❦| I've been thinking about you lately



[🌳]


O céu estava começando a escurecer quando Jimin estava em frente à sua própria casa, encostado naquela coluna e admirando o que parecia ser muito surreal: seu trabalho em forma de revista. Já tinha se passado uma semana desde o serviço feito, que foi tempo o suficiente para apenas colocarem os arquivos prontos com seus devidos assuntos, e produzirem.

Na realidade, a revista ainda não estava à venda nos locais. Apenas os envolvidos no projeto tinham recebido as primeiras para verem o resultado, e claro que Jimin não deixou de receber, levando em conta que cem por cento das fotografias utilizadas ali eram suas.

Sorriu ao ver que tinham de fato explorado da melhor forma seus clicks, o serviço definitivamente não ficou meia boca.

Já era a sétima vez que ele estava analisando tudo aquilo do começo ao fim. Sorria como se fosse a primeira vez sempre que via no final das fotos fotografado por: Park Jimin

No entanto, naquele momento, nem toda vizinhança estava de fato com um clima tão agradável quanto o do fotógrafo. Na casa dos Jeon, existiria praticamente uma nuvem negra pairando.

Você não tem o direito de brigar comigo por nada. Você não tem moral, não tem mesmo! — Jungkook jogava tais fatos contra o seu próprio pai, de forma exausta. Sua expressão só transparência decadência, queria estar em qualquer lugar que não fosse ali.

Jungkook, chega! Você quer chamar atenção?! — o homem gritou de volta, agoniado. — Está fazendo isso da pior forma!

— Atenção? — o mais novo riu sarcástico. — Não preciso mesmo da sua atenção.

— Jungkook, chega! — era nítido a forma desesperada vindo do pai do garoto. — Não vou mais aguentar essa sua falta de respeito comigo! Eu sou o pior pai do mundo? Legal. Agora pode voltar para as suas idiotices, está me fazendo crer cada vez mais que você seja um drogado de merda!

Nem paresia, mas senhora Jeon também estava presente naquela situação toda. Reprimida. Somente levantou sua cabeça quando escutou aquela ofensa nítida ser cuspida contra o filho.

E com as duas figuras masculinas apenas se encarando da pior forma possível, o que Jungkook resolveu fazer foi apenas virar as costas e ir em direção à porta da residência.

— Ei, onde pensa que vai? — o homem mais venho diz, agarrando o braço do filho. E com toda certeza aquela atitude fez Jungkook fitar onde a mão grande estava pousada em si.

— Me larga. — apenas pediu, sério. — Está apertando meu braço, me. larga.

— Larga o braço dele agora! — essa ordem veio diretamente da mulher presente, que mesmo sendo reprimida em muitas situações envolvendo aquele homem, quando se tratava de Jungkook, ela sabia ter reação. Mesmo que fosse uma reação que lhe mostrasse nitidamente frágil.

E ao perceber o que estava fazendo, a culpa logo foi assumindo o corpo do homem e seu aperto no braço do outro foi diminuindo, até largado. Senhora Jeon não tardou em se aproximar, e olhar nos olhos do marido para esclarecer, enfurecida.

— Você nunca mais agarre o braço do meu filho desse jeito, está entendendo?!

— É meu filho também. — tentou se justificar, para não sair completamente como o monstro daquela situação.

— Ótimo. Então não aperta o braço do seu filho.

Jungkook não tinha muita reação à não ser continuar a fitar aquela situação com um olhar sombrio. O pai sabia que ele realmente não tinha moral pra brigar com Jungkook, e toda vez que o chamava de drogado, uma grande culpa logo invadia seu corpo. Mas o homem era orgulho demais para se desculpar, aquilo lhe fazia fraco e sem postura de "homem de verdade", em sua concepção.

— Vamos parar com isso. — pediu, mas de forma firme. Ele nunca cedia completamente. — Vá para o seu quarto.

— Vou dormir fora. — o garoto apenas avisou.

Onde?!

— Debaixo da ponte! — Jungkook já estava em um pouco que não adiantava, ele não se importava mais em ficar como o mau educado. Não com aquele homem.

