Capítulo 09 Sozinha

ATENÇÃO: Este capítulo contém um breve relato que faz menção a estupro, nada explícito, nem detalhado, mas a autora mantém o aviso.

Fazia apenas um dia que Renatinho havia deixado o apartamento e já sentia saudade. Eu conhecia sua rotina, e por várias vezes me peguei indo até o berço olhar se havia acordado, falando baixo para não incomodar, ou procurando a mamadeira nos horários da mamada. Como pode um ser tão pequeno ocupar tanto espaço? Senti falta até de seu choro, o apartamento ficou muito silencioso, em certos momentos até monótono, só não senti falta da mãe.

— Saudade dele? — Rodolfo se aproximou como sempre apressado para sair, ele quase nunca parava em casa.

— Era hora do banho, ele fica agitado se demorar muito. Será que ela está cuidando certinho?

Rodolfo verificou algo na maleta, em seguida olhou para mim com um sorriso.

— A babá está com eles, não se preocupe.

— Me apeguei muito rápido — sorri fraco.

— Se quer um bebê para cuidar, posso resolver esse problema — sussurrou em meu ouvido ao passar por mim. — Eu sei fazer.

— Misericórdia, Rodolfo — eu ri ficando corada quando ele saiu pela porta.

Rodolfo com seus flertes discretos e ao mesmo tempo provocativos, se tornou um grande desafio para mim. Até então eu não tinha um tipo específico de homem, para dizer, é disso que eu gosto, é isso que eu quero, e ele me despertava sensações muito diferentes das quais estava acostumada. Era como se duas Cíntias habitassem o mesmo corpo; a água e sal que seria esposa do Raul e a apimentada que ansiava se jogar nos braços do grandalhão e alcançar as estrelas ao menos uma vez.

O primeiro garoto que amei, ou pensei amar, era uma história gostosa de viver, não havia malícia, eu era pré-adolescente e tinha um roteiro romântico na cabeça, que nunca se concretizou. O Raul foi diferente, ele se aproximou na faculdade, me convidou para algumas festas e me pediu em namoro logo em seguida. 

No começo até que foi bacana, ele era divertido, me levava em eventos e até que era carinhoso, mas depois foi caindo na rotina. Estudávamos, já não saíamos com frequência, aliás, eu não saía, ele tinha seus compromissos e não gostava de me levar porque na maioria das vezes só havia homens. 

Eu também não saía com amigas, nem tinha, e mesmo que tivesse, sendo namorada de um cara como ele que levava uma vida pública, bastante ativa, poderiam acontecer rumores maldosos e não seria legal. Havia uma pressão muito grande sobre mim, sobre meu comportamento, tive que me reinventar várias vezes para me encaixar em sua realidade.

Aos fins de semana eu ia para a fazenda e nem sempre ele me acompanhava, sei lá, houve uma época que até me questionei se fazia falta, por tantas vezes implorei por um pouco de atenção e ouvi que estava sendo dramática. Talvez depois de casados as coisas melhorariam, já que quando estávamos com sua família ou em jantares de negócios, ele se mostrava outra pessoa. Parece conto inventado, mas era a minha vida, e por incrível que pareça, eu não me importava, não conhecia outra realidade, e estava tudo bem.

▬☼▬

Era aniversário de um amigo do Rafa, que também produzia conteúdos para Internet. Ele resolveu comemorar em uma lancha em alto mar, então seria uma ótima oportunidade para gravar um dos últimos vídeos do desafio. Rodolfo tinha um curso para fazer na parte da tarde, então não nos agraciou com sua presença. A princípio fiquei desapontada, mas ao ver a quantidade de garotas bonitas, e quase nuas, achei muito bom que não estivesse ali.

"Olá meus amores, minha viagem está chegando ao fim. Eu vivi dias incríveis aqui, muita coisa mudou, dentro e fora de mim. Aquela Cíntia que a um mês atrás saiu de casa sem rumo e entrou naquela boate para ir de encontro a decepção, nem de longe se parece com essa que está falando com vocês agora. Sobre esse paraíso, não tenho palavras para agradecer todas as oportunidades, as portas que se abriram, foi maravilhoso cada momento vivido. Olha que lugar lindo, isso aqui é grandioso em minha vida, se soubessem tudo o que sinto aqui dentro. Aprendi muita coisa, principalmente sobre mim, eu não me conhecia, não sabia que era tão forte, não conhecia a mulher que se escondia por trás daquela casca frágil e dependente. Eu me libertei."

