Capítulo 21 O mundo dá voltas

Depois de me livrar das lembranças de Raul, refleti sobre minha história com Rodolfo e não consegui ver uma luz no fim do túnel. Ele, assim como eu, estava calejado pelas rasteiras da vida e sempre deixou claro que não queria compromisso, estávamos nos curtindo e era só isso. O problema é que se encaixava tão bem em minha vida que seria difícil encontrar outro cara que me tocasse daquela forma. 

Eu fechava os olhos e sentia seu toque firme em minha pele, o gosto do seu beijo ainda era presente em minha memória, assim como o calor de seu corpo e todas as sensações que ele me proporcionava.

— Por que você tinha que cruzar o meu caminho Rodolfo? — suspirei debruçada na janela olhando para o céu estrelado, talvez ele estivesse fazendo o mesmo era um hábito que tínhamos em comum. Só queria ser aquela brisa leve que balançava as flores no jardim para poder voar até lá e tocar seu rosto uma última vez.

Eu sabia que aquela aventura teria um fim quando retornasse para casa, talvez trocássemos algumas mensagens, ligações que acabariam se tornando raras até que não acontecessem mais. No fim, nossa amizade ficaria apenas na lembrança de um tempo bom que se foi. Era o que eu lutava para acreditar porque sequer tive a oportunidade de me despedir, e a dor de pensar que poderia ter dado certo me fazia sentir pior do que já estava. A mãe dele me privou de ter essa resposta.

"Escute bem, mocinha, eu sou a matriarca da família, estou tomando as rédeas por aqui e não quero que procure meu filho outra vez."

Parecia que estava ouvindo sua voz carregada de maldade...

"Ele não é para alguém como você, recolha-se em sua insignificância e vai!"

Como pode uma pessoa ser tão cruel ao ponto de agir assim por nada? Aquela mulher nem se deu ao trabalho de me conhecer e já me expulsou da vida de seus filhos como um cão sarnento.

"Eu queria te dizer, Cíntia, que você é uma grande mulher. Você não precisa rastejar por homem nenhum, pode ter o cara que quiser aqui na palma da mão, e sabe por quê? Porque é uma mulher incrível, é linda, educada, divertida, humilde e muito honesta. Nunca mais coloque homem nenhum em um pedestal, ao ponto de se anular."

— Ah, Rafa, como eu sinto a sua falta! — murmurei ao me lembrar de suas palavras, ele sempre sabia o que dizer nas horas que eu precisava de conselhos.

Lágrimas de saudade desciam pelo meu rosto ao me lembrar de nossos momentos desde quando aquela loucura toda começou. Da sua alegria, ele tinha o dom de me fazer rir, até mesmo das coisas que me faziam chorar, Rafael era único, insubstituível. 

Me levantei e fui até a cama, o silêncio da noite tem o poder de nos deixar mais sensíveis, e quando encostamos a cabeça no travesseiro é como se um turbilhão de sentimentos viessem a tona, como agora, que eu chorava olhando para aquele celular tentando segurar o impulso de buscar por notícias. Sei que não tinham culpa das atitudes de sua mãe, mas se me aproximar deles, significava viver sendo pisada por aquela senhora, eu preferia ficar longe. Até para ser humilhado tem limites, eu não merecia um tratamento tão cruel.

▬☼▬

Já era fim de tarde quando eu me olhava em frente ao espelho. Vestia uma calça jeans, camisa de botão, bota e chapéu, nem de longe parecia aquela mocinha que desfilava de salto alto ao lado do Rafael nos eventos. Definitivamente eu tinha várias versões, mas a roceira era a que mais se encaixava com minha personalidade.

— Marcelo não vai poder levar as meninas? — A voz de minha mãe ecoou pelo corredor, quando eu retocava o batom com a porta do quarto entreaberta.

Eu peguei a conversa pela metade, mas ouvi o suficiente para entender que o irmão da Manu que iria conosco, por algum motivo não poderia ir mais, e agora outro rapaz nos levaria. Não prestei muita atenção, eu estava concentrada em minha tarefa de decidir se seguia o conselho de minha mãe e trocava a jaqueta jeans por um casaco, já que era início de inverno e a noite costumava ser consideravelmente fria nessa época.

