❦| heartless
[🌳]
"Tirei uma foto sua enquanto dormia, foi mal, mas é meu novo papel de parede" foi uma das primeiras coisas que Jungkook contou quando Jimin estava suficientemente acordado no dia seguinte, naquele quarto de motel.
Imediatamente, ele precisou ver a foto e odiou. Mas fazer o quê? Jungkook tinha amado, não teve muitas discussões além de deixar ele guardar aquela foto tão sem graça, aos olhos de Jimin.
Oficialmente, foi o melhor encontro que o mais velho já teve. Mesmo que a temática de um quarto de motel não fosse muito romântica na teórica. Mas na prática, foi perfeito, simplesmente fizeram ser.
— Você e o Jungkook vão né? Ah, por favor! Eu não quero ir sozinho. — Taehyung relembrou ao melhor amigo enquanto tomavam milkshakes sabor napolitano, próximo à faculdade. Era o sabor preferido de ambos. — Aquela boate era quase nossa segunda casa quando você ficou solteiro do Yoongi, foram ótimos momentos de libertação.
— E eu quebro minhas promessas com você, por acaso? Eu disse que ia, não esqueci disso. — deu um gole na explosão açucarada dentro do copo. — Já até avisei Jungkook, ele está ansioso pra conhecer. Todas as baladas que ele já foi, segundo ele, foram com alguns antigos amigos sem noção. Disse que não conseguiu ser ele mesmo.
— Ai, ai... A escola, a forma que você tenta se enquadrar com gente babaca as vezes porque acha que pode ser o seu lugar. Eu me lembro como se fosse só há quase dois anos atrás. — Taehyubg suspirou.
— É porque foi. Estávamos na escola há quase dois anos atrás, Taehyung. Só temos dezenove anos.
— Que seja. As vezes sinto falta, não necessariamente das pessoas e das encrencas escolares, e sim de ter menos pressão do futuro nas costas. Somente a pressão dos pais nos estudos.
— É, digamos que depois de formatura... Toda a pressão psicológica que você sofreu como adolescente, a vida te entrega duplicado. — Jimin acabou compartilhando da mesma sensação. — Mas um dia de cada vez, né? Ainda estamos no começo da vida adulta.
— Daqui pra frente, só pra trás, meu querido amigo. Um brinde! — Jimin acabou rindo e cedeu ao brinde nada motivacional do amigo, mas que no fundo era. Aquilo queria dizer que tentariam sempre levar as coisas de uma forma leve, mesmo quando não facilitassem.
— E você? Não vai convidar Hoseok? — Jimin questionou, curioso.
— Não fale como se eu estivesse acorrentado à ele, eu convidei... Se eu ver a mensagem até mais tarde, talvez vá. — deu os ombros, tomando um gole.
— Entendi. Frustração por não ter resposta, saquei.
— Vamos mudar de assunto, lindão? — Jimin negou com a cabeça, dando uma risada seca.
— Já que tanto quer isso... Vou aproveitar pra comentar que não pretendo incentivar Jungkook à beber tanto essa noite. Sei que ele é meu namorado e estamos indo nos divertir, mas ele ainda está no último ano escolar dele.
— Jimin, Jimin... Falando desse jeito até parece que você não foi pra escola e não sabe que os formandos são os que mais bebem. Tsc, empolgados...
— Eu sei disso, mas se é pra ele fazer, que não seja por incentivo da minha parte.
— Você leva muito à sério isso de ser o mais velho da relação. — Taehyung comentou, debochado. — Sei que nunca namorou um cara mais novo antes, mas fica tranquilo. Daqui há uns meses, e ele vai estar no mesmo barco que a gente: recém adultos desesperados por remuneração e reconhecimento.
— Só quero que ele comece a vida após escola dele, com a mente boa. Sei como é último ano, parece que a pressão pesa nas nossas costas. — franziu o cenho. — E somado com problemas em casa, então? Sempre é bem difícil. Você ainda se sente perdido na maioria das vezes.
— Ele é talentoso, vai se virar bem. E relaxa, amigo! Você é um ótimo exemplo como namorado. — elogiou, recebendo um sorrisinho inseguro como resposta. — Mas não se esqueça... Você também ainda é muito novo. Seus problemas, seus processos e suas crises de medo do futuro também importam! Pense nele, mas não esqueça de ser atencioso desse jeito consigo mesmo também.
— Desde quando você ficou tão bom com conselhos? — Jimin até se impressionou.
— Digamos que as vezes o Hoseok precisa bastante das minhas sábias palavras e eu procuro ser um bom par amoroso, e não enche!
Depois de mais umas boas risadas, Taehyung foi à caminho de sua casa e Jimin aproveitou para mandar uma mensagem importante.
Eu:
vc vai né?
a noite, o convite que te fiz por esses dias
eu, vc, Tae e talvez Hoseok
[enviado às 14:22]
Pai do Tobby❤️:
Claro que vou, não perderia a oportunidade de te ver dançando em uma balada.
Deve ser um ótimo ponto de vista com certeza 👀
[enviado às 14:23]
Eu:
Não sei de onde vc tirou que vou dançar
Enfim vai todo mundo junto então
vem pra minha casa umas 21hrs, por aí
[enviado às 14:23]
Pai do Tobby❤️:
sim senhor
já chegou das fotos que ia tirar hoje?
[enviado às 14:24]
Eu:
Atualização de último segundo:
Jackson também vai 🫶🏻
E sim já cheguei há um tempo e estou
próximo da faculdade, foi bem legal :))
[enviado às 14:24]
Pai do Tobby❤️:
Posso confessar uma coisa?
[enviado às 14:25]
Eu:
Que as vezes vc tem ciúmes do Jackson?
Não precisa confessar, tá estampado na sua cara
[enviado às 14:25]
Pai do Tobby❤️:
Eu deixo tão na cara assim?
Nossa, que merda...
[enviado às 14:27]
Eu:
digamos que fazer cara de bunda toda vez que eu comento que peguei carona com ele, não é
lá muito discreto da sua parte 😅
[enviado às 14:27]
Pai do Tobby❤️:
que? olha, sobre isso...
eu só fico com medo de vc cair de moto
nada demais, não posso ser
um namorado preocupado? 🙄
[enviado às 14:29]
Eu:
Preocupado até demais, né?
[enviado às 14:29]
Pai do Tobby❤️:
Sem humilhações
Eu sei que é bobeira tá? 🫣
[enviado às 14:29]
Eu:
Que bom que sabe 💋
E não se preocupa, eu perdoo os seus
hormônios emocionais à flor da pele
[enviado às 14:30]
Pai de Tobby❤️:
Fui: sincero
Ganhei: a humilhação que eu pedi pra não ter
Moral da história: não sejam sinceros
[enviado às 14:30]
Eu:
Deixa de ser besta kkkkk
Até mais tarde, eu te amo ❤️
[enviado às 14:31]
Pai do Tobby❤️:
Hum 🫥
[enviado às 14:31]
Eu:
responde o meu eu te amo
e eu encerro as humilhações de hoje
[enviado às 14:31]
Pai do Tobby❤️:
Eu te amo
Muito. ❤️
E é sério, não tô falando só pra
não ser mais humilhado 😅
[enviado às 14:33]
Eu:
Own... fofo!
