❦| Loving you?



[🌳]

Pai, vamos logo! Eu não quero que isso dure mais do que o necessário.

Coisa rápida, filho, está passando o jogo. Os lakers estão jogando! — senhor Park pedia enquanto estava sendo arrastando para fora do conforto de sua poltrona, em um dia de folga. O que não fazia pelo seu eterno bebê de praticamente vinte anos?

Vai ser rápido, juro. Mas eu realmente preciso de você, uma pessoa da idade dele só escuta pessoas da mesma idade.

Eu não lavei a louça, a sua mãe vai me matar. — repentinamente o homem de meia idade lembrou, frustrado.

Eu lhe livro dessa, não se preocupa.

Não demorou para o pai e o filho pararem em frente à casa dos Jeon. A situação que tinha acontecido era clara e objetiva, porém um tanto preocupante: o pai de Jungkook tinha descoberto através de sua esposa sobre o atual namoro do filho, e consequentemente, sua sexualidade.

Por Jungkook não ter uma boa relação com o pai, a situação era chata. E durante um desabafo do mais novo através de mensagens de texto mais cedo, Jimin teve a ideia de usar seu pai para ter um diálogo com senhor Jeon.

Ele não sabia se isso poderia ser chamado de melhor ideia do mundo, mas qualquer coisa que ajudasse o homem a entender minimamente e não criar caso com Jungkook, Jimin tentaria.

Olha, Jungkook chega daqui a meia hora. o mais novo Park falou, checando o horário em seu celular. — Não mude muito de assunto, tá?

Mudar de assunto?

É pai, sabe que eu te amo. Mas você desvia muito de assunto. Não faça isso hoje! Por favor. — juntou as mãos, como quem implorasse. Eu vou ficar, ehh... — olhou ao seu redor, curvando os lábios durante sua procura. — Ali! Eu vou ficar ali, sentado.

Filho, convenhamos, é um pouco estranho. Vá pra frente da nossa casa antes que pensem que você quer fazer um assalto, isso seria péssimo. — senhor Park aconselhou.

Pensando bem, Jimin concordava. Assim que ele se retirou, o Park mais velho respirou fundo antes de finalmente tocar a campainha da casa em sua frente. Nunca foi bom com conversas sérias, mas se isso ajudaria Jimin de alguma forma, tentaria.

Park. — quando a porta finalmente abriu, o homem deu de cara com justamente a pessoa quem procurava. E este parecia surpreso em lhe ver. — Que surpresa te ver por aqui. — o patriarca dos Jeon falou, meio perdido sobre a vizinha. Estava em seu momento de descanso com sua cerveja favorita, não esperava visitas.

— Espero não estar atrapalhando, vizinho. — o Park falou, tentando manter o bom humor de sempre.

— Ah, não... Até que não. — coçou a nuca, ainda um pouco confuso. — Entra, fica à vontade. — deu espaço, e com toda educação do mundo o outro adentrou na residência dos Jeon.

Senhor Park costumava ser um homem com um humor radiante, então estava meio sem jeito à primeiro momento por saber que sua ida até aquele lugar era por motivos sérios. No entanto, com a simpatia do vizinho, logo acomodou-se na poltrona a sua frente.

— Cerveja? — senhor Jeon ofereceu, estendendo a garrafa na direção do outro.

— Ah, não, não! Tô tranquilo. — senhor Park não gostava daquela marca de cerveja de qualquer maneira, preferia mil vezes a que tinha em sua casa. Momento perfeito para ser educado. Então, desculpe lhe incomodar nessa tarde de jogo, eu não viria se não fosse tão importante. Meu time favorito está jogando.

Senhor Jeon riu fraco, mas em seguida sua expressão se tornou tensa.

— Veio por causa de Jungkook, não veio?

— Não poderia ser outro motivo nesse momento. Acredito que esteja sabendo das novidades.

É... fiquei sabendo. — sua expressão era um tanto incomodada, mas conseguia manter educação. — Tivemos uma discussão noite passada, não curto ser o último a saber das coisas que se passam na minha casa. Imagino que você, como pai, também não.

— Entendo... Na verdade, eu acho que ninguém gosta. No geral.

— Olha, desculpa... — o Jeon mais velho repentinamente riu nervoso, até coçando a nuca. — Não quero criar caso com seu filho. Essa situação é nova pra mim e devo admitir estranha, eu não sei como reagir. Nunca achei que Jungkook fosse... Você sabe. — senhor Park repentinamente começou a analisar o desabafo do outro, de maneira curiosa naquelas reações. — Com todo respeito ao seu filho, porque é uma pessoa muito boa, mas é que... — e os pensamentos estavam muito trancados, resultando em um suspiro. — O que você acha disso exatamente, Park? Eu preciso de uma opinião de outro pai, um cara como eu. Não é tão simples assim.