— Diva, poderosa — Rafael me abraçou.

— Você foi um anjo em minha vida, Rafa, vou sentir saudades.

— Fica aqui, bruxinha, aquele apartamento não vai ser o mesmo sem você.

— Esse não é meu mundo, Rafa, tenho que voltar e encarar minha família. Preciso conversar com meu pai, abraçar minha mãe, eu devo isso a eles.

— Eu deveria ter engravidado você ao invés daquela cobra — Rafael apertou minhas bochechas.

— Ah, não Rafa, você é minha amiga, não rola — eu ri.

— Nem com uma vodca na cabeça e um pozinho estimulante?

— Você percebeu? — meu rosto esquentou imediatamente.

— Eu pensei que o Rô tivesse pego, mas aí ele disse que não, e que percebeu que você o olhava estranho quando se conheceram. Desculpa, gata, mas eu ri muito imaginando você sob efeito do pó olhando para meu irmão malhando no chão.

— Melhor não pensar nisso — falei me abanando. — Aquele rabo de raposa, onde enfia aquele trem?

— Melhor não pensar nisso — Rafa gargalhou me deixando curiosa.

— Não ri, eu nunca usei essas coisas.

— Que noivo mais ou menos o seu, hein! — Rafael balançou a cabeça negativamente.

— O que é aquela argola de borracha com um negocinho com pilhas?

— O anel?

— Anel Rafa? Quem tem o dedo naquela circunferência?

— É porque não se usa no dedo, senhora inocência.

— Eu achei um negócio daquele no carro do Raul uma vez, ele disse que era coisa de homem.

— Alguém usava brinquedos sexuais fora de casa — Rafael bufou. — Eu juro que se voltar para ele mando te interditar.

— Quando ouvia as meninas conversando durante as aulas vagas me senta um ET, a vida delas parecia tão interessante e a minha muito limitada. Eu sou tão sem graça assim?

— Não, teu ex-noivo é que é um idiota mesmo.

— Eu amo a sua sinceridade — falei aos risos quando retornávamos para junto dos outros.

A tarde passou rapidamente, e apesar de não ser um programa ao qual estava acostumada, eu me diverti muito. Rafael estava eufórico quando retornávamos para casa, ligou o rádio do carro em um volume consideravelmente alto e começou a cantar fazendo uma dancinha engraçada ao volante. Eu bem que gostava de passar aqueles tempos em sua companhia, ele sabia como me animar, e sem querer me ensinava algumas coisas que com certeza me ajudariam muito quando chegasse o momento.

— Vou abastecer e já ligo para entregarem comida em casa, me recuso a cozinhar, estou muito cansado — disse ele estacionando em frente a bomba de gasolina.

— Onde você vai? — Perguntei quando se afastou.

— Comprar umas cervejas.

— Já não bebeu o suficiente?

— Relaxa bruxinha, só vou pegar a bebida, pagar o combustível e vamos embora.

Permaneci no carro à sua espera, mas fiquei apreensiva quando vi uma silhueta conhecida entrando na conveniência, eu tinha certeza que era Felipe. E quando Rafael começou a demorar, desci do carro e fui atrás dele.

— Se ele se atrever a fazer algo com o Rafa, vai se ver comigo.

Entrei na conveniência apressada e procurei por todos os cantos, não encontrando, nem um, nem outro, mas sabia que estavam ali, eu não os vi sair, então questionei a atendente que me olhava confusa...

— Moça, você viu um rapaz alto assim, de camiseta azul, ele é... Rafael?

Olhei na direção do banheiro e o Rafa vinha cabisbaixo, em seguida avistei Felipe saindo com um sorriso no rosto, não pensei duas vezes, fui em sua direção pronta para a guerra.

— O que você fez com ele!

O fato de ser bem maior do que eu, não me impediu de o pegar pelo colarinho.

— Não encosta em mim, garota — ele usou um tom firme, porém discreto, e me afastou sem muita dificuldade.

— Cíntia, calma, ele não fez nada — Rafael se colocou entre nós.

— Segura esse pitbull loiro, ou não respondo por mim.

O machão ainda me ameaçou olhando para os lados tentando disfarçar a situação.

