❦| Night Lightning
Ponto de Vista.
PARK JIMIN.
Medo. Era claramente o que definia o que eu estava sentindo naquele momento. Não era surpresa porque apesar de odiar admitir, sou sim uma pessoa muito medrosa.
Estava em meu quarto, sentado no meio da minha cama todo encolhido e tremendo enquanto tinha um cobertor ao redor do meu corpo. Minhas cortinas estavam fechadas por conta da chuva forte que estava ocorrendo lá fora, mas não somente isso: trovões.
Eu morria de medo de trovões, sequer conseguia esconder o pavor.
Dezenove anos na cara e eu estava pensando em um plano infalível para sair do meu quarto em segurança e ir até minha mãe, que estava em seu quarto do outro lado da casa. Meu pai tinha ido trabalhar, então estavam somente nós dois por essa noite.
Eu estava prestes à conseguir reunir coragem, quando um relâmpago super alto iluminou o ambiente e fez um barulho terrível, arrancando de mim um grito que não consegui segurar.
Trovões me traziam sensações ruins, eu não me sentia nem um pouco seguro quando o clima estava nesse nível. Tudo o que me restou então, foi encolher-me ainda mais na minha própria cama e fechar meus olhos fortemente. Além de me agarrar em meu próprio cobertor como se ele pudesse me salvar de tudo.
Resolvi permanecer dessa forma, esvaziando minha mente.
— Por que você grita?
Aquela voz. Meu Deus, não era possível! Não era possível mesmo. Será que dessa vez eu estava tendo alucinações com ele?
Mas não, no final, eu não estava. Pois ao olhar chocado para a minha janela agora aberta e com cortinas afastadas, adivinha quem estava ali pendurado?
Esse garoto é maluco. Eu tenho certeza absoluta disso!
— Meu Deus, Jungkook. Pela fé... — murmurei, desacreditado. — Sai dessa janela agora, garoto. Está trovejando! Você é louco? Sai daí agora!
— Por que você grita? — ele repetiu aquela mesma pergunta com uma expressão interessada no rosto, enquanto continuava tranquilamente pendurado ali, com a tempestade batendo em sua capa de chuva escura.
— O que você tem com o meu telhado, hein?
— Você estava gritando.
Simplesmente me rendi ao que ele estava pontuando e suspirei encarnado o seu rosto curioso, com os cotovelos apoiados na janela e as mãos no queixo.
— Porque eu tenho medo de raios, tá legal? Era isso que você queria ouvir? Então pronto, ouviu agora. — coloquei as mãos em meu próprio rosto, envergonhado.
O que ouvi à primeiro momento foi uma risada.
— Que fofo.
— Meus Deus, só entre de uma vez antes que um raio atinja você! — falei, desesperado com tal acontecimento. Eu morria de medo de morrer por um raio.
— Já que você implorou tanto... — assim então ele atirou-se para dentro do ambiente, fechando a janela em seguida. Não demorou muito para tirar a capa de chuva de seu corpo, que estava completamente ensopada por sinal.
Enquanto ficava de pé para conversar devidamente com ele, não pude deixar de pensar o porquê que ele estava pela chuva tão tranquilamente, no meio dessa tempestade forte.
Toda vez que eu o via, eu sempre tinha milhares de perguntas de tanta incógnita que ele me faz criar em cima da cabeça.
— Ei. — chamou, parando em minha frente com as mãos nos bolsos. — Por que está descalço?
— Hum? — olhei para os meus próprios pés.
— Não é legal ficar descalço quando o clima está assim, sabia?
— Pode acontecer alguma coisa comigo? — questionei, apavorado.
— Não quero te assustar, mas não é bom pisar no chão descalço com um clima desses. — ele contou tranquilamente.
E eu não precisei de mais palavras convincentes, aquilo foi o suficiente para fazer-me correr até o meu armário e pegar o primeiro par de meias que vi pela frente. Sentei na borda da minha cama e calcei, o que foi tempo suficiente para aquele garoto sem vergonha começar a mexer nas minhas coisas.
E estava tudo bem porque realmente pensei que ele estivesse mexendo em outra miniatura minha, mas arregalei meus olhos na hora quando o vi com meu celular em mãos, rindo.
Cara, ele realmente não tem medo do perigo. Maldito um dia atrás quando eu fui tirar a senha do meu celular para Taehyung mexer sem precisar lembrar da combinação. Acontece que eu esqueci de colocar novamente, o que foi a oportunidade perfeita para Jeon.
— Você realmente tá mexendo no meu celular ou eu estou louco? — indaguei. — O que está fazendo?
