❦| Here&Now



— Taehyung, quer parar de chacoalhar essa perna?

— Não consigo, eu estou nervoso! — recebeu uma revirada de olhos do amigo.

Naquele exato momento, Jimin estava sentado em um banco no campus de seu curso. Ao seu lado, ele tinha um melhor amigo super nervoso por motivos de: o cara que ele está afim encontra-se do outro lado do local sozinho, lendo um livro. Seria o momento ideal para iniciar uma conversa.

— Amigo, é só chegar lá e sei lá, perguntar o que ele tá lendo? Algo assim. Se ele for mal educado, você volta e ignoramos ele pelo resto do ano. — aconselhou, mostrando simplicidade.

— Jimin, eu tô achando que ele é hétero. Tenho pavor dele me tratar mal, ou até ser homofóbico comigo. — contou nervoso, ainda fitando o loiro de longe que continuava preso em seu livro. — Eu sei que eu sou meio sem vergonha, tá bom? Mas até alguém sem vergonha tem medo de ser tratado mal.

— Então não chega dando em cima dele. — Jimin estava tentando ao máximo lhe ajudar. — Diz que conhece ele de algum lugar, o curso dele. Quando ele te falar puxa assunto tranquilamente, sem flerte até você ter certeza. Fora que você só vai descobrir tentando, certo?

Taehyung, melhor amigo de Jimin, suspirou profundamente ainda olhando para onde queria ir.

Tudo bem que ele não é alguém afeminado, e não dá pra ser homofóbico só de lhe olhar. Mas ele ainda tinha muito medo daquele cara incrível lhe abominar.

Queria saber ao menos o seu nome.

— Se ele soubesse quantas vezes eu já tentei falar com ele, mas o via sempre cercado de gente... — Tae balbuciou, frustrado.

— E essa lamentação precisa acabar, quando você estiver pronto, claro. — Jimin mais uma vez, deu apoio moral. Para ele, não valia a pena o amigo morrer na dúvida. Mas ele também precisava estar pronto.

— Desculpa amigo, mas não tô pronto ainda. — no fim, foi essa a conclusão de Tae. — Eu vou reunir coragem, mas ainda não. Ainda mais agora que chegou gente ali com ele...

Jimin olhou na direção da tal paixonite do amigo e suspirou, de fato, agora ele estava cercado de gente em questão de minutos. Taehyung jamais iria até lá com a possibilidade de levar um fora na frente dos outros. Quem sabe até, ser humilhado. Nunca se sabe.

— Não quero mais falar dele. — Taehyung anunciou ao outro. — Enfim, vamos falar de outra coisa. Me fala do seu novo amigo vizinho. Jungkook, certo?

Jimin franziu o cenho, assim se cobrindo mais com a própria jaqueta pelo frio.

— Por que estamos falando nele de repente?

— Ah, sei lá...estamos falando de crush, então vamos falar do seu. — foi tudo o que Tae disse, com a cabeça ainda tentando sair do seu loiro dos sonhos.

Nem percebeu a risada desacreditada e baixa que Jimin deu.

— Taehyung, desde quando ele é meu crush? Você enlouqueceu?

— Ah, não sei. A relação de vocês é estranha, e você vive falando nele...

Jimin se esforçou para não rebater de forma tão agoniada, conhecia o amigo e seria motivo suficiente para falar que tinha algo ali entre ele e seu vizinho.

— Eu não vivo falando dele! Se eu falo dele pra você, é porque ele mora do lado da minha casa e nos vemos constantemente, tá legal? — quis deixar claro isso, apesar de que, lá no fundo, ficou um tanto pensativo quando o amigo disse que vivia falando de Jeon. Não vivia não!

— Não importa, o importante é que você tem falado bastante dele. Enfim, relação de vocês é estranha. — Taehyung murmurou.

— A questão é... Não é nossa relação que é estranha, ele é estranho! Entenda. — pontuou, firmemente.

— Está bem, que seja. — bufou, aceitando por fora o que o amigo disse, mas por dentro não engolindo nem um pouco. — A questão na verdade é que... Sabe, já está na hora de você superar o Min Yoongi e dar espaço pra outras pessoas na sua vida. Só acho. — resolveu dar a sua opinião, dando os ombros.

— O que você está pensando? Eu já superei, Taehyung. — Jimin falou, depois de uns segundos calado.

