❦| i'm not the same person
P.O.V
PARK JIMIN
— Jimin, quer deixar de brincadeira e me dar logo essa câmera? Seu engraçadinho! — Amber, minha mais nova colega de trabalho e uma das razões para eu começar a ter mais oportunidades na minha área, falou vindo atrás de mim.
— Está bem! Pega. Mas ficou legal, viu? — entreguei a câmera de volta para ela, defendendo minha tese sobre ela não poder de jeito nenhum apagar certos clicks que ela queria apagar porque "estavam terríveis" e eu não via isso. — É impressão minha ou você não está se alimentando direito? Comprei suco, toma um pouco! — apontei para a caixinha em cima da mesa.
— Tô de boa, pode ficar tranquilo. — sorriu fraco e conectou a minha máquina fotográfica a qual usamos, ao computador. — Só estou cansada, esse foi um dos ensaios fotográficos mais longos que já participei.
— Nem me diga. — tive que concordar, também estava exausto. Mas como estava iniciando minhas oportunidades agora, diferente dela, com certeza isso tudo me satisfazia mais do que cansava.
— Mas valeu a pena, as fotos ficaram incríveis. — observou, abrindo o arquivo na pasta do PC.
— Também gostei. Devia colocar no portfólio do estúdio. — comentei enquanto tomava mais um pouco do suco de laranja.
Enquanto estou muito concentrado no meu sanduíche que estava prestes a dar uma primeira mordida, percebi que Amber arregalou os olhos ao checar a câmera e prendeu uma risada. Fiquei encabulado com isso, obviamente.
— O que foi, mulher?
— Ah, nada não. — mas a risadinha continuou, mesmo que ela tentasse disfarçar. Por isso cerrei os olhos em sua direção.
— Duvido que seja nada. Vai, mostra.
Quando aproximei meu rosto ao lado do seu para conseguir enxergar o que diabos ela estava vendo e rindo, eu congelei. Eu não podia olhar para o meu próprio rosto, mas tenho a plena certeza que virei um pimentão de tanto constrangimento. Sorte que não congelei o suficiente para deixar de fazer o óbvio, que era tomar aquela câmera de suas mãos imediatamente.
Ela tinha simplesmente acabado por ver as fotos que eu e Jungkook tiramos pelados, no meio do quintal da residência abandonada de seu amigo. Agora eu pergunto: eu precisava disso para o meu dia? Obviamente que não! Mas a vida pelo visto gosta de me fazer passar vergonha.
E claro, eu sou um idiota por nunca ter tirado aquelas fotos da câmera que eu TRABALHO atualmente. Nossa, que falta de senso!
— Pelo amor de Deus, Amber. Você não precisa mesmo ver isso, Meu Deus! — eu prendia minha atenção na câmera por puro constrangimento de lhe olhar depois daquilo.
Por um segundo me deu vontade de enforcar Jungkook, mesmo que ele não tenha culpa de nada. Mas é só por um momento mesmo, logo passa.
— Jimin, está tudo bem. De verdade. — me tranquilizou, com um sorriso cúmplice. — Você acha mesmo que eu nunca fiz foto sensual com as garotas que já saí? Qual é! Super normal pra fotógrafos.
— Tá, m-mas você não precisava ter visto... Até me perdoa por isso. — o que nunca fazer quando começar a trabalhar em algum lugar: deixar a pessoa que te deu essa oportunidade te ver em um ensaio sensual com a pessoa que você está saindo.
— E outra! Isso aí não é nude. — ela então apontou tal observação. — Cara, essas fotos-
— Eu sei, eu sei... vergonhoso demais, eu vou matar o Jungkook por inventar isso! Eu deveria ter apagado, pena que eu gostei muito do jeito que as fotos ficaram, mas foi bobagem minha. — eu ainda não conseguia olhar para ela.
— Mas era isso mesmo que eu ia falar! Cara, não são nudes. Vocês fizeram um ensaio bem conceitual, já pensou em editar as fotos? Estão lindas... ele quem teve a ideia? — ela se mostrou interessada no potencial das fotos.
— Foi, ele é um idiota...
— Jimin, você não tem noção. Essas fotos ficaram muito bonitas, podemos usá-las pra galeria de fotos que estou planejando com Hyuna e Jackson desde a semana passada! Vai falar sobre amor, expressão e diversidade. — me contou, finalmente atraindo minha atenção. Digamos que Amber não era apenas uma simples fotógrafa, ela fazia arte em forma de fotos. Tinha exposições e tudo. — Se você trabalhasse em cima dessas fotos, eu adoraria colocar entre as várias que estarão na exposição. Sério.