Eu? — disfarçadamente Park checou a pontuação do jogo em seu celular, vendo que estava zerado até então. Precisava adiantar essa conversa. — Bom, é que diferente de você, não é a primeira vez que estou lidando com isso. Jimin e eu somos muito bem resolvidos há um bom tempo, como todo pai e filho devem ser. Imagino que o que você queira saber exatamente é... a parte de aceitação, e não de entender o que está acontecendo. Porque convenhamos, o que está acontecendo está mais que claro. — riu nervoso.

Bom, sim... Eu acho que seja isso. — tomou um gole de sua cerveja.

Pra começar, eu não me meto muito nas escolhas do meu filho. — contou sincero. — E sabe, eu não sei se Jungkook só gosta de homens, de homens e mulheres... Eu não entendo muito disso, só sei que não tem muito o que precisa saber entendido.

Senhor Jeon se manteve calado, e o Park viu como oportunidade de continuar a desenvolver seu pensamento.

— Jeon, meu filho tem vinte anos. E desde que tivemos nossa conversa sobre isso, o que já faz um tempo, vou ser bem sincero quando digo que minha vida não mudou nada... — deu os ombros. — A diferença é que quando ele está em um relacionamento ou algo desse tipo, ele me apresenta alguém como o seu filho, e não uma garota. E de verdade? — deu os ombros. — Não faz a mínima diferença. Sempre apoio as escolhas de Jimin e gosto muito de Jungkook, mesmo que não seja eu quem precise gostar, mas ele é um bom menino.

Eu entendo, mas é que... — franziu o cenho, pensativo. — Jungkook nunca deu vestígios disso. Eu não quero ser homofóbico e nem qualquer porcaria desse tipo, mas sempre vi Jungkook ficando com garotas! Eu costumava até dar conselhos de como conquistar elas para ele, e agora isso? É no mínimo confuso! Não podem tratar como se fosse tão simples essa mudança na nossa cabeça.

Senhor Park deu os ombros, se abstendo de qualquer situação. Não era bom mesmo em assuntos sérios, e sequer sabia o que falar exatamente mesmo que fosse. Afinal, ele não via esse monstro que o homem que morava ao seu lado criava.

— Bom, um dia eu também achei que Jimin gostasse do mulheres e no outro, descobri que não. Acontece. — tentou compartilhar um pouco do seu ponto de vista para ver se ajudava minimamente.

— Eu só fiquei surpreso.

— Vi uma vez que uma pessoa pode se descobrir em qualquer fase da sua vida, então não é tão estranho quanto parece. Nossa mente que complica as vezes.

— Entendo... Quer dizer, tô tentando. Você deve tá tranquilo porque como disse, isso não é novo pra você.

— É, não é mesmo. — checou no celular e segurou toda a frustração do seu corpo quando viu que seu time já estava perdendo.

— Como foi? Sabe, quando ele falou para você pela primeira vez? — Senhor Jeon questionou, curioso sobre.

Ahn... Então, quando Jimin me contou, eu pedi exatos três dias pra pensar sobre isso. Mas enfim, começando pelo fato de no primeiro dia, eu já me senti um idiota e minha mulher ficou muito brava comigo. Acabou que esse meu "pensar" não durou muito. Eu percebi que não tinha que "pensar" em nada, porque eu amava meu filho de qualquer forma e não precisava criar uma expectativa em cima dele, sabe? Como eu disse anteriormente, nada mudou.

— Hum...

— É sério, se tem algo que eu posso te ajudar, é isso. Digo, Jimin continuou o mesmo. Não é essa grande fantasia que os pais pensam as vezes... Não é porque ele saiu da caixinha do que a gente cria em nossa mente, que necessariamente vira outro. Na realidade, nossos filhos sempre estiveram ali, sendo eles. Nós, como pais, que estamos ocupados demais pra conhecer as vezes nossas eternas crianças.

Após uns instantes tomados para si em prol de uma reflexão, Jeon assim teve palavras para continuar explicando algo:

Jungkook e eu... já não temos a melhor relação do mundo, sabe como é?

Não, o patriarca Park não sabia. Ele tinha uma ótima relação com o filho, e nem conseguia imaginar ao contrário. Jimin se distanciando de si? Nem nos piores pesadelos do homem.

