentei acompanhar a conversa que rolava naquele clima acolhedor, mas por várias vezes me peguei pensativa sobre as atitudes do Raul. Agora eu sabia que não o amava, nem sei se cheguei a amar um dia, mas ele sempre foi para mim a imagem de alguém com quem pudesse contar, construir uma família e saber que não ficaria sozinha na vida. 

Um dia ele foi importante, e a ideia de perdê-lo me assustava, só que agora as coisas haviam mudado, e aquela figura de proteção, de cumplicidade já não era mais a mesma. A pessoa importante, já não fazia falta, eu só não entendia essa dificuldade de ignorar aquele sentimento de frustração, de pena, autopiedade, por mim e por ele. Eu não entendia o motivo de conseguir enfrentá-lo, dizer as minhas verdades, mas não de entrar numa delegacia e apontá-lo como alguém que me pudesse fazer algum mal.

— Está distante — Rodolfo apertou minha mão discretamente.

— Estava pensando nas coisas que vêm acontecendo, eu só queria que todos ficassem bem.

— Você ainda se importa com ele.

Aquela afirmação veio acompanhada de um olhar preocupado, é incrível como Rodolfo sempre soube lidar com as situações com muita maturidade, eu nunca fui assim.

— Quando cheguei naquela boate e o vi beijando a Romana, me senti tão mal, uma dor aqui dentro do peito me sufocava, calafrios, vontade de chorar, de gritar, explodir. Mas agora quando o vi com a Wendy, já não foi a mesma coisa.

— O que você sentiu?

— Raiva.

— Raiva?

— Sim, porque ele está tocando a vida livremente, e se eu quiser fazer o mesmo, terei que ir até uma delegacia me expor, cutucar a ferida, passar um transtorno desnecessário.

— Então o Fabiano não vai ficar na fazenda em tempo integral — perguntou minha mãe ao meu pai, ganhando a nossa atenção.

— Não, ele vai prestar serviços de veterinária para a fazenda, mas não pode estar aqui em tempo integral porque acabou de assumir um cargo no Instituto de defesa agropecuária do estado.

"Ótimo, um problema a menos", pensei. Afinal, eu estava abarrotada de confusões e não precisava de mais uma para a conta.

— Aonde a senhora vai com esse machado? — Rafael perguntou a minha mãe, que mal descansou do almoço e já estava procurando serviço. — Gente, ela é muito elétrica.

— Toda vida — concordou meu pai.

— Vocês são exagerados, eu só vou cortar um pouco de lenha, quero fazer broa e já aproveito para fazer doce de leite.

— Não mesmo, isso é serviço de homem — Rafael foi em sua direção, pegou o machado e apontou para o irmão. — Mostre seus dotes como homem do campo e honre o cargo de macho alfa da família, já que eu falhei nessa missão.

Enquanto meus pais riam da brincadeira de Rafael, o Rodolfo sem pestanejar aceitou o desafio. Quem diria que aquelas mãos preciosas, que costumavam operar partes tão sensíveis como o cérebro humano, entre outras, agora manuseavam um machado me causando uma visão que me fez entender o tal fetiche em torno do lenhador.

▬☼▬

Já passava das duas da tarde quando encostou um carro de luxo na fazenda. Se tratava de um grupo de empresários que tinham interesse em adquirir terras na região e conhecer um pouco mais sobre o investimento no ramo de gado de corte em sistema de confinamento, que nada mais era do que um sistema estratégico onde os animais são mantidos em áreas restritas, como currais, piquetes e baias. Durante o confinamento, esses animais são agrupados em lotes onde recebem uma alimentação balanceada e água em cochos de modo que aceleram a engorda para a comercialização.

O patrão já havia ligado e avisado que viriam, então meu pai teria a função de lhes mostrar como o negócio funcionava. Volta e meia aparecia alguém por ali tentando fechar parcerias, fazendo várias propostas, e como os donos estavam sempre viajando, na maioria das vezes era meu pai quem os recebia. Como agora, por exemplo, que ele entrou naquele carro de luxo e saiu com eles para algum canto que eu não fazia ideia, e pelo visto, não voltaria tão cedo.

