❦| It's raining 'cause you'll stay?
P.O.V
PARK JIMIN.
Por mais que eu tenha tido um início de noite péssima, tenho que admitir que Jungkook estava sendo super fofo em tentar me agradar de todas as formas, só para arrancar um sorriso no meu rosto.
Por isso lado, eu queria que ele parasse de ser tão legal. Porque eu estava me apaixonando mais ainda pelo jeito moleque dele e isso era quase uma red flag para mim. Me assustava só a possibilidade de entrar na mesma história que já estive antes: Jimin ama muito, e o outro muito... pouco.
— Não acredito que me trouxe aqui... Nossa, eu vinha nesse bosque quando eu era mais novo. Meu pai me trazia aqui nos finais de semana, lembrei por causa desse lago lindo. — exclamei ao chegarmos em um lugar nostálgico para mim, o qual eu costumava banhar-me no lago com meus pais por ser um local livre para isso. Claro, nunca estive aqui pela noite e a iluminação ao redor tornava tudo muito reservado e bonito. — De manhã costuma ser bem movimentado, pelo visto ninguém vem aqui esse horário e eu imagino o porquê só pelo clima. — o frio respondia tudo.
— Gostou?
— Muito. Olha! Agora que vi... Tem um casal ali se beijando, naquele banco. — apontei ao observá-los de longe. O que casais não faziam para ficar sozinhos, não é mesmo?
— Ah, é mesmo. — depois de olhar na mesma direção, ele acomodou-se na grama próximo ao lago e eu me juntei a ele, mesmo que ainda observasse o romance distante que ocorria ali.
— Ele provavelmente pediu ela em namoro... Você deveria se inspirar. — decidi brincar e funcionou, porque a risada de Jungkook me contagiou. — Não disse que era comigo. — dei os ombros.
— Não imagino com quem mais seja. Vem aqui, deixa eu colocar isso em você... — e uma flor branca agora estava atrás da minha orelha, como um adereço da minha aparência.
— Como estou?
— Bonitinho, até.
Agora até abri a boca, ofendido.
— Você não me venha com essa de bonitinho! Isso quer dizer: feio, mas arrumado.
— Mas é exatamente isso.
Monstruosamente ofendido agora!
— Tô brincando! — apressou-se em dizer, me segurando para que eu não me distanciasse dele. — Tava zoando em você. É sempre lindo, Jimin, e sabe muito bem disso. Com flor ou sem flor.
Apesar do olhar meio desconfiado em sua direção, eu logo cedi para um sorriso pelo elogio. O assisti deitar na grama e por os braços por detrás da cabeça, apenas para ter a vista plena da lua. Senti inveja, aquilo parecia tão meta de passeio para mim, que não hesitei em fazer o mesmo ao seu lado.
E assim aproveitamos um tempo juntos, distraindo minha mente do acontecimento de mais cedo. Conversamos sobre tanta coisa que eu até me perdi para listar, mas conseguimos lembrar de tópicos super interessantes como o quanto momentos de paz como aquele são raros, se há vida fora da terra, e até mesmo questionamos se o homem realmente chegou na lua (falei que achava que sim).
Lembro que também ficamos tentando adivinhar o que o casal ali próximo estaria conversando e por diversas vezes segurei o riso com Jungkook imitando as vozes deles, com simulações. No entanto, o nosso assunto super cômico se cessou quando aqueles dois foram embora uma hora depois, e fomos obrigados a trocar de assunto.
— Jungkook, não morde meu braço! Isso dói! Não faz de novo! — dessa vez a mordida dele tinha doído mesmo, então o repreendi.
— Desculpa, mas você é muito fofo. Como consegue ser assim?
— Tá, mas não faz. Doeu! — tornei a brigar.
— Se eu der um beijinho, será que para de doer?