É, isso já é com vocês. — sem muito mais o que dizer, o homem enfim levantou. — Seu filho sorri muito quando está perto do Jimin, acredite. Estou falando o que vejo. Obrigado por me receber, vou indo que meu time está jogando...

Os dois deram uma risada amena, porém antes que o vizinho Park passasse pela porta, escutou ser chamado:

Park... — era nítido na expressão do Jeon que estava se esforçando para falar o que diria. — Eu... vou pensar em tudo o que você falou. Sei lá, não tô dizendo que tá dentro do que imaginei sobre ele, mas Jungkook já me odeia o suficiente pra eu ainda atrapalhar algo que tá aparentemente fazendo bem pra ele. Fora que... o pouco que vi do seu filho, parece ser uma pessoa muito boa e esforçada. Ele tava precisando mesmo de alguém maduro na vida dele.

Sem problemas, só estou te ajudando a não cometer o mesmo erro que eu quando pedi os malditos três dias pra pensar. Só lembra: o mínimo que podemos fazer por nossos filhos é apoia-los.


     [🌳]

  [21:30 p.m.]

O dia tinha tudo para não ser absolutamente nada de surpreendente, se não fosse pelo fato de que quando Jungkook chegou das suas aulas, seu pai quis conversar consigo. De primeira, seu corpo se enrijeceu e seu modo defensivo já estava no gatilho quando se aproximou dele.

Estava preparado para outra discussão ou qualquer coisa do tipo, além de estar naturalmente fechado por no dia anterior, seu pai ter descoberto sobre seu namoro com Jimin. Não é como se fosse esconder para sempre, só não estava pronto.

O homem não costumava ser do tipo compreensivo como o pai de Jimin era (invejava muito isso). No entanto, quando ele abriu a boca para falar algo, foi simples, curto e direto: "Só quero dizer que não vou te encher sobre Jimin. Pode ficar despreocupado, talvez seja bom para você mesmo alguém como ele". Somente isso.

Sequer podia chamar aquilo de conversa, pois antes mesmo de Jungkook se recuperar do choque positivo, o homem já tinha dado o seu boa noite e se retirado para o seu quarto. Estava meio bêbado, mas não é como se não costumasse ficar em dias de folga.

Jungkook poderia ter uma noite super desagradável, principalmente porque sua mãe estava na varanda fumando como se não houvesse o amanhã, e o filho sabia que aquilo significava uma recém discussão entre ela e seu pai. Porém o fato de seu pai ter deixado subtendido uma aceitação de seu namoro, fez ser impossível ignorar a mínima surpresa que estava sentindo.

Isso mesmo, surpresa, não felicidade. Ele não estava fazendo mais do que a obrigação de aceitar Jimin em sua vida, mas Jungkook admite que não esperava uma aprovação tão rápida principalmente após uma briga terrível como a de ontem.

Passou o resto do dia absorvendo isso enquanto tentava terminar uma pesquisa, e quando percebeu, já tinha anoitecido.

Por não tirar aquilo da cabeça, logo se deixou levar pelas suas próprias vontades e seguiu tranquilamente até a casa dos Park. Tinha a necessidade de compartilhar tudo aquilo com Jimin, e o próprio não lhe respondia desde de manhã quando contou inclusive da briga da última noite.

E também, não iria mentir, estava com saudades dos carinhos exagerados de Jimin. Só conseguia pensar que isso era viciante, parecia nada demais, mas se ficasse sem... Fazia uma puta falta.

Bateu na porta umas três vezes até finalmente ser atendido pela versão feminina e mais madura de Jimin.

Jungkook, você por aqui! — senhora Park usava um avental rosa e azul, parecendo realmente feliz em ver o outro.

Olá! Boa noite, Sra. Park. — sorriu sincero para a mulher. — Foi mal atrapalhar qualquer coisa...

Que atrapalhar nada! Que bom que você chegou, não quer entrar? Venha, não me deixe sozinha com dois bêbados!

Dois bêbados? — arqueou a sobrancelha.

É, mais ou menos. O meu marido está bêbado, mas ele não muda muito de quando está sóbrio. Já Jimin, só está mais animadinho. Cheguei em casa e eles estavam bebendo juntos após o jogo, mas é aquele negócio, né... Pelo menos o meu filho está bebendo perto de mim, para eu poder cuidar dele. — contou, tranquila e rindo sutilmente. — Qualquer mãe que pensasse com sensatez, iria preferir isso.

Jungkook sorriu fraco, concordando com a cabeça como conclusão.

— Eu concordo, senhora.