— Amber... o que posso dizer sobre isso? — pensei nas melhores palavras. — Eu ficaria honrado, mas eu não posso expor isso! É meio vergonhoso... E outra, eu e Jungkook não somos modelos. Tiramos isso sem desenvolver nenhum artístico, só fizemos por fazer, sabe?
— Qual é, Jimin! — ela exclamou. — O que você não quer mostrar? Suas partes íntimas sequer aparecem na foto, nem é focado nisso. E outra, tem que se esforçar muito pra ver que são vocês aí! Os ângulos favoreceram formatos dos corpos juntos. Já dirigimos vários ensaios desse tipo, tanto lésbico quanto hétero. Por que não usar o de vocês?
— Eu não sei, Amber... — eu ainda estava me acostumando com a ideia de fazer parte da obra que seria exposta. Uma coisa é ser o fotógrafo, outra coisa é estar pelado na arte com o seu atual ficante! — Quer dizer, eu realmente gostei das fotos...
— Um dia desses você tirou fotos de um cara de cueca, da onde veio a vergonha agora, Park Jimin? — me questionou, cruzando os braços.
— Porque não era eu nas fotos, ué!
— Ah, dá no mesmo.
Em que mundo?!
Ok, precisei de uns segundos para pensar e ela me proporcionou isso enquanto editava alguns clicks do ensaio de hoje. Pensei, pensei e pensei... Até que:
— Tudo bem Amber, verdade. Por mim, tudo bem. Eu vou perguntar do Jungkook se tudo por ele, e te envio as fotos depois de editar se ele deixar usar a imagem dele.
— Exposição temática mais completa, não vai mais haver depois da nossa! — ela comemorou, completamente satisfeita.
— Bom, realmente, até o Jackson entrou nessa tirando fotos de cueca. — eu disse, rindo ao lembrar da sessão que o próprio fez há pouco tempo para contribuir com esse projeto da amiga.
— Falando nisso, ainda estou com as fotos dele. — ela informou. — Preciso transferir para o computador hoje. Mãos à obra?
— Mãos à obra.
[🌳]
Jungkook deveria começar a se preocupar sobre a facilidade que tenho conseguido entrar em sua residência por causa de senhora Jeon ultimamente. Ela me vê e simplesmente não pergunta mais nada, só abre espaço para que eu vá até o quarto do filho. Sorte dele que não sou maluco.
— Jungkook, Jungkook!
De qualquer forma, entrei em seu quarto e dei de cara com o indivíduo de roupa de dormir em plena tarde, mexendo em seu computador. Fiquei impressionado.
— Sabe que horas são pra ainda estar de moletom?
— Com certeza sei. Quase três da tarde. — me respondeu, apenas tirando seu olhar do computador por um momento para me lançar um sorrisinho afrontoso.
— Você foi para a aula, ao menos? — perguntei, fechando a porta do quarto e me aproximando dele.
— Digamos que não.
— "Digamos que não" nada, você realmente faltou aula.
— Talvez. Você nunca saberá. — sorriu travesso em minha direção.
Lhe lancei uma cara nada boa, mas apenas para debochar de suas respostinhas engraçadinhas. Era momento assim que eu lembrava que ele ainda estava na escola, sem julgamentos (mas já julgando).
Quando me aproximei, adivinha o que ele estava fazendo? Jogando Mário. Sei nem o que pensar sobre isso, tem um lado meu que está com inveja porque afinal, é o Mário! Mas tem um outro que continua o julgando. O que posso fazer? Eu sou assim, um fragmentado de opiniões as vezes.
— Onde estava? — ele me perguntou assim que puxei uma cadeira e me acomodei ao seu lado.
— Eu fui pra um ensaio com a Amber, e falando nisso, preciso te conta uma coisa.
— Fica à vontade. Mas antes, eu quero muito o doce que você está comendo. — o seu olho gordo já foi em direção as minhas balas.
— Tá, daqui a pouco te dou. Então, a Amber-
— O doce antes ou nada feito.
Lhe olhei encabulado.
— Deixa de ser chato.
— Deixa você de ser chato, ué.