Supostamente humilhado****
Até mais tarde, bebezão 🫶🏻
[enviado às 14:34]
[🌳]
— Se vocês dois quebrarem algo no meu quarto, vão repor. — Jimin decreta ao ver que Taehyung, ao jogar uma pequena bola de tênis para Jungkook, quase acerta uma das miniaturas de super-herói que tinha em seu quarto. Se questionava como Jeon não tinha dó das pobres miniaturas, afinal, ele também tinha em seu quarto. Deveria saber a dor de poder perder uma.
— Não vamos quebrar, deixa de ser sem graça. — o melhor amigo logo se defendeu.
— Bem... É que meio que você ia quebrar, amor. — Hoseok acabou sendo sincero, enquanto observava a brincadeira da cama de Jimin. Esse "amor" entre eles está sendo super normal recentemente, apesar de que ainda não houve pedido algum.
Eles eram o famoso casal não pede, mas não se larga.
— Hoseok, shhhh! Bico fechado. Você não viu nada. — Taehyung logo pula em cima do outro, com a intenção de fechar a sua boca, sem sucesso algum. — Acho melhor irmos antes que Taehyung me mate! — brincou falando para os dois outros presentes, e Jimin concorda e encerra suas tentativas de "acalmar" seu cabelo rebelde hoje.
— Você está lindo. — percebendo a frustração do outro, Jungkook logo aparece atrás de si no espelho, o confortando e lhe deixando sem graça.
— Sua opinião não conta, você é meu namorado. Acha encantador coisas extremamente duvidosas à meu respeito.
— E justamente por eu ser seu namorado, que deveria ter um peso maior. — depositou um beijo suave no pescoço do mais velho, sorrindo para ele através do espelho. — Vamos?
— Está bem, vamos.
[🌳]
Midnight Blue era o cenário que acompanhou a dupla de melhores amigos algumas vezes durante a primeira solteirice de Jimin. Conheceram em um dia, e de repente era agradável para retornar outras vezes.
E hoje, Taehyung quis muito apresentar o ambiente para Jungkook e Hoseok. Por isso estavam ali, para curtir muito.
Lotado era uma palavra muito forte para definir o ambiente, mas vazio, também já era demais. Um meio termo ideal para um final de semana. Com uma decoração puxada para vários tons neon de azul, o ambiente parecia ser um bom lugar para espairecer.
Logo encontraram Jackson, dando tudo de si no meio da pista de dança com a galera. E ao avistar os amigos, o fotógrafo dançou até eles para cumprimentá-los.
— Atrasados! Perderam as melhores músicas. Mas se derem sorte, vem mais aí pela frente. — continuou a sua dança enquanto explicava. — Vamos balançar esse esqueleto?
— Quase me convenceu por esse linguajar de trinta anos atrás, mas eu queria primeiro tomar algo! — Jimin teve que gritar no ouvido dele, para que conseguissem se comunicar meio daquela música animada.
— Ei, amigos, parabéns pelo namoro! Isso é muito emocionante. — do nada a narrativa de Jackson era emoção e carinho, demonstrando isso na sua voz e no abraço que deu em Jimin e Jungkook ao mesmo tempo. Jeon até se surpreendeu, tentou devolver o abraço meio sem jeito.
— Jackson, o quanto você já bebeu? — Taehyung precisou aproximar o rosto para questionar, com a sobrancelha arqueada. Mas a expressão do fotógrafo entregou que ele não saberia dizer. — Tá bem, deixa quieto. Vamos, que hoje é dia de se divertir! Vamos beber algo.
Deixando Jackson em sua aventura pela pista de dança, os quatro se direcionaram para a parte do grande bar, onde era possível conversar melhor por a música (apesar de presente) não estar mais exageradamente alta.
— Depois encontramos vocês. Se comportem e cuidem um do outro! Não façam nada que eu não faria, clássico mas verdade. — Taehyung falou para o casal, antes de puxar Hoseok para algum canto consigo.
E ficando apenas Jimin e Jungkook, uma troca de olhares seguido de sorrisos ocorreu entre eles.
— Vem, vamos sentar em algum lugar. — Jimin puxou o mais novo pelo braço naquele ambiente, até conseguirem avistar de longe uma mesinha com duas cadeiras, perfeita para um casal, e se acomodarem de frente um para o outro. — O que achou do lugar?
— Eu gostei, tenho certeza que Yugyeom e Júnior iriam querer vir aqui pra conhecer. — citou os amigos mais próximos, olhando ao redor. — Então quer dizer que uma beleza igual você andava por esse lugar, fazendo todo mundo babar?
— Quer parar de ser exagerado? Por que namorados sempre acham que todo mundo baba na gente? — Jimin riu, negando com a cabeça algumas vezes.
— Bom, os namorados de outros eu não sei. Mas você... — alcançou a mão de Jimin, juntando suas palmas em cima da mesa. — É porque você me seduziria se eu estivesse andando por essas bandas solteiro.
— Ah, é? — Park arqueou a sobrancelha. — Muito legal saber disso. — mais uma troca de sorrisos ocorreu entre eles, e era impressionante o quanto aquilo era natural. — É engraçado estarmos nesse cenário... — Jimin riu sozinho, despertando a curiosidade de Jeon.
— Como assim?
— É que eu te conheci sendo meu vizinho, o garoto da casinha na árvore que me perturbava enquanto eu estava em uma fase completamente trancado dentro do meu quarto, no meu próprio mundinho. Era como se eu tivesse dando um tempo do mundo, e criando meu próprio universo ali dentro. Estava tendo um tempo comigo mesmo, e repente, você apareceu na minha vida. Definitivamente nossa história passa longe daquele casal que se conheceu em baladas, e programações desse tipo. — Jimin contava em um tom cômico, e Jungkook também achou interessante o embalo da história.
— É... digamos que nossa forma de se conhecer pode ser considerada bem original comparado a um casal que se conheceu na balada, realmente. — deu os ombros, rindo. — Mas eu gosto, de experimentar novas coisas com você. Você já me faz experimentar coisas novas o tempo todo mesmo.
— Eu faço? Pois saiba que você me faz muito mais.
Nem sabiam quanto tempo ficaram ali conversando, só acordaram daquele próprio universo entre eles quando Taehyung apareceu junto à Hoseok.
— E aí, ainda não beberam? — Hoseok perguntou, antes de ir atrás de algo para si.
