❦| Miniature's shop


Ponto de Vista.
PARK JIMIN.

— Vamos Jimin, você está muito devagar. Vem logo!

Quem exclamava isso pela corredores daquele shopping era Jeon pra mim. Vamos lá, antes que se pergunte: sim, eu sei que poderia correr um belo risco de eu dizer que nossa relação ficou muito mais estranha após os beijos.

Mas é aí que Jungkook me surpreendeu, e eu venho aqui contar para vocês: ele agiu extremamente normal e bem. Sério.

Depois que nos despedimos e desci da sua casinha na árvore, fiquei me torturando o resto da noite sobre o que aconteceu. Fiquei até me preparando para caso ele me evitasse no dia seguinte ou algo do tipo.

Aconteceu que não, Jungkook fez completamente contrário disso: bateu em minha porta pela tarde e me chamou para lhe acompanhar no shopping, com aquela sua típica insistência e uma cara que poderia até enganar alguns que ele é fofo.

E agora estamos aqui, com ele me obrigando a correr mais para chegarmos logo na sua loja de gibis e miniaturas de heróis.

— Cara, você está correndo muito rápido, volta aqui! — suspirei cansado, colocando as mãos no joelho. — Jungkook, a loja de miniaturas não vai sair do lugar, não! Vai devagar!

— Não estamos com tempo, ela daqui a pouco fecha! — insistiu na informação que tinha me dito mais cedo.

— Ainda é cedo! — falei indignado, vendo no meu relógio de pulso. — Ah, volte aqui, eu não aguento mais correr atrás de você! — lamentei-me.

Com isso ele finalmente suspirou e parou de correr, voltando até a minha pessoa que tinha ficado na metade do caminho, exausto.

— Vem, não vou te deixar pra trás. — declarou, compreensivo. — Foi mal.

— Ai, valeu...

— Mas você é muito lento! — cadê aquele menino de segundos atrás compreensivo com a minha lerdeza?

— Cala a boca, vai. — falei, emburrado.

Mas não custou muito, logo estávamos na frente da loja tão esperada por ele e adentramos o local. Já está mais do que nítido que Jungkook adora miniaturas de seus bonecos preferidos, e eu não podia culpa-lo, até eu fiquei encantando naquele ambiente cheio de quadrinhos e bonecos de ação.

— Jimin, olha essa do homem-de-ferro, parece com a que você tem no seu quarto. — ele puxou meu braço para me mostrar uma réplica exata do pequeno herói que eu tinha. Ganhei do meu pai, então era mais que especial pra mim.

— É igualzinho mesmo.

— Ainda bem que você gosta do homem-de-ferro. — cerrou os olhos na minha direção, tentando dar um ar de julgamento.

— E se eu não gostasse, em?

— Eu iria cortar relações aqui e agora. Saiba disso. — declarou tentando soar o mais sério possível, por mais que eu não acreditasse nem um pouco na sua seriedade.

— Uau. Que ameaça, viu? Fiquei até com medo.

— Você morreria se me perdesse. — bateu o ombro no meu, sorrindo de canto. Revirei os olhos, assim senti ele passar o braço ao redor de meu pescoço e falou: — Vem, vamos ver outra coisa. Tipo figurinhas, olha só! — apontou para a diversidade de adesivos que tinha em uma parte da loja.

Não hesitei em pegar uma cartela de um herói específico que me lembrava muito o moreno ao meu lado.

— Olha, Jungkook... Sempre vai me lembrar você, querendo ou não. — contei, mostrando-lhe a cartela do homem-aranha. Sim, com certeza tinha relação com escalar paredes.

— Na real, eu sou o homem-de-ferro. Já falei. — decretou.

— Pode ser os dois, bestão. Já ouviu falar de fusão? — fui além na imaginação, arqueando a sobrancelha.

— Concordo, tenho muitos poderes pra mostrar.

— Tipos quais? — revirei os olhos, mas ao mesmo tempo estava prendendo uma risada debochada do que ouvi.