Meu filho... — a mulher choramingou para o garoto, com uma nítida preocupação.

E fitando o rosto da sua tão amada mãe, ele suspirou e se justificou exclusivamente para ela:

— Vou sair pra conversar um pouco, mãe... por favor, me entenda.

— Jungkook, pare de preocupar sua mãe. Vá logo para o seu quarto, vamos cessar isso aqui. — e novamente, o pai tentou intervir, se esforçando para ter o nítido de moral perante à situação.

Jungkook riu seco, desacreditado. Isso lhe levou a pegar um cigarro de sua mãe que estava em cima de uma estante próxima, e mostrando para o seu progenitor:

— É essa porcaria aqui que você tanto diz que eu enfio na minha boca? — os dois outros presentes lhe fitaram, assustados. — Sinto lhe dizer, que a única pessoa que usa isso aqui é a minha mãe. Mas ela não tem culpa, precisa descontar suas angústias em alguma coisa de fato. Ser infeliz é difícil mesmo.

E nem mais esperar um segundo, o garoto finalmente se retira daquela residência com energia pesadíssima. Pelo menos naquele menos.

Senhor Jeon quase ia atrás, mas a mulher logo segurou seu braço.

— Você pode me trair quantas vezes quiser e achar que pode me fazer de boba, mas não vai fazer meu filho sair de casa constantemente por causa da sua idiotice. Deixa. Ele.

E decretando seu último aviso, ela simplesmente sobe para onde seria seu quarto e se tranca ali, querendo um momento à sós para si assim como o próprio filho.

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Ponto de Vista.
PARK JIMIN.

Uma cena que repentinamente chama a minha atenção é o fato de Jungkook estar saindo de sua própria casa batendo a porta e com expressão nitidamente frustrada. O que aconteceu?

É inevitável quando arregalo os olhos e me levanto rapidamente ao percebê-lo batendo com os punhos na grama e gritando o que precisa ser "droga!" várias vezes seguidas. Meu Deus, o que ele tem?

Espera, por acaso isso na mão dele é um... cigarro?
Não estou entendendo nada do que esteja acontecendo.

— Jeon! — quando me dei por mim, já estava próximo o agarrando pela cintura e tentando fazê-lo se acalmar. — Calma, Jungkook!

— Me larga, por favor, Jimin. Eu não quero sem querer acabar descontando meus problemas em você... — ele praticamente implorou de olhos fechados. — Só gosto de te ver quando tô bem! — desabafou.

Mas que besteira! — exclamo, ainda tentando imobiliza-lo mais. — Para com isso, se acalma primeiro!

Jeon tenta dedicadamente se largar de mim, mas eu queria acalma-lo de alguma forma. Então sem pensar duas vezes, abracei sua cintura.

— Jimin, larga! — pede, tentando se livrar de meus braços ao seu redor.

— Não! Se acalma primeiro! — posso estar sendo inconveniente por me meter? Talvez, mas eu realmente sinto que ele precisa ser acalmado nesse exato momento. — S-se você continuar estressado, vai acabar batendo em mim sem querer porque não vou te largar, e eu sei que não quer isso, certo?

Ele então olhou pra mim, totalmente sério. Seus olhos que não expressavam absolutamente nada, como na maioria das vezes. Por um momento, jurei que ele poderia me bater só para eu me decepcionar com ele e aprender minha lição de não me meter em seus problemas.

Por senti-lo um pouco mais calmo, acabo cedendo quando sinto suas mãos em meus braços, os afastando de sua cintura.

— Jungkook, não sei o que você ia fazer com esse cigarro, e nem o porquê estava tão transtornado. Mas... respira, eu tô aqui. Você não está sozinho.

Ao captar minhas palavras com atenção, ele levou seu olhar para aquela caixinha em suas mãos, e teve como reação entregar pra mim. Se ele entregou para mim, subtendo que ele quer se livrar disso. Então sigo minha intuição e amasso aquele item em sua frente.