— Mesmo? — arqueou a sobrancelha.

— Mesmo! Aquela festa que a gente foi eu até fiquei com aquele garoto bonito que você duvidou que eu ficaria, lembra? — foi a forma que Jimin achou para demonstrar que estava sendo um absurdo o que o amigo disse.

— Jimin, ficar qualquer um fica à troco de nada. — deixou claro. — Estou falando de realmente se permitir a conhecer outras pessoas.

— Eu não sou obrigado a gostar de alguém.

— Eu sei disso! Ai, você não está sabendo onde quero chegar... — Tae resmungou, pegando uma bala em sua bolsa e colocando na boca.

— Então onde você quer chegar?

— Você está gostando do seu vizinho, nem se for um pouco... Admite, vai. Tá tudo bem. — incentivou.

Jimin pensou em mil formas de rebater aquilo, mas apenas pegou uma maçã de sua bolsa e deu uma mordida, entregando o silêncio para o outro.

Claro, aquilo fez Taehyung revirar os olhos e tomar a fruta da mão dele, vendo olhos indignados sendo lançados em sua direção.

— Devolve. — Jimin mandou.

— Você não respondeu minha pergunta.

Jimin suspirou profundamente e fitou os olhos sérios do amigo. Taehyung sempre falava que Jimin podia esconder e mentir para qualquer um, mas para seu melhor amigo, não tinha motivo. Jamais lhe julgaria de nada.

— Ah...sei lá! — de repente, tentou pensar mais sobre a questão apenas porque o amigo pedia. — Ele é legal e tem sido uma boa companhia. Só isso! Eu até gosto da presença dele, mas não quer dizer que eu goste dele.

— É isso que tem pra dizer para o seu melhor amigo?

— Sim. — Jimin sorriu vitorioso.

Assim então, Taehyung negou com a cabeça e deu uma boa mordida na fruta do amigo, vendo-o lhe olhar indignado. Jimin tomou da mão do amigo.

— Isso é por não me responder de uma forma decente. — Tae declarou, claro que no fundo estava brincando. Não forçaria seu amigo à dizer nada, até porque conhecendo ele, tirava suas próprias conclusões.

— Se te deixar satisfeito, complemento minha resposta... — Jimin continuou. — O Jeon também só é de ficar, e normalmente com garotas. Ele é hétero.

— Mas você não me disse há uns dias atrás que ele te beijou?

— Não! Não foi isso. Ele não me beijou, já disse que foi no canto da boca.

— Esses héteros de hoje em dia são bem estranhos. Mas tudo bem, cada um faz da forma que achar melhor. — deu os ombros.

— Meu Deus, olha o que o Haru e os amigos dele estão fazendo... — Jimin murmurou repentinamente, ao ver de longe esse grupo de caras que são do curso de Gestão Financeira simplesmente zoando ali próximo. Eles até que são legais, na opinião de Jimin, mas sempre que saem do local de estudos ficam aos arredores fazendo algazarra. E nesse momento, estavam tacando farinha de trigo uns nos outros, sujando a rua.

— Isso vai dar ruim. — Tae profetizou.

Decidiram simplesmente ignorar isso e continuar vendo algumas fotos tiradas da câmera de Taehyung. Infelizmente aquele "vai dar ruim", os incluía. Especialmente Jimin, que ouviu um grito do melhor amigo e logo se viu completamente branco, coberto por farinha de trigo. Aqueles caras tinham realmente jogado aquilo nele.

Taehyung ficou sem reação, pensou por um freme de segundos em rir, mas sabia que o amigo ficaria chateado então não fez.

— Caraca, desculpa, Jimin! Foi sem querer! — Haru logo se prontificou a dizer, da distância em que estava. Por mais que visse que o próprio estava de fato se sentindo mal, Jimin só se preocupou em começar a limpar aquilo que conseguia. Não tinha nem palavras para o acontecimento, se fosse dizer algo, poderia ser muito grosso.

— Vem, Jimin. Relaxa, vou te ajudar. — Taehyung segurou o braço do amigo, puxando-o para mais perto de si e começando a ajudar com a limpeza.

— Isso não vai sair fácil! — desabafou, chateado.

— Não se preocupa! Deixa eu te ajudar. Acontece.

Acontece. E incrivelmente, apenas comigo. Jimin pensou, frustrado e doido para chegar em casa.