— O que você fez, por que ele está assim? — insisti ao ver o semblante do Rafael que visivelmente havia chorado.

— Está tudo bem aqui? — perguntou um rapaz que atendia por ali.

— Eu não fiz nada, só usei o banheiro — disse Felipe saindo pela porta sem olhar para trás.

— Está tudo bem — Rafael respondeu inexpressivo.

— Tem certeza? — insistiu o jovem.

— Sim, eu só tive uma queda de pressão.

— O que ele fez? — insisti o seguindo rumo ao lado de fora. — Não tenta insultar minha inteligência, eu sei que não está bem.

— Eu traí o Levi.

— Como assim, vocês... Rafael?

— Fiz o pedido, paguei e fui ao banheiro. Não sabia que o Felipe estava na conveniência, quando entrei no reservado ele invadiu me agarrando e ele sempre consegue de mim o que quer.

— Eu não sei se entendi direito, e também não sei se quero entender.

— Eu acabei de transar com meu ex-namorado no banheiro de um posto de gasolina, tem como descer mais do que isso?

Franzi o cenho procurando algo a dizer, levantei o dedo indicador e baixei novamente, boquiaberta.

— Ele me usa e joga fora, me quer na cama, mas nunca para andar de mãos dadas, sou uma piada.

— Ele te forçou? — me virei para encará-lo. — É que você estava chorando.

— Sim, e não.

— Rafael?

— Eu não queria, mas ele não sabe ouvir a palavra não.

— Rafael, você tem noção do que esse cara acabou de fazer?

— Eu deixei, Cíntia, não queria, mas acabei cedendo, e nem posso dizer que não curti, eu o amo.

— Não romantiza esse tipo de coisa — segurei em sua camisa e o forcei a me encarar.

— Calma, eu deixei — disse ele segurando meus pulsos encarando o meu olhar. — E como todas as outras vezes, foi bom, só que quando acabou, eu já estava arrependido.

— Ele te persuadiu, não ameniza a situação.

— Ele errou em me pressionar, mas está tudo bem, sempre fomos intensos. Não é o que parece — explicou com a voz embargada. — Como pode, Cíntia, o cara nunca vai me assumir, ele tem uma noiva e eu um namorado incrível que não merecia essa traição.

— Não vou insistir, mas para mim ele agiu muito errado.

Entrei no carro revoltada, Rafael podia justificar o quanto quisesse, para mim, o que Felipe fez foi inadmissível.

— Você nem para chegar com sua vassoura justiceira para me impedir de fazer burrada — disse se ajeitando o cinto de segurança.

— Faz eu rir não, droga, a situação aqui é muito séria.

— Por que com um homem maravilhoso ao meu lado, eu tenho que amar um cafajeste?

— Eu não sei, Rafael, mas ainda não engoli essa atitude dele.

Para ser sincera, eu estava indignada com a situação, mas por mais de uma vez me vi em algo parecido, quando me sujeitei a fazer coisas que não estava confortável para agradar o outro. É mais fácil aconselhar do que seguir os próprios conselhos, mas nem por isso deixamos de tentar.

— Nossa primeira vez foi no banheiro da faculdade, ele disse que queria relembrar os velhos tempos — Rafael bateu no volante ainda indignado. — Eu deveria ter saído, não podia ter deixado, sou muito idiota.

— A minha foi no quarto dele, eu romantizei tanto e por fim, foi tão ruim — murmurei ao me lembrar.

— Foi pressionada?

— De certa forma, sim, ele estava me cobrando uma prova de amor e acabei lhe dando o que queria.

— Prova de amor seria ele aguardar o momento certo. Coisa mais ridícula.

— Não entendo as pessoas gostarem tanto disso, é tão sem graça — falei naturalmente.

— Amada? — Rafael me olhou incrédulo. — Você está fazendo isso errado.

— Talvez eu só seja diferente.

Meus pensamentos foram até aquela tarde em que eu e Rodolfo tivemos um momento muito intenso no elevador, mas eu sabia que aquele fogo todo apagaria quando me tocasse intimamente, sempre apagava, porque me iludir?

— Já sentiu atração por garotas?

— Nada contra quem curte, mas eu nunca me vi pegando uma garota. Inclusive tinha uma na faculdade que fazia muito sucesso com as meninas, mas nunca me chamou a atenção, um dia me cantou e não despertou qualquer tipo de sensação diferente, eu saberia.