Acabando logo com isso, entreguei aquilo para ele revirando os olhos. Eu sou o pai dele ou o quê, para ficar lhe alimentando e lhe trazendo doces? Está estranho esse seu Daddy Issues, viu Jeon?
Brincadeira. Ou não, sei lá.
— Feliz? — faço uma feição entediada.
— Muito. Agora sim, pode falar. — deu abertura, enquanto consumia o que dei, satisfeito.
— Então, sabe aquelas fotos que tiramos quando fomos na casa abandonada do seu amigo, nas montanhas? — ele assentiu algumas vezes. — Será que eu poderia, assim, usar em uma exposição que vamos montar lá no estúdio?
— Sim, usa.
— Sério? — arregalei os olhos de surpresa. — Achei que você iria fazer mil perguntas e dizer não pelo menos umas cinco vezes.
— Gracinha, o que é bom precisa ser mostrado, não?
— Está falando de quem especificamente? — arqueei a sobrancelha.
— Dos dois corpos juntos e colados, é uma visão maravilhosa, sabia? — parou o que estava fazendo para piscar para mim. E está bem, achei charmoso. Fiquei apenas sorrindo, sem graça. — Jimin, não sei se você percebeu, mas eu tô te paquerando. Diz alguma coisa.
— Admite logo que você está louquinho pra namorar comigo, garoto! Só não tem coragem de dizer. — ele acabei o zoando, e ele riu abertamente. — Está rindo do quê? Admite de uma vez, engraçadinho.
— Não vou admito nada agora, então não provoque, vizinho.
— Não estou provocando, só estou falando o óbvio. — cruzei os braços, satisfeito por estar lhe colocando contra a parede em forma de zoeira.
— Ótimo.
— Agora, você não pode me impedir de fazer certas coisas que quero. E isso não é provocação! Por exemplo, deixa eu me acomodar aqui rapidinho... — e em questão de segundos eu estava sentado em seu colo, de frente para ele. Uma atitude ousada, mas eu realmente queria ver sua reação perante aquilo e percebi que havia conseguido o que queria quando seus olhos cresceram em minha direção.
— Jimin, o que você pensa que está fazendo?
— Nada de especial. Só sentado.
— Sentado em mim. — deu ênfase.
— Não é incomoda comigo, é só porque você é bem confortável.
— Fica quieto. — ele fechou os olhos, respirando fundo quando sentiu pequenas movimentações enquanto eu me ajustava. — Para de rebolar.
— Não estou rebolando, besta!
— Ah, é mesmo? Pois saiba que parece!
— Caramba, moleque... — eu ri que rir perante ao que eu estava sentindo. — Não acredito que você se animou tanto rápido.
— Acha engraçado, é? Então vem aqui! — ele acabou me puxando pela minha nuca e juntando os nossos lábios em um contato recheado de desejo.
Sua mão nem disfarçou quando adentrou a minha calça, e eu até pensei em fazer uma brincadeira com ele dizendo que só faço esse tipo de coisa quando namoro oficialmente alguém, mas o senti sedento demais para essa ladainha no momento e seria pura maldade.
Estávamos ali, naqueles amassos nem um pouco carinhosos e decentes, quando escutamos algo que nos fez travar imediatamente:
— Filho!
A minha atitude imediata foi sair de cima dele tão rápido quanto o flash e me jogar em sua cama de barriga para baixo, pegando um quadrinho do homem de ferro que tinha ali. Enquanto ele, conseguiu alcançar uma almofada que estava jogada em seus pés e a posicionou em cima de seu problema momentâneo.
— Jungkook, você- acho que por um momento ela tinha esquecido que eu estava ali, mesmo que tenha sido a pessoa que me deixou adentrar na residência. — Oh, Jimin, estou tão transtornada pela raiva que esqueci que você estava aqui. Desculpe, mas vou ter que brigar com o Jungkook na sua frente. Menino, você fica pegando as almofadas do meu sofá, devolve essa aí agora! — ela exigiu chateada, me deixando em uma missão impossível de prender a risada.
Jungkook está fodido, em tantos níveis diferentes. Vamos ver se ele é esperto de se safar dessa.
— Ô mãe, foi mal, mas deixa que eu devolvo depois! Eu preciso dela agora de uma forma que você não entende. — ele tentou explicar, com o desespero disfarçado.