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Jimin pode dizer com todas as palavras que foi uma vergonha chegar em casa de ônibus ainda sujo daquele jeito, e todos lhe olhando. Conseguiu tirar um pouco mais do excesso da farinha, mas não o suficiente para ficar completamente limpo.

Estava louco para entrar logo em sua casa porque não queria que mais ninguém o visse naquele estado. Mas claro que o destino parecia ser quase sempre contra as vontades de Jimin, então enquanto o próprio procurava a chave certa para adentrar sua residência, Jungkook saiu de sua casa todo arrumado, nitidamente prestes à sair.

Quase passou reto, se não fosse por uma figura na frente da porta dos Park toda suja de algo branco, e o mais novo precisou rir fraco sozinho. Entreolhou Jimin e a rua, até que decidiu caminhar subitamente até o mais velho que com certeza teria algo engraçado para contar.

Quando chegou perto, Jimin já tinha conseguido abrir a porta da própria casa, porém não adentrou, estava tentando se limpar um pouco mais ali na frente.

— Posso perguntar. Ou...? — o coração do jovem Park Jimin quase saiu do peito com o susto, mas quando viu quem estava ali, revirou os olhos e não se surpreendeu.

— Que susto, caramba. — resmungou. — Vai, zoa logo. Sei que você quer.

— Você tá igual o Gasparzinho. — apontou, risonho.

— Há há há, muito engraçado! — empurrou o mais novo pelo ombro não muito forte, apenas o suficiente para transmitir sua indignação.

— Desculpa, mas é engraçado. Não vemos isso todos os dias. — deu os ombros, ainda com aquele sorriso no rosto.

— Quer saber? Você nitidamente ia sair. Só vai! Você não ajuda em nada. — disse, emburrado. Parecia que tentar se limpar ali não estava adiantando completamente.

— Tá bem, tá bem... O que posso ser útil, fantasminha?

— Meu Deus, que peste! Para com isso já. — mandou, mas estava sendo muito difícil levá-lo à sério.

— Tá bom, foi mal. — levantou as mãos, em rendição. — Mas agora me diz, o que houve com você?

— Uns caras lá do curso, estavam brincando de jogar isso entre si e... — continuou insistindo na limpeza ao ver que estava conseguindo maneirar a quantidade de farinha em sua calça.

— Você foi uma das vítimas.

— Ah, foi sem querer. Mesmo assim me chateei. — estava emburrado.

— Você deveria ter tirado o excesso que tem no seu rosto.

— Mas eu tirei!

- Não tirou. Queria te ajudar mas, — coçou a nuca, pensativo. — Eu estava de saída. — apontou para a rua com o dedão.

— Meu dia não depende muito de você, Jeon... — decidiu falar, pois se sentiu um pobre coitado necessitando de ajuda. Se ele ia sair, tudo bem, Jimin só precisava ir para o seu quarto e se limpar.

— Bem que poderia, né? — recebeu um olhar entediado em sua direção. — Tô brincando. Enfim, eu acho que preciso ir. Depois a gente se vê?

— Tudo bem. — Jimin necessitava de um banho urgentemente. — Já vou subir pra dar um jeito nisso aqui. — apontou para as próprias roupas. — Aproveite, seja lá pra onde for.

Jungkook continua fitando a situação do outro, mas acaba apenas dando um sorriso fraco e assentindo algumas vezes, assim então se retirando.

Quando perdeu o mais novo de vista, Jimin adentrou e correu para o seu próprio quarto antes que sua mãe o visse e fizesse milhares de perguntas. Não queria vê-la preocupada ou até querendo lavar suas roupas pra si.

Joga sua mochila no canto do quarto de qualquer jeito e logo se posiciona na frente do espelho. Pobre coitada de suas roupas.

Necessitava de um belo trato, com certeza.

— Nossa, agora eu entendo o pessoal me olhando no ônibus. — admite para si mesmo, fitando cada detalhe de si por um bom tempinho, até. — Não julgo o Jungkook, eu estou mesmo parecendo o Gasparzinho.

— Eu te disse que parecia!

— Meu Deus! Não é possível! — dessa vez, Jimin estava indignado era consigo mesmo por ainda se assustar ou se impressionar com a forma súbita que Jungkook aparecia próximo de si. Porque sim, ele estava na porta de seu quarto com as mãos nos bolsos, lhe observando conversar sozinho com o espelho.