— Sai fora... — o empurrei fraco e afastei seu rosto do meu braço. Risadas soavam entre nós. — Você sempre faz de novo, parece criança. Agora vem aqui, coloca a sua mão na minha para eu ver uma coisa... — ele cede ao meu pedido e junta as nossas mãos no ar, tudo porque eu tinha uma breve desconfiança que minha mão era maior que a dele. Mas me frustrei com a risada do outro.
— Que mão gordinha e adorável, Jimin.
— Que porcaria, eu jurava que minha mão era maior que a sua! Pelo menos do mesmo tamanho. — murmurei, chateado.
Ele não soltou minha palma de primeira, continuou segurando ela no ar e observando com compaixão.
Naquele dia do parque, eu criei coragem de tentar pegar em sua mão duas vezes, mas ele não deixou e eu fiquei cabisbaixo.
Essa tem sido a parte mais intrigante de gostar de Jungkook, porque parece que ele pode te beijar a qualquer momento, e depois recuar por medo.
— Você me assusta. — e como se seus pensamentos individuais estivessem em sincronia com os meus, essa foi a frase que saiu de sua boca repentinamente. Franzi o cenho por um momento, mas apesar de confuso, estava feliz de vê-lo se expressar e por isso incentivei a conversa.
— Você disse que sou adorável, e agora eu sou assustador? Um pouco contraditório. — respondi, um tanto leve no tom de voz enquanto analisava sua feição pensativa.
— Não é isso. — negou algumas vezes, e percebi seus olhos me estudando. — É que eu estou realmente gostando de você, e sinceramente? Isso me assusta um pouco.
— Eu pareço que vou te machucar?
Ele riu fraco.
— É que nunca parece... Entende?
Infelizmente, sim. Infelizmente eu entendia completamente o que ele queria dizer.
— É, pensando bem, nunca parece mesmo.
— Mas te quero, Jimin. De verdade. — confessou, fazendo meu coração vibrar. — Eu apenas não queria estar sentindo tanto porque tenho inseguranças e... Ah, sei lá. — se embolou nas próprias palavras. — Eu quero estar perto de você.
— Não precisa me explicar nada, Jungkook. — o tranquilizei. — Também foi um processo até eu perceber que gostava de você mais do que apenas amizade, ou amizade colorida. E apesar das brincadeiras de pedido de namoro, eu quero que você processe tudo aos poucos.
— Sei que sim...
Calei-me ao perceber que não tinha mais o que comentar sobre aquilo, mesmo querendo. As questões de Jungkook eram muito consigo mesmo e eu não poderia me meter nisso.
— Não quero te ver chorando de novo pelo seu ex babaca. — Jungkook falou após uns minutos em silêncio, enquanto fazia um carinho singelo em meus dedos.
— Ai, foi mal por todo esse drama com ex. — envergonhado, eu respondi e revirei os olhos. — É uma narrativa bem chata de se passar, mas infelizmente a vida trouxe isso pra mim.
— Não precisa pedir desculpas por isso. Não é drama ter inconvenientes na sua vida, e se for seguir sua lógica, eu também tenho os mesmos problemas com ex.
— Eu sei, mas os seus problemas pelo menos não ficam indo na porta da sua casa e enchendo o saco da pessoa que você está saindo. — eu comparei, concluindo o quão Yoongi tem sido uma pedra no meu sapato desde que chegou.
— Bom, — ele deu os ombros, pensativo. — Até porque seria bem estranho se mortos fizessem isso.
— Jungkook! — o empurrei pelo braço em uma repreensão e segurei uma risada. — Isso não tem graça!
— Por que está querendo rir, então?
— Pela sua falta de noção, muito simples.
Tentei ignorar a forma que ele estava rindo da minha cara e apenas o observei levantar-se mais poucos e se aproximar mais do lago, onde agachou apenas para passar sua mão naquela água banhada pela lua. Sabe Deus que horas deviam ser, e eu particularmente não tinha nenhum interesse de checar.
E como um bom implicante que era, Jeon não conseguiu simplesmente me deixar quieto, por isso logo senti umas gotas de água sendo jogadas em minha direção e eu até respirei fundo para não matá-lo naquele instante.