— O Rafa vai conosco na cachoeira? — perguntei ao vê-lo deitado na rede da varanda mexendo em seu celular. Com a tarde livre, havíamos combinado de fazer um passeio pelo bosque.

— No momento estou tentando assimilar o pé na bunda que acabei de levar por mensagem.

— Como assim, o que aconteceu? — Rodolfo perguntou ao irmão.

— A lei do retorno — Rafael se levantou, caminhou até a escadaria da frente que dava para o jardim, e se sentou no primeiro degrau onde ficou encarando o gramado. — Ele teve uma recaída com o ex-namorado e resolveram reatar.

— Poxa, Rafa, eu sinto muito — me sentei ao seu lado descansando a cabeça em seu ombro.

— Esse tempo que fiquei fora do país, sei lá, me peguei várias vezes pensando sobre minha vida — Rafael olhou para mim e em seguida voltou sua atenção para o irmão. — Pensei que estava apaixonado pelo Levi, mas a verdade é que me apeguei a segurança que ele me passava. O Felipe nunca me tratou daquela maneira, eu tinha que ficar me escondendo, me justificando, suportando suas crises excessivas de ciúmes que às vezes eram até violentas, e com Levi era passeio de mãos dadas, festas, curtição — seus olhos se estreitaram, mas o olhar em si era tão distante que logo imaginei que a última coisa que enxergava eram as folhas verdes do gramado a sua frente. — Eu me apaixonei pela maneira como era tratado, e sei que isso me fará falta, mas quero que seja feliz. Eu tenho um carinho muito grande por ele, e se não me ama o suficiente para ficar comigo... que siga seu caminho em paz.

— Quem dera Raul pensasse assim — murmurei mais para mim mesma, do que para eles.

— O Raul é um idiota — Rafael esboçou um sorrido fraco, seguido de um suspiro profundo, antes de voltar a ficar sério. — Não posso passar a vida tentando mudar quem sou para me encaixar na vida das pessoas. Estou cansado, perdido, quem dera poder tomar um rumo diferente.

— Se quiser, podemos ir mais tarde até a cachoeira — sugeri.

— Não é a primeira vez que deixam de fazer um passeio por minha causa — afirmou se levantando e limpando a poeira de sua calça com as mãos. — O Otávio vai até a cidade, me chamou para ir junto e acho que vou aceitar.

— O Otávio? — franzi o cenho, curiosa.

— Ele vai buscar suas coisas no parque de exposições, eu disse que nunca estive nos bastidores do rodeio, enfim, juntamos o útil ao agradável, eu dirijo e ele mata minha curiosidade.

— Sei — eu ri sugestiva.

— Você não sabe de nada, eu acabei de levar um pé na bunda, quer fazer o favor de me deixar sofrer do meu jeito?

— Rafael? — estreitei os olhos com um sorriso divertido.

— Rô, faz alguma coisa! — Rafael olhou para o irmão enquanto apontava para mim.

— Eu não sei de nada — Rodolfo levantou as mãos com um sorriso.

— Ok, Rafa, eu e o Rodolfo vamos fazer um passeio até a cachoeira e você vai "unir o útil ao agradável", sofrendo do seu jeito embaixo da aba de um chapéu.

— Mas essa loira está abusadinha hoje — Rafael sorriu desconcertado.

— Vamos, Rodolfo, a superação dele está vindo ali no volante de uma caminhonete turbinada.

— Leva ela daqui logo! — Rafael empurrou o irmão aos risos.

Enquanto me afastava com Rodolfo, acenei para Otávio que desceu do veículo cumprimentando Rafael com um aperto de mão. Era bom ver meus amigos se dando bem, o Raul mesmo os conhecendo a anos, nunca conseguiu uma aproximação, e os rapazes mal chegaram e já se entrosaram como se se conhecessem a muito tempo.