— Eu posso fazer tudo. — falou olhando bem nos meus olhos, e tudo o que eu queria fazer era gargalhar, mas me segurei.

— Do que está rindo?

— Da sua idiotice. — falei, continuando a olhar todas as opções de figurinhas ali presentes. — Bom, acho que não vou levar nada. Tudo bem se eu te esperar do lado de fora da loja? Prometeu que ainda íamos tomar sorvete. — o lembrei.

— Não, não. Espera um pouquinho... Vem aqui.

Curioso sobre o que ele estava querendo, me aproximei o suficiente para ele pegar uma figura em formato de coração e colar na maçã de minha bochecha esquerda.

— Pronto, agora você está legal. — o sorriso amigável que ele lançou em minha direção me fez achar fofo. Mas claro que guardei apenas pra mim.

— Não se finja de fofo, viu? — foi tudo o que consegui falar, antes de virar as costas e me retirar da loja. Eu sabia que ele iria demorar um tempo, fora que quando me convidou, disse que iria apenas comprar umas coisas rápidas e iríamos aproveitar em outros lugares também.

Cruzei os meus braços e enquanto lhe aguardava, apenas observei o movimento pelo local. De repente, me veio à mente o quanto Jungkook sabia não deixar as coisas estranhas.

De alguma forma parecia até que não tínhamos nos beijado ontem, mas não em um sentido ruim como se ele estivesse ignorando isso. Não, ele não estava. Ele gostava de demonstrar que sabe sim o que aconteceu, mas que não significa que ele não possa continuar sendo o menino maluco que conheci.

E de verdade? Eu não achava ruim, apesar de ser algo que contribui para o meu pensamento de que ele é uma incógnita completa pra mim. Cada vez mais.

Sorri ao ver umas crianças fofas passarem brincando de pega-pega, enquanto a mãe vinha em seguida completamente louca através delas. Estava tão distraído com a cena, que até me assustei um pouco ao sentir alguém tocando no meu ombro. Mas logo já imaginando quem seria.

— Finalmente saiu dessa loj... — virei com a confiança de que iria ver um rosto de menino levado e escalador de janelas, mas até me surpreendi quando não era ele ali.

— Jimin? — era um homem muito bonito por sinal, e que cai entre nós, me soava vagamente familiar. Mas eu não tinha certeza se estava doido ou de fato conhecia ele de algum canto.

— Ah, e aí! Você é...? — fiz uma expressão constrangida porque ele definitivamente me conhecia, mas eu estava com uma bela dificuldade de saber de onde.

— Você não lembra de mim? — me questionou, esperançoso de alguma lembrança vindo de mim.

Fazendo uma expressão ressentida, neguei com a cabeça.

— Naquela balada no centro da cidade... Morbius club. Lembra? — ele me ajudou. — Você estava até com aquele seu amigo Taehyung. Eu ainda lembro, faz uns meses, mas consegui lembrar de você. — falou simpático.

E caramba, olhando para o seu rosto e agora ele me entregando um cenário como lembrança, agora eu sei. Eu sei exatamente quem esse loiro é!

— Meu Deus, Lee Ho! — exclamei, surpreso de vê-lo depois de longos meses. — Desculpa ter demorado a te reconhecer!

— Imagina. Não que você tivesse obrigação, mas fico feliz que tenha lembrado no final de tudo. — eu tinha esquecido o quão simpático ele era.

— Não sei se dei os melhores motivos pra você lembrar de mim, sinceramente. Desabafei demais com você naquele dia. — mostrei lembrar do momento constrangedor e cocei minha nuca, sem saber o que fazer com as mãos de tão envergonhado.

— Ah, qual é! Foi legal. — e ele continuando a ser legal comigo, igual naquela noite. Me lembro de naquele dia pensar o quão atencioso ele era. — Seu rosto me pareceu familiar de longe, até que forcei a memória e lembrei.

— É... Fico feliz em te encontrar de novo por aí.

— O mesmo, viu? E aí? Como anda a vida? — o homem começou a jogar papo fora, com as mãos nos bolsos. — Ainda saindo muito?