— Não vai mesmo trocar? — perguntou ela outra vez ao aparecer na porta.

— Acho que não.

— Mas é teimosa — cantarolou com a voz serena.

— Estou bem, mãe, nem está tão frio — me ajeitei uma última vez em frente ao espelho, tomei a sua benção e fui em direção à sala.

— Se ver que fica tarde, espere amanhecer para voltar — orientou meu pai — E cuidado nas estradas.

— O Natan vai com o carro dele, ficaremos todos juntos, o senhor não se preocupe — afirmou o rapaz quando eu me aproximava.

Não reconheci a voz, mas jamais esqueceria aquele rosto.

"Ah, não!", pensei dando meia volta, mas não sem antes ser notada por eles.

— Boa noite, Cíntia.

Fiz uma parada brusca sendo acometida por um frio intenso que subiu pela minha coluna. Eu esperava qualquer coisa daquela noite, menos que o motorista em questão, fosse o meu amor platônico da adolescência, que eu não via há pelo menos cinco anos. Mais especificamente, desde a época em que me chamou de criança quebrando meu coração em milhares de pedaços.

— Fabiano — engoli em seco lhe oferecendo um sorriso fraco. — Quanto tempo.

— São as correrias da vida — disse ele, ajeitando o chapéu.

— E a Manu? — perguntei desconfortável.

— Eles estão aguardando na colônia — respondeu como se me analisasse. Não julgo, estava fazendo o mesmo.

Fabiano sempre foi bonito, mas agora mais maduro estava literalmente um pedaço de mau caminho. Ainda mais com aquela barba bem desenhada em sua pele clara contrastando com o azul de seus olhos. Seu rosto era de uma simetria invejável e as covinhas na bochecha quando ria, o deixava ainda mais atraente, aliás, uma marca registrada dos irmãos. 

O jovem vestia uma calça jeans preta marcando o corpo, camisa manga longa em um tom de azul escuro, com os primeiros botões abertos exibindo um cordão de outro que se destacava em seu peito desenhado por músculos aparentes. Na cabeça o chapéu branco, e para terminar de lascar com meu psicológico, bota, fivela, relógio, tudo o que um peão raiz costuma usar. Acho que ficou bem nítido que sempre tive um fraco por peões, ou seja, tinha que ficar bem longe de qualquer coisa que continha vodca aquela noite... só por precaução.

— Assim que o rodeio terminar, deixo as meninas no apartamento e vou com os rapazes para o hotel.

— E o seu apartamento? — perguntou meu pai ao ruivo, que diferente de mim, estava bem confortável com aquela situação.

— Está em reformas.

— Eu preferia que ao menos você dormisse no apartamento da Cíntia.

— No apartamento? — falamos em um uníssono.

— Sim, podem se ajeitar por lá, eu sei que jamais faltaria com respeito com minha filha, confio em você.

— Seu pai está preocupado com o Raul, filha — justificou minha mãe ao perceber meu olhar de espanto.

— Ele não ousará se aproximar dela, e se o fizer, estaremos por perto — Fabiano cruzou os braços à minha frente.

— Eu prefiro que fiquem no apartamento, é mais seguro — insistiu. — E também não há necessidade de ficar no hotel já que estão indo juntos e tem espaço.

— Algum problema para você? — Fabiano voltou sua atenção para mim.

— Você pode ficar na sala com o Luan, eu fico com a Manu no quarto — respondi sentindo o rosto esquentar.

— Fico mais tranquilo assim — afirmou meu pai nos acompanhando até a área da frente. — Qualquer coisa liguem. E você, Cíntia, nada de bebida alcoólica.

— Precisa nem recomendar — pedi sua benção e saí de fininho rumo à caminhonete, sendo seguida pelo dono dela.

A gente até tenta se manter firme no propósito, mas o inimigo joga sujo só para te ver caindo na cilada. E a minha veio em forma de um peão ruivo, de olhos azuis, cheiroso, corpo malhado, montado em uma caminhonete cabine dupla com espaço o suficiente para dar uma festa. Nada com o que se preocupar.