— Vai ser bom ele sair um pouco — disse Rodolfo quando entramos na trilha rumo ao bosque.

Até aquele momento, não tínhamos ficado sozinhos de fato. Aconteceram mil e uma coisas e para ser sincera, eu estava evitando esse momento, já não bastava ele ter me visto abraçar o Fabiano, o irmão dele, e agora ainda tinha aquele beijo para engolir. Literalmente eu estava no bico do corvo, como dizem no interior.

— Eu olho para esse lugar e me lembro da criançada correndo por essas árvores. Naquela época nossa única preocupação era não passar do horário para voltar para casa, senão a mãe brigava — falei me desviando de um galho ao contornar uma árvore nativa.

Dobrei a barra da calça e tirei o calçado, eu gostava de andar descalço pelo riacho da nascente naquela época do ano. Devido a temporada de seca a água baixava consideravelmente deixando um longo percurso de areia, pedras e águas límpidas e calmas, até chegar nas rochas da cachoeira.

— Esse lugar é lindo demais — disse ele me acompanhando.

A água gelada passava pelos nossos pés rumo ao rio, que sumia por entre as árvores que balançavam timidamente abrigando pássaros de várias espécies, que cantarolavam formando uma sinfonia perfeita. Eu sempre passava por ali, era um local cercado por mata nativa e flores silvestres, me transmitia paz.

— Tem medo de água fria, doutor?

— Por que? — perguntou-me distraído.

— Porque ninguém sai daqui sem ser batizado — sorri batendo as mãos na água e jogando sobre ele.

Rodolfo abriu os braços olhando para suas roupas molhadas e balançou a cabeça com um sorriso travesso. Não esperei, saí correndo, mas acabei sendo alcançada a alguns metros a frente.

— Eu já fui batizada — falei quando me encurralou na curva do riacho, que apesar do barranco a água não ultrapassava a altura do joelho.

— Pois então faremos a confirmação do batismo — ele bateu aquelas mãos gigantes causando uma chuva gelada que me atingiu em cheio.

Parecíamos duas crianças travessas correndo, rindo alto e jogando água fria um no outro. Uma cena que jamais pensei viver novamente, tampouco ao seu lado, ainda mais ali onde colecionava as melhores lembranças da minha vida. A gente cresce e deixa de fazer essas coisas, que apesar de simples, nos fazem muito bem.

— Saudade dos tempos de criança — falei retomando o fôlego. — O que foi?

Rodolfo me encarava daquele jeito que me arrepiava por inteira. Sua camisa molhada marcava cada músculo proporcionando uma visão que merecia ser eternizada em uma pintura. Ele se aproximou sem desviar o seu olhar do meu, tirou uma mecha do meu cabelo que escorria pela testa deixando uma carícia em meu rosto.

— Você é linda.

— Vou te dar o contato do meu oftalmo, talvez ele te ajude — tentei passar por ele, mas segurou meu braço.

— Eu não consigo, Cíntia.

— Oi?

— Sinto sua falta.

Engoli em seco quando se posicionou a minha frente. Meus olhos foram até sua boca e então voltaram para o restante de seu rosto, tão lindo, tão meu. Que saudade!

— Eu também sinto a sua falta.

— Como é bom ouvir isso — Rodolfo me puxou pela cintura e me abraçou apertado. — Sinto falta do seu cheiro, do seu corpo, eu me acostumei a te ter por perto e agora aquela casa está tão vazia.

— Rodolfo, a sua mãe, ela...

— A minha mãe não dita as regras da minha vida, ela sabe disso. Eu não sou ele, entenda de uma vez por todas, nunca vou permitir que minha mãe te maltrate. Se isso aconteceu foi porque eu não estava por perto.

— Me senti tão humilhada — escondi meu rosto em seu peito. — Eu não quero ser um problema para você.