— Pra ser sincero, nem tanto. — admiti. — Eu acho que fui para festas mais naquele tempo mesmo. Você sabe... Eu queria distrair minha cabeça conturbada.

— Sim, eu lembro. — sorriu. — Mas e aí? Se quietou porque está namorando ou algo assim? — arqueou a sobrancelha.

— Ah. – eu ri, meio sem jeito. — Não, não. É que... não sei. — fiquei pensativo ao lhe contar. — Esses tempos não estou muito na vibe de festas, pra ser sincero.

— Humm, então a última pessoa que você curtiu em uma balada foi comigo? Bom saber. — ele falou, querendo parecer honrado. O que me fez rir.

— Então... Na balada, sim. Mas de ficar não, não foi. Eu meio que...

— Cheguei. — a voz anunciante era de Jeon, que de repente chegou próximo à nós dois com um sorvete em mãos, além de uma sacola que provavelmente seria suas compras da loja. Tudo normal por enquanto, mas não sei porque fiquei apreensivo quando Jungkook olhou para o outro ali presente dos pés à cabeça, e questionou de mim: — Quem é, Jimin?

— Ah, Jungkook. Esse é o Lee Ho, um... amigo.

— A gente se pegou em uma festa. —  Lee Ho falou rindo, e eu ri junto porque entendi completamente sua intenção de contar como um fato engraçado. Mas estranhei quando Jungkook não riu junto, só permaneceu com sua expressão serena que você nunca entende muito bem quais os sentimentos por trás.

Ele tomou um pouco mais de seu sorvete, sem expressar nenhuma reação.

— Enfim, foi um prazer te reencontrar por aí! Espero que a gente se tope mais vezes. — decidi tomar a fala, dizendo para o Lee de forma simpática.

— Com certeza. Cidade pequena, uma hora acontece, pode acreditar. — sorrimos um pro outro. — Tchau pra vocês dois. Se cuidem.

Jungkook deu um sorrisinho fraco e assentiu algumas vezes, como se silenciosamente tivesse dando um tchau também.

Lee Hoo estava prestes à se retirar, mas de repente algo chamou sua atenção e assim a minha também por vê-lo me fitar por um momento.

— Jimin, só um momento. Tem uma coisa na maçã do seu rosto, deixa eu tirar pra você... — ele me avisou, já aproximando sua mão.

Eu já estava até esperando sentir seus dedos tirarem algo do meu rosto, mas tanto eu quanto Lee Ho franzimos nossa testa na hora quando vimos Jungkook segurar o braço do outro, o impedindo de completar a ação que pretendia.

— Não tire. — falou sério, largando a mão do loiro no ar. — É a figurinha que eu comprei pro meu namorado. — isso mesmo, aquilo simplesmente tinha saído de seus lábios. E como se eu não tivesse com os olhos arregalados o suficiente, ele segurou meu queixo para deixar nossos rostos próximos.

Certo, o que estava acontecendo mesmo? Agora eu tô simplesmente perdido! Minha expressão confusa pode comprovar isso.

— Ah... Nossa, foi mal. — Lee riu de forma nervosa, nitidamente envergonhado. — Jimin, por que mentiu dizendo que não estava namorando? Não tinha problema contar, ué.

— Poxa, meu amor, por quanto tempo vai esconder o nosso relacionamento? — Jeon teve a coragem de fazer uma cara indignada e triste para mim. — Desculpa, Jimin é um pouco envergonhado pra sair falando por aí... Eu tento não me ofender. Bom, a gente se fala! — senti os dedos do moreno se entrelaçarem com os meus. — Se cuida. Até mais.

O máximo que consegui fazer antes de ser puxado sutilmente por Jungkook para prosseguirmos o caminho, foi um tchau muito rápido e breve para Lee Ho.

Eu ainda estava tentando entender o que aconteceu, então por uns bons minutos eu apenas o deixei me puxar para seja onde ele estivesse indo. Até que ele parou para jogar o que sobrou da casquinha do sorvete fora, e aproveitei para olhá-lo indignado.