Jimin logo lançou o seu olhar para Jungkook, pensando o quanto não queria vê-lo se acabar na bebida. Novamente se questionava se era errado, ou até mesmo muito controlador, não querer vê-lo mergulhar nessas coisas quando ainda estava na escola. Estava prestes a sair e completar sua maior idade? Estava, mas ainda sim faltava meses.
Fora que Jungkook já compartilhou consigo momentos que mostravam que definitivamente não era um bom bêbado. Se pelo menos fosse, tudo bem, mas não era. A última vez que isso tinha ocorrido, sua sinceridade e suas chateações imaturas se relevaram. Antes fosse ficar somente com muito tesão, como ele diz que também pode acontecer.
Mas então, o tão temido sim veio:
— Acho que vou beber um pouco. Você quer, Jimin? — Jungkook lhe questionou após se posicionar.
— Não, eu prefiro não ficar supostamente imitando um gato o resto da noite... Valeu. — o mais velho respondeu, arrancando risadas.
— Pelo o que Jungkook me contou com detalhes, esse dia foi louco! — claro que Tae não perderia a oportunidade de dar risada da lembrança. — Toma só um pouco comigo, vai? — acabou cedendo.
— Mas não coloca muito! Só um pouco de- Ah, não. — Jimin se auto interrompeu com uma grande frustração no tom de voz. E mesmo que estivessem confusos à primeiro momento, os outros três não demoraram muito para mirar os olhares na direção que Jimin encarava com uma carranca enorme.
Min Yoongi estava ali, especificamente, vindo na direção dos três. E isso parecia ser o fim da picada.
A expressão de Jungkook também não foi das melhores, principalmente pelo atrevimento de estar caminhando na direção deles. Já não basta a coincidência, não podia simplesmente fingir que eles não existem?
Era inegável que uma grande insegurança ameaçadora se instalou dentro de Jeon, por mais que ele soubesse que aquilo era uma grande besteira. Sempre tentava ser o homem que Jimin merecia, mas as vezes seus instintos e sentimentos eram muito mais fortes. No final das contas, não era como se fosse o perfil de cara mais velho que Jimin se atraiu a vida inteira antes de lhe conhecer.
— Tem outro lugar pra estar não, bonitão? Que caralho, hein? Justo aqui... — quando o jogador de basquete chegou, Taehyung com seu jeito mais desinibido foi o primeiro a falar alguma coisa.
Se ali estivesse o Taehyung de anos atrás, seria outro que estaria se mordendo de ciúmes e insegurança pelas vezes que Yoongi deu em cima de Hoseok. Mas agora, com seus vinte anos, se considerava um ser mais evoluído em relação à isso.
No fim, preferia somente alfinetar e tirar graça mesmo. Por que iria se estressar com o ex otário do seu melhor amigo? Todo mundo sabia que ele era idiota. Inclusive Hoseok.
Enquanto isso, tudo o que se passava na cabeça de Jimin era se Yoongi teria a petulância de ficar dando em cima de Hoseok essa noite. Caso ocorresse, ele iria estar de olho para mandá-lo a merda. Ninguém mexia com a primeira relação estável em anos do seu melhor amigo.
— Isso é jeito de falar comigo, Taehyung? Eu sempre gostei de você, não sei pra quê tanto deboche comigo. — Yoongi implicou de volta, em um tom de brincadeira. Mas tudo o que Tae fez foi negar com a cabeça algumas vezes.
— O que você quer? O Hoseok ou o Jimin dessa vez? Nunca sabe o que quer, né? Se dá em cima do ex, ou se tenta mexer com outra pessoa comprometida. — era bem previsível que Jungkook não soubesse segurar sua língua diante ao jogador.
Pelo jeito não teria um momento de paz quando o assunto era Min Yoongi.
— Sei que você não é muito fã da ideia de eu ser ex do Jimin, mas cara, foi mal. Eu não tive intenção nenhuma de causar problemas desde que cheguei de viagem... — levantou as mãos em sinal de rendição, e tudo o que Jimin e Taehyung conseguiam pensar era o quanto o jogador era sonso.
— Eu não desgosto de você por ser ex do Jimin, eu não quero papo com você porque você tentou forçar uma volta que não existe. — Jungkook nem se esforçou para disfarçar suas emoções à flor da pele, e Jimin logo tocou em seu braço suavemente. — Você me chama tanto de moleque pela minha idade, mas não suporta a ideia de Jimin não rastejar nos seus pés. Isso sim é coisa de moleque.
Yoongi riu fraco, pensando por um momento se mudava o rumo da sua pretenção de diálogo ou não.
— Sabe, eu vim aqui me desculpar por alguns rolês anteriores entre todos nós e dizer que não precisava mais se preocupar comigo. Mas de verdade? Eu não tenho culpa de tentar voltar com o cara que eu tive um relacionamento sério antes de sair da cidade. Você tem que entender isso.
— Corta pra você flertando com Hoseok na primeira oportunidade que teve. — Jimin precisou relembrar, tomando voz na situação. — Se manca, Yoongi. Coitado de mim caso eu estivesse realmente esperando por você até hoje... Se eu fizesse isso, o sofrimento não seria pouco comparado ao que já sofri.
— Entendo, tem que seguir em frente com outra pessoa mesmo. — foi a resposta um tanto sarcástica do jogador. E Jungkook e Jimin não gostaram nem um pouco do tom usado.
— Quer insinuar alguma coisa? É só falar! — Jungkook esbravejou, indignado.
— Eu falei alguma coisa? Quem falou foi seu namorado. Eu só completei para ele.
— Tá colocando palavras na minha boca?! Eu não sinto mais nada por você! Será que ainda não entendeu isso? — e quando Jimin se irritou, Taehyung soube que era o momento de encerrar aquilo.
— Tá bom, chega! Yoongi, sinceramente... Você acha que isso é ambiente pra isso?! Com licença, né? Acho melhor você ficar pra lá... — o incentivou. — E a gente fica pra cá. Melhor assim, né? Problemas, hoje não. Pelo amor de Deus.
— Espera, espera, espera... — o jogador permaneceu, resistindo aos incentivos de Tae de caminhar e seguir seu rumo. — Espera, eu não vim pra você me odiar, Jimin. Foi mal. Eu vim me desculpar com o seu namoradinho, justamente porque não quero que você me odeie. — ele parecia se esforçar para baixar uma bolinha pelo menos um pouco. — Eu não quis insinuar nada, tá bem? Sei que eu não te dei valor. Eu só quis tentar te ter de volta porque viajar me fez perceber que ter gente pra dormir é muito fácil, mas difícil mesmo é ter alguém como você.
Jimin permanecia lhe olhando desconfiado, e Jungkook com uma cara de poucos amigos.
— Você apoia, ama, cuida... Faz essas paradas todas, sabe? — ele parecia até sem jeito quando o assunto era algo mais sentimental, e não superficial. — E tipo, isso é difícil de achar. Eu só quis tentar, mas se não deu, beleza. Peço desculpas pra vocês dois aí, só não quero que me odeie, Jimin.
