❦| 03:00 A.M.
Ponto de Vista.
PARK JIMIN.
Uma das sensações mais irritantes do mundo é querer dormir mas não conseguir. Pelo menos na minha opinião.
Já eram quase três da manhã e nada daquele bendito sono chegar. Já estava exausto da minha própria monotonia e de tanto me remexer na cama. Tentei apenas fechar os olhos, ficar quieto, mas nada. Isso começou a me irritar.
De qualquer forma, a playlist de Arctic Monkeys ainda estava para ser ouvida em meu quarto. Tentei dormir no silêncio, mas como não estava funcionando, coloquei algo para ouvir bem baixinho.
Comecei a encarar o teto enquanto contava um trecho da música que está tocando.
Baby, i'm yours.
Essa música na realidade não é do Arctic Monkeys. É do falecido compositor e músico Van McCoy, a música foi a vida desse cara. E Arctic Monkeys, como grandes apreciadores de clássicos, regravaram a música. Jimin com insônia também é cultura.
Após pensar profundamente sobre a música e mesmo assim não ter nenhum sinal do meu tal desejado sono, desisto de simplesmente ficar ali jogado naquela cama.
Cheguei a pegar meu celular e mandar mensagem para Taehyung com a esperança dessa ser uma daquelas noites que ele fica acordado até tarde vendo anime, mas ao informa-lo que não estava conseguindo dormir com uma carinha triste e não receber nem uma entrega de mensagem, soube que definitivamente era uma noite que ele estava tendo um ótimo sono, diferente de mim.
Bufei frustrado comigo mesmo. Sim, pensei em Jungkook, mas ele não estava online e com certeza esse não era um dos dias que ele dormiu em sua casinha na árvore. A última vez que ele fez isso foi há dias atrás.
Mas eu sou do tipo que pelo menos tentar, eu tento. Então mando um "está acordado?" para ele, só para caso sim. Mas sem resposta.
É, ele dormiu. Como eu deveria estar fazendo, e queria muito por sinal.
Decidindo não me forçar a deitar mais, vou até a minha janela e a abro junto com a cortina. Acomodo-me ali.
Estava uma noite fria, e eu estava gostando daquilo. Eu sempre gostei do frio, na realidade. Minha atenção logo foi tomada para a casinha na árvore, que era na cara de minha janela. Eu sorri, eu gostava de observá-la.
Será que esse horário tem coisas novas pela timeline? Decidi pegar meu celular para checar enquanto ainda apreciava a música baixinha de fundo.
Nenhum post novo além de stories do pessoal mostrando estar acordado à esse horário, três da manhã. Mas ninguém que eu tinha intimidade suficiente para chamar e quem sabe me distrair com uma longa conversa.
Deixei o celular ali próximo, decidi abraçar minhas próprias pernas e fechar os olhos, respirando o ar frio que vinha contra mim. De repente, esvaziei minha mente. Mente vazia, oficina do diabo, quis pensar em tanta coisa passava que estava quase para me dar uma bronca.
Quando, assim então, meu celular me surpreendeu tocando. Aquilo acendeu uma felicidade dentro de mim e logo pensei que Taehyung estava realmente acordado e me retornou. Mas fiquei ainda mais surpreso ao olhar para a tela e ver uma chamada de "Incógnita", repetindo para você que esqueceu, é como está salvo o número de Jungkook em meu celular até segunda ordem.
Não tardei em atender.
— Não irei consertar o vaso da sua mãe que você quebrou de novo. Já aviso. — foi a informação que lancei assim que atendi. Ah, podia ser, né? Seria bem provável vindo dele.
— Engraçado demais. Agora tenta olhar pra janela do meu quarto.
Eu estava prestes a rebater, dizendo que eu não sabia qual era a janela do seu quarto e alegando que também a casinha da árvore fechava minha visão para a sua casa. Mas antes que eu dissesse, me surpreendi ao conseguir através das duas pequenas janelas da casinha, visualizar uma figura morena em uma janela da casa dos Jeon.
Sim, estava um tanto distante, mas estava sendo possível ver Jungkook ali encostado e com o celular na orelha. Quer dizer que se ele quiser me observar do quarto dele, com um certo esforço, também consegue? Preciso manter minhas cortinas fechadas, definitivamente.
Jungkook acenou em minha direção, tornando a colocar seus braços na borda da janela.
— O que faz acordado a essa hora? Você tem escola amanhã. — avisei, ainda fitando sua figura de longe. Eu estava realmente surpreso dele estar acordado.
— Vi você na sua janela e então te liguei. Ah, e também vi sua mensagem. Por que está acordado? — sua voz curiosa soou em meus ouvidos.
— Eu não estou conseguindo dormir de jeito nenhum. — lamentei-me.
— Dizem que quando não conseguimos dormir, é porque tem alguém pensando na gente. — ele simplesmente falou, com objetivo de me deixar paranóico com certeza. Decidi então brincar de volta, queria conversar um pouco, afinal.
— Então será que tenho algum admirador secreto, Jungkook? Só pode ser isso. Espero que ele me envie chocolates nessa madrugada. — seria uma boa, realmente.
— Não sei, mas eu provavelmente tenho muitas. — mesmo de longe, consegui vê-lo dando os ombros e tinha certeza que estava rindo.
— Você é um convencido desgraçado, garoto. — tive que rir.
— Calma Jimin, não precisa ficar com ciúmes. Ainda serei seu amigo e fiel escudeiro. — ele zoou de volta, e tive que dar uma risada mais desacreditada na parte do ciúmes. Esse moleque não presta mesmo.