— Ei — ele segurou em meu queixo fazendo com que olhasse em seus olhos. — Você nunca seria um problema, eu te quero em minha vida.

Não tive tempo de responder, sua boca quente colou na minha de uma forma desesperada, sedenta, com a mesma urgência que eu sentia, era a saudade falando mais alto. Sua mão firme traçava um caminho perigoso ao mesmo tempo que me prendia ao seu corpo rígido, quente o suficiente para esquentar o meu. Até pensei que iríamos além, mas o que rolou foram beijos e carícias com sussurros de palavras românticas ao pé do ouvido.

— Me sinto um adolescente ao seu lado, sabia? — ele sorriu, me encarando.

— Eu também — retribuí seu sorriso entrelaçando nossas mãos.

— Essa cena vai ficar gravada em minha mente, nós dois aqui sozinhos nesse paraíso.

— Tenho medo de te decepcionar — murmurei ao me lembrar do beijo com Fabiano.

— E como me decepcionaria?

— Têm coisas que não dependem de nós.

Eu não sabia como contar, não fazia ideia de como reagiria, ele já carregava a mágoa de uma traição, estava em um momento super delicado, talvez nunca me perdoasse. E eu nem tive culpa, ou será que tive?

Enquanto caminhávamos pelas margens do riacho, eu exibia um sorriso bobo no rosto, feito uma criança que ganhou o tão esperado presente de natal. Mesmo sem plateia, ele me conduzia naturalmente, sorrindo, brincando, como eu vi por várias vezes meu pai fazendo com minha mãe. Se ele soubesse como aquele gesto tão simples mexia comigo, já não tinha mais esperanças de viver um momento assim, tão único, envolvido de tanto carinho e respeito. O Rodolfo tinha o dom de me surpreender.

— Chegamos — apontei para a cascata que caía preguiçosa sobre a bacia de águas cristalinas.

Estávamos no alto de um lajeado de pedras, onde na minha infância e adolescência eu me refrescava e fazia piquenique com os amigos. Já colecionava belas lembranças e agora ele estava ali para fazer parte delas.

— Que paisagem, o Rafael vai amar esse lugar — ele comentou se sentando ao meu lado, depois de tirar umas fotos do local.

— Eu costumava brincar muito aqui, foi assim que aprendi a nadar.

— Você teve sorte — Rodolfo sorriu tímido. — É nítido o carinho dos seus pais para contigo. O respeito com que eles se tratam, isso me fez recordar de quando meu pai era mais presente. Eu já tive um lar assim, mas depois foi desabando e só restaram lembranças.

— Meus pais gostaram muito de vocês dois — falei me deitando de costas na pedra com a mão atrás da cabeça.

— Foi recíproco — ele se deitou ao meu lado.

— E a Karina, desistiu de ir atrás de você?

— O que eu quero com a Karina, se eu tenho uma mulher maravilhosa aqui do meu lado? — ele se virou e me puxou para junto de si.

— Rodolfo, eu preciso te falar uma coisa, é que...

— Agora não, só me beija porque eu quero muito te amar com esse paraíso como testemunha — sussurrou em meu ouvido deixando uma leve mordida ali.

— É que...

— Que o quê? — perguntou trilhando beijos agora em meu pescoço, enquanto sua mão me puxava para mais perto.

Quem resiste a uma tentação dessa? Nem que eu quisesse falar não, isso seria impossível, o simples toque de suas mãos em minha pele me deixava em chamas.

— Tira logo a minha roupa — pedi ao cravar minhas unhas em sua cintura, eu o queria e tinha que ser agora.

Que saudade eu senti daquele corpo sobre o meu, aquela mão habilidosa que me apertava com tanta vontade, aqueles músculos firmes, rígidos que eu acariciava, mordia, beijava. Era tão natural, e tão intenso ao mesmo tempo, suas mãos tinham o poder de despertar o melhor de mim. A Cíntia que durante muito tempo foi reprimida, agora se entregava sem medo, sem vergonha, sem pudores, eu só me jogava em seus braços e me permitia ser feliz.

