Kate me confrontou em todo caminho de volta pra casa. Ela queria saber o que havia acontecido com o meu olho. Eu estava tão preocupada com Daniel que eu havia me esquecido completamente do meu olho roxo. E também pouco me importava. Mas Kate era persistente e fui a viagem inteira ouvindo seu sermão, mas realmente não escutava o que ela dizia. Eu não estava nem aí. Eu só queria chegar em casa. Quando cheguei em casa eu mergulhei no sofá e finalmente soltei o nó que segurava na garganta. Kate ainda não tinha percebido.

– Então Colleen, você me ouviu certo? Nada de ir para esse galpão. Você já resgatou o Daniel e... - ela parou de falar e parece que ouviu meu soluço de choro. Eu ouvi ela andando até o meu lado. - Colleen? Está chorando? - Kate disse mas eu não respondi.

– Colleen por que está chorando? - Kate sentou ao meu lado.

– Por causa do Daniel. - eu falei rápido entre as lágrimas.

– Calma Colleen. Vai tudo ficar bem. - Kate sentou no meu lado. Ela alisou minhas costas.

– Não vai. Ele vai casar com aquela bruxa. Eu perdi o Daniel, Kate. Dessa vez para sempre. Aquela vaca nem estava lá para apoiá-lo. - eu disse soluçando.

– Calma Colleen, vai ficar tudo bem.

– Ela não ama ele! Eu salvei a vida dele! O que aquela mocreia tem que eu não tenho? Menos álcool no corpo ou menos melanina? Eu odeio ela Kate. - eu falei entre o choro.

– Amanhã a gente volta no hospital. Eu quero ver ele. - senti o sorriso de Kate.

– Mas e se ela estiver lá? - eu disse limpando as lágrimas.

– Ela não vai poder fazer nada. Por que você salvou a vida dele. E se ela dizer alguma coisa. Eu vou dar um tapa nela. - Kate riu e eu encarei ela.

– Você tem coragem? - eu disse enquanto me endireitava no sofá.

– Tenho! Não tem que ficar chorando pela víbora. Mostre pra ela quem é você, tudo bem? - Kate olhava meu rosto enquanto limpava minhas lágrimas com seus dedos.

– Obrigada Kate, não sei o que faria com você. - eu a abracei e voltei a encará-la.

– Agora vá descansar. Seu dia hoje foi muito pesado.

– Tem razão Kate. Eu vou pro meu quarto. Amanhã será um longo dia. - e apesar de tudo eu dei meio sorriso pra Kate e caminhei de volta pro meu quarto. Quando cheguei ao quarto, percebi que estava cansada demais. Eu não tinha dormido na noite anterior. E tudo em mim doía. Minha cabeça estava quase explodindo de tanta dor. Sem mais nada a fazer. Tirei minhas calças rapidamente e me deitei na cama. Pisquei por um tempo e logo caí em sono profundo.

Na manhã seguinte acordei com a forte luz sobre meu rosto. Meu olho ardeu um pouco por causa da luz. Odiava isso. Apesar de ser inverno, o sol ainda aparecia. As vezes eu odiava essa cidade. Levantei da cama e minha cabeça estava a mil. Andei até o banheiro e lavei meu rosto. Eu olhei pro espelho. Eu parecia cansada. Apesar da boa noite de sono que tive. Eu precisava descansar um pouco mais. Quando saí pra fora do quarto me encontrei com Kate que preparava algo.

 – Kate o que está fazendo? - eu me sentei junto a bancada.

– Waffles! Mas agora que achei a receita certa, está saindo tudo perfeito. - Kate sorriu e continuou com o seu trabalho. Eu me servi com um pouco de café e torradas.

– Ei! Nada de comer torrada. Você vai comer meus waffles! - Kate tirou as torradas de meu prato e colocou duas porções de waffles e continuou. - Agora experimente. - Kate jogou mel por cima e me deu o garfo. Eu dei uma garfada e o waffle estava delicioso. Estava macio e crocante.

– Está uma delicia Kate. - eu disse sorrindo.

– Está dizendo a verdade? - Kate me encarou ansiosa.

– Sim! Está de parabéns. Você conseguiu, agora vou me arrumar. - eu engoli o último pedaço do waffle. Tomei uma aspirina e saí de volta pro quarto. Como o tempo ficaria no meio termo. Resolvi usar calça jeans e uma regata preta. Coloquei meu tênis e arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo de novo. Saí pra fora do quarto e andei até a cozinha. Onde Kate continuava com o seu trabalho.

– Você não vai pro hospital comigo? - eu perguntei parada na soleira da porta.

– Me desculpa Colleen, mas o Lucas está vindo pra cá. Hoje de tarde eu vou. Eu prometo. - ela largou a colher por um momento e fez cruzinha na mão, onde beijou os dedos.

– Lucas? Depois faça o favor de me falar sobre esse Lucas. Vou ficar te esperando. - joguei um beijo pra ela e sai em direção a porta pra sair da suíte.