— Quem disse que eu tenho ciúmes de você? Você me faz rir, sinceramente. Esse é o lado bom.
— Claro que tem.
— Ah, vai sonhando!
— Você é do tipo ciumento obsessivo, né? — certo, esse moleque é uma peste mesmo. Não há mais dúvidas.
— Tá muito engraçado nessa madrugada.
— Você nunca me leva a sério, né? Sempre me chamando de moleque. Tsc, tsc... Uma tristeza. — fingiu decepção no tom de voz.
— Como vou te levar à sério se você vive com brincadeiras? — questionei, com um tom de voz óbvio. Acho que Jungkook de fato seria a pessoa ideal para me distrair em uma insônia, seus papos compram rapidamente a pessoa.
— Pois deveria às vezes. — pareceu até sério demais para ser verdade.
— Tá bom então, seu pestinha. Fale algo que seja verdade e que eu tenha que levar a sério. — desafiei.
— Posso falar mesmo?
— Claro. Desembucha.
— Tá, deixa eu pensar... — ele tomou uns segundos pra si em silêncio enquanto pensava, até que disse: — Seus lábios são bem macios, apesar de eu nunca ter sentido eles por inteiro.
Silêncio. Foi o que pairou por um momento.
Quer dizer que na minha frente ele insistia nisso de bochecha, e por telefone, de repente me joga uma dessas às três da manhã? Esse menino me deixa confuso.
— Você sempre precisa surpreender, né? — foi a primeira coisa que consegui falar, após um suspiro. — Você tem mesmo o dom de falar coisas que deixa a pessoa meio confusa.
— Te deixo confuso?
— Algo assim. — admiti, um tanto desconfiado.
— É engraçado te ver confuso e nervoso. Você fica bravo.
— Eu não acho engraçado. Na verdade, não tem a mínima graça.
— Não fique emburrado. Sei lá, posso estar errado porque não consigo ver suas expressões perfeitamente de longe, mas tenho quase certeza que está com um biquinho no rosto.
— Eu não estou. — será que estava? Agora não sei. Enfim, ele não precisa saber e nem eu.
— Duvido, Park Jimin.
— Mas eu não estou mesmo. Ah, e foi mal te acordar... — pensei de repente, lembrando do início da conversa quando ele comentou estar me retornando.
— Não se desculpe, não acordou. E se eu tiver te fazendo ter uma conversa boba na insônia, tá de bom tamanho pra mim. — consegui vê-lo passar a mão pelos cabelos castanhos bagunçados.
— Que amigo incrível esse que fui achar, em? Estou com sorte! — me gabei, tentando esconder que sua resposta foi fofa.
— Sou o melhor amigo que você podia ter. Me valorize. — disse, risonho. Apenas respondi com um "valorizo", porque de fato valorizava. — Eu gosto bastante de você, sabia Jimin? Você é alguém legal.
Ele disse tão repentinamente, porém tão casualmente, que de novo demorei para elaborar uma resposta.
Mas ao tomar uns segundos para pensar, conclui que aquilo estava sendo algo muito bom. Por isso sorri fraco.
Era legal ouvir de vez em quando o quanto você é legal.
— Obrigado, Jungkook. Você também é alguém legal. A cada dia que passa aprecio mais a sua amizade, ela tem um trazido momentos... bem interessantes, até. — admito.
Com uns segundos em silêncio, não pude dizer o que se passava pela mente dele. Mas uma coisa eu sentia: talvez ele estivesse dando o mesmo sorrisinho franco que dei aqui sozinho em meu quarto.
— Bom, agora eu acho que vou dormir pra te incentivar a fazer o mesmo. Eu poderia ficar horas aqui com você, mas precisa descansar. E puxar conversa com você não ajudará nada.
— Eu queria dormir. Mas talvez eu não consiga.
— Você vai. Confia em mim?
Apenas suspirei profundamente, decidindo não discutir muito.
— Certo. Confio.
— Durma bem, vizinho. E sonhe com coisas bonitas, pode ser comigo.
— Besta. — ri. — Sonhe comigo também, então! — entrei em sua brincadeira.
— Ah, pode deixar. Até.
— Até.
Nossa chamada foi encerrada por ele, e na janela de seu quarto, o observei dar um último aceno para mim. Quando o acenei de volta, agradecido pela companhia de alguns minutos, ele fechou sua janela e cortina.
Aquilo me incentivou a fazer o mesmo e tentar dormir mais uma vez.
Atirei-me em minha cama e me cobri todo com o edredom por causa do frio. E deitado ali, fitando o teto, pensamentos me vieram à tona. Pensamentos relacionados não ao passado que era onde minha mente queria me levar mais cedo, e sim nas bobeiras que Jungkook falou ao telefone.
"Seus lábios são bem macios, apesar de eu nunca ter sentido eles por inteiro."
"Sou o melhor amigo que você podia ter. Me valorize."
— Melhor amigo... — sussurrei a palavra, falando sozinho. — Lábios macios...
Dentre não entender muito o jeito desse meu novo amigo, eu também não entendia o porquê Jungkook dizia palavras de quase tirar o sono. Ele deveria me fazer dormir, e não me deixar refletindo sobre coisas bobas!
Jungkook é claramente um cara diferenciado.
Mas com tantos pensamentos rodando em minha mente, voalá! De repente, eu dormi. Boa noite, insônia. Parece que pensar muito me cansou e te venci.
Treehouse em: Quando meu sono faz falta e eu ainda não
posso sonhar, você aparece.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top