❦| i love you, but u need grow up


[🌳]

P.O.V
PARK JIMIN


— Jimin, espere só mais uns segundos! Estou terminando de guardar essas fotos. — ouvi Amber gritar enquanto guardava as tais fotos em uma gaveta, apenas assenti algumas vezes e me demonstrei paciente. Mesmo que no fundo, eu só quisesse ir embora do estúdio urgentemente.

Tem uma razão, e ela inclui pessoas pelados. Mas calma! O real motivo é por eu olhar a minha frente, e tudo que consigo ver é meus conceitos de fotografia em quadros enormes.

Ou seja, minhas fotos pelado com Jungkook.

Não que ainda seja constrangedor, o motivo não era bem isso. Antes fosse. Na realidade, é por essa maldita saudade que eu sinto toda vez que eu olho para essas fotos.

A última vez que vi Jungkook foi a quatro dias atrás. Resolvi mais uma vez ir atrás dele, e dessa vez com a desculpa mais plausível e incrível do mundo: Tobby.

Quem resistiria? Mas acredite, ele até que resistiu.

A verdade é que, ao falar com senhora Jeon por mensagens para pedir notícias sobre ele depois que se passarem três dias da noite da casa na árvore, ela acabou me contando que ele tirou umas notas meio ruins nas provas finais.

E eu, como só queria uma desculpa para vê-lo, coloquei Tobby em meus braços e fui atendido por ele na porta dos Jeon. Certamente pareceu surpreso ao me ver, e estava com olheiras monstruosas (isso me preocupou).

Se foi um desastre mais uma maldita vez? Tire suas próprias conclusões:

— O que quer, vizinho? — quase ri com a sua frase naquele dia.

Vizinho? Agora sou só seu vizinho, seu grande idiota magoado? — questionei de imediato.

Não falei isso, você que está tirando conclusões precipitadas. — respondeu e virou o rosto, como se estivesse muito orgulhoso daquela resposta meia boca. Eu teria vergonha!

Você magoado... Se transforma, né? — se ele estava sendo injusto comigo, me senti no direito de ser menos empático em algumas falas. Mesmo sabendo exatamente o que tanto o atormentava, à ponto de fazê-lo agir assim. — Se eu não me esforçasse, nem conseguiria enxergar aquele garoto esquisito e maluco que entrou pela minha janela quando nos conhecemos.

Ele nada me respondeu, continuou evitando meus olhos. Sabe, eu falei isso apenas para alfinetá-lo, mas eu particularmente entendo o porquê ele não parecia o mesmo, magoado daquele jeito.

A verdade, é que todos nós temos um lado sombrio e irreconhecível. Certamente não é irreconhecível para a gente, que se conhece muito bem, e sim para os outros. Porque é um lado que não costumamos mostrar.

Eu sei que o lado magoado de Jungkook é uma parte dele que ele evita com todas as forças mostrar. Mas pelo visto, a situação com Yoongi foi algo que lhe despertou esse traço mais complicado.

Eu o entendo, mesmo. Mas não é porque eu o compreendo, que isso se torna justo. O que ele tinha em mente? Me evitar pra sempre, até sua cabeça voltar para o lugar?

— Pois bem, é seu dia de ficar com o Tobby. — sem esperar qualquer resposta dele, coloquei meu filho pet em seus braços. — Eu posso voltar pra pegá-lo amanhã -

— Jimin, ele não é um bebê com pais separados pra você ficar fazendo isso. Ele estando em uma casa, com comida e sendo bem tratado... está ótimo. — foi simplista, tentando evitar essa situação ao máximo.

— Então você não quer ficar com ele? É isso? — arqueei a sobrancelha. — Ele sente sua falta, viu?

— Eu não disse isso, só não quero que você fique usando o Tobby como motivo pra ficarmos nos vendo. O Tobby não tem nada a ver com... toda essa loucura.

Acrescente aí: essa loucura que certamente não é culpa do Jimin, por mais que minha cabeça queira pensar isso por ter medo de ser traído de novo.

— Eu faço que não tô pronto, e você insiste? — ele questionou, derrotado.

— Você não sabe ouvir, Jungkook. Se você soubesse ouvir, duvido que essa situação estaria tão chata assim. — e nada consigo arrancar dele. Suspirei. — Sua mãe me contou que você está com notas ruins na escola.

— Não é nada demais, já vou consegui recuperar. Mais alguma coisa?