— É, eu definitivamente não entendo! Devolve logo. — repreendeu e exigiu novamente, sem paciência. Só Jungkook para estressar essa mulher tão gente boa e carinhosa. Filhos e seus dons naturais de tirar os pais do sério.
— Mãe, pelo amor de Deus, depois eu devolvo.
— Você por acaso não está assistindo pornô de novo, não é, Jungkook? — senhora Jeon questionou, indignada com tal possibilidade. Eu sinceramente quase explodi em gargalhada, nem consegui segurar completamente e deixei algo soar antes de colocar a mão na minha própria boca, me calando.
— Ô, mãe! — ele a repreendeu, super constrangido. — Eu não tô assistindo pornô, está bem?!
— Acho bom! E devolva mesmo minha almofada depois! Vou esperar estar lá até o final do dia. — e como quase toda mãe, ela muda radicalmente sua expressão para um sorriso rápido quando olha para mim antes de se retirar e fechar a porta.
Sem dar abertura a momentos silenciosos, eu acabei rindo enquanto cobria meu rosto e escuto ele também não se conter em achar graça da situação.
— Certo, isso foi vergonhoso.
— Eu sei disso. Meu Deus, garoto, sua mãe já te pegou assistindo pornô?
— Uma vez. Depois disso nunca mais esqueceu e sempre que estou no computador, pra ela, estou assistindo pornô. — explicou.
— Que situação, hein?
— Pois é, realmente é uma merda. Por que assistir se eu tenho com quem fazer? — mesmo após uma bronca e quase sermos flagradas pela sua mãe que ainda não sabia das suas novas experiências, ele lançou tal sugestão. Ele não prestava, e eu muito menos, porém mais do que esse garoto eu prestava sim. Convenhamos.
— Com quem? Você não namora.
— Eu ainda não namoro. — apontou.
Agora me diz, quem cairia nesse papinho dele, sinceramente? Nem eu que já fui muito otário faria isso. Se manca!
[🌳]
Fiquei muito satisfeito com as horas que eu desfrutei junto com Jungkook o resto da tarde. Conversamos bastante e até mesmo jogamos os piores jogos que tinham pela internet. E de verdade, eu adorava essa cumplicidade que parecíamos não ter perdido depois de nos relacionar, a sensação que eu tinha era que mesmo que não déssemos certo como casal, talvez ainda seríamos ótimos amigos (quem sabe).
De qualquer forma, após aproveitarmos bastante a companhia um do outro produtivamente, agora estávamos apenas deitados ao lado um do outro em sua cama. Sentia seu carinho em minha bochecha e por pouco aquilo não me fazia adormecer.
— Para de cutucar minha cara. — ele resmungou, exausto de tanto que eu achava cravos em sua cara. Não pense que eu sou o senhor viciado em espremer cravos, porque até que não, mas ficar tão próximo do rosto dele juntando com o tédio, me fazia virar repentinamente um esteticista amador.
— Então não toca na minha bunda. — mas o afrontei, afinal, não era apenas eu que estava fazendo coisas irritantes.
Jungkook acabou rindo, e enfim lutou contra a própria preguiça para levantar e ir até a mesa do seu computador, pegando seu celular que não via as mensagens há horas por estar comigo aproveitando o tempo. Eu me espreguicei, até um certo momento levar meu olhar à ele e o perceber com o cenho franzido em direção a janela do seu quarto.
— Por que está com essa cara? — até ri, confuso.
— Aquele na frente da sua casa... É o caralho do Yoongi? Espero estar delirando.
— O quê?! — eu também esperava muito que Jungkook estivesse delirando, porque sinceramente, se Yoongi tivesse saído da porra da toca dele para me perturbar em minha própria casa, o bicho ia pegar!
Dei um pulo da cama e vou em direção a janela apressadamente, torcendo para Jungkook estar somente com algum pesadelo à respeito daquele jogador de basquete idiota. Mas quando eu bati os meus olhos na direção da varanda da minha casa...
— Mas que porra...?
Certo, eu não acreditava no que meus olhos estavam vendo. Ele realmente estava ali, e eu não queria nem imaginar a possibilidade de ele ter tocado a campainha da minha casa e dar de cara com algum de meus progenitores.
Meus pais simplesmente odiavam Yoongi! Especialmente meu pai. Eu sempre fui o garotinho do papai, mas digamos que desde que eu me assumi para o meu paizinho, ele se tornou mais protetor. Senhor Park era o cara mais de boa do mundo! Mas falando de Yoongi, ele se tornava quase um rabugento conservador e chato de oitenta anos.