Jimin estava prestes a falar que isso soava como o discurso mais falso do ano, mas antes que pudesse se pronunciar ou qualquer coisa do tipo, sentiu as mãos firmes de Jungkook em seus ombros.
— Ele já ouviu, valeu. Vamos, Jimin.
Foram se distanciando, e Jimin não fez muito além de apenas ser guiado pelo outro até um canto do bar, uma parte perfeita para uma conversa mais calma. A primeiro momento, nenhuma palavra saiu da boca de ambos sobre a situação inconveniente com Yoongi, mas sentindo o clima estranho, Jungkook observou o olhar perdido do outro e perguntou:
— Tá tudo bem?
— Ah, tá sim. Claro. Yoongi é um sem noção, zero novidade até agora. — comentou, vendo o mais novo concordar. — Mas Jungkook, eu queria te pedir uma coisa...
— Claro, qualquer coisa. – se aproximou mais para lhe escutar melhor.
— Eu entendo as coisas que você sente quando estamos em uma situação nada confortável, principalmente envolvendo Yoongi. Eu tento te entender sempre, de verdade. — confortou. — Mas... Eu queria que eu fosse a pessoa que encerraria aquela conversa com ele. Se é que me entende, nada sobre Yoongi me afeta e por isso eu tranquilamente queria ter cortado aquele papo de forma afiada, me expressado. Será que consegue me entender?
Quando consumiu toda a informação que ouviu, Jeon até levou seu olhar para o chão por um momento. Estava envergonhado repentinamente.
— Eu tomei atitudes por você, né? — seu tom quase não pôde ser escutado junto daquela música pop do ambiente, mas Jimin ouviu bem. Cerrou os lábios e nada lhe restou além de assentir algumas vezes, com dó no coração de vê-lo chateado consigo mesmo. — Desculpa. Me desculpa mesmo... Eu acho que agi conforme minhas emoções. Eu odeio me deixar levar quando se trata dessas coisas idiotas.
— Jungkook, ei, olha pra mim... — tocou no queixo dele, apenas para que o seu olhar chateado voltasse para si. — Está tudo bem. Acontece. Eu fico feliz só de entender. E eu também tenho ciúmes de você... — deu os ombros, tentando aliviar o clima. — Já tive bastante. Digamos que nosso histórico tem tudo para nos deixar bem paranóicos as vezes, mas precisamos lembrar que não tem necessidade. Não tem perigo, entende?
Com os olhos conectados ao olhar acolhedor de Jimin, e principalmente seu sorrisinho aliviante, Jungkook respirou fundo e se sentiu mais tranquilo. Não queria ficar agindo igual um pirralho com ele. Sabia que precisava se comportar cada vez mais como o namorado que Jimin realmente merece.
— Entendo sim. Desculpa de novo.
— Chega de desculpas. — o mais velho tocou no maxilar do moreno com as duas mãos, e deixou um beijo singelo e gostoso em seus lábios. — Já passou. Sabe, eu queria beber drink. Quer me acompanhar? Com supervisão, você pode. — brincou, fazendo Jungkook rir e revirar os olhos.
— Claro, deixa que eu pego pra gente. Posso escolher?
— Tô ansioso para ver seu gosto em drinks, na verdade.
— Vai se surpreender, já tô avisando.
Enquanto esperava o outro retornar, Jimin decidiu mandar uma mensagem para o melhor amigo, apenas para avisá-lo que estava tudo bem e perguntar em que parte do local ele e Hoseok estavam. Pretendia se encontrar com eles para que essa noite voltasse a ser divertida, como estava com potencial de ser, até então.
Foi em torno de uns dez minutos que o mais velho estava batucando os dedos na superfície do balcão, até sentir duas mãos serem depositadas em frente aos seus olhos. A primeiro momento se encabulou, principalmente quando sentiu um beijo molhado ser depositado em seu pescoço. Mas logo soube muito bem quem tinha a liberdade e o costume de fazer isso consigo, para confirmar, tirou as mãos de frente de seus olhos e virou, dando de cara com a expressão sacana de Jungkook.
— Você ama meus beijos no seu pescoço. Ama tanto que reconheceria eles sem nem precisar ver, certeza.
— Não vou concordar com isso para não inflar seu ego, mas existe essa possibilidade. — o moreno cerrou os olhos em sua direção, como quem não caía jamais naquele papo meia boca. — O que trouxe pra gente? Disse que iria me surpreender.
— Observe... — apontou para dois drinks em cima do balcão, e definitivamente Jimin não conhecia aquelas bebidas com tons rosados e uma rodela de limão ao lado. Claro, já tinha visto muita coisa parecida, mas nada que remetesse exclusivamente com o que estava fitando agora.
— Certo, desembucha. Para o que diabos eu estou olhando?
— Cosmopolitan.
— Meu Deus... Você viaja! Que nome de gosma alienígena é essa?! — Jimin de repente estava rindo.
— Que foi? Nunca provou? — Jungkook se flagrou contendo uma risada. A risada de Jimin definitivamente é contagiante. — Bom, sendo assim, não pode dizer que não surpreendi. Agora prova.
Cerrando os olhos na direção do outro, Jimin sugou subitamente o drink pelo canudo. Saboreou, pensou e pensou, até que...
— Droga! Eu queria te criticar, mas não consegui achar motivos. Esse drink com nome alienígena é muito bom! Que droga. — e os dois acabaram rindo juntos.
— Tem suco de limão, cranberries, licor de laranja e vodka, coisa linda. Uma combinação de várias coisas que você gosta, é claro que fui certeiro! — o mais novo justificou confiante.
— Fazer o quê? Você ganhou. Como posso te recompensar?
— Com esse seu tom de voz aí, e esse jeitinho sedutor... Eu só consigo pensar em te beijar à noite toda, Jimin. Você brinca muito com minha sanidade. — aquilo quase soou como um lamento. Vergonhosamente rendido. E Jimin riu, claro, ele sempre ria como se não soubesse do efeito que tinha.
— Por que a gente não brinca mais com a sanidade um do outro lá na pista de dança? — o mais velho sugeriu, colocando as duas mãos no maxilar do moreno e lhe deixando um selinho nos lábios. — Taehyung e Hoseok devem estar por lá.
— Se essas provocações toda servir para alguma coisa mais tarde, eu topo e muito.
— Ai ai... A puberdade e sua maravilhosa disposição.
— Ei! Continua brincando, que quando eu te pegar à sos, vou fazer coisas muito perversas com você.
— Uau! Isso é uma ameaça? — Jimin admitia estar rindo de nervoso.
— Quase isso.
— Então vem me ameaçar mais na pista de dança, vamos...
Em menos de um minuto estavam no meio daquela confusão de gente dançando e luzes piscando. Comunicação de repente parecia algo improvável pelo volume da música, Taehyung apareceu esgotando todas as suas energias e Hoseok se esforçava para lhe acompanhar de alguma forma.