Sabendo que ele estava tentando encerrar o mais rápido possível seu encontro comigo, me apressei em perguntar:

— Você sente minha falta?

— O quê?

— É isso mesmo que você ouviu. Sente ou não? Seja sincero, consigo mesmo!

Ele finalmente me olhou nos olhos, e após um suspiro cansado, apertou os olhos antes de responder:

Mas é claro que sinto. Queria ouvir o óbvio? Eu sinto! Mas eu tô tentando não te magoar, enquanto eu não passo de um cara traumatizado. Eu não quero ser grosso com você, mas caramba... Vai. Só vai, e não fica perto de mim enquanto tô desse jeito. Eu não sou nada legal magoado.

Sabendo que essa era sua resposta final, apenas engoli a minha vontade de chorar e disse antes de virar as costas:

Eu também não sou nada legal magoado, Jungkook. Eu também tenho traumas, e acredite... Eu tento nunca jogá-los em cima de você. Já passei por muita coisa também, e não estou afim de sofrer de novo. Está com medo de ser enganado mais uma vez? Pois eu estou com medo de sofrer mais uma vez. E eu também corro disso como o diabo corre da Cruz, saiba disso.

Me retirei logo, não queria acabar chorando igual um idiota na sua frente. Já estava em uma distância considerável, quando escutei:

— Jimin! — Ele realmente me chamou.

— Oi? – virei-me, vergonhosamente esperançoso.

— Pode vir pegar o Tobby amanhã. Ele pode sentir sua falta.

— Achei que não quisesse.

— Ele não tem nada a ver com qualquer problema.

No dia seguinte, realmente fui buscar Tobby na sua casa. A esperança é que ele tivesse melhorado, mas Jungkook continuava com suas patadinhas gratuitas, e eu logo quis ir embora.

Depois disso, não nos vimos mais.
Passou-se uma semana, e zero contato.

Ele não deixava mais sua janela aberta, e as poucas vezes que estava aberta, ele não está em seu quarto. Chacoalhei minha cabeça, tentando não voltar meus pensamentos nele. Desviei até meu olhar daquelas benditas fotos.

Terminei, vamos? escutei Amber avisar ao meu lado, surgindo de repente. Seu olhar se voltou para as fotografias que eu tanto estava evitando encarar agora. — Humm... Acredito que ficar olhando esses quadros não te faz muito bem, não é? — curvou os lábios, parecendo sentir minha dor por saber de toda a situação.

Queria muito negar, mas seria uma grande mentira da minha parte. Então apenas soltei um breve suspiro.

Tudo bem, arte é arte. Só vamos embora. — tentei ser mais maduro possível perante aquela situação, mas logo me retirei do ambiente.

Eu só queria finalizar meu dia de trabalho no estúdio o mais rápido possível.

*¸.*♡*.¸ ¸.*☆*.¸ ¸.*♡


Valeu pela carona, Amber. — agradeci, abrindo a porta de seu carro para me retirar.

Sem problemas! Mas...— soou curiosa. — Por que você mandou o Jackson ir na frente? Resolveu me esperar, sendo que podia ter ido pra casa bem antes.

Ah... isso.

Pode parecer idiotice, mas antes de acontecer toda aquela confusão, Jungkook andava meio enciumado com as caronas do Jackson. Por isso, preferi esperar você. Mesmo Jungkook não merecendo que eu me importe tanto assim ultimamente. — revirei os olhos. — Mas eu preciso andar na linha. Qualquer coisa, pode fazer ele ficar mais recluso.

Você se preocupa muito com ele, Jimin. Sei que ele anda magoado, mas você não precisa viver em torno de fazê-lo superar seus medos. Isso é algo que ele tem que fazer por conta própria. — minha parceira de trabalho aconselhou.

— Eu sei, eu só... tô sendo paciente com ele, sabe? Ele passou por muita coisa.

— E você não? — arqueou a sobrancelha. — Fora que, me desculpe... Mas as fotos na balada que ele postou ontem? No mínimo engraçado, ele quis fazer parecer o quê? — ela riu.

Pois é... Teve isso. Nem quis mencionar para não inflamar algo, mas ele postou uma sequência de fotos ontem na balada. Nada muito relevador, apenas fotos de drinks e marcando Yugyeom e Júnior, seus dois amigos mais próximos.

Claro que fiquei mexido. Afinal, para conversar comigo ele não estava preparado, mas para ir em festa sim... Com certeza isso me deixou sentido. Mas tenho tentado ignorar.

