36 | Os Perigos da Leitura

Domingo / 15:20h
Amesterdão || Países Baixos

• 10 de julho de 2044




Thiago
Estar de férias era a melhor coisa que eu podia pedir para ser sincero. Eu amava, estudar definitivamente não era para mim em nenhum ponto, eu amava curtir a vida, ginásio, e não me preocupar com as horas que tinha que dormir para o novo dia.

Algo bom sempre tinha sobre as férias, e isso era bom. Todos estavam na área da piscina, eu ainda estava a preparar-me para ter uma breve reunião sobre o carro que eu queria comprar e com o dinheiro que juntei finalmente consegui concretizar meu mais novo sonho.

A vida era bela...

-Thiago! - a voz de Erika se fez soar vindo do closet. -Eu....eu não consigo guardar para mim não.

-Ei! Me conta, me conta o que se passa abelhinha? Hem? Thiago parte a cara dessa pessoa...

-Thiago! - ela riu de nervoso.

Claramente Erika não estava bem, eu acho que era por conta do que ela havia encontrado no seu computador, por vezes era difícil encarar uma verdade obscura. Sua cara estava em pânico não irei negar, eu detestava vê-la desta forma.

-Sabes que eu te contei que o Carvajal não era o meu pai verdadeiro não foi? Bom....não é isso que me está a entristecer, é isto!

-Teu pai biológico? Como assim....o que ele quer?

-Me encontrar! Ele está aqui em Amesterdão, talvez está lá em baixo. O que eu vou fazer! Eu não quero, eu posso não sair deste quarto.

-Em algum momento terás que o encarar.

-Ele abandonou minha mãe e a mim quando eu tinha quatro anos, claro que eu tenho todo o direito de não o encarar.

-Falaste com o teu pai? O Carvajal precisa saber!

-Eu....eu não tive coragem!

-Erika.

Ela se sentou na cama, cruzou suas pernas e colocou suas mãos na cabeça, ela estava um caco não irei negar. Por vezes as coisas acontecem e não deixam de veras indefesos com grandes VERDADES.

-Vem, todos estão na piscina nos esperando. Talvez ele nem lá esteja.

-Eu....eu não quero ir!

-Erika! Me escuta, eu não vou deixar ele te forçar a falar com ele, estás comigo lembraste, eu estou aqui a ajudar-te a ultrapassar isto. Agora por favor.

-Sério mesmo?

-Seríssimo! Bem, vamos. Me dá a mão, vem. Cuidarei de ti!

Beijei sua testa e saímos do quarto, quanto mais o tempo passava, mais seu coração estava acelerado, seus ombros estavam tensos e sua expressão facial estava desanimada que até a um quilómetro de distância se notava o quão esta notícia a tinha pegado de surpresa.

Bom.....não era para menos, depois de vários anos ele resolveu novamente aparecer e com toda a certeza se Carvajal o visse seria catastrófico.

-Thiago! - ela apontou adiante. Lá estava ele. -Eu vou embora!!!

-Erika!!! - uma voz masculina e rouca se fez ouvir. -Filha.

Todos nos olharam.
Droga!!

-Sai daqui! Não vês que ela não quer falar contigo?

-Ela é minha!!!! E eu só sairei daqui quando falar com ela.

-Eu não sou, nunca fui e não será agora que o serei! Meu pai é o Carvajal e ninguém mudará isso, ele sim se importa comigo, ele sim me acolheu quando eu mais precisava e me tratou como sua legítima filha, ele nunca me escondeu de onde eu vim...ele nunca escondeu o amor que tinha por mim quando a mamãe morreu.

-És tão parecida com a tua mãe.

-Já disse para te afastares dela!!! - me colocou na sua frente. -Sai daqui....Davi.

-Eu não vou....

-Como é? - Carvajal apareceu atrás de nós. -Deixa a minha filha em paz, nunca quiseste saber dela agora também não terás nada dela.

-MINHA FILHA! MINHA RESPONSABILIDADE!