— Eu vou te afogar nesse lago. — ameacei.
— Sério? — fez-se de sonso. — Então me deixa ao menos tirar a minha roupa, pra aproveitar essa água da forma que ela merece.
— Você não é louco de ficar de cueca nesse frio.
— E quem falou de cueca? — arqueou a sobrancelha em minha direção. — Eu pensei em pelado mesmo. O que acha da ideia?
— Te acho louco, e duvido que faça isso nesse frio.
Mas pra quê eu fui duvidar do cara em que me fez ficar pelado junto a ele em uma chácara abandonada do amigo, nas montanhas? A verdade é que parando para analisar, o louco era eu de esquecer com quem eu estava lidando. Quando vi, Jungkook já estava retirando suas roupas em uma tranquilidade absurda, como quem ia nadar em uma tarde ensolarada.
— Está bem. Por que? — precisei perguntar, enquanto o assistia.
— Eu só vou entrar no lago.
— Jungkook, sei que deve ser tarde, mas isso não impede alguém de aparecer a qualquer momento. Se vista, por favor! — pedi, olhando ao redor. — Não sei que tara é essa que você tem de se despir em público.
Ele lançou seu típico sorriso de canto em minha direção, exibindo sua nudez, e enfim fez. Mergulhou naquelas águas iluminadas, depois de uns breve segundos retornando para a superfície com o cabelo perfeitamente arrumado pelo estado líquido do local.
Eu estava morrendo de vergonha porque não conseguia ignorar a possibilidade de alguém aparecer ali, e vê-lo despido mesmo que o pequeno lago cobrisse sua parte íntima.
— Você é louco... — murmurei, negando algumas vezes com a cabeça.
— Park Jimin, vem ser louco junto comigo? — com uma voz encenada e provocativa, ele pediu.
— Não, eu não vou entrar na agua. Não adianta insistir! Já estou avisando. — nesse frio? Ele estava completamente pirado das ideias.
— Não se finja de inocente como se nunca tivesse tirado fotos pelado comigo. — jogou na minha cara.
— Naquele dia que quase fomos pegos por um grupo de adolescentes? Ah, eu lembro sim. Acredite.
— Deixa de tentar ser difícil... — se aproximou da beirada, apenas para me convencer com aqueles olhos insistentes. — Vem logo.
Eu me odeio amargamente por ceder sempre para esse moleque, mas o que eu podia fazer? Toda vez que ele me olhava daquela forma, eu não conseguia resistir e estava lá... Dentro de suas ideia insanas, porém sempre inesquecíveis. Comecei a tirar meus sapatos e minhas roupas com calma, porém diferente dele, eu não ficaria pelado e sim de cueca. Não sou tão empolgado assim quanto ele.
Fui adentrando no lago parcialmente, sentindo o frio me domar e me questionando como ele fez isso sem ficar tremendo como estou agora. Estou um pouco arrependido, mas agora que estou aqui, fazer o quê?
Não mergulhei, apenas permiti que a água chegasse até minha cintura e fiquei em sua frente, abraçando meu próprio corpo.
— Quando eu era menor, também vinha aqui. — Jeon contou-me repentinamente, tocando em minha coxa por debaixo da água. — Era legal, também me trás boas lembranças. Meu pai ainda não era tão babaca naquele tempo, e minha mãe sorria mais.
— Parecia bem melhor do que é hoje.
— Com certeza era. — me respondeu, refletivo. — Fazer o quê? Pessoas mudam, e casamentos vão se tornando mais frios.
— Sabe o que me faz ainda ter fé no amor, mesmo depois de tanta decepção? — recebi sua atenção e olhar curioso. — Meus pais. — contei. — Mesmo depois de anos, eles ainda conseguem se amar e se respeitar. E eu não estou dizendo que não tiveram fases mais frias, porque quando eu era mais novo teve um tempo em que meu pai trabalhava muito e eles estavam mais distantes. Mas sabe, — um pus a pensar. — Eu acho que isso que é amor. Passar por cima dessas fases, desses picos de frieza e monotonia que todos os relacionamentos devem ter.