— Está linda — sorriu de canto passando por mim. — Como sempre foi.

"Filho da mãe, quando eu te queria não me olhava assim" — pensei ao entrar no veículo.

— Está tudo bem? — perguntou afivelando o cinto de segurança.

— Sim — me ajeitei no banco olhando para a direção oposta.

Não é como se estivesse mal, só era estranho reencontrá-lo depois de tanto tempo, sei lá, me causou uma sensação desconfortável chamada nostalgia, que piorou ainda mais quando ligou o rádio em uma estação de músicas antigas e tocava uma que falava que amar não era pecado. Essa foi a que eu mais ouvi enquanto chorava por ele nos meus tempos de drama da adolescência.

Como pode o coração bater tão forte por conta de uma lembrança? Não esperava que aquela aproximação, com trilha sonora, me trouxesse tantos sentimentos confusos. Será que isso é normal?

— Bons tempos, não é? — ele disse saindo com o veículo.

— Para alguns, sim — respondi desviando o olhar.

Fabiano soltou um suspiro profundo e acelerou pela estrada de chão, acho que entendeu que não estava muito afim de trocar ideias sobre o passado e respeitou minha decisão. Será que tinha como piorar?

"Ótimo", pensei quando chegamos na colônia da fazenda e vi que além de Emanuelle e Luan, nossos amigos de passeio eram dois casais de namorados, o que fazia de mim, uma peça avulsa ao lado do peão ruivo que, pelo visto, decidiu me notar depois de tanto tempo. Sim, tinha como piorar.

As luzes dos refletores dançavam no céu, enquanto o colorido do parque de diversões completava aquela paisagem bonita em noite de lua cara. Respirei profundamente levando meus pensamentos a quilômetros de distância, eu estava ao lado do meu crush do passado, amigos, no meio de tantas pessoas, mas sentia falta de uma só.

"Que saudade de você, Rodolfo", suspirei saudosa. "Será que também pensa em mim?"

O centro de eventos estava lotado, Manu caminhou ao nosso lado de mãos dadas com Luan, os outros dois casais também de mãos dadas ficaram um pouco mais atrás, e ao meu lado, Fabiano permanecia com as mãos no bolso. A situação em si me incomodou, porque durante três anos era eu a sair acompanhada, e agora parecia estar sobrando. Não que Raul me fizesse falta, de modo algum, mas quando se passa um certo tempo em um compromisso, a liberdade em alguns momentos, nos dá a sensação de solidão. Ao menos era assim que me sentia naquela noite.

Jovens, casais de namorados, famílias, pais e mães com crianças carregando aqueles balões flutuantes em forma de coração, personagens de desenhos e bichinhos, passavam por nós. Alguns vendedores ambulantes traziam consigo brinquedos coloridos com luzes que chamavam a atenção das crianças, outros com algodão doce, maçã do amor, pipocas, cocada, clima típico de festa de agropecuária. Apesar de tudo, era bom estar em casa.

— Vamos marcar um ponto de encontro — disse o Fabiano, quando paramos em meio a multidão. — Se nos separarmos e alguém ficar sem bateria, podemos nos encontrar em frente a roda gigante uma hora depois do término do rodeio.

— Alguém vai no show? — perguntou Lívia, namorada de Natan.

Ela eu já conhecia, era uma moça de traços indígenas que apesar de morarmos a tanto tempo na mesma fazenda, nunca fomos próximas, ela não era muito sociável, e nem eu.

— Eu não — respondi. — Se quiserem ir, por mim tudo bem, fico no apartamento, só não me deixem para trás.

— Nós vamos — disse Natan. — Depois me mande a localização do apartamento, que pela manhã passo lá para irmos embora.

— Se quiser ir no show com eles, eu peço um Uber para me levar até em casa — falei para Fabiano que negou com a cabeça. — É sério, não precisa deixar de se divertir por minha causa.

— Não estou deixando de me divertir, e posso dormir no carro se isso a deixa mais confortável.

— Não! — falei parando a sua frente. — Não estou desconfortável, só não queria que você se sentisse na obrigação de ficar comigo quando poderia estar curtindo com os amigos, ou sei lá, com uma garota.