Com a compreensão de Jungkook (ou não), eu saí de sua casa e fui andando até à frente da minha, onde me deparei com Yoongi sentado ali, com se não tivesse nada melhor para fazer. Sem rodeios eu parei em sua frente com uma expressão de insatisfação, e cruzei os braços.
— Boa tarde, Yoongi. — falei irônico. — O que você está fazendo na minha casa?
— Boa tarde, Park Jimin.
— Vai, desembucha.
— Eu não estou na sua casa, tô próximo dela. Mas nela, eu não estou. — era para rir? Porque se foi a intenção dele, deveria se esforçar mais.
— Há há. — dei uma risada propositalmente forçada. — Você é tão hilário.
— Você não tem nada para me falar? Duvido que não soube. — e ele lança essa, deixando uma expressão super confusa na minha face. A única coisa que eu perceberia era que ele parecia realmente frustrado e chateado, não que eu me importasse.
— Yoongi, deixa dessa. — revirei os olhos. — Você não é celebridade pra eu saber das coisas que acontecem na sua vida. E se for alguma morte, perdão mesmo, mas eu mantenho minha fala. Eu realmente não soube de nada, ué! O que foi?
Ele riu meio fraco, e então me contou com uma voz extremamente inconformada enquanto ficava lançando pedras para longe:
— Ontem teve jogo, e eu estraguei a porra toda. Fui o time perder o jogo justamente na minha primeira atuação depois que voltei pra cidade. Sabe o tamanho da minha vergonha?
Queria não estar surpreso, mas estou um pouco. Esse cara pode ser um otário, mas desde que éramos novos ele mostrava um desempenho impecável no que fazia. Não é querendo levantar a bola dele, mas como estou só na minha mente eu posso: nunca o vi ter uma performance desastrosa. Nem quando os jogadores com quem ele atuava eram péssimos, ele sempre era a salvação para o time não zerar completamente e passarem tanta vergonha.
Agora, ele ser o motivo do desastre do time. É a primeira vez que vejo realmente. Ah, mas foda-se!
— Olha, tá... Deve ser devastador mesmo. Mas cara, acontece. Tudo tem uma primeira vez, Yoongi. Você supera, faz parte. — disse, realmente frio.
Não estava surpreso de vê-lo desse jeito com uma derrota, ele nunca aceitou muito bem perder e o que tinha de filho da puta, tinha de reforçado na única coisa que se importava verdadeiramente: o esporte. Cansei de vê-lo treinando incansavelmente.
— Ehh... Você deveria estar em casa, descansando um pouco a mente. — aconselhei. — Por que veio aqui em um momento como esse?
— Sei lá... — continuou lançando aquelas pequenas pedrinhas para longe, e suspirou profundamente. — Quando eu morava aqui e me frustava nos treinos, você sempre falava palavras acolhedoras pra mim. Sei lá, eu admito que senti falta disso... até mesmo quando estava longe. Alguém que me apoiasse de verdade além dos meus amigos, saca?
— Yoongi, só vai pra casa. Sério.
— Droga, Jimin! Eu não estou pedindo pra você me agarrar ou algo do tipo, eu só preciso ouvir um "vai ficar tudo bem" saindo da sua boca porque me acalmava. É pedir demais?
— Engraçado. — ri seco, desacreditado naquele teatro. Eu até acreditava na sua frustração pela derrota, mas esse papinho de agora? Era digno de piada mesmo. — Por um bom tempo, você sumiu e não sentiu falta de nada em relação à mim. E agora essa merda?
— Tá! Eu vacilei. Já admiti! — levantou as mãos em sinal de rendição por um momento. — Agora eu tô precisando. Eu não passei por essas coisas nesse tempo que me mudei, Jimin. Só treinava mais, e mais.
Suspirei, sem paciência. Tinha um lado meu que também estava preocupado em meus pais saírem e darem de cara com essa presença proibida na casa dos Park.
— Yoongi, vai ficar tudo bem! Foi só um jogo de merda. Isso faz parte pra gente se tornar cada vez melhor no que fazemos, derrotas também fazem parte! — eu realmente estava aconselhando ele? Sinceramente. — Agora vai pra casa e acalma tua mente.