Vendo minha reação cabisbaixa, Amber suspirou.

Vá descansar, Jimin. Qualquer coisa sabe que estou aqui e sou sua amiga, não é? Ele saiu e foi pra festa? Você também pode sair! Se quiser dar uma volta hoje à noite pra se divertir um pouquinho! Só me liga, sério. — ela sorria da forma mais confortante possível, e eu estava feliz só de vê-la querendo que eu fique bem.

Obrigado, mesmo. — falei, sincero. — Ah! E só mais uma coisa. Eu já consegui minha carteira de motorista, guardei um dinheiro e logo vou ter um carro. Negociei com meus pais, e vou usar um dinheiro que tenho guardado para pagá-los. Então vou parar de te perturbar por carona! — fiz questão de compartilhar essa conquista, levando em consideração as vezes em que ela precisou me buscar aqui em casa para fazermos algum trabalho externo de fotografia. E ela sempre fez, com um sorriso no rosto.

Conseguiu sua carteira? Parabéns! E sabe, nunca foi uma perturbação te dar carona. — piscou para mim.

Quando finalmente nos despedimos de verdade e Amber foi embora, dei uma olhava para a casa de Jeon, e como esperado, nada dele.

Tudo bem.

Adentrei a minha casa, percebendo que não tinha ninguém. A única coisa que eu tinha em mente era me jogar na cama e dormir a tarde inteira, e foi isso que fiz.

Eu não cochilei, simplesmente capotei de sono.

¸.*☆*¸.*♡*.¸ ¸.*☆*.


[21:00 p.m.]


Barulho. Barulho. Celular.

Meu celular apitando.

Eu estava no meio de um sono profundo, e até sonhando, mas alguma coisa me fez acordar no susto.

Finalmente abri os olhos e encarei para os cantos, ainda tentando raciocinar.

Fitei a janela e notei estar escuro lá fora, então isso fez-me sentar na beira da cama e esfregar os olhos. Normalmente notificações de mensagens no celular não me acordavam, mas dessa vez, a sequência de barulhos me acordou por uma estranha razão.

Eu nem lembro exatamente com o que estava sonhando, mas certamente era aqueles tipos de sonhos completamente sem lógica e que só servem para bagunçar nossa cabeça e nos fazer acordar ainda mais exaustos.

Tateei minha cama, até pegar o aparelho em mãos. Até então, eu ainda estava meio sonolento, mas o nome que apareceu em minha tela me fez arregalar os olhos e acordar completamente.

[2 mensagens de "Jungkook🐰❤️"]

Não acredito... sussurrei surpreso por não acreditar que ele de fato estava me mandando mensagem.

É um milagre, só pode.

Mas espera... Será que aconteceu algo? Ele precisa de mim pra alguma coisa? Se meteu em problemas?
Caramba, eu deveria estar feliz, mas a minha cabeça preocupada só pensava no pior.

Jungkook🐰❤️:
[localização em tempo real]
[enviado às 22:03]

Jungkook🐰❤️:
pode vir m buscr??
[enviado às 22:04]

Mas que diabos...

Tudo bem, é um endereço de uma boate. Eu me sinto tão muxoxo por uma estranha razão, mas feliz, porque ele recorreu à mim.

Eu:
??????
[enviado às 22:04]

Eu:
tá tudo bem??
[enviado às 22:04]

Jungkook🐰❤️:
consegue virr?
[enviado às 22:05]

Eu:
vc está há dias sem querer me ver... pq acha q pode mandar uma mensagem dessa de repente?
[enviado às 22:05]

Depois de um tempo esperando alguma resposta, eu não tive. Então por raiva, larguei meu celular para o canto e respirei fundo.

Ele provavelmente está se divertindo com seus amigos e bêbado, sei lá. Eu não gosto quando ele fica assim, porque sei o quão difícil ele se torna. Eu realmente não gosto do seu lado bêbado, graças aos céus não estou falando de um cara violento (até porque se fosse, eu nem teria me relacionado).

Estou falando do seu jeito chato. Ele fica extremamente chato de aguentar, imagine agora que anda magoado ultimamente.

— Deve estar insuportável... — falei para mim mesmo em meu quarto, negando algumas vezes.

Suspirei, deitando na minha cama novamente e me cobrindo com o edredom. Eu só queria ficar ali naquele noite tão fria.

