Quando chegamos a sala de reunião, estava tudo pronto. Raphael só ajustava a câmera. Logo a sala foi enchendo de homens. Eu estava sentada na cadeira vermelha e encarava a tela preta onde ia rodar o filme. Meu coração disparava forte. Segurei minhas mãos e fechei os punhos e o coloquei junto a minha boca. Nesse momento, Raphael colocou a fita pra rodar.

A imagem ficou na estatística por um longo momento. Mas então a imagem apareceu. Uma cadeira vazia no meio do que parecia ser uma oficina de carros abandonados. E ficou por aquela imagem por um tempo indeterminado. Eu comecei a revirar os olhos, já estava perdendo a paciência.

– Greg. - eu chamei a atenção dele e ele se assustou um pouco.

– Oi querida... - nesse momento a imagem mudou e Greg voltou a olhar. Apareceu um homem com um capuz. E então todo mundo voltou a atenção pra TV.

– Olá novamente. - falou a voz do homem do vídeo. Era uma voz familiar. A voz que assombrava meus pesadelos. Mesmo que ficasse cem anos sem escutar essa voz, tinha certeza de quem era.

– Sentiram minha falta? - disse o homem tirando o capuz. E logo confirmou quem eu pensava que era. Era Evan.

– Evan... - eu disse com horror na voz. Parece que eu estava tendo um pesadelo novamente.

– Pensaram que eu estava morto? Consegui enganar a todos vocês. - Evan tinha um sorriso de diversão. - Foi bom estar morto, mas é muito melhor estar vivo. - Evan riu. Eu fiquei horrorizada demais. Levantei-me da cadeira e saí pra fora da sala. Precisava de um ar fresco. Minhas mãos tremiam tanto que eu não sabia como detê-las. O maldito estava vivo. Então meu pesadelo foi um aviso. Eu segurei minha cabeça com as duas mãos. Isso não podia ser real. Eu balancei a cabeça em negação.

 – Colleen! - ouvi a voz de Raphael que me fez tremer de susto.

– Que foi? - eu falei ainda com a feição alarmada.

– Você precisa ver a fita.

– Não! Eu não... Não! Não! - eu gritava.

– Colleen, Evan está com Daniel. - Greg falou em um tom seco e eu fiquei horrorizada.

– Não! Não! Isso não pode estar acontecendo! Não! - eu gritava. - Não! - eu segurava minha cabeça com muita força. As lágrimas escorriam pelo meu rosto. E eu olhava para todos os lados confusa.

– Calma Colleen. - Greg me segurou com forças em seus braços.

– Não! Não! - eu lutava pra me soltar, mas no fim acabei cedendo. Greg me colocou em uma cadeira, onde eu fiquei sem falar nada durante uma sequência de minutos. Greg ficou me observando junto com Raphael. Eu não pensava em mais nada. Minha mente começou a vagar para lugares que eu nem sei se existia. Eu não sairia daqui, não correria. Eu só queria ficar em paz.

– Colleen você está bem? - Greg perguntou, mas eu não respondi.

– Ela não está bem, chefe. Ela parece perturbada. Ela nem se mexe. - Raphael falou. E ele estava certo por quanto tempo estava nessa posição?

– Eu não deveria ter falado pra ela sobre o Daniel. - Greg parecia arrependido. - O que vou fazer?

Abri meus olhos e encarei um feixe de luzes que se espalhavam pelo teto inteiro. Por quanto tempo fiquei inconsciente? Cambaleei pra fora do que parecia ser uma maca e vi que eu estava no vestuário e não tinha ninguém aqui para me observar, fiquei um pouco aliviada e andei até o banheiro, onde lavei meu rosto com a água gelada que caia da torneira. Depois amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e encarei meu reflexo novamente. Eu não posso ter uma crise de pânico agora. Eu estou sã, eu sei quem é o verdadeiro inimigo. As pessoas precisavam de mim. Não posso ser fraca, não agora. Se Evan gostava de brincar de palhaço. Eu bancaria o coringa. Evan embaralhou toda minha vida. Mas estava farta! O jogo dessa vez tinha de virar. Não importava quão mal eu estava, eu tinha de acabar com Evan. Dessa vez eu não sentiria culpa. Dessa vez Kate iria me entender e nem Greg e nem ninguém iria me impedir. Agora era minha vez de embaralhar as cartas.

Eu sinceramente não sabia se eu estava louca ou apenas paranóica; devido aos últimos acontecimentos. Mas tudo mudou depois do coma. Me pergunto se eu não estivesse nessa caça a Evan, eu estaria melhor? Ou eu estaria danificada e corroída pela loucura? Será que a caça a Evan me destruiu? Ou será que foram os pesadelos? Respirei fundo. Não importava o quão fora de mim eu estava, tinha de salvar Daniel e acabar de vez com Evan; dessa vez eu mesma iria matá-lo. Engoli em seco e saí pra fora do banheiro como se nada tivesse acontecido.

Semana que vem tem mais!!!