40 | Pulmões Assombrados
• 10 dias depois •
Lexus
Noah já estava a mais de três horas seguidas encostado na minha barriga assistindo desenhos animados...eu estava ficando com sono para ser sincera. Podiam ser 17horas da tarde, mas a reta final de gravidez era um caos total...talvez pela simples razão de tudo novo estar acontecendo nesta gravidez, sintomas que não tive na primeira apareceram nesta.
Acariciei ao de leve sua cabeça e beijei sua testa já suada, o apartamento estava quente não o vou negar. O ar condicionado não estava ligado, mas com tantas pessoas respirando no mesmo lugar era até sufocante.
-Titia Lele! Vou poder ver os bebés quando nasceram não vou?
-Claro que vais, porque perguntas isso pequeno?
-Eu sei que vais de viagem daqui a um mês para Londres com os teus papais. Quero lá estar também. Fazes isso por mim?
Dei um leve sorriso.
-Eu não mandou no tempo fofinho, mas a titia Lexus fará de tudo para que tu e Lily os vejam sim?
-Eba!!! - se levantou feliz. -Ups! Maninho chegaste!!!!
Matheus tinha vindo passar aqui o dia connosco, era difícil ainda para mim falar com ele, mas ele estava tentando não me incomodar ao máximo. Ele sabia que a reta final era sempre caótica e qualquer coisa eu ficava irritada demais.
-Vão passear é?
-Eu vou com o Zeus!!! Matheus só estará nos observando, eu sou o cuidador do Zeus.
-Acho que isso é o contrário fofinho!
-Tá bom, eu aceito. Podemos levar os gémeos? Fará bem ar fresco titia Lele.
-Está frio pequeno, eles tem poucas defesas ainda, mas aproveita quem sabe não tragas uma flor para por num copinho sim?
-Sim!
Ele saltou para o meu colo e logo me sentei, ele não devia ter feito aquilo, mas ele era apenas uma criança....não o podia condenar em viver a sua vida feliz e cheia de vida.
-Juízo sim!
-Vamos trazer morangos para ti também! - Matheus sussurrou em meu ouvido. -Vão estar deliciosos quando aqui chegarem.
-Estou esperando!!
Na frente das crianças nós tínhamos que ser diferentes. Eles sentiam tudo o que estava passando conosco e quanto mais irritados ficássemos mais incomodados eles ficavam e achavam que o grande problema eram eles.
Talvez eles demorassem, desliguei a televisão e todas as luzes da sala, os gémeos estavam no quarto dormindo e no mesmo instante que o ambiente se silenciou me deitei no sofá. Meus pés doíam mais que tudo, meu corpo estava inchado e meus olhos estavam doendo.
Este momento se desenrolava como um verdadeiro pesadelo. Meu coração martelava no peito, o suor escorria pela minha testa, e o medo pulsava por todo o meu corpo enquanto as palavras dela ecoavam pelo quarto. Eva estava fora de si, completamente dominada por uma raiva insana e vingativa.
Eu me debatia com todas as forças que tinha, mesmo sentindo o peso da minha barriga limitando meus movimentos. As mãos dela ainda tentavam apertar meu pescoço enquanto eu lutava para respirar. Consegui acertar seu rosto com o abajur, o som do impacto ecoando pelo quarto. Mas ela não parou. Sua fúria era incontrolável.
-Tu não vais escapar! -gritou Eva, com os olhos cheios de ódio e desespero.
Eu não conseguia pensar, minha mente estava inundada pelo pânico e pelo instinto de sobrevivência. Com as últimas forças que me restavam, a chutei com tudo, tentando criar distância entre nós. Minha respiração saía em arquejos desesperados, mas eu sabia que precisava proteger a mim mesma e aos bebés.
-Alguém me ajuda! - gritei, a voz rasgando pela garganta.
As batidas na porta começaram a ecoar. Eu ouvia gritando, passos apressados, e tudo parecia girar. Eva estava a me deixar maluca. As lágrimas caíam incontrolavelmente pelo meu rosto.