-Passou a época, á imenso tempo. Agora desaparece da minha vista!

-Pai. - Erika abraçou Carvajal. -Não faça isso, chega.

-Eu não irei desistir dela!! Ela virá para mim quando tu a decepcionares.

-CARVAJAL, não!! - António indaguei se levantando. -Senhores o levem daqui para fora.

-Sim senhor.

-Eu quero ir embora pai!

-Erika não... - peguei em sua mão. -Por favor!! Eu preciso de ti.

-Thiago! Thiago, vem, vamos ali. Vamos deixá-los falar um pouco. O senhor virá comigo vem.

-António eu...

Inclinou sua cabeça e segui caminho atrás dele, eu sabia que certas notícias eram dolorosas, mas sinceramente, eu não queria que de forma alguma ela fosse embora da minha vida ainda mais nesta fase. Eu estava indo tão bem.

Porque é que pessoas com bons corações sempre vão primeiro que os outros?
Que Droga!!

-Compreendo a tua dor, mas tenta ver o lado dela...não é fácil ver o pai biológico na sua frente depois de vários anos sem notícias dele. Tens que a deixar processar tudo!

-Como se isso fosse a coisa mais fácil a fazer. - cruzei meus braços frustado. -Nós estamos a ajudar-nos mutuamente, nós precisamos um do outro.

-Eu entendo isso, mas agora tudo o que podes fazer é deixá-la livre e deixar que ela decida o seu futuro.

-Droga do amor!!

-Ele não tem culpa, quem tem são as pessoas que não sentem nada ao magoar o coração das outras.

-Se tudo isto fosse diferente. - olhei para a piscina.

E lá estava Juan e Emma juntos demais se divertindo com o restante. Nunca será fácil lidar com nada disto para ser sincero, queria desaparecer e não magoar mais ninguém.

-Já resolvemos!

-E então? - perguntei com uma esperança no olhar.

-Ficarei aqui até ao final do Europeu depois viajarei para Madrid!!

-Isso é sério?

-Desculpa...

-Vez Thiago, não é assim tão mau. Agora vai diverte-te! Vão para a piscina!! Sejam felizes.

Não queria ter que lidar novamente com uma decepção, mas se essa fosse a maior vontade dela eu não podia fazer nada a esse respeito, eu a amava como amiga e eu não mudaria nada do que fizemos até agora. Nós sempre fomos bastante chegados, não seria agora que isso mudaria.


Domingo / 18:20h
Barcelona || SPAIN

Paul
Nunca pensei que seria tão difícil esperar tanto tempo para a escolha de um novo chefe. Já estávamos à cerca de cinco dias com um provisório e nada dele sair, eu estava a começar a ficar entediado com tudo devo admitir, as novas eleições nunca mais chegavam e minha ansiedade não aguentava tanta espera.

Pelo menos o trabalho que demandou mais de mim hoje durante o dia havia refrescado meu corpo ainda mais quando passei a maior parte do tempo fora da esquadra, sinceramente eu precisava disso, conviver com quem não gosta de contacto físico era intragável.

Eu detestaria qualquer pessoa que ocupasse o futuro posto de Steve ou até de Kaio, eles mereciam demais essa promoção. Eles eram excelentes líderes, nunca irei negar o quanto se podia aprender com dois cabeças duras como eles.

E assim, as horas foram passando. Estava agora na cantina, apenas tinha agora parado para comer um pouco. Era pesado demais por vezes ser polícia, mas Steve ensinou-me demasiado bem esta grande profissão, o moreno era como um irmão para mim.

-Quando vais falar direito para o novo chefe? -Kaio falou, me encarando. -Ele não te fez mal nenhum, tens que te habituar ao facto dele ficar cá até às eleições!!

-Para mim ele nem sabe liderar! Agora não sei porque vocês estão tão convencidos que ele conseguirá fazer algo útil. - respondi encarando a comida. -Mas deixem lá, ninguém entende mesmo o poder de um bom líder?