— Vendo umas coisas. — sua risada escapou dos lábios.
— Você é muito intrometido, isso sim! Mexe no celular de todo mundo assim?
— Na verdade, não.
— Vai, devolve. — me aproximei para assim estender a mão em sua direção, e logo o aparelho foi depositado em minha palma, mesmo que ele ainda tivesse com um sorrisinho que me assustava. — O que você fez? — questionei, já analisando as últimas coisas mexidas no telefone.
— Nada demais. — falou tranquilo, andando pelo quarto. — Só fiz você me seguir no Instagram e salvei meu número.
Soltei uma risada desacreditada quando me deparei com algo, que logo tive que comentar:
— Sério que você fez meu usuário comentar "lindo" na sua foto?
— Por que? Você não me acha lindo?
— Não. — tentei parecer sério, já jogando meu celular na cama.
— Poxa, e se eu fizer isso? — um biquinho? Pra cima de mim? Tive que rir.
— Tá, agora até que está legalzinho.
— E agora eu gostei de ouvir.
Eu já tinha até me esquecido do motivo que eu estava com medo há minutos atrás, mas quando o raio atingiu novamente o céu e fez um barulho monstruoso, me assustei e lembrei.
Eu logo estava em cima da minha própria cama, com as mãos no rosto.
— Não precisa se assustar, é só um raio.
— Um raio pode matar! Não sei se você sabe disso. — o informei, sério.
— Você vai ficar com calor se continuar enterrado debaixo desse cobertor. — ele pontuou, e ao não obter nenhuma resposta, continuou: — Por que está tudo desligado?
— Por segurança.
— Segurança de quê? — tirei as mãos do rosto e o encarei vendo uma expressão confusa em minha direção. Sério que ele não sabe?
— Segurança, quanto menos eletricidade, melhor pra não me atingir. — simples, a maioria aprende isso dos pais quando criança.
Ele riu.
— Você está paranóico.
— Você que pensa! Vá estudar um pouquinho à respeito. — recomendei.
— Park Jimin, se você não sair debaixo desse cobertor agora, vou ser obrigado a te tirar. — simplesmente me ameaçou.
— Como sabe meu primeiro nome? — mas foi isso que chamou minha atenção.
— Está escrito na sua caixa de correio. Vai sair dai?
— Claro que não. Tô me prevenindo.
— Tá bom, mas só não diz que não avisei, tudo bem?
Ele tentou de todas as formas tirar aquele cobertor de cima de mim. Mas eu também tenho minha força, e não conseguiu tão facilmente.
Só que com sua insistência tão marcante, ele finalmente agarrou meu braço e me puxou para fora daquela cama. Fiquei indignado, eu jurava ser mais forte que esse cara.
— Droga. — murmurei, derrotado.
— Vem. — ele chamou, sentando-se no chão bem no cantinho do quarto. — Vou esperar os raios passarem junto com você.
— Jura que posso ter a sua requisitada companhia nesse momento tão assustador? — fui brincalhão.
— Te darei essa honra.
Eu apenas sorri, e então me dirigi para sentar-me ao seu lado. Quando começamos a papear de forma descontraída, percebi que era muito mais legal tê-lo como amigo do que apenas observa-lo de longe e achar coisas à seu respeito.
Conhecer alguém que você descobre que está começando a curtir a companhia, é realmente muito interessante. Parece que se torna algum tipo de novidade para a sua rotina, eu gostava de conhecer pessoas, no final das contas. Acima de tudo, gostei de conhecer mais o garoto da casa ao lado, que agora não é apenas isso na minha visão.
— Eu sou super eclético. Digo, eu realmente escuto de tudo apesar de ter minhas músicas preferidas e elas são de estilos super parecidos. — eu estava contando para ele, obtendo total de sua atenção. — Eu acho que em questão de música, tudo depende do momento.
— Eu curto trap. — ele falou enquanto estralava seus próprios dedos, uma mania que percebi que tinha. — Não quer dizer que não goste de outros gêneros, eu gosto sim. Mas trap é o que mais escuto com meus amigos.
— Eu percebi, sabe. — o fiz lembrar que se tem algo que sei, é seu gosto musical por todas as vezes que ele não teve piedade em aumentar seu som.
— Colocando música alta, é como convenço os outros a gostar do que gosto. Foi tudo com boas intenções, entendeu? — ele brincou com essa desculpa esfarrapada, fazendo-me responder um "aham!" super irônico. Nada a ver, ele fazia para irritar mesmo.
Eu sei disso.
Treehouse em: No fim daquela noite, os relâmpagos
não importavam mais.
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