E ele percebeu meu olhar enquanto permanecia com sua expressão calma.

— O que foi? — perguntou, curioso.

— Sério, o que foi isso?

— O que foi o quê?

— Isso, que acabou de acontecer! — exclamei.

— Ah, eu joguei o resto da casquinha fora. Por que? Você queria? — eu nunca conheci alguém tão sonso na minha vida quanto esse menino, sem exageros.

Fechei os olhos e respirei fundo. Contei também até três pra não matá-lo.

— Eu estou falando do que aconteceu lá dentro, Jungkook.

— Eu comprei figurinhas. — deu os ombros. — Ah, e uma viúva negra em miniatura. — sorriu.

— Você é muito cínico. Sabe do que eu estou falando! — não era possível!

Ele acabou por rir.

— Não se preocupa. Eu sei do que você está falando, só fiz isso pra te irritar mesmo. — admitiu. Não sei se fico mais indignado ou se penso que menos mal.

— Percebi. Agora vai, desembucha, senhorzinho.

— Não aconteceu nada demais, sabia que eu paguei por essa figurinha no seu rosto? Ele ia tirar! — ele colocou a mão na sacola que carregava, tirando daqui a cartela com o resto das figuras, entregando para mim. — Foi mal, e também fiquei com a impressão que ele pudesse estar te irritando.

— Bom, obrigado pela preocupação mas não estava, viu? Ele é legal. — falei, sincero.

— Bom, nesse caso me desculpe. Eu realmente achei que ele estava te incomodando. — acreditar ou não acreditar? Eis a questão.

Cerrei os olhos em sua direção.

— Hum, tudo bem então. Aceito suas desculpas só porque foi bem intencionado e porque comprou figurinhas pra mim. — observei o presente que ganhei em mãos. Não tinha só adesivos de coração, tinha de vários heróis legais também.

— Agora que estou perdoado. Vamos passear um pouco mais? Quero te mostrar uma exibição que tem hoje. Aí depois podemos ir pra casa. — ele me propôs, e me pareceu uma boa.

— Aceito! E depois você me deve um sorvete também.

— Sabia que aquele eu tinha comprado pra você? Mas eu não resisti e quando vi já estava comendo. — eu comecei a rir. — Vou comprar um outro, tá bem?

— Acho perfeito. Dívida é dívida, você prometeu. — o empurrei pelo ombro, e depois disso começou um empurra-empurra super bobo da nossa parte.

Sua alma de criança me contagia as vezes, preciso admitir.

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Eu queria dizer que não estava com vários adesivos bobos em minha mão, mas eu estava. Jungkook gastou comprando aquilo pra literalmente nada, apenas ficar colando em mim.

O resto do nosso passeio foi bem divertido e tranquilo, quase pegamos um cinema! Mas quando chegamos lá, não tinha nenhum filme que gostássemos o suficiente pra assistir. Então apenas comemos juntos um combo maravilhoso em uma dessas lanchonetes populares e logo pegamos o próximo ônibus para vir para casa.

— Valeu por ter me acompanhado. Agora eu tenho mais uma miniatura da Marvel. — assim que chegamos na frente da minha porta, ele falou todo orgulhoso mostrando a sua sacola de compras.

— Não me faz inveja por ter só uma. Queria colecionar alguma coisa também, mas acho que fotografias ou polaroides combina mais comigo, o que acha? — pergunto, realmente pensativo sobre a possibilidade de me tornar um colecionador.

— Eu acho que você tá tremendamente certo. Não quero encher tanto assim seu ego, mas suas fotos são daora. — falou como alguém que fosse obrigado a admitir. Nem parecia que falou isso simplesmente porque quis. — Vai, vou esperar você entrar. — avisou-me.

— Hum... Tá bem então, eu acho. Até mais... — falei meio hesitante, mas mesmo assim dei as costas para adentrar a minha casa.

Porém algo me impediu. Algo que rodava minha cabeça e que de alguma forma, não iria me deixar quieto se eu ignorasse, tenho certeza. Eu me conheço, e se eu não virar para ele agora e falar sobre isso, uma coisa tão besta assim, me incomodaria e muito.