-Lexus! Estás segura...sou eu! O Steve.
Eu me encolhi mais ainda, meu corpo tremendo de medo e angústia. As palavras de Steve tentavam atravessar o pânico que tomava conta de mim, mas a insegurança ainda estava ali, dominando cada pensamento.
-Eu não posso... - minha voz saiu trêmula, quase inaudível.
Escutei o som do distintivo sendo deslizado por baixo da porta, uma tentativa de me acalmar. O distintivo era uma prova de quem ele era.
-Vamos lá, Lexus, eu vou contar até dez. Depois de contar, tu vais abrir, tudo bem? Um passo de cada vez, iremos conseguir... Confia em mim. -A voz de Steve estava mais suave agora, com uma calma que me fazia querer acreditar. -Um... dois... três...quatro... cinco... seis... - a contagem de Steve parecia ser a única coisa estável nesse turbilhão de emoções. -Sete... oito... nove..dez....
Respirei fundo, ainda com as mãos sobre a
cabeça, tentando juntar coragem.
Com um movimento hesitante, comecei a me levantar, indo até a porta. O som de Steve ainda estava lá, suave e firme, esperando que eu agisse. Respirei mais uma vez, sentindo uma onda de alívio, antes de finalmente abrir a porta.
-Eu vou te matar Lexus!!!
-Steve!
-A tirem daqui agora!!!!! - ele falou irritado.
Eu estava tentando aguentar firme, o abracei firme mais uma vez e logo ouvi a voz de Matheus chegando no apartamento junto a Noah e Zeus. Os mirei e no mesmo momento o pequeno correu para mim me abraçando, ele era o meu pequeno anjo da sorte.
Now hush, little baby, don't you cry
Everything's gonna be alright
Stiffen that upper lip up,
little lady, I told ya
Daddy's here to hold ya
through the night
...
-O que aconteceu aqui? - questionou Matheus mirando tudo ao seu redor. -Eu quero uma explicação Steve!!!!
-Eu vou acabar contigo Lexus. Eu vou e se não for contigo é com os teus filhos!!!! Sua...
Noah me abraçou ainda mais forte.
-Chega! A tirem daqui. Agora!!!
...
-Não! Esperem. - o pequeno olhou para Steve. -Tu nunca terás meu irmão, nunca terás nada da nossa família e agora vais para a prisão por fazeres mal á Lexus. Sua bruxa!! - Noah se aproximou dela.
-Seu moleque!!!
-A levem agora.
O ambiente estabilizou e no mesmo momento me sentei junto á parede branca atrás de mim, suspirei fundo observando cada movimento de Steve e de Matheus, talvez ele estivesse ficando a par de tudo o que aconteceu para ser sincera.
Meu pescoço estava dolorido, mas não mais que o meu coração. Nunca pensei que isto conseguisse passar tudo os limites.
-Titia Lele! Trouxe uma bolacha para ti. Martín me ajudou a buscar. Trouxe uma para si e tem o desenho da sua princesa favorita. -ele sorriu para mim. -Irá ficar tudo bem sim! - acariciou minha face e logo beijou minha mão. -Estarei contigo...nunca mais te deixo sozinha titia Lele.
-Ah pequeno.
-Noah! - Matheus se aproximou de nós com Steve. -Porque não vais com o Steve esperar o Thomas lá em baixo pequeno? Vai, Lexus ficará bem sim. Zeus está a proteger os gémeos ali no quarto também. Podes ir sim...
O pequeno me olhou. Ele estava triste por me deixar sem a sua companhia não vou negar, e depois de trinta segundos processando se devia ir ou não ele pegou na mão do moreno e começou a ir para longe de nós, ele não parava de olhar para mim.
-Lexus!
Desviei minha face quando ele quis colocar
suas mãos na minha cara.
-Me desculpa moranguinho. - se sentou na minha frente e acariciou minhas pernas. -Eu não queria que nada disto tivesse acontecido, me perdoa Lexus! Nunca quis que passasses por nada disto.