— Eu não vou engolir fácil esse meu vacilo... — negou algumas vezes, com a cara séria. Engraçado que ele não sentiu esse ódio todo de si próprio quando vacilou comigo, não é?
Se eu fosse ele abria mão de qualquer tipo de relacionamento e se casava logo com o basquete. Não é ironia, eu realmente acho que é coerente com a realidade dele, não estou jogando piadinhas.
— Você pode não esquecer, mas vai servir de lição pra você fazer um jogo cada vez melhor. Agora pare de se culpar por isso, essas coisas acontecem.
— Me sinto meio humilhado... Sabe como é?
— Não precisa, você realmente precisa espairecer. Vai chamar seus amigos e façam alguma coisa interessante essa noite, vai ficar com alguém, se divertir um pouco... Qualquer coisa! Não precisa ficar trancado em um quarto. Agora longe daqui, se possível.
Ele riu seco.
— Eu não conseguiria me divertir hoje mesmo se me esforçasse.
— Cerveja. É o que você precisa. — ele me olhou como quem perguntasse "sério isso?" — Vai beber suco então, só não acho que eu seja a pessoa ideal para você desabafar. Acredite, você tem sorte que não estou enfiando uma tal tinta de cabelo pela sua goela, porque é algo que eu tinha dito para mim mesmo que faria quando te visse! Então aproveite.
— Você não usou?
— Não, Yoongi. Jamais. E quero deixar bem claro que eu não pintei por sua causa, eu não sou nem louco! Pintei porque eu fico muito legal assim. Aceito opiniões de outras pessoas, você não. — aproveitei aquele momento desagradável que a vida me proporcionou para ao menos deixar certas coisas claras para ele. — Só não me envie mais presentes, faz favor. Segue sua vida.
Por um momento ele ficou calado e assentiu algumas vezes lentamente, eu até achei que estava se preparando para pegar o seu rumo. Mas eu estava redondamente enganado.
— Ele mora aqui ao lado, não é? — e então perguntou super sério, após ter olhado fixamente para a direção que eu cheguei até ele minutos atrás.
— Ele quem, porra?
— Não se faça de idiota. Ele mora, não é?
Não vou me fazer de desentendido. Além de que, irei fazer bom uso da minha falta de paciência.
— Sim, ele mora. E daí? É da sua conta, por acaso?
— Você saiu da casa dele agora... — ele acabou levantando de onde estava sentado e parou em minha frente, com as mãos nos bolsos. — Tava gostoso o tempo em que passaram juntos?
— Cala a boca. Nem toda relação se resume a sexo como essa sua mente vazia deve pensar. — minhas palavras simplesmente não tinham mais filtros para disfarçar minha chateação. — Relações são muito além! Talvez um dia você descubra isso.
— Você tem uma imagem tão ruim de mim. — lamentou-se, com aquela voz super sonsa. — Engraçado como um dia você me amou muito, e hoje você só vê meus defeitos.
Com um sorrisinho tão cínico quanto o dele, eu enfim falei o que Yoongi merecia escutar:
— É porque eu acordei.
Mesmo que sua expressão estivesse serena, eu o senti engolir a seco, contrariado.
— Sua mente tá nele mesmo, né? — me olhou de cima para baixo, e por mais que aquilo fosse uma pergunta nítida, eu senti como se ele estivesse dizendo de forma conclusiva para si próprio.
— Eu quero você fora da frente da minha casa, agora! — mesmo que eu não fosse rei de nada, acabei ordenando e apontando para a rua. — Cansei de tentar ser empático com você! Se você acha que eu não ser mais trouxa por você, se relaciona com uma nova pessoa na minha vida... Você não entendeu nada sobre quem eu sou hoje! Porque se tivesse entendido, saberia que eu não precisaria conhecer Jungkook para te falar tudo o que estou falando!
— Só tô tentando te dizer que você nem lembra das coisas boas que fiz por você. Só me vê como um monstro, e ignora completamente os presentes que já te dei, a minha consideração e o quanto eu me esforçava todos os dias pra te dar um futuro legal naquela época. Passava noites treinando, e era pensando em você também! — ele "jogou" na cara. — Mas você se tornou cada vez menos compreensivo e cada vez mais ingrato. Saí da cidade te amando.
— Vai se foder, seu manipuladorzinho idiota! Você é um mentiroso de primeira linha e fodeu completamente minha confiança nas pessoas e minha autoestima! Você só ama você mesmo! Nunca precisei de você pra nada! — eu odiava concluir o quanto ele tinha me desestruturado com esses papinhos e que agora eu estava mal, até mesmo choramingando de forma vergonhosa enquanto cuspia aquelas palavras para ele.