— Eu sempre soube o que queria, só que no meio machista em que vivia tive que me esconder dentro de um personagem que não me agradava. Foi por isso que vim embora e decidi tocar a minha vida do meu jeito. Eu sei as barreiras que derrubei durante o processo.

— É ruim viver um personagem para se encaixar no mundo das pessoas, eu sei bem como é, minha sogra exigia muito de mim.

— Você carrega alguns traumas que só serão superados quando sair desse casulo.

— Será que ainda dá tempo?

— Nunca é tarde para ser feliz, Cíntia.

Não sei o que aconteceu, um assunto puxou o outro e acabei me abrindo. Até que foi bom falar sobre meus fantasmas internos, eu percebi que minhas experiências foram muito limitadas e admito que dizia não me importar, mas na verdade, me sentia uma mulher pela metade. Sempre me senti.

"Oi meu amores, hoje o céu está tão lindo, olhem. A lua refletida na água do mar não parece uma pintura? Me lembro dos tempos de adolescência quando assistia aqueles filmes, novelas, era em um cenário assim que os melhores romances aconteciam. O garoto da vida torta, a mocinha perfeita e a família rígida. Caramba que clichê, mas quem nunca suspirou vendo algo do tipo? Eu me pergunto o motivo de nos iludirmos tão facilmente, passamos tanto tempo criando o roteiro romântico e somos atropelados pela realidade. Eu era uma dessas garotas sonhadoras, que gostava de um garoto, que gostava de outra garota, enquanto outro garoto esperava por uma chance que nunca dei. Me arrumava toda para não ser notada pelo jovem bonito, que só tinha olhos para as garotas mais interessantes. Escrevia cartas e versos para ninguém em especial, sim, eu fazia isso. Chorava ouvindo música romântica internacional que sequer entendia o que dizia e ainda achava que tinha tudo a ver comigo. Eu fui uma adolescente muito intensa, pensei que meu primeiro beijo fosse ter uma trilha sonora, que viria acompanhado de fogos de artifício, mas aconteceu dentro de um carro de uma forma abrupta que nem deu tempo de ouvir os sinos tocando. E quando beijei na chuva achando que teria aquela sensação gostosa das novelas e só senti frio e ainda fiquei resfriada. Parece que a vida romântica não é para mim. Será que alguém mais passou por isso? Contem aí suas experiências que estarei respondendo. Beijos minhas lindezas"

— O meu primeiro beijo foi na saída do colégio. Não teve trilha sonora, e foi um desastre gosto nem de lembrar — disse Rodolfo se aproximando. Eu nem percebi que estava por ali.

— Nossa — eu ri. — Foi tão ruim assim?

— Nenhum dos dois sabia o que estava fazendo, foi muito estranho.

— E você já beijou muitas bocas?

Ele sorriu balançando a cabeça antes de se escorar na grade de proteção da varanda ao meu lado.

— Isso importa?

— É que eu sou muito curiosa.

— Eu beijei algumas bocas pela vida.

— E você já teve...

— Você não vai perguntar isso — franziu o cenho com um sorriso tímido.

— Foram muitas?

— Não contei.

— Então foram muitas, não sei porque perguntei — revirei os olhos, enciumada. — É incrível como o homem pode tudo.

— Nem tudo, se o coleguinha aqui não funcionar, não conseguimos fingir; vocês sim.

— Se não brigassem tanto por essas coisas, ninguém precisaria fingir nada.

Falei naturalmente e ganhei um olhar que parecia me analisar.

— Ele brigava contigo?

— Não exatamente, mas ficava emburrado.

Rodolfo me observou em silêncio outra vez, então me abraçou apertado.

— Nunca faça nada se não estiver afim, me promete?

— Relação a dois exige sacrifícios, e... — tentei argumentar, mas fui interrompida.

— Não esse tipo de sacrifício. Eu prefiro dormir contrariado do que ter uma relação de mentira.

— Mas se eu puder evitar uma briga, não é melhor?

— Não, Cíntia, não é melhor. Você se sujeitar a algo que não lhe agrade para satisfazer o outro, não é legal. Digo por mim, seria mais frustrante saber que uma mulher se deitou comigo sem vontade, do que ouvir um não.

— Não quero te enganar, eu não sou como as outras garotas, e...