-E para o senhor quem seria um bom líder, senhor Mont? - provocou Alejandro, puxando a cadeira e se sentando frente a mim. -Seu chefe? Kaio?! Valverde novamente?

-Nem ouses pronunciar esse nome outra vez!!!

-Abaixe o tom para falar comigo, eu sou seu chefe e já falei mil vezes que não aceito faltas de respeito.

-Ótimo para o senhor, pois de mim, terá que aguentar todos os dias. - me levantei. -E digo mais, o senhor não serve para administrar esta esquadra.

-Como ousas falar assim comigo? - se colocou na minha frente me encarando, sua respiração estava acelerada. -Vais mudar de agora em diante, pois se isso não acontecer esta semana, no futuro nunca serás um bom líder!! Disso eu te garanto.

-O senhor não tem que garantir nada a meu respeito, não sabe nem metade do que acontece no meu dia à dia e sim, não será o senhor que me fará mudar passar bem!

Me apertou o braço com força e me jogou novamente para a sua frente fazendo instantaneamente todos os olhares se viraram sobre nós mais uma vez seguida. -Eu não vou ficar parado aqui ouvindo o senhor tentando me mudar, isso não irá acontecer!!! - sorri, mas o sorriso é cheio de amargura em minha face.

-O senhor vai controlar essas suas palavras antes que o suspenda! Antes que eu diga que de facto é o senhor que está a tentar de tudo para eu sair daqui.

-Ah que ótimo que consegue ainda pensar!

-PAUL!! - Kaio se levantou, e com um olhar fixo veio até nós. -Vamos acabar com isto senhores, chega!! Não vamos acabar por nos perder em brigas sem noção.

Não disse nada mais. Apenas o encarei uma última vez e saí da cantina, eu estava exausto, aquela sensação de raiva estava novamente a querer-se apoderar de mim. Cada momento parecia o meu último, cada suspiro trazia um ar abafado e sufocante para a minha garganta.

Entrei na sala de treinamento e havia equipamento de todos os tipos e espécies espalhados por todo o lugar. Caminhei mais um pouco pela sala até parar em frente olhando fixamente para o saco de boxe, cerrei meus punhos e meu rosto estava vermelho de tanta raiva.

Eu estava ofegante, minha respiração estava pronta para suportar qualquer momento e quaisquer horas que viessem pela frente, na verdade eu necessitava demais um relaxamento como este que se avizinhava bem na minha frente.

-Me disseram que discutiste! - a voz de Steve saiu firme. -Eu já falei para não agires assim com ele, quer querias, quer não terás que meter na cabeça que ele será nosso chefe até tempo indeterminado. E não será tu que mudarás isso...

O encarei com raiva.

-Não olhes assim para mim Mont! Sabes que estou falando para o teu bem, tu ainda és jovem, tens muito a aprender.

-Não preciso ouvir mais sermões, a vida já me deu os necessários estes anos obrigado!!

-Paul!!!

-Ah Steve me deixa. Se não queres treinar pelo menos me deixa sozinho, com meus pensamentos intrusivos.

-Esses pensamentos um dia ainda te mataram! - calmo, mas firme. -Houve-me pelo menos uma vez na vida.

-Já ouvi inúmeras vezes, não preciso mais!!

Dei o primeiro murro, eu estava com a palavra RAIVA estampada na minha cara. Eu não queria desiludir ninguém, mas eu também não podia ficar sentado de braços cruzados ouvindo o nosso mais novo chefe me dando sermões onde eles nunca eram bem-vindos.

Nem mesmo Steve me consegue fazer mudar
agora, não será ele que o fará agora...

-Sabes do que tu precisas de férias! Porque não vens amanhã para os Países Baixos? Vou com a Sophia, bem, vou verificar se ela e Esperanza ficam bem seguras.

-Não quero!

-Não queres ver a Joanna? Ela ficará desiludida se não fores.

-Foi ela mesma que me disse que não mais me queria ver. Por isso, que ela seja feliz sem mim!