Após isso, ele conseguiu dar respirar melhor. Se direcionou para a beirada da calçada e se acomodou ali, logo me adiantei em me sentar ao seu lado.

— Desculpa, o clima lá em casa não está muito bem, sabe? — enfim, se explicou.

— Tudo bem, só me assustei com você segurando o cigarro. Uma vez você comentou que sua mãe descontava frustrações nisso, achei que não gostasse...

— E eu não gosto. Não ia fumar.

Desculpa estar sendo meio direto, mas... — suspirei, pensando que de fato, eu estava sendo bem intrometido. Mas fazer o quê? Não aguentava vê-lo assim. — Foi seu pai de novo...?

Ele custou um tempinho, mas me respondeu através de um murmuro frustrado:

— Como sempre.

Imaginei. Pelo o que percebo, a família Jeon é bem desestruturada. Fico mal por Jungkook, ele nitidamente se dói muito por isso.

— Nunca vou deixar de amá-lo, mas é complicado... Só não me ache um rebelde ingrato. — a forma que passava as mãos pelos fios da sua cabeça exalavam estresse. E bom, claro que jamais o acharia um ingrato. — Só tem muita coisa na minha cabeça ultimamente... Se fosse só isso, talvez fosse até mais tranquilo.

— Tem algo a mais acontecendo?

Eu realmente não queria ver Jungkook frustado e chateado daquele jeito. Mas claro, ele tinha o direito de ter um momento de estresse. No entanto, qualquer pessoa que se importe com a outra, vai se esforçar para ser um ombro amigo. Eu precisava demonstrar de alguma forma que eu estava ali com ele e que ele não estava sozinho. Nossa, eu me importo tanto... As vezes não sabia se me achava um idiota por isso ou não.

Após um tempinho, canso de esperar alguma reação ou palavras vindo dele, então eu resolvo ter atitude e apoiar a minha cabeça em seu ombro, automaticamente lhe proporcionado um abraço acolhedor.

Jungkook está trêmulo, posso sentir isso. Eu só queria que aquele abraço pudesse acalmar seu coração de alguma forma, não importa qual das mil coisas ele deva ter em sua mente e com certeza só está compartilhando agora uma parte delas.

Ele não estava bem, e eu estava começando a ter mais certeza que não era só pelos problemas de sua família.

Por que você sempre é tão legal comigo...? — é o que acabei o escutando dizer, com uma voz baixa e afetada.

— Por que eu não seria legal com você, Jungkook? Eu só quero te ver sorrir... Vai, sorria! — decidi o incentivar de forma brincalhona, as vezes mudar o clima ajuda em certas situações.

Não, valeu. — mas é o que o mais novo me responde, não grosso, mas ainda relutante. Tinha algo a mais ali que não o deixava confortável de permitir que o clima mudasse para algo bom, mesmo com minhas boas intenções.

— Está me matando te ver assim, mas não entender cem por cento qual seria a causa disso. O que posso fazer pra te ajudar? Por favor, me fala. — eu odiava ser um maldito insistente, mas infelizmente eu era. Tinha em mente que eu só poderia o ajudar minimamente se eu ao menos chegasse próximo de compreender.

Jimin, nada! — ele simplesmente desabafou, me respondendo. — Você não pode mudar as coisas da mesma forma que... que a noite muda, entende? — nervoso, ele com certeza usou o primeiro exemplo que lhe veio em mente. E mesmo assustado com sua reação, não recuei, mas continuei cauteloso:

M-mas e se eu quiser tentar? — retruquei, me expressando também. — Os problemas podem ir embora também! Da mesma forma que a noite vai!

Ele me fitou, indignado na minha insistência. Até eu estava, eu entendo completamente. Quando percebi, seu rosto estava mais próximo do meu, e eu podia percebê-lo me analisar.

— Para de fazer esse biquinho. — repentinamente, ele me alertou.

— Não! Quer dizer... não consigo. É natural. — justifiquei, um pouco sem jeito pela nossa aproximação. Sei que já nos beijamos outras vezes, mas quando eu não tinha muita noção do que iria acontecer, logo ficava nervoso.