Permaneci, permaneci...

Mas algo em minha consciência estava me perturbando, e eu sei que com certeza é preocupação. Eu me preocupava com aquele moleque idiota!

E se ele estiver precisando da minha ajuda, de fato? Eu não consigo simplesmente não me importar com uma mensagem dessa.

Me lamentei mais alguns minutos e finalmente levantei-me da cama, indo em direção ao banheiro do meu quarto.

Tomei um banho rápido e assim que terminei, vesti uma blusa branca de manga comprida com uma calça jeans. Peguei um carro de aplicativo, e assim que cheguei na frente de uma boate super movimentada naquela noite, fiquei até desacreditado que realmente fui até ali, atrás daquele sem noção.

Sinceramente, eu tinha vários motivos para não ter ido. Pra começar, o seu comportamento ultimamente. Segundo, que ele me mandou mensagem bêbado e sabe Deus se ele ainda estava naquele lugar.

Afinal, não dá pra confiar na noção de bêbados. Falo por experiência própria também.

Aquele lugar estava uma zona, temi não conseguir encontrá-lo diante aquela bagunça. Mantive minha busca por uns cinco minutos, e apesar de não ter lhe encontrado, vi outro rostinho conhecido: Stella, amiga e ex ficante de Jungkook.

Não preciso dizer o óbvio, diante minhas experiências passadas, que é o fato de não gostar muito dela. Mas naquele momento, qualquer rosto conhecido, era lucro. Tinha que aproveitar que ela me reconheceu e estava vindo em minha direção.

— Jimin. Você por aqui. — ela falou assim que nos alcançamos. Apesar de ser uma frase sem grandes simpatias, ela também não foi grossa. Só cruzou os braços e parecia realmente surpresa em me ver.

— Pois é, Jungkook me mandou mensagem. — contei sem grosseria, mas também demonstrando que não era tão simpatizante com sua presença. Tenho motivo, episódios anteriores. — Ele está com você, inclusive?

— Esse idiota te mandou mensagem chamando pra cá? — riu desacreditada. — Deve ter perdido a cabeça, só pode.

— Do que está falando, Stella?

— Tô falando que ele está naquele modo de bêbado mais insuportável do mundo. E eu não sei exatamente o que rolou entre vocês, beleza? Mas te garanto que o jeito que ele está agora, passa longe de ser o melhor para vocês se resolverem. Te chamar aqui é querer te fazer odiá-lo.

A informação que ele de fato estava insuportável, me deixou meio decepcionado. Mas tentei não demonstrar tanto o quanto me afetou, não queria expor mais ainda nossa relação. Mais do que ele já tem feito desde que ativou o modo cara magoado.

— Tá tudo bem, sei como ele fica quando bebe. É bom que o levo pra casa logo.

Dizer que Jungkook tinha problemas com bebida era mirar no problema errado. Não, definitivamente ele não tem isso. Jungkook não tem problemas em ficar sem encostar em álcool (graças a Deus, porque ele é muito novo pra ser um alcoólatra viciado). O problema dele, era saber que se torna um idiota com sentimentos aflorados quando bebe, e mesmo assim faz.

Ele queria distrair a cabeça da realidade, como se não se conhecesse o suficiente para saber que se tornava trinta vezes mais magoado e idiota quando bebe. Duvidou dos próprios limites, e deixou para os outros a missão de lidar com ele.

— Ele tem que começar a contar menos com a sorte de que finalmente vai conseguir beber e não agir à flor da pele. — Stella comentou, revirando os olhos. — Não entendo como ele raramente bebe, e quando faz, é nos piores momentos.

— É... — o que eu poderia falar? Ela tem razão.

Me fitou por um momento, até informar:

— Ele tá no andar de cima. Tem um bar lá, Junior tá com ele.

— Oh... Certo, obrigado. Irei lá.

— E Jimin, — já estava prestes a seguir caminho, quando ela me chamou. Precisou de uns instantes para pensar, mas disse com uma certa dificuldade: — Sei que não gosta muito de mim... Sei lá, eu também não dei muito uma boa impressão, né? E tal. Mas eu não tenho em mente ser a vilã do relacionamento de vocês. — ironizou no "vilã" — Eu só achava na época que tava rolando algo a mais entre eu e o Jungkook, e fiquei surpresa com a relação repentina de vocês. Achei que ele pudesse estar em uma fase curiosa só, ou sei lá. Ele nunca deu indícios que gostava de caras antes, normal a surpresa. — deu os ombros.