— Parece difícil.
— Concordo, também me soa o mesmo. Mas parece ser exatamente nessas fases que a gente entende que não está mais apaixonado como no primeiro dia, e sim que estamos amando a pessoa.
O observei reflexivo sobre, até que Jungkook falou algo que eu pensava muito quando tive minha última separação:
— De tanto ver gente filho da puta nesse mundo, mas vezes é até difícil acreditar que tem alguém que não vai ser exatamente desse jeito. Como o amor dos seus pais, por exemplo. Nunca existiu traição?
— Bom, minha mãe contou que quando ela se apaixonou pelo meu pai, ela estava entre ele e uma paixão ardente da época. — lembrei dessa história que minha rainha tinha me contado uma vez. — Falando de paixão e intensidade? Ela sentia mais pelo outro.
— Sério?
— Sim. — ri. — Mas ela escolheu meu pai. Porque ele parecia a escolha mais segura, a mais correta, e ele também tratava ela bem melhor. Sabe, paixões ardentes... — neguei algumas vezes. — Minha mãe estava certa quando me falou que quando elas passavam, não restaria nada ali se não houvesse segurança, respeito e dedicação no meio. — suspirei. — Queria ter escutado ela quando fui levado por isso, mas não me culpo, eu era jovem e estava aprendendo.
— Você realmente não tinha culpa. — Jungkook me tranquilizou e eu sorri fraco para ele. — Muito único essas coisas que sua mãe disse...
— Talvez acho. — senhora Park sempre me proporcionava ótimos conselhos. — Se eu pudesse tirar uma lição dessas coisas que ela contou, eu diria apenas uma que aprendi da pior maneira.
— Qual?
— Amor não segura relação, e enquanto somos muito jovens, muitas vezes não entendemos isso. — contei o meu aprendizado, e percebi Jungkook muito atento em minhas palavras. — Achamos que tudo o que importa é ficar com alguém que gostamos, porque "o importante é que é recíproco", mas aí você amadurece e descobre que não funciona muito isso na prática. Funciona para um lance temporário? Pra caramba, é até uma história gostosa de se contar. Mas para uma vida juntos? — neguei algumas vezes. — Não, infelizmente. Se não tiver respeito, esforço de ambos os lados, consideração, apoio e tudo isso... Você está só tentando viver um romance de livro fantasioso, nada a mais que isso.
Na minha época de escola, namorar o jogador de basquete gato e que estava interessado em mim parecia um sonho. Me senti até em um filme de colegial na época como o protagonista sortudo, e quando foi na prática, aquilo se tornou um pesadelo.
Por esse "sonho", aceitei muita falta de consideração, descaso e desrespeito.
— A realidade é muito diferente de certas teorias, não é mesmo? — Jungkook então falou, com seu olhar perdido em qualquer ponto fixo.
— Demais. — assenti. — Dói aceitar isso, mas quando já aceitamos, o jogo muda. Começamos a controlar mais o que vem na nossa vida, nem que seja um pouquinho.
Ele sorriu fraco, e depois daquela conversa ficar tão profunda e nos roubar a concentração, Jeon voltou a focar seu olhar nos meus.
— Conversar com você é sempre tão bom. — o mais novo então me disse. — Sinto que não preciso esconder nada de você.
— Mas não precisa realmente.
E enquanto nos encarávamos, decidi que era o momento perfeito para um mergulho finalmente. Então o fiz, sem pensar muito para não desistir por causa de frio, e rapidamente estava de volta à superfície tirando a água de seus olhos.
— Sabia que faria isso uma hora. — Jungkook estava sorrindo, e aproveitando esse momento para me levar mais para perto de si. — Vamos mais um juntos?
— Já estou completamente molhado, né? Não tenho muito a perder. — dei os ombros.
— Certo. Então, um, dois, três e...