— Então... apenas tenta, se for o caso.

— Tentar em mudar as coisas?

— Não, em me olhar desse jeito! Em fazer esse bico, quando eu não tô muito no momento pra te achar adorável...

Ele me achava adorável? E que tipo de peso isso tinha nesse momento? Eu não faço a menor ideia.

— E sobre mudar as coisas? — arrisquei em insistir, tentando ignorar a última parte de sua fala.

— Meu Deus, Jimin. — ele exclamou, impressionado. — Você é muito...

— O quê? Curioso? Chato? Pode falar. — me adiantei em dizer. — Sei que estou muito insistente, mas não imagino você melhorando se não compartilhar com alguém.

Não é só sobre o que eu sinto, é sobre eu jamais ficar empurrando problemas inconvenientes pra você, problemas que até sejam estranhos de você escutar... E também... — no meio da sua tentativa de explicação, ele simplesmente parou. Suas expressões eram bem parecidas com a minha, estávamos assim por um motivo: a proximidade tinha aumentado em demasia. — P-porque parece que você vai me beijar?

— E-eu não sei... mas, e se for? — e no fundo, eu sabia que ia fazer aquilo.

Após me mostrar uma reação afetada, continuou fitando minha boca. Passar a língua pelos meus lábios foi uma reação inevitável de minha parte. Estava sendo muita atenção para aquele local em específico.

— Já te beijei outras vezes. — ele lembrou.

Então não vai fazer diferença pra você se eu te beijar mais uma vez agora.sem resposta, e bom, pelo seu olhar eu pude ter minha resposta: — É, tenho certeza através do seu rosto que você não se importaria...

Eu queria dizer que olhei para os lados como eu faria normalmente e verifiquei se tinha alguém nos vendo, porque isso é algo que super combinaria levando em consideração que sempre nos beijamos em ambientes fechados. Mas a verdade é que eu não liguei. Quando dei por mim, tinha me aproximado corajosamente e colado suavemente nossos lábios.

Eu não sei o que deu em mim, mas eu queria tanto aquilo e me fazia tão bem. Essa situação estava mexendo com meu coração, e que merda... Se eu pudesse escolher, eu ainda não queria! Queria poder enxergar Jungkook apenas como um amigo que mata minha carência sexual as vezes, mas eu não poderia mais negar que isso passava longe.

Ele estava me fazendo bem sentimentalmente, e me deixa louco pensar que não era como amigo apenas.

Minha mão se posicionou naturalmente em sua nuca, nos aproximando mais. Ele também estava tão entregue naquele momento, que internamente até me satisfez o pensamento de estar lhe proporcionando alguma sensação boa diante o momento tão ruim que ele estava quando nos encontramos minutos atrás.

Depois de uns bons minutos de beijos super proveitosos, finalmente separarmos nossos lábios, e eu não resisti em deixar dois beijos em sua bochecha. Caramba, por que eu fiz isso? Isso foi... tão estranho mas foi por impulso. Não se me sinto um ridículo ou não.

Pude observar Jungkook virando seu rosto em direção à rua de nossas casas, extremamente pensativo. Não resisto em me perguntar se por acaso o assustei. Ai, Meu Deus... Poxa Jungkook, não é só você que está confuso! Comece a se expressar mais antes que você me deixe louco.

Mostrei uma expressão cabisbaixa e me afastei devagar dele, encarando minhas próprias mãos.
Fala alguma coisa, fala alguma coisa... não! Não fala nada, Jimin! Ele que precisa falar algo! Você já fez muito, não dá pra representar os dois em um diálogo.

— Sobre ontem... — e como um milagre, ele começou, virando novamente para mim.

— O q-quê?

— Sobre o: "E se você se apaixonasse de novo?" "Isso curaria seu pobre coração partido?", e coisas desse tipo de que você questionou.

Eu não conseguia parar de olhar fixamente para seus olhos escuros enquanto pensava sobre o que ele estava querendo dizer. Pergunto mesmo, quem gosta se importa e eu me importo. Então aprenda Jeon, isso é... preocupação. Apenas isso.