Não queriam saber mais de nada, apenas em curtir à noite da maneira mais leve possível.
[🌳]
Durar na pista de dança por mais de duas horas não era para qualquer um, principalmente quando Jimin lembrava que esse passava longe de ser o seu ritmo. Mas foi mais ou menos o tempo em que se mantiveram ali, se divertindo e deixando o corpo se jogar no meio daquelas pessoas.
Bom, um leve agradecimento à playlist do DJ, porque tocava hit em cima de hit, desse jeito era mais fácil durar realmente.
Mas como qualquer ser humano, cansar era inevitável, e quando a hora de Jimin chegou ele logo se retirou do meio daquelas pessoas acompanhado de Jungkook que segurava sua mão. Procuraram um canto mais quieto, e então o fumódromo na parte de trás do lugar parecia o mais viável, mesmo que infestado com o cheiro de cigarro, o qual Jungkook odiava com todas as forças.
— Tudo bem mesmo pra você ficar aqui um pouco? Podemos ir para o bar, lá não era tão barulhento. — Jimin logo indagou assim que sentou em um dos bancos altos que tinha por ali no canto do ambiente, e Jungkook permaneceu de pé em sua frente por escolha própria.
— Tá de boa. Fazer o quê? Eu odeio, mas infelizmente tô muito acostumado com esse cheiro terrível. — ele respondeu, e Jimin logo soube que se referia à sua mãe fumando para se aliviar dos problemas do casamento.
— Bom, mesmo assim não devia se forçar à respirar cheiros que detesta.
— Tá tudo bem, deixa isso pra lá. — desviou do assunto, porque a última coisa que Jungkook queria era trazer assuntos de casa para um dia que deveria espairecer completamente. — Ei, não vou mentir, eu tomaria outro drink alienígena. — Jimin riu do que escutou, mas não achou uma péssima sugestão.
— Pior que essa é uma péssima maravilhosa ideia, porque eu também. Admito.
— Você vai pegar lá pra gente, coisa linda? — se demonstrou manhoso.
— Mas é um preguiçoso mesmo! — implicou. — Tá! Eu só vou porque você foi buscar todas as cervejas que queríamos enquanto estávamos na pista. Mais alguma coisa além do drink?
— Acho que não. Se eu lembrar de algo, eu vou lá te avisar. Cuidado para não esbarrar nas coisas no caminho...
Depois de um selinho meio desajeitado, Jimin adentrou a parte interna e barulhenta do local e foi se direcionando até o bar, sem pressa nenhuma. Muita bebida e muita movimentação tinha lhe deixado lento à ponto de esbarrar em algumas pessoas em poucos momentos, mas nada que lhe deixasse inteiramente fora de si.
Nem queria isso, ficar miando igual um gato o resto da noite não fazia parte de seus planos...
Chegou até a esbarrar com Taehyung, que lhe informou que iria correndo para o banheiro vomitar.
— Dois Cosmopolitan, por favor. E uma água também, pelo amor de Deus. Meu corpo implora.
— Sim, senhor. Um momento! — o homem se retirou e Jimin aproveitou esse tempo para abanar um pouco o próprio rosto. Se sentia quente e tonto, talvez depois desse drink, já encerrasse sua noite. Se divertiu o suficiente, tinha que respeitar o próprio corpo e mente também. — Aqui, senhor.
— Valeu! — ali mesmo resolveu abrir a garrafinha d'água que lhe foi entregue, junto aos drinks.
Estava tomando alguns goles quando sentiu duas mãos serem colocadas em seus olhos e lhe assustar pela atitude repentina. Levou uns instantes para pensar, até que indagou:
— Jungkook?
Tentava tocar na figura atrás de si, até que sentiu um beijo molhado ser depositado em seu pescoço e sorriu aliviado, abaixando a guarda e relutância de vez.
— Jungkook, para! Você quase me fez derramar minha água...
Jimin sentiu seu pescoço ser devorado, e de início cedeu por se tratar de uma atitude completamente a cara de Jungkook. Mas mesmo que fosse seu namorado ali com atitudes familiares, continuar a ter seus olhos tapados estava começando a lhe incomodar bastante.
Então, um pouco mais irritado e encabulado, ele exigiu:
— Tira as mãos dos meus olhos! Tá me irritando já... — chegou a segurar os braços que tampavam seus olhos, tentando ter mais força do que Jeon.
Tudo foi muito rápido quando sua cadeira giratória foi movimentada e seus lábios foram atacados. E apesar de tudo ter sido muito rápido e a visão de Jimin estar turva, estranhou imediatamente o fato de ainda não ter conseguido focar no rosto do namorado até então. Agoniado com essa louca possibilidade, ele agarrou a pessoa pelo colarinho e afastou bruscamente, desestruturando por completo quando a imagem que fitava naquele momento não era de seu namorado, e sim da expressão completamente bêbada de Yoongi.
Foi tudo muito tenebroso, e antes que Jimin pudesse ter qualquer reação como por exemplo socar a cara daquele idiota, infelizmente alguém fez isso por si.
— Enlouqueceram?! — foi tudo o que Jimin ouviu antes do rosto de Yoongi ser agredido unicamente e sem dó, a ponto de ter a parte superior do seu corpo caída em cima do balcão do bar.
Nesse momento, a certeza de atenção ao redor era inevitável. Mas do que diabos isso importava? Tudo o que Jimin conseguia fazer era olhar em choque para aquela situação, tanto de Yoongi bêbado e rindo, quando da expressão enfurecida e derrotada de Jungkook.
— Não precisa me expulsar... — antes que o barman, que agora ajudava Yoongi a ficar em pé novamente, dissesse algo, Jungkook anunciou. E então, o que Jimin mais temia aconteceu: o olhar dele finalmente veio para si e não se suavizou, continuou frígido. — Eu já vou embora.
— Jungkook. — Jimin chegou a lhe chamar, mas sequer deu tempo de ser ouvido. Rapidamente, Jungkook já tinha sumido de sua vista. Mas Jimin sabia exatamente que era para a saída que ele estava indo.
Colocou as mãos nos cabelos e os puxou consideravelmente forte, até seu olhar enfurecido se voltar para Yoongi. Ou um meio-Yoongi, era o que podia-se falar daquele ser humano completamente bêbado.
— Você é um ridículo. — foi a primeira coisa que falou, se aproximando para olhar nos olhos dele. — Você é um aproveitador barato, um moleque de quinta categoria que não sabe ouvir um não! É por causa de pessoas como você, que as pessoas não ficam tranquilas em baladas. E você vai se ver comigo, pode ter certeza! Mas não agora. — desorientado e olhando para a expressão chateada de Jimin, Yoongi colocou as mãos nos lábios. Parecia querer vomitar. — Não precisa responder. Alguém recolhe ele aqui! Porque ele não se AGUENTA EM PÉ! — gritou na cara do outro, antes de finalmente sair correndo dali o mais rápido que conseguia.
