Capítulo 35

Depois que acabei o café. Decidi que iria arrumar a casa, queria ocupar um pouco a minha mente. Naquela tarde fria de segunda-feira. Estava comendo pipoca enquanto assistia há uma comédia romântica. Quando o filme acabou percebi que ainda estava de pijama. Resolvi tomar um banho. Quando vi meu rosto no espelho vi que ele estava inchado e pior do que ontem, e o hematoma havia ganhando uma cor roxa. Estava um pouco dolorido. A noite já aparecia pela janela e tinha quase certeza que Daniel não viria mais. E assim termina minha história. Perdi minha amiga e meu grande amor. Se isso acontecesse, eu iria atrás de Evan e eu mesma o mataria. Quando preparava um lanche ouvi a campainha tocar. Fui correndo atender. E tinha certeza que era Kate, chorando na porta. Mas quando abri a porta era Daniel. Meu coração quase saiu pela boca ao vê-lo.

– Você veio. - eu falei devagar.

– Eu disse pra você que eu viria, posso entrar? - Daniel falou calmo demais.

– Claro que pode. - eu dei espaço pra ele entrar.

– Kate está aqui? Eu queria pedir desculpas pra ela. - Daniel falou enquanto eu fechava a porta.

– Não, ela foi pra casa do namorado dela. Ela está muito chateada comigo. - eu falei e Daniel assentiu com a cabeça.

– Então é verdade tudo aquilo que me disse ontem?

– Infelizmente sim! - eu fugi de seu olhar.

– Aquela história do seu pai trabalhar pro crime também é verdade? - Daniel me encarou com a feição dura.

– É tudo verdade Daniel! A história do seu pai com, a do meu pai é verdade. Tudo é verdade.

– E por que dessa dívida? O que meu pai fez pra deixar dívida? Ele mexia com drogas?

– Não Daniel, seu pai não mexia com drogas. Na verdade seu pai era muito amigo de Greg. Só que ai sua vó ficou muito doente e seu pai não tinha dinheiro suficiente pra pagar o hospital.

– E o que seu pai tem a ver com isso? - Daniel falou com uma das sobrancelhas arqueadas.

– Meu pai já mexia com coisa errada naquela época e ele tinha dinheiro. Foi ai que seu pai pediu a ajuda dele. Meu pai ajudou o seu. Mas depois seu pai desapareceu e quando voltou aparecer de novo já era um médico rico e bem-sucedido.

– E por que?

– Eu também não sei Daniel! Seu pai é cheio de mistério. Ele nunca mais voltou a falar com Greg, nem agradeceu Greg pelo dinheiro. Então meu pai quis se vingar dele. Assim tentando dar um golpe em você. - eu o encarei.

– Meu pai nunca me disse nada disso. Nunca passou pela minha cabeça que isso fosse acontecer. Nem minha mãe desconfiou. - Daniel estava em choque.

– Me desculpe Daniel. Não queria que soubesse disso.

– Não, fez bem em me contar. As vezes meu pai me julgava quando voltava tarde pra casa, as vezes ele parecia desconfiar de mim. Agora eu sei o por que. Foi por isso que minha mãe foi embora. Eu era muito novo. Minha mãe brigava diariamente com o meu pai. Era uma coisa horrível. Ela então decidiu voltar pra Alemanha. Ela tentou me levar embora, mas meu pai não deixou.

– Sinto muito Daniel. Então não sou a única que presenciou briga de pais.

– Eu não via eles brigarem, mas quando ficava no escritório do meu pai. Ele ficava falando de minha mãe e sempre estava furioso. Depois que minha mãe foi embora. Ele melhorou.

– E a sua mãe, é viva? - eu perguntei curiosa.

– Ela está bem! Ela casou de novo e tenho mais dois irmãos que não conheço. Ela me manda cartas e as vezes me telefona.

– Mas ela nunca mais veio te ver?

– Não. Eu não a vejo há 30 anos. Eu sinto falta dela.

– Por que não arruma um tempo para visitá-la?

– O hospital me ocupa muito. São muitas reuniões e fora as cirurgias que tenho que acompanhar. Não é fácil ser dono de um hospital. Tirar férias é impossível.

– Entendo. Então a história do seu pai vai continuar sendo um mistério. Quer saber mais o que? - eu me sentei na poltrona.

– Você iria me dar um golpe? - ele falou direto.

– Sim. Mas depois do nosso primeiro encontro, tudo mudou. Já pensou se eu não gostasse de você. Tudo iria ser diferente. Nossas vidas, iria ser uma mentira.

– E Evan o que tinha a ver com isso?

– Evan iria ser o meu tutor. Ele iria me ensinar como tudo funcionava. Infelizmente eu acabei me apaixonando por ele e depois foi tudo ficando estranho. Ele chegava bêbado em casa, brigava comigo por qualquer coisa. Até que chegou o dia que eu terminei com ele. Depois que eu te conheci, ele ficou obcecado por mim. Fazia ameaças. Minha vida virou um inferno!

– Você já matou alguém?

– Não! Esta louco. - eu ri de leve e continuei. - Me desculpa? A única coisa que fiz até hoje foi tentar te proteger - eu o encarei.

– Esta perdoada, mas por favor não esconda mais nada de mim, tudo bem? - Daniel ficou de joelho na minha frente. - Eu acredito em você. Mas quero que fique bem, não quero que vire uma matadora somente pra pegar Evan. Eu sei que sua vida é complicada. Mas não quero te deixar sozinha nisso. Não quero que esconda seus segredos, eu preciso saber o que está sentindo. Tudo bem? Eu só quero ajudá-la. - Daniel acariciou meu rosto.

– Eu não podia falar nada. Tinha medo que você não entendesse e que fosse embora. Eu não queria perder você.

– Não vai me perder, confie em mim, ok? Eu quero ser seu amigo, eu quero ajudá-la também. Não quero ser um namorado vago. Não quero só dormir com você. Quero estar presente.

– É que eu não gosto de te irritar. Tem vezes que eu quero falar com você, mas você está todo ocupado no seu escritório ou está no telefone. As vezes chega nervoso demais. Eu não... gosto de encher o saco. - eu disse brincando com o colarinho de sua blusa.

– Por favor Colleen, enchendo o meu saco? De onde tirou essa ideia?

– Eu penso assim. Nunca começo uma conversa por medo de atrapalhar a outra pessoa. - eu passei a mão com força pelo meu rosto. Me esquecendo completamente do machucado. Eu gemi de dor.

– Colleen que foi? - Daniel disse preocupado.

– Meu hematoma! Essa droga! Me esqueci completamente.

– Passou gelo? Alguma pomada? Ou algum remédio?

– Não, não preciso disso. Estou bem. Não é nada.- eu disse passando a mão de leve pelo hematoma.

 – Sabia que você não faria nada disso. Por isso eu trouxe um remédio para você parar de sentir o local latejar de dor. Agora eu vou passar um pouco de gelo. - Daniel caminhou em direção ao corredor.

– Não Daniel! Não precisa. - eu disse e ele voltou a me encarar.

– Precisa sim! - ele voltou pra cozinha e eu bufei de raiva.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top