Outro murro, minha fúria estava aumentando a todo o custo, meus punhos foram GERADOS para isto, eu conseguia encarar esta dor, todavia encarar a realidade e a mais pura verdade de não ter a mulher que amava novamente matava meu coração novamente.

-Eu sempre estrago tudo! Nem mesmo ir lá mudará nada.

-Pelo menos ficarás longe daqui, tens férias para tirar, porque não tiras alguns dias?

-Vai tu com ela, eu ficarei bem com Kaio e com o Luka!

-Paul!

-Steve não, me deixa sozinho! Vai, não quero bater em ti mais uma vez este ano.

Suspirei frustrado o encarando.
Eu estava ficando louco não irei negar, esta pressão não estava a fazer-me bem em nenhum aspeto.

Sozinho, suado, respirando pesadamente. Eu estava com minhas mãos enfaixadas, prestes a explodir. Fechei os punhos com força e meus dedos brancos de tanto apertar com a enorme frustração de semanas, talvez meses, transbordava na minha mente gerando repentinamente o segundo soco.

Soco!

O impacto é forte, o saco balança violentamente, mas eu não parei. Soltei outro soco, mais forte e a raiva destilada em cada movimento com o som do punho batendo no saco ecoa na sala vazia, mas o que eu realmente escutava era o som do meu próprio ódio que consome minha confusa cabeça.

Soco!!

Fechei os olhos, sentindo o suor escorrer pela testa, e então a raiva vem em ondas, mais intensa, mais furiosa. E então, várias conversas ecoaram pela minha mente como um desejo enorme de sair.




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Domingo / 22:25h
Amesterdão || Países Baixos

Lexus
Estava organizando toda a roupa dos gémeos até que olho pela décima vez consecutiva para a carta no cimo da cómoda. Não me interessava em nada este tipo de coisas, já que eu sabia que tinha sido Eva a deixar aqui por baixo da porta. A ruiva nem foi esperta até ao ponto de esperar eu sair do quarto.

Ela amava me irritar, e sim, ela conseguia sem sombra de dúvidas. Ajeitei tudo e logo saí do quarto dando de caras por veras assim com ela....e lá ia eu de novo tentando não me irritar com a sua presença. Ela fazia de tudo para me deitar abaixo, era raro agora isso acontecer.

-Alegre ainda Lexus? Vejo que ainda não leste a carta que deixei para ti!

-Minha vida é muito ocupada para esquisitices tuas, passar bem.

-Lexus! - rebateu entre dentes, já chateada. -Vamos ver mesmo se Lilibeth não é mesma filha de Matheus? 

-Mais mentiras?

-Nunca! Aqui, tirei uma prova, algo de mim suspeitava que nem o abririas.

-Que bom! Pelo menos tens ainda alguma inteligência na cabeça.

-Aqui! Vê, depois diz-me o que achas disso. Alguém que te mentiu sobre ter uma filha.

Mirei uma papel inúmeras vezes e meus olhos paravam sempre nos dela. Era irritante a forma de como ela conseguia me deixar ainda mais furiosa com tudo, Matheus também o conseguia e sem dúvida estas provas eram mais concretas que eu podia ter visto.

-Gostaste? Agora parece que Daniel não é o herdeiro da grande dinastia!

-E quando pararás de mentir?

-Não sou eu que engravidou duas vezes seguidas! Eu e Matheus tivemos inúmeros tempos bons....já tu?

-Meu corpo! Minha própria escolha!! - dei um estalo em sua cara. -Agora para de falar como se tivesse a razão, pois rebaixaste na primeira vez que tocaste teus olhos nos meus, na primeira vez que me ameaçaste sobre o carro e na primeira vez que tive o acidente com o Matheus!

-Cala a boca! Matheus não era para estar naquele carro. Tu arruinaste a minha vida e agora vais pagar por tudo Lexus.

-Nem tente! - Austin e Pereira se colocaram diante de mim. -Saía daqui!!

-Eva! Eva! Eva!! - Bernardo balançou a cabeça vindo até nós. -É feio mentir ruiva. - ele riu.