Do lado de fora da boate, Jimin só pensava que Jungkook não teria ido embora dali tão rápido. Então logo correu para a rua em que fazia sentido para o bairro em que moravam. E então, depois de acelerar um pouco, o viu caminhando apressadamente na calçada.
— Jungkook, Jungkook, por favor! — conseguiu se aproximar dele, mas ficou chocado quando tentou tocar em seu braço e teve o toque afastado. — Eu não acredito, do fundo do meu coração, que você não vai me escutar. Não, não, definitivamente não... Isso não é possível. — a surpresa de Jeon ter se afastado de si, fez com que seu tom soasse descrente. Tentou tocar em seu braço novamente, desacelerando a caminhada do moreno. — Você não vai mesmo me escut-
— Você não entende que eu não quero agora?! — e finalmente virou para si, parando os seus passos. Em compensação, sua expressão era completamente transtornada. Aquilo deu uma aflição enorme em Jimin, que tentava digerir que aquilo de fato estava acontecendo.
— E-Eu sei que a cena não foi uma das melhores que um namorado gostaria de presenciar, eu compreendo. Mas é sério que você não faz nem questão de me ouvir te dizer que ele foi um aproveitador? Que ele fez contra a minha vontade?
Era possível ver em seus olhos que Jeon queria chorar, mas não, ele não choraria em momento algum. Não ali, não agora.
E desviando o olhar, ele não diz nada. E aquilo quebrou o coração de Jimin de milhares de maneiras.
— Certo, já que você não vai falar nada, mas também não continuou andando, então eu vou aproveitar e falar... — Jimin tomou a oportunidade. — Ele chegou colocando as mãos nos meus olhos e eu não entendi porque não sabia quem era, e eu perguntei se era você. Depois disso ele beijou o meu pescoço do mesmo jeito que você faz, e eu não sei porquê ele fez assim! Eu não sei se ele te viu fazendo mais cedo e fez de propósito, mas eu tenho certeza que sim! — desesperadamente contou.
E Jungkook apenas permanecia lhe encarando, com um olhar que um namorado jamais gostaria de estar sendo encarado por um companheiro. Um olhar quebrado e magoado.
— Só sei que eu me irritei porque por mais que achasse que você fosse você, a pessoa não tirava a porra das mãos dos meus olhos, então eu comecei a dizer pra parar... E ele me virou e me beijou! Ele simplesmente me beijou. Eu precisei agarrar o colarinho dele, e ver aquela cara de idiota pra ficar devastado e perceber que não era você! — tentava controlar o choro enquanto falava. — Eu juro, eu ia quebrar a cara dele naquele momento se você não tivesse chego! Eu ia fazer ele se arrepender do que fez, mas aí você chegou e entendeu tudo errado. Mas pelo amor de Deus, Jungkook, faça tudo, menos dizer que você não acredita em mim...
Negando algumas vezes e apresentando dificuldades de continuar a olhar para Jimin, e principalmente de segurar um choro que não gostaria que viesse, Jungkook virou de costas e esfregou as mãos no rosto.
— Jungkook...
— Por que eu preciso ficar nessa posição, Jimin? De ter visto aquela cena super estranha, onde você parecia não ter feito nada pra se afastar e ainda ficar à prova se acredito em algo ou deixo de acreditar?
— Você precisa ficar nessa posição porque eu estava em choque, sou seu namorado e minha palavra vale muito mais do que qualquer coisa relacionada à um ex aproveitador meu! — conseguiu se aproximar do moreno suficientemente. — É por isso que você precisa ficar nessa posição.
— Mas eu não quero mais ter que lidar com situações se eu acredito em alguém ou não! Eu só quero não ser magoado, porra, é difícil?! É tão difícil assim ser só meu?! É tão impossível assim?
E ali estava ele, o pior dos piores vilões internos: O Jungkook irritado, o Jungkook magoado e inseguro, o Jungkook que exagerava e não media palavras enquanto sentimentos ruins passavam dentro de si. Ali estava o Jungkook, que o próprio Jeon tinha tanto medo: o que tinha pavor de ser magoado de novo. O que achava que só porque foi enganado uma vez em um relacionamento anterior, e porque seu pai trai constantemente sua mãe, iriam fazer isso com ele de novo, e de novo e de novo.
As palavras duras que mais pareciam uma barreira frígida e cheia de espinhos, que impedia qualquer um de deixar dúvidas em seu coração novamente. Que evitava qualquer um olhar nos seus olhos e dizer "eu te amo" e depois uma traição rolar solta, sem dó e nem piedade de seus sentimentos.
Era ele, em carne e osso. Sua presença era nítida no olhar.
— V-Você realmente acha que eu queria beijar Yoongi? O cara que tentou se aproveitar de mim na minha festa de aniversário? O cara que brincou comigo em todos os anos do nosso relacionamento e me fez ser super inseguro com meu corpo e aparência? — Jimin precisou questionar. — Você acha mesmo que eu iria querer um cara desses, estando com alguém como você?
E de repente, olhando para Jimin, Jeon quase que cuspiu um: verdade, você está certo. Porque era o que seu coração dizia, é claro que Jimin jamais beijaria aquele merda por vontade própria. Por mais que tivesse chego em um momento que Jimin parecia não reagir, ele explicou, e tudo faz sentido! Faz total sentido. Está tudo bem, como sempre foi com Jimin. Era o Jimin!
Mas aí, aqueles malditos flashbacks lhe voltaram a mente. Dele mais jovem, ouvindo da primeira namorada que ela amava-o mais que tudo. E parecia tão real, ela falava com tanta confiança. É claro que ela estava falando a verdade quando negou estar com outro! Quando negou gostar de outro.
Mas aí, veio prints de conversas. Veio verdades à tona. Como ela conseguia olhar nos seus olhos e ter mentido tão bem? Como ela conseguia fitar seu rosto e dizer que lhe amava, mesmo que nos bastidores estivesse fazendo tudo o que fazia? Como era possível... Lhe enganar tão bem? Da mesma maneira que seu pai enganava sua mãe quando dizia que não a traía constantemente?
Sua mãe acreditava. E continuava acreditando nele.
Como as pessoas conseguem ter uma aparência tão angelical quando mentem, igual... Igual a aparência e expressão tão perfeita e sincera de Jimin nesse exato momento? Era assustador.
— Jungkook, eu vou perguntar de novo, choramingar e implorar pra você... — Jimin novamente tomou voz. — Você acredita em mim quando eu digo que eu fui beijado forçado? Que eu jamais beijaria aquele pedaço da merda? Que eu te amo mais que tudo?
Oh, Jimin... Você disse...
Você falou o eu te amo que me pregou peças várias vezes anteriormente.