Caramba, é tão estranho estar sentindo isso! Meu Deus, por que estou aqui nessa posição de novo? Eu queria olhar para as pessoas e não sentir absolutamente nada, queria que isso aqui pudesse ser uma brincadeira, mas não é. Quando envolve sentimentos, a brincadeira acabou faz tempo.

Lembro-me de quando eu chorava pelo meu forte amor por Yoongi. Era intenso demais. Agora, na minha frente tudo o que eu via era Jungkook fitando meus olhos de forma hipnotizante.

Calma coração.

— Eu estive pensando sobre você ultimamente. — ele contou, sereno. Seu olhar me deixava mais nervoso, ele podia falar qualquer coisa e eu teria que estar preparado. Eu não estava! Definitivamente, tinha recém aceitado meus sentimentos, não tinha certeza de nada nessa vida.

— Esteve?

— Eu... poderia até me apaixonar novamente... — ele assim então falou, levando sua mão até a minha bochecha e a acariciando carinhosamente. — por alguém que está na minha frente. Sabe, nesse exato momento...

Estou tremendo.

Meu coração não está apenas ansioso, mas também apertado, porque de repente... lágrimas começam a cair dos olhos de Jeon.

O que? Chorar? Eu nunca vi Jungkook chorando.

O que está acontecendo nesse momento? O que mistura com tudo isso que o fez cair em lágrimas na minha frente agora? Agora não quero saber mais nada sobre nós necessariamente, só estou preocupado. E o que eu estava sentindo era nítido quando toquei em seu ombro, sem saber o que fazer.

— P-poderia? — indaguei. — Mas por que você está chorando? E-eu nunca te vi chorar... Jungkook, conversa comigo sincero...

— Até poderia. Mas caramba, isso seria eventualmente um erro... — sua forma de segurar o desabafo estava sendo completamente falha, mas ele ainda se esforçava.

— P-por que seria um erro?

O observei negar algumas vezes enquanto tinha seu olhar perdido presente no rosto.

— Você simplesmente merece algo melhor.

O quê? Eu estava ouvindo isso mesmo?!

— Jungkook, independente de qualquer coisa que sequer conversamos direito ainda, por que você ousa dizer uma coisa dessas? — eu não conseguia parar de negar, indignado pelo o que ouvi. — E outra, quem é você pra falar o que mereço ou não? Eu sei o que vejo em você.

Eu confio em você, Jimin. — ele respirou por um momento, e pareceu até ganhar alguma mínima confiança de fato para conversar comigo. — Preciso te contar uma coisa...

Tudo bem que, como seres humanos, naturalmente temos muito medo de frases assim. Mas naquele instante, eu só queria que ele desabafasse completamente comigo para eu entender se consigo compreendê-lo, nem que fosse minimamente.

Pode falar o que quiser pra mim. — me aproximei, passando meu braço em volta de seu pescoço. — Fala comigo, vai.

Então, ele criou coragem e iniciou aquela grande relevação para a minha noite:

Jimin, lembra dos dois dias que eu sumi e depois você foi me buscar naquela boate estúpida?

— Sim... — respondi, um tanto desconfiado.

Ele suspirou, parecendo até frustrado sobre o que ia falar prosseguindo a narrativa.

— Você também deve lembrar da triste e ridícula história da garota que eu amei.

Certo... para que conclusão essa situação está indo?

Meu Deus, eles voltaram! Está bem, calma. Sem conclusões precipitadas.

Sim, mas o que tem ela?

Jungkook tossiu algumas vezes por acabar se engasgando com o próprio choro.

— Pois é, você de fato nunca mais vai saber dela. — passou a mão pelos seus olhos vermelhos. —Ela está morta, Jimin... morta.

Mas o que... Morta?

De todas as coisas que poderiam ter saído da boca de Jungkook, essa era a que eu menos esperava.
Sinto uma pontada no meu coração, uma pontada forte que continua a aumentar. Por um momento, até duvidei do que ouvi, mas ele não tinha gaguejado e muito menos falado baixo, eu tinha sim entendido as palavras que saíram de sua boca.