Não conseguia olhar para ele, estava difícil demais.
-Ela ia matar-me se eu não pedisse ajuda. E agora eu nem sei como Kaiser e Isagi estão dentro da minha barriga.... - comecei a chorar. -Eu não os sinto mais.
-Não digas isso. Isto é o trauma, vai tudo melhorar confia em mim, sim. Vá, vamos lá!!! Vamos respirar fundo.
-Eu não preciso respirar fundo! Eu preciso que este inferno acabe.
Me levantei chateada e me dirigi para o o quarto, olhei para ambos e peguei em Hope, a pequena estava mais irrequieta que o irmão neste momento. Nada estava a ser fácil.
Aquela lembrança, aquele momento, aquela voz estava a assombrar-me mais que tudo neste momento. Matheus se acercou mais um pouco de mim e pegou em Daniel....pegou na minha mão e segundo a segundo, toque a toque ele a acariciava incessantemente.
Nunca pensei que em toda a minha vida
passa-se por uma situação destas....
-Titia Lele, maninho!!! - Noah entrou no quarto correndo. -Thomas chegou, vovós também estão cá com os vossos papais e os meus também claro. - ele sorriu e me abraçou as pernas.
- ...
-Vem titia Lele. Eu vou proteger-te sim!
Eu estava com medo, mas agora era
tarde para pedir desculpas.
Andei até á sala e no mesmo instante que meus olhos cercaram todos presentes um silêncio avassalador se fez sentir. Minha respiração estava ofegante e Noah sorriu para mim, ele estava tentando fazer com que eu estivesse tranquila para não afetar os gémeos.
-Posso Lexus? - Thomas se dirigiu a mim. -Melhor sentares!
-Tudo bem.
-Onde está o Matheus?
-No quarto madrinha! Ele está com os gémeos. - respondi ofegante. -Isto vai demorar?
-Se não me interromperes sim. Tem calma, vou fazer um ultrassom sim!!!
-Tá! Tudo bem.....Thomas!
-Sim Lexus.
Era pesado para mim dizer que eu não os sentia. Aquilo estava afundando-me demais, ter ficado sem ar por alguns momentos podia ter-lhes afetado, meus PULMÕES sem dúvida alguma deviam estar ASSOMBRADOS.
-Eu não os sinto! - murmurei. -Eu não os quero perder Thomas.
Seu olhar me matou...
-Coloca-te confortável! Vou primeiro ouvir os batimentos dos gémeos.
Aquelas palavras não soaram bem na minha cabeça. Controlei minha respiração e meus irmãos e Noah se sentaram perto de mim. Eles faziam-me muito bem para ser sincera, sem dúvida eles foram as melhores pessoas que vieram ao mundo seguido dos meus filhos.
O tempo passava a voar, os testes foram realizados e Thomas me encarou sorrindo, talvez estava aliviado e me reconfortando de que eles estavam bem, porém minha mente estava acaba
em pensar o pior.
-Eles mexeram titia Lele! Eles mexeram!
-É pequeno! Eles mexeram.
-Como ela entrou? - Pedri questionou Steve após um longo tempo apreensivo. -Isto não pôde voltar a acontecer. Podia ter corrido pior se ela não tivesse conseguido libertar-se.
-Encontramos estas chaves perto da mesa! São tuas Lexus?
-São.... - Matheus falou com um tom de voz firme. -Terás que ter seguranças quando estás sozinha Lexus!
Mirei o chão no mesmo instante que
ele foi terminado a frase.
-Eva está no hospital, pois ela magoou-se. Ela está sob vigilância! Talvez Thomas trate dela...
-Não vou aceitar isso! - António cruzou seus braços. Ele estava furioso. -Não vou submeter meu sobrinho a tal idiotice que Eva tenha na cabeça. Desta vez ela passou dos limites!!! Não dá mais, chega.
-Senhor!
-Steve acabou! Não é não.
-Meu tio tem razão, muito provavelmente ela nem em quererá lá.