Mas venha, entre! Fique à vontade.

Com um pedido de licença, Jungkook adentrou a residência e caminhou o suficiente para avistar Jimin todo trajado em um moletom branco e confortável, enquanto conversava e ria com seu pai, que tinha uma latinha de cerveja em mãos.

— ... Que mentirada! Eu olhei para aquela cena e pensei: um carro jamais pularia de um prédio para o outro. Qual a lógica disso? Fraquíssimo!

— Pai, é pra trazer protagonismo para os personagens! — Jimin justificava para o homem, entre aos risos enquanto isso.

— Que mentirada.

Jimin, olha quem está aqui. — a mulher logo avisou, fazendo o filho virar-se rapidamente e crescer o olhar de felicidade assim que avistou Jungkook parado ali.

Meu Deus, Jungkook! Você por aqui à essa hora! — ele estava prestes a levantar e ir até o outro, mas antes que fizesse isso, o mais novo já estava cumprimentando senhor Park e acomodando-se ao lado de Jimin, em um dos sofás da sala.

— Eu vou pegar mais uma cerveja porque eu mereço depois da derrota dos lakers. Jungkook, fique à vontade para beber com Jimin, mas não conte para o seu pai que permiti isso. Você com certeza já faz nas festinhas com seus amigos. — Senhor Park disse realista, fazendo o moreno abaixar a cabeça suavemente para rir enquanto o homem se retirava e caminhava até a esposa na cozinha.

Logo a atenção de Jungkook voltou para o rosto alegre e vermelho de Jimin.

Em uma escala de um a dez, o quanto você está sentindo o efeito do álcool?questionou para o mais velho, logo tocando nas pernas deles que estavam em seu colo agora.

Shhhh... — colocou o indicador nos lábios do outro, com um jeito mais soltinho de ser. — Vamos ignorar o tanto de álcool que consumi e só me dê um beijinho. Mas tem que ser rápido! Meus pais estão aqui, tenha respeito! — zoou com o outro, apesar de estar falando super sério sobre o beijo. Até mesmo fez biquinho e se aproximou para o ato, mas Jungkook não se conteve e acabou rindo pela última fala.

Ele sempre achava uma graça Jimin animadinho.

Certo, você não quer me beijar. — Jimin apontou tal observação, o que fez o outro apenas negar e continuar rindo. — Estou terminando oficialmente com você agora.

— Sério? Por causa disso?

— Brincadeira, fica aqui! — aproveitou a proximidade para um abraço desajeitado, e Jungkook lembrou o quanto estava com saudades daquilo.

Bom, preciso perguntar... Se sente bem pra conversar um pouco, sozinhos? Porque se você estiver no nível de não se lembrar das coisas, eu deixo para amanhã. Tá tranquilo. — Jungkook falou, dando os ombros e com um tom leve para demonstrar que não era algo ruim.

— Não, não! Eu tô bem, sério. — o mais velho tentou mostrar postura, até coçando a garganta. — Eu só bebi o suficiente pra ficar mais animado, sabe? Não seria louco de ficar daquela forma que sei que fico na frente dos meus pais. Vamos para o meu quarto. Espera! Já volto, vou só lavar o meu rosto.

O tempo em que Jimin se retirou, foi o suficiente para senhora Park se acomodar em uma poltrona próximo e Jungkook perceber que estava à sos com a mulher que era sua sogra. Isso parecia um tanto intimidador, levando em consideração que seu único namoro não tinha que lidar com a sogra (Anny não falava com a mãe).

E agora estava ali, lidando pela primeira vez com uma sogra. Uma sogra boa, inclusive.

— Jimin gosta muito de você, espero que saiba disso. — repentinamente ela falou, chamando a atenção do moreno.

Ele apenas assentiu algumas vezes, e sorriu fraco.

— Eu sei. Eu também gosto muito dele, tenho medo de não ser o que ele merece por ser novo e imaturo. — se viu compartilhando medos com a mulher. Algo que nem era normal de si.

— Não tenha medo, Jimin já esteve com homens mais velhos e nem por isso ele encontrou felicidade ali. Só fique tranquilo e seja você mesmo.

Só fique tranquilo e seja você mesmo. Ele certamente lembraria disso.

[🌳]

— Então, o que queria falar comigo? — assim que se encontraram sozinhos no quarto de Jimin, sentados na cama, o rosto agora mais centrado do mais velho lhe encarou curioso.

— Meu pai... Ele aceita a gente. — depois de uns instantes de silêncio, ele soltou a informação, com uma expressão estranhamente incomodada. — Eu não ligo de verdade para a opinião dele, só não entendi essa mudança de comportamento de um dia para o outro.