— M-mas c-como... J-jungkook isso... Como?! — eu estava chocado, sem nem mesmo uma reação clara.

E enfim, ele contou:

— Suicídio.

— Suicídio? M-mas... — o que eu poderia falar diante o que tinha escutado? — J-jungkook, por que você não me falou...?

— Você não precisava saber disso. E como eu poderia falar sobre isso?

— Eu sou seu amigo, acima de tudo. Estava com medo de me magoar, é isso? — beleza que nos envolvíamos, mas diante uma situação tão pesada dessas?

— Não é isso. — se prontificou em me responder. — Só não queria que você pensasse besteiras. Ou tivesse algum tipo de pena de mim.

— Pena de você? — deixei soar uma risada seca e desacreditada perante o que ouvi. — Eu não sinto "pena" de você, tá bem? Pena sentiria quem não te conhecesse, e eu te conheço tão bem!

Para de chorar. — no meio daquele clima imensamente pesado, ele simplesmente pediu ao ver meu rosto vermelho. Nem eu percebi que tinha chegado à esse ponto. — Por que você está chorando, Jimin?

Boa pergunta. Por que eu estava chorando?

— P-porque você está chorando, também p-porque eu nunca te vi chorar e eu não imaginava que uma coisa dessas fosse acontecer e eu sinto muito! Eu sinto muito mesmo... — queria dizer que não estava afetado com aquilo, mas estava. E com vergonha de estar aos prantos por uma situação que sequer me envolve, lhe abracei não só com a intenção de reconforto, e sim pra esconder meu rosto.

Talvez eu estivesse até chorando mais do que ele, ridiculamente. E eu estava constrangido por isso.

Mas inesperadamente, o sinto apertar o meu corpo contra o dele. Jeon precisava daquele abraço mais que tudo. E eu, apesar da minha situação, estava tão feliz por estar sendo útil pra ele de alguma forma. Mesmo que fosse pra um abraço.

Depois de um bom tempo necessário abraçados, ele desfaz aquele contato apenas para limpar o rosto e tirar o celular do bolso. Tremendo, o vejo abrir o aplicativo de mensagens em uma conversa, logo em seguida me entregando para eu analisar.

— Isso foi no dia que aconteceu, umas horas antes do acontecimento. — explicou-me.

Mensagem (conversa de dias atrás):

Anny:
| oi, eu sei que faz tempo que não nos falando mas sabe, eu tenho quase certeza que você ainda lembra de mim. Eu espero pelo menos... Não acho que você ainda tenha meu número.
[enviado às 18:17]

Pq está lembrando de mim e
me enviando mensagem? |
[enviado às 18:19]

Anny:
eu sei lá queria saber como anda a sua vida
E também, por mais estranho e tarde q seja, pedir desculpas...
[enviado às 18:22]

Não tô entendendo suas intenções |
[enviado às 18:25]

Anny:
não...
Não é isso que está pensando
Não me entenda errado
[enviado às 18:25]

Então pq fica aparecendo assim do nada?
Você me fez de idiota no passado.
É claro que eu tô confuso com uma mensagem sua
[enviado às 18:25]

Anny:
eu queria dizer q desejo que vc seja muito feliz e que encontre alguém q te ame muito.
Alguém que faça você sentir aquela paixão forte, alguém especial. Alguém que sabe, fique com vc do jeito q eu não fiquei.
[enviado às 18:26]

Estranho. É isso q está sendo
essa conversa boba... estranho.
[enviado às 18:27]

Anny:
Tá bom Jungkook...
Desculpa se te incomodei, sei que deve ter coisas muito melhores pra fazer do que falar comigo, eu entendo c:
Viva bem, se cuide... de verdade.
[enviado às 18:28]

vem com essa conversa estranha
e dps simplesmente se despede
e tchau??? é isso???
[enviado às 18:29]

Anny:
desculpa, tchau jungkook preciso ir, tá bom?
[enviado às 18:29]

Explica isso direito :/
Quer saber? Tá bom, tchau então
Mas que fique avisado: amanhã eu ainda te mando msg, quero que você me explique melhor esse contato repentino depois de tempos
Tchau, Anny
[enviado às 18:29]

E essa tinha sido a conversa recente deles, a última conversa que eles podiam ter.