-Então se é assim.....irei deixar-vos a sós! Qualquer coisa avisem sim!
-Obrigada! - dei o seu distintivo.
Sorriu para mim e logo fechou a porta do apartamento. S/n sentou-se perto de mim e pegou em Noah ao colo, aquilo não estava a ser fácil para ninguém. Todos estavam presentes na sala inclusive os gémeos, meu coração estava despedaçado e minha cabeça doía demais. Eu precisava dormir.
-Iram lá para casa! Ella e Mason também poderão ir com as crianças. - Natasha disse confortável. -Não tem de o porque mais ficarem aqui. Neste momento não podes ficar sozinha Lexus!
-Eu fico bem...
-Não! Eu entendo que queres descansar e esquecer tudo isto Lexus, mas minha mãe tem razão, não dá ficar sozinha ainda mais grávida e com gémeos.
Respirei fundo...
-Vamos fazer as malas! Nós já voltamos sim.
-Pedri!!! - o encarei, minha voz saiu fraca. -Obrigada!
Estava tentando entender o que de errado tinha feito na minha vida para ser sincera. Eu sabia que Eva estava com problemas, mas nunca pensei que ela tivesse coragem de tal ato cruel que ela teve apertando meu pescoço com toda a sua força.
Quando estava naquela situação só podia observar seus olhos....não existia amor. Não mais, e por mais que Matheus não goste dela, eu não tinha culpa que isso acontecesse.
-Não compramos morangos Lele! Nós nos esquecemos quando reparamos os carros no prédio.
-Não tem mal pequeno. Vai tudo melhorar.
-Pega maninha! - Lily me trouxe um peluche. -Vais melhorar logo, logo sim. Mamãe me deu para ser uma menina corajosa, eu já sou, agora irá reconfortar-te também sim!
-Nós te ama mais maninha. - Ryan me olhou comendo a sua maçã. -Estamos contigo aqui.
Todos eles me abraçaram. Eles estavam lidando tão bem com tudo isto que era até impressionante a qualidade amorosa que eles tinham de lidar com as situações. Isto está a a ser demais para eu processar.
-Quem me quer ajudar a arrumar as coisas do Zeus?
-Eu! Eu! Eu!!! - ambos se levantaram do sofá. -Nós vamos fazer tudo rapidinho! - Lily completou beijando minha mão.
-Levamos todos titia Lele?
-Sim Noah! Por favor.
-Ebaaa, vamos brincar muito Zeus! - todos os abraçaram.
Por vezes eu tinha pena de Zeus, ele estava a ser apertado de todos os lados possíveis, era até caótica a situação que ele se encontrava por
vezes perto deles.
-Vamos ser os super-heróis da Lexus sim Zeus?
Ele latiu baixo.
Peguei em Daniel e acariciei sua cabeça. Ele estava tão pesado que era até impossível de me manter em pé com ele a meu colo.
Me encostei na mesa e os observei procurando de todos os jeitos os brinquedos de Zeus enquanto
ele ficava junto a mim.
-Tuas roupas estão prontas Lexus! -S/n apareceu com duas malas. -Alguma coisa que falte voltaremos para buscar.
-Agora ninguém vos fará mais mal! - Natasha acariciou minha face.
-Vamos proteger-vos a todo o custo....nós prometo!
Elas me abraçaram. Meus ombros relaxaram e minhas lágrimas cessaram no mesmo momento que todos voltaram da ala dos quartos, tudo já estava concluído e Matheus estava se culpando por tudo isto, sua apreensão no olhar era avassaladora.
António tosse deliberadamente.
-Também estamos prontos aqui! Podemos ir agora senhoras?
-Sim...
-Preparada Lexus?
-Se disse-se que sim estaria a mentir, mas não posso fazer nada mesmo.
-Não digas isso. Vamos divertir-nos imenso confia em nós.
Eles eram a melhor família que eu podia ter.