— Ah... Então. — Jimin coçou a nuca, e riu sem graça.

— O quê foi? — Jeon arqueou a sobrancelha.

— Talvez eu tenha meio que pedido para o meu pai fazer uma visitinha para o seu mais cedo, e eles talvez tenham conversado um pouco.

— Jimin, não creio de que fez isso.

— Está chateado?

— O quê? Não, não... Assim, — chacoalhou a cabeça, tentando digerir aquilo porque fazia muito sentido. — Só tô surpreso, você sabe que não precisava fazer nada quanto à isso. Meu pai é difícil, eu não me perdoaria se ele tivesse sido grosso com seu pai e instalasse um clima terrível entre nossas famílias.

— Jungkook, está tudo bem. — levou as mãos até o maxilar do mais novo, olhando em seus olhos. — Eu fui assumindo esse risco, tudo bem se acontecesse. Meu pai foi preparado pra isso, e viu? Deu certo! Fico tão feliz que vocês se resolveram.

Jungkook sorriu fraco como resposta.

— È, mais ou menos. Sobre isso, tá tudo bem. Não é como se ele pesasse o clima lá em casa só por causa disso.

— Eu sei, mas é um começo, né? Não para você concordar com as coisas que ele faz. Mas pra você focar na sua vida, sem deixar ele influenciar tanto nisso. O que acha?

O mais novo pensou por um momento, e o que rondava pela sua mente era pontos mais relacionados com Jimin do que com o seu pai.

— Você é... incrível.

— Sou? — com esse elogio repentino, Jimin ficou até sem jeito e sorriu bobo.

— Sim, gosto muito de estar com você.

— Então você vai ficar aqui comigo hoje? — aproveitou o momento para pedir.

— Fico até você dormir, pode ser? Não porque não quero ficar, mas porque infelizmente preciso terminar uma pesquisa da minha aula.

— Hmmm, tá bem, eu me contento com isso pela sua educação.

Jimin quase derreteu de conforto quando Jungkook passou os próximos longos minutos fazendo cafuné em sua cabeça. Era bom, era perfeito.

Eu gosto.já com seus olhos fechados, prestes a se entregar ao sono, Jimin falou repentinamente.

Do quê?

Quando você se demonstra confortável comigo.

Eu meio que sempre estou confortável com você. — aproximou seus lábios da testa do mais velho, depositando um beijo carinhoso ali. — Dorme bem, lindo.

E foi pela janela que ele se retirou daquele quarto, não indo diretamente para a sua casa, e sim parando por um momento em sua casinha da árvore. Já fazia um tempinho que não ficava sozinho ali, como fazia antes. Queria dizer que isso era algo ruim, mas não conseguia pensar assim quando sabia que existia uma companhia de ouro nesse momento de sua vida.

Era até estranho lembrar que Jimin foi a primeira pessoa que permitiu entrar ali no seu mundinho da casinha da árvore. Sempre foi tão íntimo, tão particular, para simplesmente bater o olho em Jimin e concluir que confiava nele ali.

A verdade era que, seu avô lhe ensinou que ter aquela casinha na árvore faria permanecer sempre com o seu lado criança, da mesma maneira que o idoso tinha em sua juventude. Talvez seja esse seu lado que poucos conhecem... O seu lado puro, o seu lado ainda não corrompido pela amargura da juventude, o seu lado vazio de sentimentos ruins. Ironicamente, Jimin conhecia esse seu lado.

Observava a janela do outro enquanto lembrava de todas as palavras... assustadoras porém tão calorosas que o mais velho constantemente lhe surpreendia falando. Jungkook até esquecia que tinha seu lado feio, como qualquer pessoa dessa terra.

Forçando um pouco a vista, teve uma vaga imagem dele no meio daquele quarto escuro, dormindo confortavelmente. Jimin cuidava tanto de si como uma boa figura mais velha, mas ele mal imaginava a constante vontade de Jungkook de lhe observar e garantir que estava sempre bem.

E sozinho, sufocado com pensamentos, Jungkook franziu o cenho e lamentou-se:

Por que que falar "eu te amo" constantemente ainda é tão difícil de sair da minha boca? Droga.

E continuando a observar, ele concluiu o que com toda certeza era o mais importante:

Mas eu realmente sinto isso. Só que essa noite vai ficar só no meu pensamento mesmo.

Treehouse em:
Eu te amo. Sinto muito,
deveria te dizer isso mais vezes.

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