— Não existe uma garota, e estou curtindo com meus amigos. Isso não é uma obrigação.

— Está tudo sob controle — murmurei correndo meu olhar sobre ele e me perguntando se não era pegadinha. Eu fui chifrada e esculachada por um cara feio, que me queria e agora tropeçava em homens perfeitos... que eu não ousava querer. Ironia do destino, não?

Passamos pela exposição de máquinas agrícolas onde os vendedores explicaram sobre suas tecnologias. O Fabiano demonstrou suas habilidades com o drone, era apaixonado por esses aparelhos. Em seguida fomos para a exposição de animais e me dispersei quando ele encontrou uns amigos da faculdade e parou para conversar com eles. Manu e Luan se distraíram com os nelores do leilão e eu acabei indo para o outro corredor onde tirei algumas fotos para mostrar aos meus pais.

— Cíntia.

Ao ouvir aquela voz me virei rapidamente, eu imaginava que nos encontraríamos, mas não esperava que fosse agora.

— Raul — falei desanimada.

— Como você está?

— Bem, e você?

— Eu queria te dizer que...

— Raul, por favor, se vai insistir naquela história de casamento é melhor...

— Amor, você viu... — disse Wendy, uma blogueira da cidade. Que por sinal já havia feito várias postagens sobre nós no passado. — Oi, Cíntia, não sabia que havia voltado.

A garota abraçou o Raul pela cintura me causando um sentimento de surpresa.

— Eu moro aqui — respondi observando Emanuelle que se aproximava lá adiante, ainda distraída com os animais.

— Então — Raul limpou a garganta e secou a testa com um lenço branco que tirou do bolso. — Eu precisava falar contigo, mas não precisa ser agora, posso te ligar amanhã, ou...

— Claro que precisa ser agora — sua acompanhante revirou os olhos.

Se tratava de uma garota que por mais de uma vez me perguntaram se tínhamos algum tipo de parentesco devido a semelhança que existia entre nós. Ela era bastante conhecida na cidade por suas postagens, tinha muitos seguidores, só não mais do que eu, que fui contemplada com um escândalo que com certeza se beneficiou com suas alfinetadas, pois costumava ser ácida em seus comentários e publicações. Perfeita para ser a atual do meu ex, já vinha com ranço instalado.

— Acho que já dissemos tudo o que tínhamos de dizer um ao outro, não sei o que mais poderíamos ter a tratar — falei observando que a jovem usava um conjunto de brincos e colar que ele me deu no último aniversário de namoro. Eu reconheceria aquela peça onde a visse, era uma joia exclusiva.

— Tem algumas coisas suas no apartamento dele, enxoval, roupas, coisas bregas, sem utilidade — disse ela com desdenho. — Eu mesma empacotei, se tiver dificuldade para buscar me avise que mando no teu endereço. Não se preocupe, eu pago o frete.

Raul evitava me olhar, a moça ao seu lado me encarava com superioridade, e eu, lutava contra a enorme vontade que sentia de apertar o pescoço do cara que só me deu desgosto e não aprendeu a ser homem.

— Está tudo bem por aqui? — perguntou Emanuelle se aproximando com Luan.

— Está sim, não é, meu amor? — a garota apertou o queixo do Raul e selou seus lábios em um beijo breve. — Sei que é difícil ser trocada por outra, mas a vida é assim, ninguém é de ninguém.

— Sobre as coisas que estão em seu apartamento, só quero a colcha que minha avó me deu, o resto pode fazer como eu fiz com suas lembranças. Queime, elas não terão serventia — falei para o Raul antes de voltar minha atenção para a namorada esnobe. — E quanto a você, eu não fui trocada por outra. Para alguém que vive postando fofocas na Internet deveria se informar melhor para não passar vergonha falando asneiras. E pode ficar com os brincos e o colar que ele me deu de aniversário de noivado, eu nunca usei.

— Era dela? — a garota olhou para o namorado que mudou de cor. Bem típico de um homem covarde.

— Era sim, mas não se preocupe, eu tenho outras. Também não se preocupe comigo, prometo ser a melhor ex-namorada que ele já teve, até porque estou bem servida. Muito bem servida.