Seu monólogo particularmente me cansava, mas não ignorei e nem fiz pouco caso porque pelo menos, soava honesto.

— Foi mal qualquer coisa, e fica de boa quanto à mim. Eu já percebi o quanto ele ama mesmo você, nunca vi ele dessa forma desde que o conheci. — ela confessou. — De verdade, eu nem tenho mais atração por ele. Eu tô flertando com um cara que conheci em um rolê, a gente tem objetivos de vida parecidos. — sorriu sozinha lembrando. — Acho que pode dar match dessa vez. — piscou para mim, confiante.

Apenas sorri fraco para ela e assenti algumas vezes. Apesar de seu jeito não me passar confiança, gostei dela querer se explicar e parecer já estar em outra. Me fez melhorar só um pouquinho a péssima impressão que eu tinha dela. E tá tudo bem, confiança se constrói aos poucos mesmo.

Me despedi e logo sai dali para encontrar meu verdadeiro problema da noite.

Quando cheguei na parte superior do ambiente, apesar de ainda ser um grande fuzuê, estava menos barulhento. Muitos estavam naquele espaço apenas para conversar e encher a cara, então não foi muito difícil encontrá-lo. Vi Jungkook de longe sentado em uma mesinha no canto, falando sabe Deus o quê e Júnior apenas do seu lado, bebendo e lhe escutando.

Não custei para me aproximar.

— Jungkook. — chamei assim que apareci na frente dos dois, de braços cruzados. Júnior parecia surpreso ao me ver, já Jungkook, abriu um sorriso de canto.

Não daqueles que eu gosto, porque ele simplesmente não parecia estar no seu estado mais normal. Como esperado.

— Ora, Ora... Quem realmente veio! — Jungkook exclamou, entregando-se ao entusiasmo. — Não tô nem acreditando que realmente tá aqui! — e riu.

Nunca pensei que fosse detestar suas risadas, mas naquele momento, eu estava. Elas soavam amarguradas.

— É claro que eu vim, Jungkook. Não é porque você tem se comportado mal, que eu vou deixar de me preocupar com você. — rebati, com a testa franzida. — Eu realmente fiquei preocupado com as suas mensagens!

— Cara, por que você mandou mensagem pra ele? Você não tá normal! Quer terminar de foder com tudo? — Júnior indagou para o amigo, desacreditado, mas claro que eu escutava tudo.

— Vai passear, Júnior... Faz favor! — Jungkook pediu, apontando para qualquer canto que indicasse para o amigo vazar dali. Aquilo fez Júnior revirar os olhos, levantando-se.

— Boa sorte com ele, Jimin. A gente tava nos drinques de boa, mas depois ele começou a ficar mais afetado com tudo... Sabe como é, né? — riu, negando e levando aquilo na graça. — Vou atrás das meninas. — concordei, mesmo só sabendo de Stella, não sabia que tinha mais meninas que vieram junto. Mas enfim, não que isso importasse no momento (pelo menos, espero).

Quando Júnior se distanciou, apenas vi Jungkook largado naquele banco. Me encarando de braços cruzados.

Parecia esperar ações vindo de mim, e interpretei isso como uma falta de noção das grandes.

— É a segunda pessoa que me avisa que você tá insuportável essa noite. — informei ele, sério. — Acha divertido e bonito? Daqui uns meses você já se forma, sai da escola... Esse é o tipo de adulto que você quer se tornar?

— Você é meu pai agora, Jimin? É lição de moral? — de maneira implicante, ele rebateu afiado. Levou mais um gole de álcool até a boca, eu sequer sabia que caralhos ele estava bebendo.

— Não, não sou o idiota do seu pai, com todo respeito. — eu já estava bravo, sabia. Por mais que Senhor Jeon fizesse merdas constantes, nunca fui de me meter na relação dele com Jungkook. Apenas servia de ombro amigo, mas naquele momento, não estava pensando muito. — Pai, pelo menos até uma certa idade, a gente é obrigado a lidar não importa o quão babaca ele seja. Mas um namorado que você não consegue perdoar por conta de traumas seus... Você não precisa, Jungkook. Então por que ainda sim me mandou mensagem?

— Eu queria saber se você realmente vinha... Não posso?! Não posso testar o quanto você se importa, hein? Eu mereço isso! Eu tô tentando fazer minha cabeça deixar pra lá certas coisas! — desabafou, totalmente alterado. Não era como se estivesse gritando comigo, mas nitidamente, estava à flor da pele. Nervoso.