-O que fazes aqui?

-Vendo-te novamente florzinha! Não gostas da minha companhia?

-Ótimo Lexus! Em relacionamento? Deixa só o Matheus saber que esses novos filhos que carregas não são deles.

-Sua....

Austin e Pereira me agarram. As batidas do meu coração estavam tão fortes que minha respiração se tornou ofegante e meus olhos não desgrudavam um só segundo de suas faces. Era até de certa forma nojento, o quão eles conseguiam me irritar.

-Não acredites nela, Lexus....Lilibeth é minha...

-Cala a boca!!

-Que foi? Porque não contas mais coisas que escondes?! Seria bom não era?

-Vocês os dois estão malucos! Eu vou embora. Estou perdendo meu tempo com pessoas insignificantes! Passar bem.

-Espera Lexus.

- NÃO ME TOQUES!

Entrei no elevador o mais rapidamente
possível e respirei fundo.

Eu tinha que me tranquilizar, eu tinha tudo hoje para perder a cabeça com quem não queria, talvez se eu tivesse voltado para o quarto e esperado os gémeos lá era a melhor opção, porém Lily e meu pai estavam ansiosos por me encontrar na área externa do hotel.

O clima hoje estava favorável não nego...

-Maninha!!!! - Lily correu para o meu abraço. -Tive tantas saudades tuas Lele.

-É pequena eu também. Logo passaremos no quarto para dar um beijinho ao Ryan sim, ele está doente não é?

-Sim. Apanhou uma gripe! Espero que não tenha sido eu.

-Não foste meu amor. - meu pai se dirigiu a mim me abraçando. -Como estás?

-Ótima!

-Tua cara diz outra coisa? O que de verdade se passa?!

-Nada!!

-LEXUS.

Meu corpo tremeu no mesmo momento em que ouvi a voz de Bernardo sair pela porta. Mirei meus olhos para ele e segurei a mão de minha irmã, a pequena estava assustada não nego....já meu pai estava esperando o momento oportuno para lhe dar uma tareia.

Ninguém mexia em nós sem sofrer
as suas consequências!

-Nós ainda não terminamos a conversa!

-O senhor nunca a começou agora saía daqui antes que sofra as consequências.

-E serás tu que me impedirás? Não fui o que eu vi quando te tive na primeira vez!!

-Maninha o que o senhor está falando? - perguntou com receio na voz.

-Nada não princesa.

-Saí! Chega!

-Lilibeth é minha filha só para saberes. A Eva esconde isso maravilhosamente bem devo ressaltar, ela ficou grávida no início do ano antes do mundial em junho. Matheus não é o pai dela, mas isso também não tira o facto de ele estar mais interessado nela neste momento.

-O quê?

-Ele não te contou que ele está a ajudando na recuperação dela?! - falou rindo. -Tenho medo que te magoes, por isso estou ao dispor para tudo o que necessitares.

-E eu estou disposto a matar-te! - segurei meu pai. -Sai da minha visão agora seu filho da mãe.

-Papai!

-Lily! Lily!!!!!

Corri atrás da pequena, a piscina tinha pouca iluminação e meu maior receio era que ela caísse na água, isso não aconteceu, Lopez a agarrou no mesmo instante.

-Obrigada Lopez!

-Nada, mas para a próxima pequena, cuidado onde brincas sim?

Enxuguei suas lágrimas.
Ninguém estava preparado para ouvir o próprio pai falar daquela forma, bom, nem mesmo eu que sou adulta estava contando que ele fosse dizer algo desse género, já que ele era a pessoa mais calma que eu conhecia na fase da terra.

Ele cuidava de todos os filhos com
todo o amor possível...

-Porque o senhor mau falou aquilo?

-As pessoas gostam de ver as outras tristes! Nada daquilo é verdade sim, maninha não deixará que nada mais ousas sim?

-Podemos ir dormir?! Quero ver a mamãe!