Minha resposta foi no impulso, e nem era sobre ter perdido grande coisa, mas sobre o orgulho ferido de ver que meu ex-namoraro, traste, estava acompanhado de uma garota que eu não gostava, enquanto eu estava sozinha. Quem entende a cabeça das mulheres?

— Já entendi tudo — Raul sorriu com escárnio quando Fabiano se aproximava lá adiante. — Se escondeu atrás de uma vingança para mostrar o que é na verdade. Se queria se jogar na cama dos irmãos, não precisava me fazer de trouxa.

— Eu não sou esse tipo de pessoa e sabe disso. Mas, mesmo que quisesse me deitar na cama de dois irmãos, "com os dois irmãos" — dei de dedo em seu rosto enquanto ele me olhava inquieto, sua respiração acelerada e o rosto extremamente vermelho denunciava seu nervosismo. — Isso não seria problema seu, sou livre e bem resolvida, então meça suas palavras antes de destilar o seu veneno. Eu não lhe devo satisfações.

Agora no impulso foi minha mão que partiu de encontro ao seu rosto que ficou com a marca dos meus dedos estampada em um desenho perfeito.

— Vadia!

Em um ato que eu não esperava, ele levantou a mão para me acertar, mas o Fabiano foi mais rápido e o juntou pelo colarinho praticamente suspendendo no ar.

— Encosta a mão nela e vai conhecer o inferno mais cedo!

— A conversa não é contigo, irmão — Raul o encarou com raiva.

— Eu não sou teu irmão, meu pai criou homens de verdade — Fabiano retrucou sem afrouxar o seu aperto.

Raul era desprovido de altura e coragem, precisava olhar para cima para encarar o peão a sua frente. A namorada empalideceu, Manu e Luan pareciam duas estátuas, e eu, ainda tentei intervir.

— Está tudo bem, Fabiano, não vale a pena discutir.

Minha mão foi até seu braço direito que tinha os músculos tensos, ele olhava para Raul com raiva, tive medo de aquilo virar uma confusão sem tamanho.

— Não está tudo bem, o filhinho da mamãe aqui é valente enfrentando garotas, quero ver se é homem de me enfrentar. Quero ver se levanta a mão para mim como acabou de fazer contigo, mas é claro que não vai fazer porque é um covarde que se esconde embaixo da saia da mamãe.

— Não vou sair no soco com outro cara por conta dessa...

— Dessa o quê? — os olhos de Fabiano se estreitaram.

— Está tudo bem, meu amor, não precisamos estragar nossa noite por conta desse cara.

Minha mão foi para seu peito, Fabiano me olhou surpreso, os demais não me dei ao trabalho de olhar suas reações, só não queria sair dali mais humilhada do que meu Ex.

— Você ainda vai sentir a minha falta, Cíntia — Raul ajeitou sua camisa que exibia a protuberância de sua barriga.

— Você deixou de fazer falta a muito tempo, Raul.

Não sei de onde tirei aquela ideia, mas abracei o Fabiano que me olhou ainda mais surpreso, mas retribuiu.

— Você ainda vai rastejar aos meus pés me pedindo para voltar — Raul suspirou pesado me encarando.

— Não, eu não vou, e tenho bons motivos para isso, ótimos motivos — sorri vitoriosa, o gosto da vingança agora era doce e viciante. — A mocinha aí tem razão, ninguém é de ninguém. Agora vamos amor, não quero perder a abertura do rodeio.

Eu saí abraçada com o peão ruivo de um metro e oitenta e três de pura gostosura deixando o casal sem resposta. Até hoje não sei o que me deu, acho que só não queria mais ficar ali sendo insultada daquela forma.

— Eu deveria ter socado a cara desse imbecil — Fabiano murmurou carrancudo. — Aliás, por que fez isso?

Manu me olhava com um sorriso satisfeito, e Luan não entendia nada com coisa nenhuma. Agora eu precisava de uma resposta que sequer sabia se tinha.

— Me desculpe, não queria te usar, mas é que...

— Só queria entender o que se passa pela sua cabeça, Cíntia — ele me interrompeu. — Não me use, eu não sou muito bom com esse tipo de coisa.

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