Bônus - Que a disputa comece (Parte 1)
01. que a disputa comece
O sábado amanhecerá ensolarado, o sol se exibia radiante e uma brisa fresca impedia que o dia se tornasse abafado, o Outono começaria em algumas semanas mas o Verão nem dava sinais de que estava acabando. Era quase irônico que em uma manhã como aquela, Anna Weasley preferisse estar trancada dentro de seu quarto com as janelas fechadas ao invés de estar do lado de fora, seja na piscina com Arthur ou ajudando Rachel no jardim que a morena estava começando.
— E se eu adicionar Asfódelo? – Perguntou para si mesma enquanto mordia a ponta da pena de escrever que segurava. – É claro que não! Você já foi bem melhor nisso Anna.
Suspirou e rabiscou o pergaminho, nenhuma de suas idéias pareciam boas o suficiente, a ruiva já tinha perdido a conta de quantos pergaminhos estavam amassados e jogados em um canto de seu quarto.
— Anna! – Ela ouviu a voz de Faith do outro lado da porta. – Abre a porta logo ou a gente vai embora.
— E para de falar sozinha. – Grace disse. – Você parece uma maluca.
Anna pegou sua varinha na cama e fez um feitiço para destrancar a porta. As gêmeas entraram no quarto, ambas com os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas, na maioria das vezes seus gestos eram idênticos, o que chegava a ser assustador.
— Você pediu para chamar a gente. – Faith disse. – É bom que seja importante, por que estavámos ocupadas, não é Grace?
— Muito ocupadas Faith. – Retrucou a outra. – Íamos acabar com os filhos do vizinho no Snap Explosivo.
— Eles não cansam de perder para vocês? – Deu de ombros. – Enfim, é importante e vocês vão gostar, envolve galeões.
As gêmeas se entreolharam e pelo sorriso que Faith esboçou, Anna sabia que tinha conquistado as duas. Foi Grace quem se manifestou primeiro.
— Ok. – Descruzou os braços. – Você tem nossa atenção, Ann.
— Como vocês sabem, o Ministério vai dar uma festa em homenagem ao tio Lino e aos serviços prestados por ele com a rádio. – Começou a mais velha.
O Observatório Potter surgiu durante a Segunda Guerra Bruxa, criado por Lino Jordan e mesmo após da Guerra, continuou como um programa de rádio e se tornou uma das maiores fontes de informações no mundo bruxo.
— É, todo mundo sabe disso. – Disse Faith.
— Menos o tio Lino, obviamente. – Completou Grace.
— Vai ser um evento chique, enorme, lotado de pessoa, incluindo possíveis compradores de logros, então eu pensei que – Começou Anna mas foi cortada por Faith.
— Pensou em fazer uma pegadinha? – Perguntou a menor e Anna mostrou a língua.
— Eu sou tão óbvia assim?
— Você é bem previsível. – Grace comentou e riu.
As gêmeas Weasley eram muito parecidas com Fred e George. Estavam sempre unidas e causam problemas com uma enorme facilidade, além de gostarem de fazer brincadeiras, vender logros e confundir as pessoas com sua semelhança. O pai das ruivas sempre dizia que elas eram "grandes empreendedoras", afinal desde muito novas se envolveram no negócio de logros da família.
Faith é o cérebro por trás das operações, é uma líder nata, tem argumentos na ponta da língua e não pensa duas vezes antes de entrar em brigas, principalmente se for para defender sua irmã gêmea. Apesar da maioria das pessoas achar que Grace é a mais dependente da irmã, é Faith quem depende mais da gêmea, ela detesta ficar minutos separada e tem um instinto protetor muito grande. Ela sem dúvida é a mais difícil de lidar, tem um temperamento forte, é ciumenta, sarcastica e em alguns pontos se parece muito com a mãe.
Grace tem mais facilidade para falar com as pessoas, é carismática e convincente por isso é ela quem faz as vendas. Ela se apega fácil as pessoas e ser amado por Grace é uma das melhores coisas que pode acontecer, afinal ela se doa de todo o coração. É cheia de planos mirabolantes e não para nem por um minuto de arranjar um jeito de vender seus produtos.