E olhando para o mais velho por um tempo, e usando todas as forças de seu corpo para não se desbulhar em lágrimas vergonhosamente, chegou um momento em que Jungkook desviou o olhar. E apesar de tudo parecer meio perdido, a resposta veio mesmo que com tom relutante:
— Eu acredito, Jimin... Eu acredito porque jamais me perdoaria se eu dissesse pra você agora que não. Eu preciso acreditar no que você tá me falando, nem que eu tenha que me enganar, eu preciso. Entende? — Jimin quis negar algumas vezes, porque simplesmente não estava entendendo tanto. Mas suas lágrimas e sentidos não o deixavam fazer nada além de escutar tudo o que Jeon tivesse para lhe dizer.
Era melhor ele falando alguma coisa, do que lhe ignorando e não falando absolutamente nada. Quando a voz perde o alcance, morreu qualquer possibilidade de diálogo e até mesmo um relacionamento. Então mesmo destruído, lhe ouvir era o que lhe manteve em pé e atento.
— Eu preciso acreditar em você, e eu acredito. Mas nesse momento eu não consigo acreditar é em mim... — admitiu, quebrado.
— Como assim, Jungkook?
E sequer aceitando que essas palavra iriam sair de sua boca, Jungkook deu os ombros e explicou:
— Eu acredito em você, mas eu tô com raiva. Eu acredito, mas eu tô duvidando de mim mesmo. Eu... eu só, sei lá. — passou as mãos no próprio rosto, desesperado pelas insanidades que passavam em sua mente. Negou algumas vezes, descrente, até externar: — Eu não sou homem pra você, Jimin. Talvez seja isso. Porque se eu fosse homem pra você, eu não estaria com sentimentos tão infantis, e eu tô. Eu não teria questões tão insignificantes em mente sobre hoje. Eu acho que eu só não tava pronto.
— Jungkook, não fala isso. Não diz isso.
— Eu só preciso de um tempo... Eu tô com sentimentos ridículos pelo o que eu vi. Eu vi tudo, Jimin, desde o momento dos beijos no pescoço... — admitiu. — Ver você rindo quando ele beijou seu pescoço, por mais que você diga que pensou ser eu e eu acredito, mas essa porra não saí da minha cabeça. Meus carinhos e meus beijos no pescoço não são familiares pra você?
— Jungkook, por favor. Não vamos levar isso em pauta, eu estava lerdo e tudo foi muito rápido... É claro que eu estranhei! Mas quando percebi ele já tinha me girado e me beijado. Por favor, me desculpa se a cena te magoou, mas eu juro que eu não sabia que era aquele filho da puta!
— Jimin, chega. Eu já entendi. Mas mesmo assim eu preciso de um tempo, volta lá pro Taehyung, por favor. — tocou no ombro do mais velho, apenas para guiá-lo de volta para a boate. Mas é claro que este resistiu.
— Não! Você tá louco? Eu não quero mais me divertir, eu não quero mais entrar ali dentro depois de tudo. Como você acha que eu vou conseguir me divertir o resto da noite depois do que aconteceu? Eu quero ir embora!
— Volta pro Taehyung e vai pra casa, então. Por favor.
— Eu vou pra mesma direção que você, eu moro do seu lado, Jungkook. Pelo amor de Deus! — talvez pelo álcool, talvez pelo desespero, ou até uma mistura louca disso tudo. Mas Jimin não estava aceitando fácil simplesmente deixar Jeon ir.
— Taehyung, Taehyung, aqui! — escutou Jungkook chamando, e logo ouviu passos se aproximando deles.
— Jimin, Jungkook... Está tudo bem?! Eu procurei vocês por toda parte e a menina da entrada disse que vieram por aqui. Jimin, você tá bem?! — tocou no rosto do amigo ao vê-lo desolado, chorando como se não houvesse o amanhã. — O que aconteceu, Jungkook? Pelo amor de Deus, não digam que tem a ver com o Yoongi limpando a bochecha sangrando no canto da boate... Eu nem sabia que aquele idiota ainda estava lá! — não queria nem pensar na possibilidade.
— Jungkook, por que Jimin está assim? — Hoseok, que tinha chego junto à Tae, precisou questionar de novo a pergunta que o outro fez anteriormente, encabulado com a cena.
— Levem ele pra casa que eu vou sozinho, por favor.
— Não! Taehyung, diz pra ele me escutar, por favor. Ele pensa que eu quis beijar o Yoongi! — movido ao desespero, Jimin agarrou os ombros do amigo e implorou. Os olhos de Taehyung cresceram, digerindo aquela situação.
— Jimin, eu não vou discutir com você isso aqui! Eu já falei que não é isso. Por favor, me deixa um pouco e vai pra casa, antes que eu entre em desespero! — à flor da pele da mesma maneira que o outro, mesmo que com menos álcool dentro de si, Jungkook praticamente implorou e deu as costas. Precisava sair dali urgente e ir pra casa, mesmo ouvindo Jimin chamar seu nome algumas vezes.
Só longe dali, em um ponto de táxi esperando o seu motorista de aplicativo, Jungkook se permitiu beliscar sua própria mão sem um pingo de gentileza e puxar a ponta dos cabelos. Sua ansiedade estava à mil, devorando cada parte de seus neurônios.
Só conseguiu fingir estar bem dentro do carro, onde não queria parecer um alucinado para o motorista de aplicativo. Mas dispensou conversas, continuava a maltratar seus dedos em seu colo incansavelmente.
— Jimin, Jimin, me escuta! — depois de várias tentativas, Taehyung finalmente conseguiu total atenção do amigo apertando as mãos em seu rosto e o obrigando a focar a visão em si. — Você não está bêbado, mas também não está sóbrio. Você está lerdo e cansado! Eu já entendi tudo o que aconteceu. Mas agora, nós vamos te levar pra casa, você vai tomar um banho e amanhã vai ser um novo dia, tá me ouvindo?
— Taehyung, ele-
— Tá me ouvindo, Jimin?!
Chorando mais um pouco, Jimin acabou assentindo no final das contas. Escutava Taehyung mais do que tudo nesse mundo.
— Ótimo. Você está à flor da pele, e ele também. Mas o mundo não acabou, não é o fim de nada, talvez seja só o começo de algo mais forte. Não é um idiota como o Yoongi que vai destruir uma relação, independente se vai dar certo ou não. Ele não merece nem ser estopim pra término. Tá me escutando?
E mais uma vez, Jimin assentiu sem forças.
— Ótimo, vamos chamar um motorista e ir pra casa. Muito obrigada, noite! Você nos entregou o pior dos entretenimentos. 'Vambora e acabou a palhaçada...
[🌳]
Ao chegar no bairro de Jimin, existiu mais um problema: quando ele avistou a casa de Jungkook, quis de todas as formas ir até lá. Mas Taehyung como um bom amigo, não deixou de jeito nenhum.