— Jungkook.

— Hum, o que foi? — questionou curioso, me dando toda a atenção.

— É que... sei lá, não sei se você quer falar disso, mas sabe.... — nem eu sabia o porquê eu queria falar disso, mas mesmo assim segui o que meu instinto pedia para dizer: — Eu não consigo fingir que nada aconteceu completamente.

Ele pareceu pensativo, me entregando um sorrisinho vaso e curioso.

— E você está falando sobre...?

— Sobre termos nos beijado ontem. — falei de uma vez antes que o constrangimento me impedisse. — Sabe ... Ah, não sei! — suspiro. — Eu só queria tocar no assunto.

— Você quer falar sobre isso? Se quiser, falamos sem problemas. — queria ter metade de serenidade que ele tinha, para assuntos que muitas pessoas ficariam sem jeito.

E essas pessoas, incluem eu. Olha que me considero alguém que procura ter postura, mas ainda não consegui atingir o auge do ser humano sereno.

— Bom, sim? É, acho que sim. Acho que pelo menos alguma coisa temos que falar sobre.

— Certo, vamos falar sobre isso então. Quer começar? — sorriu fraco pra mim.

Meu Deus, garoto. Fique só um pouquinho sem jeito também! Caramba.

— É que eu te falei ontem que agora você não tinha mais desculpas... — foi tudo o que consegui pensar para iniciar, mas depois que falei, percebi que soou besta. Tipo, ele poderia simplesmente me dizer "E daí?".

— É, isso é verdade. — ele concordou, parecendo se divertir com a lembrança do meu aviso de ontem. — Parece que agora estou em uma encrenca muito grande por ter ficado com você. — dramatizou.

— Idiota. — tive que rir. — Não é bem isso. Na verdade, eu só quero te fazer uma pergunta.

— Só uma pergunta?

— Sim, apenas. Acho que vai ser o suficiente pra eu me sentir menos confuso.

— Então pode perguntar, tudo o que te faça se sentir mais à vontade. — por que ele tinha que ser fofinho até sendo sonso? É complicado porque eu fico dividido entre enforcar ele e dar um abraço.

— Jeon, o que nós somos um para o outro? — finalmente questionei a pergunta de um milhão na minha mente.

Fitei o seu rosto de forma ansiosa, e após ouvir minha pergunta, ele por um momento abaixa a cabeça e ri fraco. O que tem de divertido sobre isso?

— E não me venha com "somos amigos diferenciados" que você não me engana! — avisei de antemão com braços cruzados, antes que ele me enrolasse com esse papinho novamente.

Não é que eu queira ouvir algo extremo, tá bem? Eu sequer sei o que quero ouvir! Mas o que sei é que aqueles seus papinhos manjados não colam mais!

— Pra ser sincero, tenho medo de te falar algo que não te agrada porque eu realmente quero te agradar. — Jungkook falou, parecendo realmente sincero nas palavras. — Hoje em dia, sou uma pessoa movida pelo momento. Deixo as coisas acontecerem.

— Eu te entendo...

— Programar demais, nunca deu muito certo comigo em relação à quase tudo. — eu entendi, porém não entendi muito bem o que ele quis dizer com isso. Mas de alguma forma, a parte que compreendi, me identifiquei.

Quando também programei demais as coisas na minha vida, não deram certo. A vida foi para outro rumo.

— Acredite, eu te entendo demais. Não quero programar nada, juro. — me apressei em dizer naquele diálogo mais aconchegante do que eu imaginava. — Eu só queria entender o que pensar da gente. Se somos realmente só amigos, tipo irmãos. Ou se tudo bem o fato de você ter me feito me sentir atraído por você, porque é isso que você fez comigo. E eu acho que não tenho mais como ignorar isso.

Tive coragem, e continuei:

— Talvez eu sempre tive a abertura de te achar atraente, mas eu tentava nos ver como amigos principalmente por achar que você é hétero, e eu respeitava muito isso. — contei. — Mas agora, depois de nos beijarmos, não sei mais se consigo te ver como um irmão mais novo. Irmãos não se beijam, então é isso.