🍓
Matheus
Eu estava tentando ainda absorver tudo o que tinha acontecido à duas horas atrás. Lexus estava na brinquedoteca com os gémeos e as crianças, talvez para tentar esquecer o enorme pesadelo a que foi submetida.
Estava parado na frente da bancada bebendo meu sumo de laranja....neste momento era apenas ele e o único salvador de minha alma aterrorizada com tudo, mas eu não queria que este fosse o final para mim nem para Lexus.
Nunca pensei em dizer isto, mas saber que a podia ter perdido fez com que meu coração acelerasse de um segundo para o outro.
Olhar para ela naquele momento matou-me definitivamente. Ela era o amor da minha vida e sempre o seria, era apenas ela a mulher que cogitava colocar meu coração em chamas.
-Eu já não te avisei para te afastares da Lexus? - a voz de Lando era firme e me empurrou contra a bancada assim que suas mãos tocaram meu casaco. -Tu só a fazes sofrer, não chega ela estar tendo que lidar com outra gravidez seguida da primeira e agora vens tu destabilizar mais o psicológico dela.
-E quem és tu para me dizer o que eu devo ou não fazer? Podes ser mais velho do que eu, tudo bem, mas isso não te dá ao direito nenhum de falares o que nem sabes! - rebati entre dentes.
-Afasta-te dela. Porque se não...
-Porque se não o quê? - o empurrei e dei dois passos adiante.
Lando era bastante persuasivo quando queria, era até o irritante a forma que isso acontecia. Nunca gostei de comecei a detestá-lo ainda mais quando ele começou a fazer de tudo para ter Lexus.
-Me fala!! Tens medo agora é?
A tensão entre nós os dois estava no auge. Ambos estávamos tão imersos na discussão que o espaço parecia pequeno demais para a raiva e o ressentimento que se acumulavam.
-Tu não entende, não é? - Lando gritou, os punhos cerrados. -Eu não vou deixar tu fazeres dela um saco de pancadas! Eu vou protegê-la de todo o mal, até mesmo de ti!!!
Matheus, agora furioso, foi implacável. Seus olhos estavam cegos pela ira, mas algo dentro de si também o alertava que, no fundo, havia algo mais em jogo. Ele estava lutando por Lexus, mas também não sabia até onde a sua possessividade o levaria.
Lando, agora com o rosto marcado pelo soco, não recuou. Sua expressão estava feroz, mas havia algo de desesperado em seus olhos. Ele se levantou rápido, limpou o sangue da boca e partiu para a ofensiva, avançando novamente em direção a mim.
-Parem! Chega...
Ouvimos a voz de Lexus, mas Lando merecia mais e mais do que um simples soco. O joguei no chão e parti para cima dele, aquilo estava ser insuportável, ele queria a morena a todo o custo.
-CHEGA! ACABOU.... -Lopez falou nos separando com os outros seguranças. -Retire-se Lando! Agora.
-Ele é que começou e eu é que me retiro?
Ri sarcasticamente. Ele não sabia o risco que corria, meu avô não estava em casa e quem aqui mandava era eu já que meu bisavô Duarte não tinha tal autoridade e ainda mais por estar dependente de uma cadeira de rodas.
-VAI EMBORA DESGRAÇA!!!! - fui segurado pro Martín e Pereira. -VAI....
Saiu da cozinha e logo mirou Lexus me deixando ainda mais furioso, beijou sua bochecha e me olhou por último. Me soltei de ambos e corria até á porta que na mesma hora foi fechada por Noah.
O pequeno cruzou seus braços e me mirou chateado. Talvez ele fosse a pessoa que tivesse mais consciência aqui em casa.
-É assim que a pretendes conquistar? - Noah me perguntou, puxando-me para sua altura com uma expressão desconcertante. -Entrar em brigas?! Deixa só a mamãe saber disto.
-Noah! - exclamei, surpresa pela reação dele.
-Não fales mais comigo. -virou-se de costas, fazendo um bico imenso, antes de sair correndo para a brinquedoteca.