Testar... — tive que rir daquilo que ouvi, apesar de ser uma risada meio triste. — Tá certo... Testar. — repeti novamente para ver se fazia sentido. — Eu poderia te falar várias coisas aqui, mas aproveitando que você já "testou" — fiz aspas com os dedos. — Vamos embora, por favor. Em casa, no particular, eu mando você tomar no cu.

Jungkook riu, abertamente.

— Sabe o que é engraçado? — me questionou, com um olhar afiado. — Eu sou mandado tomar no cu, mas pelo o que eu me lembre, me preocupei com seus sentimentos desde o início. Antes mesmo de estarmos namorando.

— Só porque você está magoado, por traumas extremamente individuais, de repente eu não me preocupo mais com os seus sentimentos? — rebati, mesmo sabendo que eu estava sendo um idiota em discutir com uma cara que estava nitidamente sendo levado pelo álcool. — Já falei, Jungkook... Seus medos e neuroses não mudam a realidade. Quando vai parar de se comportar assim comigo?

— Com licença, me pediram para vir entregar a conta. — um garçom repentinamente aparece, entregando a cobrança para Jungkook. Supus que foi Júnior pediu para encerrar a noite de Jeon, assim que saiu daqui.

— Paga e vamos embora. — avisei para ele, enquanto o assistia tirar sua carteira do bolso um tanto quanto desengonçado.

Ele podia ter simplificado mais as coisas, com certeza ele podia. Mas certamente não é algo que um Jungkook magoado e alcoolizado faria, então enquanto o garçom estava passando o cartão de crédito, ele perguntou ao homem que não tinha nada a ver com a história:

— Já foi traído alguma vez?

Imediatamente fechei os olhos, respirando fundo. Minha vontade era ter surtado com ele, mas aquilo foi tão infantil, que acabei apenas rindo desacreditado e virando de costas para aquela cena patética.

— Ahn... Não, senhor. — tentando manter o profissionalismo, o garçom respondeu com um tom que era uma mistura de confusão e simpatia.

— Sorte a sua. Tem gente que é mais de uma vez, de tão otário que é. — Jungkook respondeu com um toque de humor, mas eu me tinha chego no meu limite.

— Cala a boca, seu idiota! Você é um otário mesmo, mas não pelo motivo que acha. — me descontrolei, mas consegui respirar fundo e recuperar minha lucidez com o olhar assustado do garçom. Ele não tinha nada a ver com isso, então falei em um tom mais tranquilo, porém ácido quando de trata de Jungkook: — Desculpa, moço. Ele não tá bem... Além de mamado, levou um único chifre anos atrás que destruiu completamente as configurações do cérebro dele.

— O que você disse?! — e claro que o afetado imediatamente levantaria e me indagaria, em um tom extremamente chateado.

Nunca fui cruel com seus traumas, mas quando ele os usa para me magoar, não posso me tornar o mesmo cara compreensivo que sempre sou. Isso porque, ele não está sendo compreensivo comigo.

Por Deus, não é justo. Há semanas, isso não estava sendo justo.

— Senhores, está tudo bem mesmo? — o garçom ficou preocupado com o clima entre nós, obviamente. Principalmente se tratando de dois homens, as pessoas sempre esperam briga. O que esse garçom mal sabia, ou pelo menos apenas desconfia, é que nosso envolvimento é mais intenso.

Tão intenso, que tem me machucado. Mais do que se fosse uma briga entre dois homens babacas e brigões. Talvez fosse melhor se eu não ficasse tão sensível quando se trata dele.

— Tá tudo bem, moço. Ele é meu amigo, vou levá-lo pra casa. Não se preocupe. — eu jamais me prestaria ao papel de falar que sou namorado do cara que estava falando de chifre agora pouco.

Depois disso, a situação se prosseguiu da seguinte forma: Jungkook relutou algumas vezes, de maneira teimosa e não querendo dar o braço à torcer para mim, mas em certo momento cedeu. Consegui colocá-lo dentro do uber, onde ele capotou de sono.

Sem que o motorista de aplicativo percebesse, e aproveitando seu estado de sono ao meu lado, acabei cedendo quando umas lágrimas acabaram descendo pelos meus olhos. Não me entreguei em lágrimas, por mais que fosse minha vontade de fazer.