-Claro, claro que sim meu bem. Vem, vamos.

Subimos novamente o elevador, andamos mais alguns metros e batemos à porta e não demorou muito para que ela fosse aberta. Minha mãe adorava atender as pessoas rapidamente, sempre foi um grande prazer para ela.

Deitei a pequena na cama e beijei sua face, ela estava com toda a certeza cansada. Desde manhã ela não parava um só segundo e ainda mais quando não dormia de tarde, a partir dos dois anos ela parou de o fazer, nunca entendi o verdadeiro motivo.

-Ryan está melhor?

-Ficando! E teu pai?! Ele não veio?

-É....o papai ele!

-Ele? O que o teu pai aprontou desta vez Lexus?

-Ele discutiu com uma pessoa, mas isso, deixo para ele falar. Não quero dizer nada quando esse assunto é dele, bom mais ou menos!

-Como assim? - indaguei-o, levantando um pouco a sobrancelha. -Anjinho não me escondas nada! Me fala a verdade.

-Ele e Bernardo se viram pronto, e já falei demais. Acho que irei indo! Os gémeos me esperam.

-Lexus! Filha, volta aqui...Lexus!!!!!

-Amanhã continuamos. -beijei sua bochecha antes de fechar a porta.

Eu não queria dizer-lhe de facto o verdadeiro motivo já que ela tinha imensas coisas era pensar. O trabalho estava chegando novamente e carregar novamente o peso de um enorme trabalho como o dela como embaixadora da ONU não era fácil.

Busquei os gémeos no quarto das meninas e fui direto para o meu quarto, meus pés estavam exaustos. Minh cabeça estava cheia de coisas e pensamentos inoportunos que não queria que lá estivessem.

-Boa noite moranguinho! - disse encostado á porta com uma mochila. -Irei passar aqui a noite! Lamine e Ava me expulsaram do quarto...

Suas palavras me pegaram de surpresa não irei negar. As ideias malucas que ele tinha com toda a certeza eram bem planeadas, mas depois do que meus ouvidos escurarem hoje seria irritante o ter no mesmo quarto.

Ainda mais com apenas uma cama...

-Amas me irritar não é Torres?

-Se fosse só isso que eu conseguisse fazer no teu corpo?! - me encostou contra a parede. -Tens que admitir.....eu nunca serei o substituto!!

-Tu és muito convencido sabias?

-Não........eu sou o amor da tua vida!

-És também o amor da vida da Eva! É fiquei sabendo que estás a passar algum tempo com ela.

Me libertei da sua beira, me sentei na cama e tirei meu calçado e logo me joguei na cama. Meu corpo necessitava URGENTEMENTE de um relaxamento eterno.

-Que absurdo é esse? Mais mentiras que ela te colocou na cabeça?

-Não foi ela?! Além do mais, talvez ele não seja tão doido quando fala comigo....

-Ele? - Matheus se sentou discretamente na cama. -Quem foi?

-Ninguém importante! - dei nos ombros. -Além do mais se ficares aqui irás dormir no sofá novamente.....aqui, tu não dormes.

-Isso é sério? Sou o pai dos teus filhos, já tivemos algo. Não farei nada do que tu não queiras!

-Sei como são os homens..... - comecei, hesitante. -Dás a mão e logo querem o braço! Além do mais já convivi na mesma cama que tu. Passar bem no sofá!

-Não faças isso, amanhã terei treino, ficarei exausto!

-Problema não é meu. - peguei em Hope. -Se não gostas das regras dormes fora da porta!

-Lexus! - se ajoelhou. -Não me faças isso. Prometo dormir no cantinho!

Revirei meus olhos. Ele amava me irritar do seu mais famoso jeito peculiar, era até intrigante a forma que ele tentava mudar meu CORAÇÃO, mas os PERIGOS da nossa LEITURA corporal seriam demonstrados com o passar das horas.