Olhei para trás e vi Lexus me observando, cada movimento que ela fazia meu coração acelerava. Não queria que isto tivesse acontecido e ainda mais com ela presente na mesma casa.
A morena se retirou e quis ir até ela.....Lopez me travou no mesmo instante segurando de veras meu braço com bastante força, meus olhos alcançaram os dele onde via seu olhar triste.
-Vão ter que saber!
-Lopez é sério isso?
-É!!! Já viste o estado da cozinha por acaso? Eu já tive a tua idade Matheus, já fui como tu revoltado com tudo e brigava por não ter a mulher que amava comigo....mas isso não te dá ao direito de não contares a verdade ás pessoas.
-Olha para mim já deu. - me soltei frustado.
-MATHEUS! - aquela voz era matadora. A voz do moreno saiu com voz firme. -Chega, e se não for por ti vai ser por mim que eles vão descobrir. Acabou a palhaçada Matheus.
...
Já tinha passado uma hora e até contado o que tinha ocorrido. De certa forma me custou demais falar tudo isto, Levi me olhava com desprezo no olhar....ele estava encarando-me de uma maneira terrível. Seus olhos não desviam dos meus um segundo apenas.
-Já posso ir para o quarto?
-Não!! - meu avô falou com voz firme. -Não sem antes te puxar as orelhas sua criança! Cria-se confusões em casa dos outros Matheus?
Minha mãe se colou na minha frente.
-Sai da minha frente S/n! Não me faças bater em ti sem motivo nenhum.
-Me bata! Vá, se é assim tão homem porque não o faz? - disse chateado no mesmo instante que a tirei do nosso meio. -Vá! Eu sou um homem, estou preparado para tudo não estou? Todos dizem que eu errei, mas eu só estava protegendo o que de facto era meu.....pois caso o senhor não sabia Lexus é a mãe dos meus filhos.....é a mulher que eu amo e continuarei amando não importem as circunstâncias.
-Cala a tua boca Matheus!
Ele me deu um estalo!
-Pai!
Todos o olhamos e já com raiva de tudo sai o mais depressa possível de casa. Estava com minha mente cheia de problemas, meu coração estava tentando parar e minha alma a querer sair do meu corpo.
Parei a poucos metros de casa e lágrimas desviam constantemente sobre o meu rosto, nunca pensei que eu fosse viver uma situação assim. Sem dúvida esta personalidade não era minha, minha mente não era assim e muito menos o meu coração.
Me encostei para trás, fechei meus olhos e suspirei bem fundo tentando acabar com o meu sofrimento. Após longos minutos meus olhos alcançaram o porta luvas, lá ainda continha a arma, talvez, apenas um talvez eu naquele tempo tivesse tirado minha vida.
Esta dor era cruel, meus PULMÕES estavam a ASSOMBRAR-ME, a falta de ar era terrível, meu peito doía e minha cabeça estava explodindo por dentro.
-O que tu queres fazer? - meu irmão bateu no
vidro do carro. -Abre a porta agora!!!!
Aquele seu olhar era aterrorizador....
Noah tinha apenas quatro anos, mas sinceramente parecia que era até mais velho do que parecia. Nunca pensei que disse-se isto, porém ele neste momento era o mais consciente.
-Lele está a vir! Ela quer falar contigo, por isso não faças perder o seu tempo.
-Noah!
-Não! Se tu não resolves isso, podes esquecer que eu te amo. Entendidos maninho? - cruzou seus braços, ele estavas com seus lábios brancos de tanto fazer bico.
-Sim....
É! Ele era o mais consciente de nós
os dois não o vou negar.
Lexus havia chegado e entrou no carro, mirei Noah mais uma vez e logo o pequeno fechou a porta com ajuda de Lily e de Ryan. Eles sentiam tudo....o que eu fui arranjar.
Retornei o meu olhar para o de Lexus e levemente a morena coloca sua mão sobre a minha e instantaneamente um enorme peso saiu de cima dos meus ombros. Eu amava aquele toque, ela era tudo para mim, ela era a mãe dos meus filhos.