Não queria mais um desconhecido vendo o quanto Jungkook me magoou hoje, e assistindo o acúmulo de sentimentos que carrego por ele ter me magoado com palavras pelos últimos tempos.

Me preocupei tanto em respeitar seus traumas, em não lhe assustar, em lhe mostrar que diferente de suas experiências passadas, eu era um bom namorado para ele... Que esqueci por um momento que eu também mereço alguém que me compreenda.

E alguém que, acima de tudo, queira ter maturidade para dar certo comigo. Que não fuja de uma conversa comigo, que não evite dialogar egoisticamente como se eu também não tivesse traumas e sentimentos.

Em que momento eu me perdi, mostrando para ele que sou compreensivo até demais? Que tudo bem fazer certas coisas comigo?

Por que eu demonstrei isso?

Ah... Eu já sei, na verdade. Ironicamente é justamente o início dessa questão toda: porque eu também tenho meus monstros internos. Mas eu jamais, de maneira nenhuma, deixaria isso cair sobre outra pessoa.

Quando chegamos em minha casa, foi um esforço para tirá-lo do carro grogue e sonolento do jeito que estava. Eu não queria ter que deixá-lo em sua casa para o seu pai vê-lo dessa forma, seria a mesma coisa que jogar uma bomba em um ambiente que constantemente já se destrói por intrigas e decepções.

Eu poderia até estar magoado com Jungkook no momento, mas ainda sim me importava e não queria vê-lo com problemas em casa. Principalmente porque sei que seu pai não lhe dá um sossego, e muitas das vezes ainda descontava em sua mãe.

Ao lembrar dessas coisas, torno a compreender muito de seus traumas. Eles não vinham só de antigas relações, e sim de sua casa. Das traições e maus tratos de seu pai, Jungkook certamente não queria ser como ele.

Ainda sim, eu não poderia mais usar certos problemas como desculpas para me deixar ser magoado.

Ao entrar dentro da minha casa, suspirei aliviado quando percebi tudo quieto e apagado. Meus pais estavam dormindo, minha única missão era levá-lo para o meu quarto em silêncio.

Jimin... Você... — enquanto eu tentava fazê-lo subir as escadas, Jungkook começou a resmungar desnorteado. Estava sendo uma missão difícil, e a moleza de seu corpo não ajudava.

— Shhh, não faça barulho! Me ajuda começando a subir direito as escadas, vai. — pedi, tentando manter minha voz em um sussurro. Apesar de mais novo, ele sempre teve mais massa muscular que eu, era uma pessoa pesada para mim.

— Onde eu tô...?! Jimin, onde eu tô?!

— Jungkook, Jungkook do céu... Vamos cair! Para... — começou a pesar seu corpo no sentido contrário que eu queria levá-lo, tentando olhar ao seu redor. A confusão foi tanta que acabei jogando-o para o canto e, em seguida, só ouvi um baque e um grito contido da sua parte.

Meu Deus... Graças a Deus foi um grito contido, porque quando o joguei para o canto, acabei fazendo ele bater suas partes baixas e sensíveis na madeira da escada. Acho que o fiz esmagar seu saco.

— Ai, Meu Deus! Ainda bem que você não gritou alto... — acabei agradecendo aos céus por aquilo, aliviado.

Puta que pariu... Meu pau.... — seus resmungos continuaram, segurando suas partes íntimas. Quis ficar com dó, mas lembrei das raivas que ele me fez hoje e isso fez tudo parecer mais leve. Até cheguei a dar uma risada baixa.

— Isso é pelas suas babaquices! O karma é uma vadia maquiavélica, como dizem. — se ele tivesse sóbrio, estaria me olhando daquela forma atentada e planejando sua vingança (de uma forma menos dolorosa), mas como estava bêbado, apenas continuou se contorcendo afetado. Soube que essa era minha abertura para concluir o que coloquei, e sair daquela escada urgentemente.

Quando conseguimos chegar no meu quarto, consegui jogá-lo em minha cama e respirar um pouquinho para recuperar o fôlego. Estava prestes a me afastar, quando repentinamente Jungkook agarrou meu braço e me fez tombar em cima dele.

Jungkook, me larga. É sério, me larga! Você precisa dormir urgentemente para voltar ao normal.

— Não... — seu resmungo saiu solto, quase difícil de entender de primeira.

Para, me solta... — para quem estava praticamente desmaiado ali na cama, até que ele tinha firmeza em seus braços.