Assim mergulhamos juntos, por nenhuma razão específica. Eu não tinha a visão de nada pelos meus olhos fechados, somente a sensação de estar fazendo algo diferente da minha rotina e colecionando um momento definitivamente especial.
Eu estava tão imerso debaixo d'água que quase deixei uma bolha de ar sair pela minha boca quando senti a mão de Jungkook me tateando, o suficientemente para saber onde meus lábios estavam e depositando um selinho ali.
Eu me surpreendi com aquele simples acontecimento, e por causa de fôlego, não demorou muito para sairmos debaixo d'água e respirarmos o ar puro.
Quando tirarmos o excesso de água de nossos rostos e os nossos olhares se encontraram, foi expontâneo deixarmos ecoar risadas. Sequer sei do que estávamos rindo, mas foi irresistível conter aquele clima gostoso que plantou entre nós após o selinho aquático.
— Eu sei que já dei muitas pistas demonstrando isso, mas eu ainda não disse com as palavras exatas, e eu acho que depois de algumas coisas, você merece ouvir. — Jungkook começou um tanto nervoso, parecendo recolher coragem para falar o que tinha em mente: — É, não posso mais fugir, eu estou apaixonado por você.
Finalmente ele tinha confessado.
— E-Está?
— Independente de qualquer medo, não posso mais tentar me enganar. A forma que eu me sinto quando estou com você... — negou algumas vezes. — Deixa claro o que sinto.
O sorriso que mostrei foi uma das coisas mais sinceras que já senti, porque pela primeira em tempos, eu estava sendo correspondido e me sentindo seguro ao mesmo tempo.
— Obrigado por me contar. Isso significa muito para mim. — resolvi agradecer, porque ele nem imaginava que uma resposta como essa fazia um bem danado para a minha autoconfiança.
— Não agradece por eu não conseguir me conter ao seu charme, Park Jimin. — respondeu, e teve uma atitude que me fez sentir um virgem de novo: pegou minha mão e depositou um beijo. — Espero logo poder mergulhar em você de novo, se é que me entende. – trocamos sorrisos cúmplices.
— Acho que isso vai ser quase inevitável, moleque.
Depois de um tempo, finalmente tivemos coragem de sair do lago e checar o horário. O óbvio estava evidente: não era nem um pouco cedo e precisávamos ir para casa.
Então tentamos nos secar da maneira que dava apenas para que não molhássemos tanto nossas roupas (claro que falhamos, mas o vento até que colaborou um pouco).
Estávamos andando tranquilamente até o ponto de ônibus mais próximo, até o que eu mais teria quando saímos de casa aconteceu:
Pingos começaram a cair do céu.
— Jungkook, eu te falei que ia chover! Era pra ter trazido o guarda-chuva! — lembrei do conselho de mãe que eu tinha dado anteriormente, enquanto corríamos para qualquer lugar com cobertura mais próximo.
— Pelo menos já estamos molhamos.
— O resfriado agora vem! Pode esperar.
— Espera... — ele tirou o casaco grosso que tinha consigo e me ajudou a colocar sobre minha cabeça. Insisti que não à primeiro momento porque ele era mais novo e eu quem precisava cuidar dele! Porém ele consegue ser uma figura muito insistente, principalmente quando ainda íamos correr um pouco para chegar onde queríamos.
Tudo bem, chover estava tranquilo. Admito que, no fundo, meu único pavor estava sendo a possibilidade de trovões se iniciarem, principalmente pela chuva estar se tornando mais forte. Eu odeio ser um covarde com medo de relâmpagos, mas fazer o quê? Eu tenho!
A pressa para chegar nos fez finalmente estar no ponto vazio, que era coberto e isso nos aliviava.
— Está muito frio. — murmurei.
— Agora tira o casaco da sua cabeça e veste, pra se esquentar. — ele pediu, me observando. — Parece até que está com medo de algo.
— Não é óbvio? Do trovão, Jungkook.
– Ah, esqueci que você tem medo disso... — e claro que tinha que ter uma risada.