-Estás mais calmo para conversar agora?
-Me perdoa moranguinho!
-Matheus......deixa-me terminar por favor. - disse calmamente. -Eu sei, não está a ser fácil tudo isto, os gémeos sentem, Daniel e Hope ficam tensos e eu estou tentando aguentar firme, mas todas as vezes que algo esta a correr bem sempre ele pessoas para estragar tudo. Não........eu não gostei do que aconteceu à pouco, mas eu também não te julgo por dizeres nada daquilo.
-Eu gritei com o meu avô. Eu gritei com quem nunca pensei que gritasse e agora ele me detesta!
-Não, ele não te detesta. Quando disse que ia sair com as crianças para apanhar ar fresco ele estava sentado no sofá com as mãos entre a cabeça, aquilo doeu-lhe demais não vou negar. Ninguém está preparado para bater em quem ama.
-E eu devia desaparecer para não causar mais problemas a ninguém. Obrigado!!
-Eu não quero que tu me abandones, mas deixa o meu coração sarar por favor. Eu peço-te isto não como uma mulher, mas sim como mais dos teus filhos. Eu preciso disso!
Sorri sentindo-me um pouco mais confiante, algo novo tinha despertado dentro de mim, uma esperança eu diria, talvez com o passar dos dias não conseguíssemos voltar a ser o que éramos antes, mas sim, ainda existia imensas pessoas que não nos queriam juntos.
Eu tinha que consertar este AMOR por NÓS.
-Vamos tentar sim?
Liberei um sorriso.
Acariciei a sua cara e beijei levemente sua testa. -É! Vamos tentar resolver isto. - aquelas palavras saíram como uma melodia pacífica dentro da minha boca. Meu corpo estava acalmando aos poucos.
Saímos do carro e as crianças brincavam no meio da estrada com a bola, eles eram bastante unidos não o vou negar. Eles amavam ficar todos juntos. Segurei a mão de Lexus e todos correram na nossa direção nos abraçando em seguida.
E eram estes momentos que ficavam
na nossa memória....
Com o passar do tempo, entramos em casa novamente e um silêncio mortífero se fez sentir, apenas existia meu avô, meu pai e meu bisavô na sala. Nos olharam automaticamente e baixei a cabeça no mesmo instante.
-Onde está a mamãe? Quero dizer-lhe uma coisa muito linda.
-No quintal pequeno, perto da área gourmet!
-Eba!!! Vem Lele, vamos vem.
Me aproximei do sofá e no mesmo instante meu avô me abraça, fazendo lágrimas instantaneamente caírem sobre minha face gelada. O frio estava terrível lá fora não vou negar isso...
-Me perdoa Matheus! Ah que droga!!!
-Está, está tudo bem. Tudo ficará bem sim, agora sim.
-Como assim..........agora sim? - meu bisavô esbraveja se ajeitando. -O que mudou agora ou ainda melhor...o que eu perdi aqui?
-Acho que o que o meu filho está a querer dizer é que eu acho pelo meu ver de linguagem corporal que ele e Lexus estão a tentar dar certo novamente. É isso mesmo filho?
-Exatamente isso meu pai. Vamos tentar...
-Que ótima notícia essa, vamos fazer um jantar para comemorar a boa notícia. Vou convidar todos!!! - António falou alegre.
-Avô! Isso é sério? Não quero que ninguém saiba agora, pelo menos até termos certeza disso?
-Então podemos fazer um jantar de comemoração à quase chegada dos gémeos que tal? - Mason apareceu da cozinha. -Desculpa Matheus! Pensei que me tinhas visto quando chegaste.
-Vá, já começar a avisar então. Até mais, venha pai, vamos ali no escritório!!!
Esta era a sem dúvida alguma a família dos meus sonhos não o vou negar. Era por eles que eu vivia e era por todos eles que meu coração ainda batia, tudo estava indo bem....os gémeos estavam ambos brincando em cima do sofá até que todas elas chegaram novamente.