O quanto...? — sua voz grogue questionou, e eu franzi o cenho.

— O quanto o quê?

— O quanto você tá com raiva de mim?

Sua pergunta me afetou, mas não demonstrei nenhuma reação. Meu rosto continuou sério, evitando seus olhos que eu nem sabia se estavam abertos ou não. Eu só estava tentando me livrar de seus braços o mais rápido possível.

— Só me larga e vai dormir, vai! — como um garoto molenga de bêbado podia ter tanta força? Sério.

Você ainda me ama? Jungkook questionou, finalmente afrouxando o aperto que mantinha ali. Vergonhosamente, após sua pergunta, eu nem me movi.

Você me fez ficar com o coração apertado e me deixou sozinho após uma situação chata entre a gente, por dias... — senti uma lágrima descer do meu olho e cair em seu peito, mas certamente me senti exposto pela minha voz embaçada. — Não é justo eu te dizer isso agora.

Minha cabeça está doendo... — resmungou ao tocar na própria cabeça. Só assim tive coragem de olhar para o seu rosto franzido de dor.

— É porque tem que dormir.

Sentei na beirada da cama e aproveitei para me recuperar um pouco. Limpei meu rosto e respirei fundo, minha intenção era logo levantar para buscar um remédio para ele.

Jimin?

— Hm?

— Bebê...?

Golpista de marca maior.

O quê, Jeon? Diga de uma vez.

Vem logo dormir aqui comigo... — continua a resmungar coisas que, para mim, não tem sentido. Só para mim, pois para ele, faz todo sentido levando em consideração que estamos várias noites longe um do outro e a bebida está mais fraca em seu corpo.

Ele está zonzo de sono. Não posso levar em consideração nada que ele falar agora.

Eu não vou dormir com você. — lhe respondi, firme.

— Por que...?

Por que? Ele quer saber o porquê?

Era uma resposta até para mim também, pois eu me encontrava pensativo. Olhando para qualquer canto daquele quarto.

Eu fiquei como um idiota esses tempos atrás de você, implorando pelo o seu perdão de alguma forma e tentando te ter novamente, me sentindo até culpando por algo que não fiz. — desabafei, em baixo tom. — Se divertiu muito hoje, né Jeon Jungkook? Disse o que queria, se comportou como queria. Não é certo depois disso eu dormir com você, preciso parar de cair no seu encanto urgentemente.

Jimin...

Eu só não te coloco pra dormir no sofá porque não quero que meus pais acordem de manhã e te veja ali, de ressaca. Então, eu vou dormir lá. Qualquer coisa digo que eu estava assistindo TV e acabei dormindo.

— Você me ama, Jimin? — perguntou, em um certo momento o qual eu nem sabia definir se ele estava dormindo ou acordado. Palavras saiam pela sua boca, mas seus olhos estavam fechados e sua voz era fraca.

E honestamente? Eu quis tanto abraçá-lo e dizer que estava tudo bem, tirar suas roupas e vestir um pijama confortável no seu corpo, pentear seus cabelos, beijar sua testa, dizer que tá tudo bem e que vamos superar qualquer coisa juntos....

Mas não, eu não iria fazer isso.

Então apenas me aproximo de seu rosto e aproveito aquele momento em que ele está tão manso e carinhoso, de uma maneira que não se comporta comigo há quase duas semanas, e começo a acariciar sua bochecha.

Ele dormiu, amanhã voltará ao seu normal. E qual será o seu normal de amanhã? O normal de sempre? O que éramos antes de Yoongi ter acionado essa grande mágoa escondida dentro dele? O normal magoado e cruel que tem sido ultimamente?

Parece um grande mistério, e seria particularmente se estivéssemos falando de hoje mais cedo. Mas para mim, não mais.

Mesmo sabendo que ele não me ouviria, decidi responder a sua bendita pergunta que insistiu em fazer duas vezes para mim desde que entramos no quarto. E caramba, como falar aquilo doeu em mim:

Eu te amo, Jungkook. Mas você precisa crescer, e isso é algo que eu infelizmente não posso fazer por você.

Treehouse em:
Eu sei que está te magoando,
mas caramba... Já está me machucando.

[N/A]:

Amei reescrever esse.
Sinto que tem um peso muito maior e melhor agora.

A partir daqui, eu gosto de como
as coisas vão acontecer (positivamente falando) 🫶🏻

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