-Prometo! Não tem mais quartos disponíveis neste andar e eu não quero dormir longe de ti! Já é ruim não passar todos os dias sem ti dormindo na mesma cama que antigamente, agora dormir a quilómetros de ti! Isso seria catastrófico, ainda bem que te convenceram a vir.

-Que dramático Torres, levante-te vai, além do mais se dormisses no andar acima ou no andar abaixo não seriam quilómetros e sim metros. Precisas aprender matemática!

-Sabes que eu odeio esse tipo de matemática.

-Ah garoto me erra!!!

OH GOSTO INFERNAL!

Ele conseguia tirar-me do sério sempre sem o mínimo de esforço. Era até intrigante o jeito que ele conseguia fazer-me ainda mais irritada com ele.

...

Este local estava um silêncio total. Eram 09h da manhã e meus olhos ainda se encontravam fechados, eu ainda tinha sono ainda mais quando passei mais de dia horas ontem falando com Matheus, o moreno não se cansava nunca e agora ainda mais quando estávamos brigados.

Ele amava me tirar do sério.

Esfreguei minhas mãos sobre a minha face e mirei o travesseiro a meu lado, existia um pequeno bilhete deixado em cima com uma rosa. Comecei a ler e formaram-se instantemente lágrimas em meus brilhantes olhos azuis, o moreno amava iluminar o meu dia ainda amei quando ele tinha amanhecido chuvoso.

Levanto-me da cama, calço minhas pantufas e beijei a cabeça dos gémeos. Eles ainda dormiam como anjinhos, talvez ontem as meninas os tenham cansado demais....era até bom, não acordei um só minuto pela noite.

Me dirigi para a casa de banho, porém a porta da entrada foi aberta, era Matheus. O moreno havia dito que tinha treino, talvez ele o tenha deixado de lado me fazendo ENLOUQUECER ainda mais.

-Bom dia moranguinho! - sorriu se encostando na porta do banheira. -Acordaste animada hoje, alguém em especial te deixou assim?

-Tu não devias estar a treinar?

-A pergunta não foi essa Lexus!

-Mas a minha é, agora se não gostas do meu jeito a culpa não é minha.

Me encostou na bancada e me encarou, emoldurou suas mãos sobre a minha face e e colocou meu cabelo para trás. Ele tinha um jeito peculiar de fazer meu corpo  esquecer tudo o que aconteceu, mas meu coração estava ainda tratando de sarar.

-Vai treinar Matheus! Preciso de me arrumar, Sairei com as meninas hoje.

-Se eu não treinasse daqui a uma hora eu ficaria neste quarto todo o dia contigo, trancava a porta e resolveríamos o nosso problema.

-Não temos nada a resolver já te esqueceste?

-Temos, e muito.....ah qual é Lexus.

-Passou a época! No dia em que me desiludiste! Passar bem....

-Onde vais? Lexus!!!!

Abri a porta do quarto e vi Lando vindo na minha direção. Merda! Já lá iam especulações a sobrevoar demasiadas cabeças, a tendão ficaria ainda pior.

-Ficarei livre até dia 16 de julho Lexus! Já podemos passar tempo juntos. - em abraçou alegre. -Tempo livre hoje?

-Lexus, não ainda não terminamos!

-O que ele faz aqui? - ele questionou, me encarando. -Vocês....

-Não! Claro que não, Lamine e Ava o expulsaram do quarto ontem.

-Hum!

-O que fazes aqui? - Matheus o olhou chateado. -Não vês que estávamos tendo uma conversa?!

-A mim não me pareceu já que ela saiu do quarto!!

-Vocês os dois vão parar? - disse já frustada, aquela falta de paciência estava me afetando. -Quero ficar um pouco sozinha! Me organizar para sair, agora se irão discutir como meninas podem ficar aqui!!

-Lexus! Lexus!!! Abre essa porta, Lexus....

Tranquei a porta do quarto com alguma força e caminhei novamente para o banheiro, e lá ia eu começando o dia novamente me irritando, era insuportável a maneira que várias pessoas o conseguiam fazer.

Não tinha um dia absoluto de paz, era intrigante.

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