Tiveram toda a cautelosa do mundo para pegar a chave do amigo, adentrar a casa dos Park sem fazer muito barulho e levar Jimin para seu quarto no segundo andar, mas no final das contas deu certo.
O esperaram tomar um banho e Taehyung lhe entregou dentro do banheiro um pijama que pegou em sua gaveta. Sabia onde era absolutamente tudo no quarto de Jimin como se fosse seu. Se Jimin tivesse vibradores, certamente ele saberia onde estaria, mas pena que o amigo sempre foi sem graça sobre isso e nunca adquiriu um (conselho não faltou).
De qualquer forma, depois do banho, ele parecia mais calmo. Só parecia mesmo, não tinha como ficar completamente calmo depois de tudo o que aconteceu e Tae reconhecia isso. Estava triste, mas menos desesperado exteriormente como cenas anteriores.
— Você não precisa ficar, Taehyung. Não sou idiota de fazer loucuras como me atirar da janela por causa de homem. Até pra tristeza tem limites. — Jimin mencionou, tentando ser um pouco cômico, mesmo que o seu tom cabisbaixo não favorecesse.
— E eu lá tô preocupado se você vai querer se atirar pela janela? De fato, até pra ser doido tem limite. — implicou de volta. — Eu vou ficar porque se eu estivesse no seu lugar, dormir sozinho iria ser torturante para a mente. Só isso mesmo! Não vem me expulsar, não.
Jimin lhe deu um empurrão fraco no ombro, lançando o melhor sorriso de canto que conseguia naquele momento (não era lá aquelas coisas, afinal).
— Bom, já que vocês vão ficar bem juntos, eu vou me retirando. Amanhã eu mando mensagem para saber se estão bem. — Hoseok informou, se preparando para ir para casa.
Jimin agradeceu o amigo pelo suporte, e depois de Taehyung o deixar na porta, deitaram na cama abraçados. Em silêncio. Isso mesmo, silêncio não combinava muito com Taehyung, mas naquele momento, ele percebeu que Jimin não queria e nem aguentaria falar sobre. Tudo o que era para ser dito já foi dito desesperadamente, ele só queria ficar quieto.
Tudo o que ouviu de Tae, na verdade, foi um "sei que não parece muito agora, mas as coisas vão se ajustar" e apenas assentiu e se apegou nisso.
Passou-se uma meia-hora e Taehyung já estava completamente adormecido, e Jimin não aguentou a tentação quando abriu seu aplicativo de mensagens e seu coração apertou quando o visto por último de Jungkook mostrava estar on-line há três minutos atrás. Sabia que não era o coerente, muito menos sensato, mas mesmo assim fez:
Eu:
Eu não quero te perder.
[enviado às 02:49 a.m]
Eu:
Eu até suportaria porque já passei por
coisas muito piores, mas é uma escolha.
Eu não QUERO te perder.
É completamente diferente.
[enviado às 02:49 a.m]
Achou que seria ignorado, pois pareceu que existiu uma tentativa ali de pelo menos dez minutos. Mas supreendentemente, teve uma resposta.
Namorado Vizinho❤️:
E eu pareço querer?
Eu só não acho sensato a gente tá se falando agr, Jimin. Não quero você conversando com esse Jungkook de agora, ele pode parecer meio sem coração e normalmente machuca os outros pra se proteger sem querer. Não é nem intencional.
[enviado às 02:59 a.m]
Eu:
É só não ser esse Jungkook sem coração...
[enviado às 3:00 a.m]
Namorado Vizinho❤️:
Eu acho que vc ainda não entendeu o quanto isso tudo é difícil pra mim em alguns sentidos
[enviado às 03:00 a.m]
Namorado Vizinho❤️:
Nem eu gosto do que tô sentindo, Jimin.
E vc não é obrigado a entender sinceramente
[enviado às 03:00 a.m]
Namorado Vizinho❤️:
Vai dormir, por favor. Me deixa um pouco comigo mesmo. Você insistir em conversarmos hoje não vai adiantar de nada... eu te garanto
Vai descansar e se recuperar tbm dessa loucura toda que aconteceu. Boa noite.
[enviado às 03:00 a.m]
Eu:
Eu vou...
Mas saiba que não com o coração tranquilo.
Boa noite, Jungkook. Eu te amo, por mais que você esteja com dificuldades de engolir isso.
[enviado às 03:01 a.m]
— Eu sei exatamente o que se passa na cabeça dele... — sozinho, foi o que Jimin sussurrou baixinho consigo mesmo depois de ter deixado o celular de lado, com dor no coração. — Ele pensa que eu não entendo, mas eu o conheço e sei exatamente o que incomoda.
Treehouse em:
A mente dele grita incansavelmente e desesperadamente que eu deveria ter reconhecido os beijos e os toques dele.
Está brigando consigo mesmo.
[N/A]:
Vocês são bem o prazer que é reescrever esse capítulo, e também foi difícil, viu!
Para quem nunca leu a primeira versão, ela era mais difícil de ler realmente 🫣 não vou mentir.
A cena era bem mais complicada, Jimin era 30x mais lerdo na cena com o Yoongi, Jungkook falava muita besteira para ele depois, era super incompreensivo (mesmo que tivesse motivos, pois como falei, Jimin era mais lerdo)... Fora que eu não desenvolvi na época tanto assim os sentimentos e pensamentos do JK durante a discussão na rua, então ficava meio que: só falou, e pronto! Enfim né... Terceira obra escrita na vida 😅 2015,
fazer o quê...
Enfim, ajeitei muita coisa e hoje posso dizer que apesar de ser um capítulo meio triste... A cena definitivamente me agrada! Acho que dá para entender um 360° bem legal dos dois, especialmente dos traumas errados do JK.
O que me agrada particularmente nessa cena atualmente, é o fato de que... durante a discussão na rua, o JK continua pensando e querendo falar muita besteira, sim! Isso definitivamente não mudou pois a cena fala justamente dele exagerar, e isso eu queria manter, pois é importante para a história e quem leu sabe. Maaaas... O ajuste que eu fiz e gostei, foi o fato de que com o Jimin ele quis se conter mais em externar tudo o que se passava pela sua mente.
Ele levou em consideração a maneira que o outro estava se sentindo, não sendo extremamente sem coração. Eu particularmente gostei disso!
E bom, continuem acompanhando comigo pois como eu melhorei esse capítulo, consequentemente eu vou deixar bem legal o desenvolvimento
desse conflito 🤍
Obrigada pela paciência de espera, gente. As vezes é bem difícil conciliar com a rotina e tantas coisas querendo ser colocadas em prática na minha vida, mas só vamos! Treehouse vai ser concluída perfeitamente, com toda certeza. Tenho um carinho muito grande por essa obra, mesmo que a pegada dela seja mais histórias de 2014/2015
Estou reescrevendo da melhor forma!
Beijos, e até o próximo capítulo que já está praticamente ok e logo solto...
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