— Que susto, garoto! Você não ia sair?

— Pois é... — deu os ombros, se aproximando do outro pelo quarto. — Eu até ia. Mas senta aí que eu quero te fazer companhia depois desse desastre com farinha de trigo.

Ficar afetado positivamente com o que ouviu foi algo que Jimin tentou não ficar, mas lá no fundo, não tinha como ser diferente. Especialmente depois das insinuações improváveis do melhor amigo mais cedo, Jimin estava se sentindo muito lisonjeado.

Porém por mais que estivesse, não queria aparentar. Então apenas disse:

Jungkook, te apresento a porta, pode sair! — jogou os braços em direção à saída. — Ou janela, se preferir.

— Tá muito engraçadinho hoje.

Jungkook se aproximou, e assim tirou uma caixinha de lenço da mochila que carregava, qual logo deixou de canto.

— Carrego lenços umedecidos. Senta aí antes que eu mude de ideia e vá embora. — ameaçou muito falsamente.

Jimin não resistir em dar uma risada da cara do outro e balançar a cabeça negativamente. Precisava gabar-se sobre algo.

— Você ficou porque quis, Jeon. Admita, vai.

Jungkook revirou os olhos e riu fraco.

— Tá, só senta aí. Não torne isso mais difícil.

Jimin acomodou-se na beira de sua cama e o mais novo logo do seu lado, já tirando um dos lencinhos daquela pequena caixa que carregava consigo. Estavam ao lado um do outro, com o mais velho meio sem jeito fitando o rosto do moreno, um tanto curioso sobre suas ações.

Jungkook aproximou o lenço do rosto de Jimin, que estava em algumas partes com farinha de trigo, pra começar a limpar. O mais novo só conseguia pensar em como diabos um cara conseguia ficar encantador até com aquilo na cara e no corpo inteiro, mas pelo visto é possível.

Ele passava o lenço umedecido suavemente pelo rosto de Jimin, enquanto o mesmo lhe fitava sob os cílios. Jungkook estava ficando indignadamente encabulado com aquilo.

— Para de me olhar assim, tá me desconcentrando... — pediu, em uma reclamação a qual obviamente Jimin não levou a sério.

— Por que? Meu sorriso te desconcentra?

— Você entendeu. — declarou, limpando as bochechas que agora estavam em um tom avermelhado, talvez pela caminhada até em casa debaixo daquele sol. — E você foi muito insistente pra ficar aqui com você, viu? Seja menos pidão. — Jesus, que pilantra!

— Ô pestinha, você ficou porque quis. Apenas aceite isso!

— Quer saber? Vá logo tomar um banho, não vou mais ser usado para servir o reizinho. Ande logo, vai. — cutucou a barriga de Jimin, fazendo-o grunhir e dar um tapa em seu braço, logo levantando-se.

— Seu grosso. — acusou. — Mas eu vou mesmo, e é porque eu quero. — dá os ombros, vitorioso até.

Jimin então se direcionou até o canto de seu quarto, onde pegou sua toalha com o objetivo de ir ao banheiro em seguida, mas acabou gastando uns segundos ali, ajeitando sua franja. Enquanto isso, Jungkook ficou caminhando pelo quarto com as mãos no bolso.

— Vou tomar banho, me espera. — o mais velho avisou, prestes à adentrar o banheiro.

— Você... — Jungkook começou, meio curioso e jogando seu olhar para Jimin dos pés à cabeça.

Jimin franziu o cenho, confuso.

— Eu...o quê?

— Você vai trocar de roupa... aqui? — finalmente questionou, com uma sobrancelha arqueada.

As expressões do mais velho de repente se tornaram uma grande incógnita, se sentiu até sem palavras por um momento. Era uma pergunta idiota, ele sabia, mas se imaginar trocando de roupa em frente à Jungkook é algo que o outro certamente achava que não daria certo. Nem um pouco, aliás.

— C-claro que não. Vou trocar no banheiro. — explicou, até meio desnorteado e pego de surpresa. — Não sou nem louco de trocar aqui!

— Só tô perguntando... — o mais novo respondeu, nitidamente se fingindo de inocente.