Captando cada palavra minha, ele me lançou um sorrisinho. Pareceu até ter gostado de tudo o que falei, e me senti melhor com isso.

— Tudo bem, Jimin. Eu também não te vejo como um irmão mais velho, se isso te conforta. Também não beijaria um irmão.

Me aliviei.

— Menos mal.

— Quero te dizer uma resposta melhor do que "apenas amigos". — ele falou. — Então somos ficantes, o que você acha? Não soa legal? — me perguntou, mas senti um tom brincalhão em sua voz. Pra ser sincero não consegui definir, ele é naturalmente palhaço!

— Não sei se gosto dessa palavra, apesar de não abominar o contexto. — o rebati, pensativo.

— Por que não gosta da palavra? Me conta, agora tô curioso.

— Porque você não vai me beijar sempre que quiser e da forma que quiser! Com licença. — eu tenho meu lado orgulhoso, as coisas também não são de qualquer jeito comigo.

— Tá bem, então eu te beijo sempre que eu... conseguir. — ele consertou, fitando meu rosto entediado para a sua nova enrolação.

— Jungkook, você me confunde muito. — fui sincero, franzindo o cenho em sua direção. — Pra mim, você era hétero até um dia desses e agora... Agora estou tentando entender o que somos porque você me beijou.

— Eu te deixo confuso?

— Muito. Não é pouco.

— Eu não preciso gostar apenas de uma coisa pelo resto da vida. Se eu me descobri atraído por você, qual é o problema? — deu os ombros, super seguro. E eu não queria, mas me senti meio sem jeito com sua confissão de ser atraído por mim.

Suspirei.

— Nenhum. Nenhum mesmo, talvez eu só tenha te rotulado, foi mal.

— Eu gostei de beijar você, Jimin. Não estou arrependido.

— Não mesmo? — questionei, lhe fitando apreensivo.

— Não pense nem por um segundo isso. Não estou te usando por curiosidade e nem nada... — apesar de seu jeito engraçado de sempre, agora ele estava sério ao me dizer isso. — Eu gostei, e faria de novo. Agora mesmo, inclusive.

Meu Deus.

— Não seja tão precipitado e ambicioso... — murmurei, olhando em outra direção para disfarçar minha vergonha.

— Talvez eu esteja sendo mesmo. Experimentei algo novo e gostei, fiquei querendo mais. — lhe encarei surpreso ao ouvir isso, recebendo um sorriso torto. — Pena que você está impondo muitas condições pra acontecer de novo, basicamente.

— Não seja besta. Não fiz isso, só não queria ser usado. — me defendi.

— Jamais te usaria, Jimin. Você é meu amigo, acima de tudo.

De repente, me vi satisfeito. Logo eu, que comecei essa conversa cheio de desconfianças e confusões mentais. E bom, confuso é quase impossível não ficar quando estamos nos conhecendo ainda cada vez mais e não sei nem metade de seu passado e ele do meu. Mas sobre a desconfiança de suas intenções, de repente sumiu.

Como ele disse, acima de tudo, somos amigos. E ele não usaria um amigo, assim espero.

— Você venceu. A conversa finaliza por aqui. — declarei, bem humorado. — As vezes parece que você sempre consegue me enrolar.

— Não te enrolei. — deu os ombros. — Fui sincero, e parece que funcionou.

— Funcionou mesmo. — admiti, tremendo um pouco pelo frio que comecei a sentir. — Bom, então até amanhã. A gente se fala.

— Quer dizer que eu realmente não vou ganhar um beijo?

Acabei rindo.

— Quem sabe outro momento, mas já te adianto: continua que uma hora você consegue. Você é um moleque bom de lábia.

— Que bom saber disso. Então boa noite, vizinho. — acenou ao me ver adentrando minha casa.

— Boa noite, vizinho.

Treehouse em: E se eu me descobri atraído por você, qual o problema?

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