Apesar de considerar que as gêmeas eram sem dúvidas as vencedoras do segundo e terceiro lugar como "pessoas mais irritantes do mundo", só perdendo para Arthur, que nunca sairia do primeiro lugar, Anna as amava.
— Não tem nada de óbvio na pegadinha que eu vou fazer, vai ser como uma apresentação de um novo logro que pretendo vender em Hogwarts no ano que vem. – Anna disse e sorriu animada.
— Ele foi testado? – Grace arqueou as sobrancelhas.
— Uma vez. – Deu de ombros. – No Benjamin.
— Você sabe que se você causar problemas, mamãe vai matar você. – Faith disse. – Quem sabe até use uns pedaços para fazer sopa.
— Ou hamburguer. – Disse Grace e sorriu. – Poderíamos estar comendo seus restos mortais sem saber disso.
— Nossa mãe não sabe cozinhar, então não vai rolar o hamburguer de Anna. – Ironizou.
Com cinco filhos, Diana Weasley tinha aprendido a cozinhar o básico mas a maioria da comida ainda era comprada no Caldeirão Furado.
— Mas ela sabe fazer sopa. – Disse Faith. – Sopa de Anna, hmmm.
— A sopa da mamãe realmente tem gosto de restos mortais humanos. – Grace brincou.
— E onde a gente entra nesse seu plano? – Perguntou Faith, arqueando as sobrancelhas, atenta as próximas palavras da irmã mais velha.
— Aposto que o Arthur vai querer divulgar o negócio dele também, vai querer fazer alguma pegadinha e eu não posso aceitar que seja maior que a minha. – Disse Anna. – Então quero que descubram o que o Arthur vai fazer, me contem e aí vão receber os galeões.
Anna e Arthur trabalhavam juntos, vendendo em Hogwarts os produtos da Geminialidades Weasley, incluindo protótipos feitos por eles ou por seu pai e seu tio. Porém no ano anterior, os irmãos haviam se desentendido e se separado nos negócios.
— Quantos galeões exatamente? – Perguntou Faith.
— A mesma quantidade da nossa última negociação.
As gêmeas se entreolharam novamente, ás vezes Anna se perguntava se elas conseguiam conversar mentalmente.
— Por mim, tudo bem. – Disse Grace.
— Não, não mesmo. – Faith disse e encarou a gêmea. – Esse é o seu único lance, Ann?
— Posso dar dois galeões a mais do que da última vez.
Anna sabia que Faith não se convenceria tão fácil, mas Grace sussurou algo para irmã, que pareceu se acalmar.
— Tudo bem. – Disse Faith. – A gente faz.
— Ótimo, amo vocês Terror 1 e Terror 2. – A ruiva acenou observando suas irmãs mais novas saírem do quarto.
A garota sorriu, repassando todo o plano em sua cabeça. A festa aconteceria de noite, dois de seus amigos, Agatha e Ben, chegariam antes dela e começariam a organizar as coisas, Mia chegaria depois.
— Anna você nem abriu a janela. – Rachel disse entrando no quarto. – Olha como está escuro, você virou um morcego?
Rachel disparou em direção da janela para abri-lá, a terceira filha de Fred e Diana era organizada, prática, acolhedora, agia como se fosse mãe de todos ali e cuidava de sua família. Rachel era doce, gentil, generosa, Anna acreditava que não havia uma pessoa no mundo que não amasse sua irmã.
— É uma pena a janela ficar do meu lado do quarto. – Disse a ruiva. – Por que se ficasse do seu, estaria aberta vinte e quatro horas.
Anna e Rachel dividiam o quarto, havia uma faixa vermelha no meio do quatro, separando ele em dois lados.
— Fico impressionada que você ainda não tenha explodido seu lado do quarto. – Disse a mais nova e sorriu de canto.
— Explosões são coisa do Arthur. – Ela disse. – Eu sou um pouquinho mais original.. Quem eu estou tentando enganar, eu sou muito mais original que ele.
— Eu carrego nas costas o peso de ser a única pessoa nessa família que não causa problemas. – Ela disse indo em direção ao seu guarda-roupa e o abrindo.