E com isso, Jimin cerrou os olhos, porque de besta ele não tinha nada, então foi em suas gavetas e pegou uma roupa limpa e cueca para trocar dentro do banheiro. Apesar de ambos serem homens, tinha algo indefinido que impedia Jimin de achar normal trocar de roupa na frente dele, de forma amigável.

Jungkook nitidamente deixava Jimin nervoso, da forma mais confusa possível.

— Fique longe desse banheiro, Jungkook. — avisou apenas uma vez, logo adentrando de vez ali e trancando a porta, conseguindo ouvir um "tranquilo..." soar de fora.

E já "seguro" ali dentro, ele encostou na porta do local e respirou fundo, se recuperando psicologicamente de uma besteira como aquela.

Ele realmente precisava de um banho, e agora nem era só por conta da farinha de trigo que estava por todo o seu corpo. Então demorou uns quinze minutos até se banhar e trocar de roupa tudo direitinho. Quando saiu do banheiro percebeu que o moreno estava mexendo em algo seu, mas à primeiro momento não ligou muito e foi logo passar um pouco de desodorante e perfume, porque sem ao menos essas duas coisas não dá.

Até que enfim levou sua atenção para trás, analisando direito o que Jungkook estaria mexendo. E então viu que era sua coleção de CD's da sua banda favorita.

— Você escuta Arctic Monkeys? — Jungkook questionou, com o CD da banda em mãos. E assim, Jimin foi se aproximando subitamente.

— Sim, é minha banda preferida, na verdade. Mesmo que eles sejam meio manjados para alguns, eu gosto. A música deles me acalma. — contou.

— Então vamos ver, qual a sua música favorita? — ele perguntou, curioso.

Nossa, Jimin amava tanto essa banda, e quando é sua banda predileta é realmente difícil escolher uma música em especial. No entanto, mesmo assim ele sabia o que responder agora.

505. — foi sua resposta, com certeza. — Eu te diria Baby, i'm yours, mas não é verdadeiramente deles a música. Então escolho essa outra.

Jungkook lhe fitou, e sorriu fraco.

— É... a sonoridade até que combina com você. — Jungkook conclui. — Já a letra, não sei bem. Fala de passado, afinal.

Pior que combinava.

— Hum, bom, de qualquer forma. Você gosta mesmo de mexer nas minhas coisas, né... — Jimin falou, cruzando os braços, na intenção de puxar um assunto mais leve. — Estava mexendo em outra coisa, por acaso?

— Por que? Tem algo a esconder? — Jungkook rebateu, com uma sobrancelha arqueada após devolver o CD para o seu devido lugar.

Jimin também arqueou a sobrancelha, porque caramba, aquele garoto gostava de lhe provocar de uma forma ou outra. Isso o mais velho já estava percebendo nitidamente.

— Nadinha. — foi o que respondeu. — Sou um livro aberto. Por que? Mexeu nas minhas cuecas também? É só o que faltava.

— Ah, na verdade, sim. — Jungkook afirmou, rapidamente se aproximando da gaveta de cuecas de Jimin a qual tinha descoberto à minutos atrás. Ele abre, e pega uma em específica de lá. — Aliás, essa de urso é muito fofa! Ótimo gosto.

Jimin automaticamente arregala os olhos, e assim corre desesperado para a direção do outro.

— Jungkook, devolve minha cueca!

— Tenta pegar, se você alcançar... Vem, pega. — ele diz isso, no entanto estende a cueca vergonhosa de urso lá no alto, apenas com aquele sorrisinho de lado e se divertindo às custas de Jimin. — Pega, vai!

— Jungkook, você é um sem noção! Devolve agora! Anda logo, garoto, eu tô morrendo de vergonha! — e de fato, ele estava vermelho, tentando alcançar as mãos do outro em uma tentativa falha por conta da altura.

— Tá. — Jungkook dá os ombros, e lança a cueca lá para o outro lado do quarto, fazendo-a cair no chão.

Jimin grunhi e vai marchando praticamente, enquanto o seu rosto ainda está vermelho, em direção à cueca. E assim juntando-a do chão.

— Jungkook, sinceramente, você me irrita de uma forma absurda! — ele declarou, dobrando a cueca em mãos e se dirigindo à gaveta para guarda-la. E nisso, Jungkook permanecia com as mãos nos bolsos e aquele olhar cínico.