— Sério? Piadas logo agora? Que engraçado.
— Não fiz piada, gatinho assustado. — ele pegou o celular em seu ombro repentinamente. — Acho melhor pedir um Uber, não quero que fique resfriado por uma ideia maluca minha.
— Tudo bem, eu topei e foi legal. Não seria culpa sua.
— De qualquer forma, melhor não dependermos de ônibus nessa tempestade... — ele parecia ansioso, olhando para o céu. Se eu fosse mais iludido, diria que ele queria evitar que estivéssemos por ali caso começasse a relampejar. — Droga, apaguei a merda do aplicativo semana passava por quase não usar... Minha internet é terrível pra baixar coisas.
— Pega, usa o meu celular que eu tenho. — peguei o meu telefone, desbloqueando e entregando para ele fazer o que precisava.
— Alguém aceitou. — depois de uns cinco minutos, ele informou para mim. — Vou ligar para o motorista, preciso dizer que estamos um pouco molhados. Melhor do que ter surpresas. — achei bem pensado, e logo ele já está a com o celular no ouvido e percebi que ele iniciou um diálogo com o motorista de aplicativo. — Tá me ouvindo agora? Eu disse que estamos um pouco molhados! Se teria problema!
Aconselhei que ele se movimentasse um pouco para checar se fazia efeito no sinal, porque sinceramente, eu só queria ir para casa. Jungkook entregou o seu celular para mim e se afastou um pouco, na intenção de fazer o homem lhe escutar através daquela chamada aparentemente super ruim.
Eu estava ali, o aguardando, quando de repente a tela de seu celular acendeu em minhas mãos e chamou minha atenção inevitavelmente.
Foi quando eu vi na barra de notificações as mensagens que estavam chegando.
Stella:
[áudio]
Essa música me lembra vc demais ♡
Lembra quando eu te apresentei?
Tenho sdds de sair com vc, só nós dois.
[enviado às 20:36]
Okey, certo.
Não faço ideia quem seja Stella, mas sem querer, acabei sabendo que existe uma música a qual ela apresentou para Jungkook e lembra dele. E de brinde, também sei que ela tem saudade de sair, só eles dois.
Pode ser uma irmã? Não, porque ele é filho único pelo o que eu saiba. Pode ser uma prima? Talvez, apesar de certas coisas serem meio estranhas. Mas a maior chance é que seja uma amiga... E tudo bem?
Não é?
Meu Deus, fiquei até nervoso e arrependido de ter olhado para essa merda. O que é isso? O destino colocando em teste o meu lado ciumento, só para saber até onde vai? Sim, destino, sei que sou ciumento por ser meio inseguro... Mas você não vai fazer eu me sentir louco!
Ai, caraca. Eu sei que não namoramos sério, mas nós temos algo e eu acho que tenho direito de saber. Ele disse que estava apaixonado por mim hoje mesmo, e ver essa mensagem me deixou tão incomodado mesmo que não significasse nada.
Enquanto eu estava colocando minhocas na minha cabeça, não literalmente, Jungkook se aproximou devolvendo o meu celular e pegando o seu de volta para o seu colo. Acomodou-se ao meu lado naquele assento do ponto de espera, e pôs seu braço ao redor de seu pescoço.
— Já está a caminho, o banco dele é de couro. Não tem problema molharmos um pouco. — explicou-me. — A chuva está atrapalhando, então o aplicativo diz que daqui há uns oito minutos ele chega.
— Certo... tudo bem. — assenti algumas vezes.
— Quando chegar em casa, você vai poder trocar essa roupa toda ensopada. Deve estar agoniado, não é? — questionou e eu apenas confirmei com a cabeça. — Sabia que pega resfriado vestir roupa molhada?
— Eu certamente sei, Jungkook. Acho que a maioria das pessoas sabem. — dei uma risada constrangida apenas para disfarçar, mas fiquei me perguntando se fui muito grosseiro. Não era a minha intenção.