— Bloqueio?

Não respondi, apenas balancei a cabeça positivamente, envergonhada.

— Feche os olhos — disse ele.

— Por que?

— Quero fazer uma experiência contigo.

— Que experiência?

— Fica quietinha e me obedece — disse com firmeza.

Eu sorri seguindo suas ordens e logo senti sua mão acariciar meu braço subindo lentamente até o ombro.

— O que sente?

— Isso é bom — afirmei quando subiu até a curva do meu pescoço.

— E agora?

— Hum, muito bom.

— Não abra os olhos — sussurrou mordiscando minha orelha quando sua mão alcançou a minha nuca. — Apenas sinta.

Meu cabelo foi puxado levemente para trás fazendo com que abrisse caminho para que sua boca alcançasse meu pescoço iniciando uma tortura deliciosa ali. Sua barba roçava minha pele atiçando minha mente que fervilhava cheia de pensamentos impuros.

— Arrepiadinha — ele sussurrou de forma provocante. — Que delícia.

— É a brisa do mar — sorri abrindo os olhos só para encontrar o seu olhar intenso em mim.

— É mesmo? — perguntou com um sorriso safado subindo as mãos pela minha coxa me puxando bruscamente para si.

— Você me quebra ao meio desse jeito.

— Quebro não — disse ele beijando meu colo subindo novamente até o pescoço. — Posso ser bruto, mas também posso ser romântico, depende do jeito que você gosta.

— Misericórdia — eu ri escondendo meu rosto em seu peito, se ele pudesse ler meus pensamentos agora.

— O que foi?

— Deu um calor lascado, tá doido, seu moço!

— Ouça — disse ele me chamando a atenção para uma música romântica que vinha do apartamento vizinho.

"Ah, coração, se apronta pra recomeçar..."

Soltei um suspiro profundo, ao ouvir aquela música, ela dizia tudo sobre a fase em que estava vivendo.

— A trilha sonora você já tem — ele sorriu umedecendo os lábios. Se soubesse como aquele gesto mexia comigo. — Que tal fingirmos que é seu primeiro beijo?

— Faz parte da experiência? — sorri repousando a mão em seu peito.

— Se você quiser...

Foi um único solavanco e sua boca alcançou a minha. Eu sumia em seus braços, mas isso não era um problema, Rodolfo me envolvia por inteira, me suspendia e me levava para onde quisesse. Como agora, que segurou em meu quadril me fazendo sentar sobre a mesa da varanda, e encaixou seu corpo ao meu me beijando novamente tendo como trilha sonora as músicas da minha banda favorita.

— Você é o único que me faz sentir assim — murmurei em seu beijo.

— Assim como?

— Uma mulher normal.

— Você é a mais perfeita de todas.

Me encolhi quando sua mão foi suspendendo minha blusinha e o toque veio acompanhado de uma boca quente que beijava meu abdome deixando mordidas leves que foram subindo até chegar aonde suas mãos estavam a segundos atrás. O toque do Rodolfo me causava sensações que o do Raul nunca conseguiu, e eu não entendia o motivo daquilo acontecer. Foram três anos juntos e nunca foi tão intenso, talvez fosse por isso que me sentia incompleta.

— Cheirosa — sussurrou levando a mão no interior de minha coxa, antes de voltar a me beijar. — Como resistir a você?

— Não resista, eu quero muito que...

Respirei profundamente quando aquela carícia foi interrompida pelo toque do seu celular.

— Ah, não, agora não — protestou impaciente. — É do hospital, eu preciso atender.

— Sobrei — desci da mesa contrariada quando se afastou.

Agora eu o observava ao telefone imaginando como seria realizar aquela experiência por completo, mas logo vi que não seria aquela noite.

— Pode entubar, eu já estou indo praí.

— Fiquei na mão — sorri fraco quando se aproximou.

— É uma emergência, eu realmente preciso ir, depois te explico.

— Tudo bem — falei ganhando um beijo rápido antes de ele pegar as chaves e sair apressado.

Não nego, me senti frustrada, nossos momentos estavam durando cada vez menos. Ele estava em uma rotina corrida e confesso que sentia falta, mas sabia que não conseguiria competir com sua profissão, então só me restou tomar um banho gelado, e assistir a um filme clichê, tomando sorvete... sozinha. 

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