-Alguém nos chamou aqui? Ouvimos uma notícia boa! - minha mãe me beijou a cabeça em seguida. -Agora não estragues tudo novamente.... - sussurrou.
-Vou prometer isso.
-Vamos ver um filme!
-Filme! Filme!! Filme!!! - as crianças saltaram no sofá.
-Cuidado aí vocês os três por favor. - Ella se sentou pegando em Ryan. -Vamos ver o novo filme de animação que lançou, Lily está ansiosa para saber.
-Mamãe! Não sou eu....é a titia Lele!
-Ah que mentira Noah! Nem tenho tempo para ver nada.
-Aham! - ele piscou para ele. -Minha cunhadinha favorita!!!!!! - ele a abraçou. -Te amo sim...
Eles tinham uma ligação enorme, era até interessante isso. Eles entendiam-se perfeitamente bem, eles eram importantes para mim.
Minha família....
— Dia seguinte // 07:10h —
Eu mal tinha acordado e já existia á mais de vinte minutos um enorme barulho por toda a casa. Pessoas andando no corredor, crianças falando alto e bebes a chorar....bem, pelo menos um sinal que eu ainda vivo estava. Isso era gratificante demais.
Esfreguei meus olhos e logo me dirigi para a casa de banho. Lavei minha face e meus dentes e fui procurar Lexus, talvez a morena ainda estava no quarto de Emma se arranjando. Tudo estava um caos, todos tinham dormido cá.
Foi uma enorme dor de cabeça na hora de ir
dormir para ser sincero.
-Posso moranguinho? - sorri assim que a vi adormecer Daniel. -Tudo bem por aí?
-Eu estou, já Daniel acordou mal disposto hoje!
-Oh filho, o que se passa em fofinho? Me diz, eu resolvo logo logo.
-Matheus! - ela riu.
Aquele sorriso era o que eu mais
precisava neste momento.
-Vem, deixa a mamãe terminar para ir para a Universidade. Vem, papai vai cuidar de vocês hoje.
-Sabes que não precisas fazer isso sozinho!
Me inclinei na penteadeira e a olhei, ela era sem dúvida uma mulher sem defeitos alguns. Ela era a dona do meu coração, ela o roubou e agora estava difícil gerir todo este amor.
-Vou passear com eles hoje! Vai ser divertido. Né pequeno?
-Juízo isso sim! Eles ainda são pequenos.
-São os nosso pequenos favoritos!!! -beijei seus lábios.
Aquele sabor era magnífico.
-Sabia que tinha algo mais. - Sophia falou já inclinada perto da porta da casa de banho. -Vocês não escondem mesmo!!!
-Nem uma palavra sequer loira!!
Lexus virou para ela chateada, nem ela nem eu queríamos que ninguém ainda soubesse disto e seria até terrível que isso acontecesse. Podia simplesmente estragar tudo novamente.
-Nem falei nada. Além do mais eu sei que vocês são perfeitos juntos mesmo e que o jantar de ontem foi para comemorar também isso!
-És mesmo chata loira!
-Não Lexus, eu sou a tua maior fã. Cara como pode alguém ser tão determinada como tu.
-Eu acho que estou até a mais aqui.
- VOLTA AQUI TORRES!
-Torres? - ela riu ainda mais. -Ah cara como eu vos amo mesmo.
-Sophia! Ninguém pode saber de nós sem ser os adultos.
-Todos somos adultos ou já se esqueceram?! Vocês deviam era segurar esses sinais que dão isso sim.
-Ainda aqui loira? Sai, nos deixa a sós. - Lexus se levanta.
-Eu também te amo Lexus! - ela a abraçou.
-É Sophia, eu também te amo.
Eu ri...elas eram a vida.
Sophia sem dúvida era a pessoa que mais amava a minha relação com a Lexus não o vou negar. A loira fazia de tudo para que déssemos todos certo, todavia por vezes isso era até complicado de ser realizado.
Aos poucos, estávamos tentando....
🍓
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top