— Algum filho tinha que nascer com juízo, né? – Anna deu de ombros. – Se bem que acho que os genes dos nossos pais são meio caóticos.
— Bem caóticos. – Rachel riu. – Eu não te vi no café da manhã, você comeu? Tem que comer Anna.
— Comi, mãe. – Ela disse ironicamente e se aproximou da irmã, apertando as bochechas dela. – E se eu esquecesse, teria você para me lembrar.
— Ai, não aperta minhas bochechas! – Exclamou e deu um tapa na mão de Anna.
Rachel voltou a olhar o guarda-roupa, tirando de lá um vestido azul.
— Azul é bom, certo? – Perguntou soando indecisa. – Combina com os meus olhos, né?
— É, definitivamente é a sua cor. – Sorriu de canto e se apoiou no guarda-roupa da irmã. – Já vai se vestir para a festa do tio Lino? São tipo onze da manhã.
— Não, vou guardar o vestido e ir para casa da Izzy, vou me arrumar lá e vamos para a festa. – Disse. – A família dela a provoca menos quando tem alguém diferente lá.
— Os Miracle são uma gracinha. – Ironizou a ruiva.
— Por sorte não passamos por isso, nossos pais tem literalmente um filho em cada casa de Hogwarts. – Disse Rachel. – Bom, dois na Grifinória.
— A melhor filha deles está na Corvinal, obviamente. – Disse Anna apontando para si mesma. – A verdadeira Guerra nessa casa, acontece durante a Copa das Casas em Hogwarts.
— Mais uma coisa que me torna bem diferente de vocês. – Rachel disse. – Não jogo Quadribol.
— Olhe pelo lado bom, pelo menos não herdou o cabelo extremamente chamativo. – Brincou.
Rachel era a única que puxara os cabelos escuros de sua mãe, os outros eram todos ruivos.
— Ridiculamente ruivos. – Disse Rachel e Anna brincou com a ponta do cabelo.
— A propósito, diz para Izzy que esse ano a Corvinal vai ganhar a Copa das Casas. – Disse ela. – Mason Scorgman se formou no ano passado, Lufa Lufa está sem um artilheiro e nós sabemos que em Hogwarts não há nenhum outro Mason.
— Teddy também se formou, a Izzy vai tentar a vaga de batedora no lugar dele. – Rachel disse. – Ainda temos a Willa Sprout e o resto do time é ótimo.
— Guarde minhas palavras Rach. – Disse a ruiva. – A taça vai ser da Corvinal.
🔮
— Arthur! – Exclamou Grace batendo na porta do irmão mais velho. – Arthur abre essa porta agora!
— Não! – Ele exclamou do lado de dentro. – O que vocês querem? Eu estou ocupado.
— MÃE! – Berrou Faith. – MÃE O ARTHUR NÃO QUER ABRIR A PORTA, MÃEEEEE!
A porta se abriu e Faith sorriu para a irmã gêmea, antes de entrar no quarto do primogênito Johnson-Weasley.
— Isso sempre dá certo. – Grace disse.
— Ameaçar chamar nossa mãe é jogar sujo. – O ruivo disse. – O que Terror 1 e Terror 2 querem?
— Nada. – Faith deu de ombros e andou pelo quarto. – Passar um tempo de qualidade com você, nosso irmão favorito.
— O que você está fazendo? – Perguntou Grace olhando ao redor.
Arthur observou as gêmeas, era óbvio que estavam procurando alguma coisa.
— O que vocês estão procurando? – Perguntou ele.
— Nada. – Grace disse rapidamente.
— Foi a Anna que mandou vocês aqui, não foi?
As duas se entreolharam e Faith deu de ombros.
– Ela é bem previsível né? – A ruiva perguntou e o garoto riu.
— Muito. – Ele disse. – Ela deve estar organizando uma pegadinha com a equipe dela, A Team ou seja lá como o Benjamin chama elas. Então a Anna deve ter mandado vocês aqui para avaliar a concorrência, descobrir que pegadinha eu planejo fazer.