Jimin virou-se pra ele e encarou seu rosto, balançando sua cabeça negativamente em uma falsa chateação e um bico nos lábios. Tá, não está chateação mesmo, ele estava envergonhado pela cueca ainda. Que mico!

— Você é ridículo.

— Ah, é? O que mais?

— Você é um chato, e me irrita muito fácil!

— Sou, é?

— Sim! — bufa, cruzando os braços. Estava se levando tanto pelo desabafo leve que quando viu, já estava na frente do outro. — Sinceramente, Jungkook, eu não sei o que eu faço com você.

— Faça sexo.

Duas palavras, uma frase. Foi basicamente aquilo que ele tinha dito, e mais do que o suficiente pra fazer Jimin arregalar os olhos e ficar ainda mais sem reação.

— Ai, ai! Tá bom! — Jungkook defendia-se, rindo e tentando segurar os braços de Jimin que lhe atacavam sem mais nem menos. — Ei, calma! Para de me bater, cacete!

E ele continuava rindo, como um palhaço. Enquanto Jimin tinha vontade de dar um tapão na sua cabeça, porque essa estava sendo a única reação que conseguia ter diante àquilo. E aquele momento ali de tapas e risadas só acabou quando Jungkook sugeriu que Jimin parasse de lhe agredir, e que eles fossem para a casinha da árvore. E é claro que depois de cerrar os olhos para o outro e mais um sorrisinho contido, eles foram.

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— Eu já tinha percebido essas suas fotos de bebê aqui na casinha, mas foi mal, não consigo deixar de achar fofo.  — Jimin contou, segurando um daqueles quadros o qual já tinha prestado atenção antes, no entanto, nunca comentado com o moreno.

— Tá, eu sei que eu era o bebê mais adorável do mundo, mas devolve. — Jungkook tomou das mãos de Jimin e pôs no lugar.

— Chato. — o mais velho resmunga, sentando-se no chão de madeira em posição de índio junto ao outro. — Coloque uma música pelo menos, vai.

— Hum, boa ideia... Espera. — ele levantou-se apenas para pegar um pequeno controlezinho que parecia ser do seu som, no canto do local.

Aquele som. Esse é o maldito que tanto lhe incomodava antes de começar a andar com Jungkook.

Assim que o mais novo sentou-se de novo, ele pegou seu celular e conectou ao aparelho, escolhendo a música por ali. E foi quando tocou.

"Sonhei com você quase todas as noites essa semana
Quantos segredos você consegue guardar?"

"Porque existe essa música que encontrei que me faz pensar em você de alguma forma. E eu a coloco para repetir até eu pegar no sono. Derramando bebidas no meu sofá."

Jimin imediatamente encontrou seu olhar no de Jungkook, e os sorrisinhos de canto foram espontâneos de ambos.

— Apesar de ser a música mais manjada deles, eu aprecio muito a letra e o ritmo. — Jungkook declarou. — A verdade é que vou lembrar bastante de você quando ouvir essa banda a partir de agora.

Jimin refletiu, mergulhando em seus próprios pensamentos, sem deixar-se vacilar externamente. Estava difícil, levando pelo lado que não parava de sorrir bobo.

"Nós dois sabemos que as noites foram feitas principalmente para dizer coisas que não se pode dizer no dia seguinte."

Foi repentino quando olhares que deveriam soar um pouco mais amigáveis se encontraram, de uma forma que fazia Jimin se questionar o que Jungkook estaria pensando ao lhe fitar desse jeito. Queria tanto ler mentes agora. Será que Jungkook estava ouvindo a música atentamente e sentindo essa vibe e tensão estranha que Jimin tanto sentia agora? Céus, o mais velho esperava que sim.

Caso não, ele estaria ali se derretendo sozinho. Como um idiota, pensando em coisas que queria muito não pensar.

"Você já teve aquele medo de não poder mudar?"

"Sonhei com você quase todas as noites essa semana."

E no meio daqueles olhares indefiníveis, mas que ao mesmo tempo deixavam algum tipo de mensagem, Jimin pegou sua câmera que trouxe enquanto a música ainda rolava. Ele ligou-a e apontou na direção de Jungkook, tirando uma foto e fazendo-o rir em seguida.

— Você não pode tirar uma foto minha assim, sem sequer pedir. — Jungkook argumentou, e dava pra ver que estava sendo implicância de sua parte. Então Jimin riu, visualizando a foto em sua câmera.