Você... ela...fecho os olhos por um momento e enfim entreguei o celular para ele. — E-eu não sei o que dizer...

— Acredite, eu também não. Então nem precisa falar nada.

Nesse momento, ele não chorava mais. Apenas tinha um olhar perdido sobre a rua do bairro, com sua expressão arrasada sobre o assunto.

— Enfim, você já ouviu demais hoje... — sem mais nem menos, ele se levanta. Disse isso como se estivesse me incomodando de alguma forma.

Jungkook, eu disse que não sabia o que falar pra você. — me coloco de pé rapidamente assim como ele, me posicionando em sua frente antes que ele se retire. — Mas eu posso ficar com você, eu posso cuidar de você... é sério!

O observei rindo fraco da minha preocupação, não maldosamente. Ele só parecia estar achando uma graça minha disposição em ajudá-lo.

— Você é fofo. Mas não precisa se preocu-

— Vem comigo! — sequer o deixo achar desculpas, me apressei em puxa-lo comigo, o sentindo relutante à primeiro momento.

Sua mãe vai pensar que eu não tenho mais casa de tantas vezes que estou dormindo com você... — justificou.

— Aff, e daí? Espera... — acabo olhando ao redor enquanto ainda segurava sua mão, até que tive uma brilhante ideia. — Vamos fazer uma coisa diferente.

— Tipo o quê?

Vem, vamos dormir na sua casa na árvore!

Essa é a ideia diferente? — ele tentou rir. — Já dormi lá diversas vezes.

Quer parar de ser chato? Mas não dormiu lá comigo! Vamos! — disse dando os ombros, um tanto óbvio, e o puxei para o tal lugar.

Só sei que queria anima-lo. Não queria que ele passasse o resto de sua noite se consumindo por uma culpa que na minha concepção ele não tinha. Apesar dela ter ido, ela o magoou no passado, é claro que ele estaria relutante em falar. Ele não precisa se consumir por culpa de uma despedida a qual ele não sabia que seria uma despedida. Com quantas pessoas ela não deve ter tentado dar uma mensagem final antes de decidir ir?

— Vai, sobe primeiro. — falei, assim que estávamos na pequena escada que proporcionava acesso à casinha dele. Notem que sou bem abusado, o convidando para a casa na árvore dele.

Ele me fitou por um tempo, como se me analisasse e estivesse pensando sobre ceder para a minha tentativa de deixá-lo bem.

Que tal você primeiro? — enfim, retrucou.

— Negativo, você só quer olhar minha bunda! — não sabia se era o melhor momento para tal acusação, mas conclui que valeu super à pena principalmente por ele ter deixado soar um riso fraco.

— Então contribua pra eu ter essa bela visão, Park Jimin.

Cruzei os braços e neguei com a cabeça.

— Você não presta mesmo, hein? Vou subir então, seu pivete. Só vem atrás.

Não perco tempo e me apoio nas escadas e começo a subida. Toda vez que sentia Jungkook apertando minha bunda, eu batia em sua mão. Apesar da ousadia, fiquei feliz em vê-lo nitidamente estar disponível para brincadeiras como sempre é.

E logo já estávamos lá na tal querida casinha na árvore dele. Sem mais delongas, tranquilamente fomos nos acomodando ao lado um do outro nas pequenas almofadas.

Ele tirou um tempo para me encarar, como quem se questionasse sobre algo que logo expressou:

— Por que você está fazendo isso, Jimin?

— Isso o quê?

— Está tentando... melhorar. Se esforçando tanto pra não me ver mal.

Talvez porque eu sinto que sou capaz disso... — fui honesto. — E porque sou um pouquinho trouxa.

Ele negou com a cabeça algumas vezes, sem nem mesmo tirar os olhos de mim por algum momento.