Ele me olhou desconfiado, e não deixou de me analisar.
— Está tudo bem? — por um lado, eu odeio o fato dele estar me conhecendo muito ultimamente. E odeio mais ainda o fato de eu ser um péssimo mentiroso na maioria das vezes.
— É, eu acho... — não disse?
— Hum, não senti firmeza. O que você tem? Está todo estranho aí de repente...
Suspirei, percebendo que não adiantaria prolongar um fingimento que eu não conseguiria levar até o fim. Me conheço.
— É que... — como eu posso começar? Ai, vou sem rodeios! Já estamos aqui mesmo. — Jungkook, quem é Stella?
— Como assim?
— Ué, exatamente o que eu perguntei. Conhece alguém chamada Stella?
Ele estava com o rosto franzido em minha direção, até decidir fazer o óbvio que era checar se tinha algo estranho em seu celular. Até que suas expressões se suavizaram e ele soltou um "ah..." quando entendeu o porquê da minha pergunta.
— Então... Você estava checando o meu celular. — ele concluiu.
— Meu Deus, não. Não fale assim como se eu fosse um louco! — me apressei em dizer, com pavor de ser tachado de ficante maluco. — Sua tela acendeu com as mensagens e sem intenção, eu vi que chegaram da mesma forma que você viu agora. Desculpa, eu não deveria ter olhado, mas foi expontâneo, não tenho culpa. — eu não tinha mesmo!
— Tá bem, eu acredito. — ele me tranquilizou, sincero. — Stella é uma amiga, está bem?
— Entendi, imaginei. — respondi, ainda meio seco por não estar satisfeito somente com aquela explicação meia boca. — Uma amiga que sente saudade de estar à sos com você e te envia uma música que lembra muito você.
— Primeiro, até amigos tem músicas que lembram um ao outro. Essa parte é bobagem. — Jungkook começou, esclarecendo direito. — E segundo, certo, eu tenho que te explicar algo.
— Oh, então tem algo pra contar? — eu não consegui lutar contra os meus instintos de dar uma risada desacreditada. E eu sei que é uma tremenda idiotice! Afinal, Jungkook tinha sim ficantes antes de mim e isso não é um crime. A questão é basicamente que ele se declarou, e não ficou claro o quão recentemente teve algo com essa "amiga" dele, isso particularmente me torturava.
— Sim, tem algo pra contar sim. Tivemos algo. — foi sincero de uma vez por todas. — E não, antes que você se sinta traído, eu ainda não tinha ficado com você. Nós estávamos nos conhecendo como vizinhos ainda, e depois que me aproximei de você, foi um dos motivos que eu não quis ficar mais com ela e com ninguém mais.
— Entendi. Tá bom.
— Não, Jimin, você não entendeu. — não consigo disfarçar mesmo. — Certo, ela pode até ter mandado essa mensagens com segundas intenções e tentando algo, mas eu não quero e não vou. Mesmo que você não tivesse visto isso, eu iria responder qualquer coisa que desse a entender que não estou disponível para isso no momento. Talvez não contar de você, porque ainda não tivemos um pedido formal e sei que você merece isso, mas eu não ficaria mais com ela se é isso que você pensa.
— Tá bem, Jungkook... Foi mal. Foi mal mesmo não ter acreditado em você. — suspirei. — É só que eu ainda estou me acostumando com a ideia que você realmente está apaixonado por mim. Como você mesmo disse, ainda não namoramos e não seria uma confissão que mudaria isso. Teoricamente se você quisesse ficar com outra pessoa agora, não estaria errado, mesmo se eu ficasse magoado.
— Pra mim, seria errado. — ele contrapôs, firme. — Eu poderia até não estar sendo infiel como namorado, mas eu estaria sendo infiel com meus próprios sentimentos e palavras. Porque se eu estivesse no momento de ficar com várias pessoas, eu não seria burro de me confessar para você. Justamente por isso que demorei pra fazer, porque não queria que saísse mentiras da minha boca.