— Relaxa, tá linda, eu garanto! Você tá com um olhar meio profundo na foto, parecendo até um cara gamado.

Jungkook riu.

— Se você não apagar essa foto agora, eu posso te processar por direitos autorais. — avisou.

— Ui, que medo! — Jimin encenou. — Problema seu, eu gostei, não vou apagar!

— Você tá pedindo também, em... — Jungkook balbuciou, se aproximando em questão de segundos pra ir pra cima de Jimin, já estendendo as mãos com a intenção de tentar tirar a câmera dele.

Jimin realmente não sabe porque tremeu com aquela frase e a forma como Jungkook se aproximou assim que terminou de dizer. Tipo, de verdade, era uma coisa idiota, Jeon lhe ameaçou pra apagar a foto, o que tinha demais nisso? Nada, mas Jimin ficou meio nervoso.

— Não, Jeon, sai! Para! — exclamava, afastando a câmera e rindo enquanto o outro estava praticamente em cima de si tentando lhe tomar a máquina em mãos.

E foi uma mistura de risadas, empurrões, discussão de um dizendo para o outro largar a câmera. Só que no meio disso o destino resolveu agir, porque ele realmente estava entediado. Bom, foi o que Jimin pensou quando Jungkook estava em cima de si tentando lhe tomar a câmera e de repente ele se desequilibrou e caiu em cima do mais velho inteiramente, o prensando contra o chão de madeira. Assim, fazendo-os ficar com os rostos próximos um do outro.

A primeiro momento, foi estranho. Ambos tinham os olhos arregalados, porque a proximidade era absurda. Mas se estava sendo tão estranho assim, por que não se afastaram?

Bom, ninguém entendeu. Ou não verdade, ninguém queria se afastar.

— Por que está tremendo? — Jungkook resolveu perguntar, quebrando aquele silêncio.

— E-eu não estou tremendo. — defendeu-se.

— Tá nervoso? — ele estava olhando para todo o rosto do mais velho, cada partezinha, Jimin podia sentir, porque ele estava fazendo o mesmo.

— Não.

— Vai apagar a foto?

— Também não. — sorriu de canto.

— Está bem... Não se assuste.

Ele avisou, mas não foi tempo suficiente pra Jimin ficar pensando sobre isso porque em seguida os lábios de Jungkook estavam beijando os seus lentamente.

Jimin estava rezando aos céus para que o moreno não conseguisse sentir o quanto seu coração estava acelerado e batendo forte, seria ridículo em sua concepção. Jungkook lhe beijou tão lento, mas ao mesmo tempo de forma tão sedenta que naquele momento Jimin sabia que ele aguardava por isso há dias, assim com o mais velho.

Jimin levou uma de suas mãos até o rosto de Jungkook, acariciando sua bochecha conforme o beijo foi acelerando aos poucos e ficando mais profundo, a ponto de Jungkook começar a chupar deliciosamente sua língua.

Droga, Jimin quis derreter com aquilo... E ver Jungkook sedento por si era muito pra sua sanidade, porque ele já percebeu que Jungkook é do tipo que pode até dar sinais do que quer, mas ele nunca é claro. O que deixa sempre Jimin com uma pulga atrás da orelha.

E com Jungkook chupando com vontade seu lábio inferior, eles separaram suas bocas pra respirar, enfim fazendo encontrar seus olhares um no outro e se chocarem suas respirações ofegantes.

"Se acalme e prepare seus lábios.
Sinto muito interromper, é que apenas estou constantemente à beira de tentar te beijar."

— Meu deus... — Jimin murmurou, se recuperando psicologicamente ainda com o outro em cima de si.

— Cacete, isso foi incrível...

Jimin sorriu, se sentindo tão alegre com a declaração do outro após o beijo.

— Parece que você não tem mais a desculpa de ter sido no canto da boca. Muito menos um "beijo amigável" — fez aspas com os dedos.

— É... tá bem, parece que não tenho explicação pra isso. Então vou aproveitar.

E sem mais demorar um segundo, Jungkook novamente uniu os seus lábios, começando outro beijo bom daqueles.

Acontece que, naquele dia, foi impossível de enganar. Eles queriam se beijar há dias.

Treehouse em: Não tinha mais desculpas, o desejo falou mais alto.

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