— O único trouxa aqui sou eu, porque acabei de ser despedaço por inteiro e estou aqui... me encantando por você. — confessou, franco. — Em que mundo eu faria isso? Eu não quero me machucar e não quero te machucar.

Me expulsa daqui, então. Vai ser mais fácil. — praticamente o desafiei, mas em tom sútil de sugestão inofensiva.

— Merda, não consigo fazer isso... — franziu o cenho, afetado.

— Eu sei. Você não consegue me afastar completamente, mas não se preocupa... Também me sinto assim em relação à você. Não está sozinho nessa.

Não tínhamos muito o que falar além daquilo, mas sabíamos que a presença um do outro estava sendo extremamente necessária naquele momento.

       ¸.*♡*.¸ ¸.*☆*.¸

Eu sentia a respiração dele sobre a minha.
Eu podia sentir ele mais calmo novamente e sua tranquilidade caía sobre mim de alguma forma.

Estávamos deitados no chão da sua casinha com o edredom do meu quarto que fui buscar sobre nosso corpo, enquanto nossas cabeças se apoiavam nas pequenas almofadas azuis que tinham ali.

Ele não estava chorando, ele estava "bem" teoricamente. E depois de uns bons minutos em silêncio que foram super necessários, quebrei o silêncio chamando-o:

Jungkook.

— O que foi...? — diz ele, colocando uma pequena parte de meu cabelo atrás de minha orelha.

— Eu estou com você.

Seus olhares se conectam nos meus agora, e pude observá-lo sorrir singelamente.

Eu achei que você choraria o resto da noite, mas você está sorrindo. — aponto tal observação.

É porque meus sorrisos são mais constantes que meus choros. — disse simples.

— Eu sei disso. É estranho falar, mas eu te conheço tão bem.

— Conhece? — ele continuou acariciando meus fios.

Já parou pra pensar que talvez não seja um erro como a gente pensa? — decidi arriscar falar tal coisa que me veio em mente naquele momento.

Se apaixonar? — obrigado por não ser sonso.

Sim.

Por uns segundos, ele permitiu pensar curvando os seus lindos lábios.

— Será?

Apenas dei os ombros querendo deixar um "não sei..." no ar. Apesar de eu dizer as coisas, não tinha certeza de nada.

— Você está apaixonado por mim? — ele me surpreendeu perguntando, com um olhar profundo. Aquele questionamento taí direto me deixou nervoso.

— Ah...Ehh eu acho que... — acabei gaguejando, de forma ridícula. — Eu estou com sono, sabia?

Ele riu, especialmente por me ver fechando meus olhos para supostamente dormir.

Não vou te obrigar a dizer nada, mas sabemos pra onde estamos caminhando... 

Permaneço ali no meu fingimento pessoal, nem me importando se aquilo estava convencendo ou não.

Jungkook estava com o passado lhe consumindo e lhe fazendo lembrar o porquê acha tão difícil se relacionar, isso era fato. Afinal no fundo, independente de qualquer sofrimento que ela tenha lhe proporcionado, ninguém quer a morte de ninguém. Queremos a pessoa viva para sofrer as consequências do que fez com a gente.

Mas... ela se foi. E juntando com suas péssimas experiências ruins, eu não tenho como dizer algo diferente de: eu te entendo. Minhas experiências com relacionamentos também não foram nada boas, e sim, dá um medo de tudo acontecer de novo ou pior. Dá um grande medo de sermos idiotas novamente.

Ele disse que poderia se apaixonar por mim.

Poderia.

E se apaixonar-se depois de péssimas experiências é ser idiota, nesse momento eu sou o cara mais trouxa do mundo. Por que? Porque sem perceber, eu já estava perdidamente apaixonado.

Treehouse em:
Droga, acho que estou completamente
apaixonado por você.

[N/A]:

Desculpa a demora pra atualizar, esse capítulo foi um pouco trabalhoso de reescrever haha
Mas logo vem bem mais! ❤️
Estamos começando a esquentar as coisas, saindo oficialmente do início da história.

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