— Eu sei. — até fechei os olhos por uns instantes, envergonhado. — Perdão, eu deveria confiar sempre em você.
— Jimin, por mais que eu goste de te ver acreditando em mim, não precisa pedir desculpas. — Jungkook tocou em meu ombro. — Eu preciso me explicar mesmo pelo o que você viu, é normal. Você também tem medos do passado, seria muita cruelmente minha exigir que você tenha uma segurança cega em mim, sem que eu te prove. Está tudo bem questionar, eu não me incomodo em explicar as coisas pra você.
Acabei deixando um sorriso escapar de meu rosto, porque tudo o que ele explicou agora era mais do que suficiente para mim. Tenho a plena certeza que por mais que Jungkook tenha ficado enciumado com a volta de Yoongi, ele não se confessou puramente por isso. Posso até estar dando abertura para ser um idiota de novo, mas eu não consigo deixar de acreditar nele.
Ele exala confiança, essa era a verdade. Se ele me engana, então eu já estava dentro de uma nova cilada oficialmente, porque certas coisas não tinha mais como voltar atrás.
— Obrigado por me entender. — falei, com uma voz bem mais doce agora comparado as minhas falas de ciúmes. — Mesmo.
— Esse é o tipo de coisa que você não precisa agradecer, mas tudo bem. — coçou a nuca.
— Aquele carro branco é nosso Uber? — observei um veículo se aproximando, e depois de checar a placa, pudemos finalmente ir para casa.
Eu sei que vou ficar gripado, mas valeu a pena.
[🌳]
— Bom, agora eu vou deixar você descansar um pouco... — já tínhamos chego em minha casa há uma meia hora, e Jungkook me esperou tomar um banho e me aconchegar na cama para passar uns minutos comigo. Pena que a hora de se despedir chegou. — Eu vou pra casa, se você puder me soltar, eu agradeço.
— Por que? — questionei, inconformado com sua partida. Meu Deus, eu sou grudento, preciso parar com isso para ontem.
— Porque eu tenho uma casa, Jimin. — riu, tentando soltar os meus braços de seu pescoço.
— Você nunca mais dormiu comigo.
— Desde quando você se tornou tão carente assim? — e continuou rindo, mas dessa impressionado.
— Sempre fui, você que não percebeu.
Até que ele finalmente consegue se desvincular de mim, arrumou seu casaco no próprio corpo e tranquilamente caminhou até a janela do meu quarto, encostando ali apenas para dar uma analisada antes de partir.
Tsc, é engraçado pequenas coisas da vida...
Porque como se o universo tivesse, de uma certa forma, conspirando a meu favor... A chuva começou a ficar bem mais forte naquele momento. Ele tirou uns minutos apenas para observar, não sei se esperando o clima melhorar minimamente ou tentando estrategicamente planejar o melhor momento para ir embora pela janela.
Só sei que aproveitei esses instantes de quietude para levantar-me da cama e me colocar ao seu lado, acomodado da maneira que pude para observar os pingos de chuva junto à ele.
Pelo menos não tinha relâmpagos.
— Eu... acho que vou ter que ficar porque está chovendo. — quebrando aquele silêncio confortável, ele anunciou o que sabia que eu iria gostar de ouvir.
Ele não estava errado.
— Tudo bem. — apenas concordei, segurando qualquer expressão de satisfação. — Mas você tem certeza que vai ficar porque está chovendo?
— Como assim?
— Existe um ditado popular que diz que chove quando algo raro acontece. — contei para ele, ganhando totalmente sua atenção e curiosidade. — Sabe, pode estar chovendo porque você vai ficar.
Treehouse em:
Você vai ficar porque está chovendo,
ou está chovendo porque você vai ficar?
Tanto faz. Se me lembro bem, você só estava
procurando em uma desculpa mesmo.
[N/A]
Eu gosto mt desse capítulo 🫣
Essa é a nota da autora de hoje hahah
Quem lembra da frase icônica?
Até o próximo capítulo que logo sai 💜
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