— Calma! Você está fora de si. Você-
– Jimin, está tudo bem? — e aquela bendita voz, que veio como um anjo no meio daquela situação, era de Jungkook. Ele estava ali próximo, parado com as mãos nos bolsos do casaco que agora usava, enquanto me olhava preocupado.
Não, eu não estava bem. Yoongi conseguiu ativar gatilhos dentro de mim, que os únicos benefícios eram me fazer lembrar o quanto ele merecia meu desprezo, porque de resto... Zero benefícios. Me senti um louco com aquelas mãos nas bochechas, tentando me acalmar.
Ele dizendo aquelas coisas que eram completas manipulações, foi igualzinho como ele fazia na época comigo e eu não conseguia argumentar contra. Porque ele era tão bom nas palavras, que em algum momento da discussão que me sentia um surtado lhe sufocando. E hoje eu sei que eu não era isso.
Eu não conseguia falar, eu não conseguia contrapor as coisas que ele me falava. Me sentia até envergonhado por ter cobrado satisfações, ele me fazia sentir um criminoso por duvidar do caráter dele. Como o próprio dizia, porque ele não era "moleque" e sim um homem.
— Sim... Sim, eu estou bem. — foi o que acabei respondendo para Jungkook, por puro orgulho de querer mostrar que eu era um homem forte e viril, e que por isso conseguia resolver meus problemas sozinho mesmo que estivesse com uma crise de gatilhos.
— Você já pode ir embora, por gentileza. — Jungkook se aproximou de mim, mas suas palavras foram direcionadas para Yoongi.
— Que se dane essa porra toda, não me diga o que fazer... — Yoongi resmungou, se afastando de nós dois. — Tchau, ursinho. Espero que se acalme mais pra gente poder ter uma conversa decente quando você estiver... melhor.
— Está fazendo isso de propósito, não é, idiota? — Jungkook acusou, sem paciência. — Quem tem que se acalmar é você.
— Você nem estava aqui, para de bancar o herói, cara. Jimin é homem o suficiente para resolver os próprios problemas.
— Vai. Embora. — eu esbravejei, e não sei o milagre que o fez finalmente perceber que minha paciência estava esgotada para ele, o fazendo se retirar dali rapidamente e ir seguindo o seu rumo para longe.
Antes de vacilar para um estado entristecido, esperei que o motivo do caos estivesse de fato distante dali, e então eu respirei fundo e comecei a tentar dar um jeito no meu rosto para parecer um pouco mais estruturado agora. Mas eu sei que não estava conseguindo tanto.
— Jimin... — sem pedir mais explicações e nem nada do tipo, Jungkook apenas murmurou o meu nome antes de me puxar para um abraço caloroso e consolador. E só quando tive meu rosto enterrado em seu casaco, que me senti confortável para vacilar de novo meu estado atual.
— E-Eu não queria estar chorando... — murmurei para ele um tempo depois, envergonhado pela minha atitude fraca. — Me desculpa, está bem? S-Sei que é um saco...
— Você não precisa se desculpar por isso, Jimin. — me respondeu, carinhosamente. E quando conseguiu, estendeu meu olhar com o indicador em meu queixo, fazendo eu fitar seus olhos que carregavam sensibilidade. — Quer ir em um lugar comigo?
— A-Agora? — questionei enquanto tentava encerrar com aquela minha cena de choro. — Pra onde?
— Você pode só confiar em mim?
— M-Mas Jungkook, vai começar a chover daqui a pouco, devíamos ao menos pegar um guarda-chuva. E também-
— Que se dane o guarda-chuva, Jimin. Por favor, só confia em mim, segura a minha mão e principalmente... Não chora mais.
Treehouse em:
A gente precisa saber o que não aceita mais, para que possamos dar aberturas para coisas novas.
O que você não aceita mais?
[N/A]:
Tinha esquecido o quanto esse capítulo e o próximo são bonitinhos e com cargas sentimentais...
Nem parece que vai ser assim quando inicia.
Treehouse e seu foco em sentimentos puramente humanos e falhos... 💜 Eu gosto.
Pergunta: quem aí é novo leitor desde a reescrita,
e quem aí já é leitor antigo do livro?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top