— Que saudade dessas curvas — ele sussurrava me apertando firme. — Estou enfeitiçado por você, minha loira.

Rodolfo me despiu sem cerimônia, ele me envolvia com suas carícias, aquela boca quente que explorava cada canto do meu corpo, trilhava beijos e mordidas em minha pele arrepiada, que se aquecia como se fosse entrar em combustão. A forma como me olhava com admiração enquanto me acariciava, como se deliciava com minhas reações, me fazia sentir a mulher mais linda do mundo, a mais perfeita de todas, e isso era um afrodisíaco potente. Ele sabia exatamente onde me tocar, como me tocar, e fazia isso muito bem, me instigando a retribuir a altura.

O som das águas descendo pelas pedras da cachoeira, dos pássaros nas árvores, da natureza se misturavam aos nossos enquanto ele me amava loucamente naquele cenário perfeito. Pode se dizer, que depois de ficar bêbada e acordar do outro lado do país, aquela foi a maior loucura que eu fiz na vida, já que ali era um local muito frequentado, tanto pelos jovens da fazenda, como por pessoas das propriedades vizinhas. 

Se me arrependo? Jamais, foi muito bom me jogar em seus braços e deixar que aquela euforia do proibido tomasse conta de mim. Arrisco a dizer que foi o momento mais erótico da minha vida, e quando chegamos ao ponto máximo do prazer, as lágrimas molhavam meu rosto num misto de felicidade e medo. Felicidade por estar com ele, e medo de perdê-lo quando soubesse que beijei outro cara.

— Você foi uma grande surpresa em minha vida — ele disse quando repousava a cabeça em seu peito.

A brisa leve tocava meu corpo nu, que descansava ao lado do dele sobre as pedras cobertas pela sombra das árvores, tendo apenas alguns pontos de luz solar que entravam por entre os galhos e as folhas. Não pude deixar de apreciar aquela visão, o Rodolfo parecia uma obra de arte esculpida a mão por um artista muito inspirado, músculos, potência, habilidade, uma mistura de tudo o que faria uma simples mortal como eu se apaixonar perdidamente. Foi ali que tive a certeza absoluta de que o amava, pela primeira vez estava amando de verdade, eu só não sabia como me declarar.

— Uma sereia — ele sorriu quando emergi após um mergulho.

— Essa sereia nasceu com um problema sério, não conseguiria encantar um homem com meu canto — eu ri. — Ele fugiria para as montanhas.

— Você não precisa cantar, só faz aquele som gostoso no meu ouvido quando estou te amando e já me leva para onde quiser.

— Mas olha que safado! — bati a mão na água à sua frente jogando uma boa quantidade sobre ele.

— Eu disse que estava viciado em você — agora ele sorria me encurralando entre si e a parede de pedras ao lado da cachoeira. — No seu corpo — sussurrou beijando meu pescoço. — No seu cheiro — sua mão passou pela parte de trás de minha coxa me suspendendo até que se encaixasse completamente em mim. — Eu quero você pra mim.

— Devo ter perdido o juízo mesmo, e se alguém aparece? — comentei olhando ao redor.

— Se quiser eu paro.

— Não se atreva — mordi seu ombro ganhando um sorriso satisfeito.

— Se soubesse como senti falta de estar assim contigo — sussurrou em meu ouvido, antes de morder meu queixo. — Vou te amar até no espaço se tiver oportunidade, você me virou a cabeça de um jeito que nenhuma outra conseguiu.

— Foi nos seus braços que descobri que posso ser feliz de verdade — afirmei naquela euforia.

— Eu quero namorar contigo, Cíntia, pedirei a sua mão ao seu pai essa noite.

Não consegui assimilar a sua declaração estava rumo às nuvens naquele momento, e depois, ah, depois eu não tinha forças para pensar em mais nada, apenas desabei em seus braços tentando me recompor.

Eu estava nos braços do homem da minha vida.

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