O ruivo olhou de uma irmã para a outra, antes de voltar a falar.
— Ela está pagando vocês?
A resposta veio das duas ao mesmo tempo, porém Faith disse "Sim" e Grace disse "Não".
— Legal, vamos fazer um combinado. – Arthur disse se abaixando para ficar próximo a altura das irmãs. – Se vocês descobrirem o que a Anna está planejando e me contarem, eu pago o dobro do que a Anna está pagando.
— Você quer mesmo arranjar briga com a Anna, Art? – Perguntou Faith e ele assentiu.
— Eu posso pagar o triplo se vocês quiserem.
As duas se entreolharam, sorrindo largamente, não havia dúvidas da resposta.
— Vai ser um prazer fazer negócio com você. – Disse Grace estendendo a mão.
🔮
— Está ouvindo isso, Di? – Perguntou Fred entregando uma xícara de chá para a esposa.
— O que? – Ela arqueou as sobrancelhas.
— Silêncio. – O ruivo disse. – A casa está silenciosa e isso é muito estranho, a nossa casa nunca está silenciosa.
— Será que devemos encomendar um caixão? – Brincou. – Sempre soube que chegaria uma hora que a Anna mataria o Arthur.
— Contato que ela ache um jeito de ressuscitar o Arthur para a festa do Lino. – Fred deu de ombros.
— De figurante para uma celebridade na rádio, homenageada pelo Ministério, isso é que é evolução. – Disse Diana. – Para mim ainda é figurante.
— Para o Jorge você ainda é a garota que beijou o gêmeo errado. – Fred disse e sorriu em brincadeira. – Ás vezes tenho medo de você se confundir de novo.
— Eu vou arrancar a língua dele na próxima vez que ele falar sobre isso.
— Por Merlin, você não muda. – Fred disse se segurando para não rir.
— Eu acho que alcancei um nível de perfeição, não tem como evoluir mais do que isso. – Brincou.
Fred se aproximou da esposa, a beijando. Os dois só se separaram quando viram as gêmeas entrando na sala.
— O que vocês fizeram Frace? – Perguntou Diana, usando a junção do nome das gêmeas.
— Nada. – Disse Faith. – Vocês tem alguma prova para acusar a gente? Ainda nem fizemos nada, né Grace?
— Nadinha, Faith. – Grace disse. – Acabamos de sair de um castigo, não queremos outro.
— Vamos concordar que vocês merecemos aquele castigo. – O ruivo disse.
— Eu acho que não, pai. – Disse Faith.
— Estavam vendendo seus irmãos. – Diana disse.
— Acho que o problema está nas pessoas que compram eles e não em nós. – Retrucou Grace.
— Toda vez que eu falo com elas, tenho vontade de pedir desculpas para minha mãe por ter que criar eu e o Jorge. – Fred disse.
— Eu amo o karma. – Diana sorriu.
— Seja o que for, não façam nada que atrapalhe a festa hoje. – Fred disse. – Essa noite vai ser importante para o tio Lino.
— Não precisa se preocupar com a gente. – Faith disse. – Eu prometo.
— Também prometo. – Disse Grace.
As gêmeas sabiam que dessa vez não seriam elas as causadoras de problemas e sim Arthur e Anna. Grace e Faith trocaram um olhar silencioso: Que a disputa comece.
🔮
Primeiramente, MEU DEUS QUE SAUDADE DE VOCÊS, MEUS LEITORES DE TTF!
A fic foi finalizada em 2019 e eu continuo recebendo apoio e amor nela todos os dias, então quero agradecer muito muito muito a vocês por lerem, comentarem e serem tão legais comigo, significa demais para mim.
Esse capítulo era o primeiro capítulo de Fall, uma fanfic sobre os filhos de Fawsley que acabou não indo para frente, então pensei em transformar em um especial de duas partes (em breve posto a segunda) para vocês poderem ter mais um pouquinho sobre a família deles. Quem sabe um dia um livro de ones da família Johnson-Weasley vem, já que a fanfic não veio? Quem sabe, quem sabe.
Enfim, eu espero que vocês gostem e novamente agradeço muito.
— Ju.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top