único

Minho sentou-se sobre o tapete felpudo que ficava próximo a janela decorada, delicadamente, com algumas luzes pisca pisca em tom dourado. Ele não havia decorado muito a sua casa, não gostava dessa data tanto quanto antes.

Era complicado sentir o vazio em si todos os dias, a todo instante o lembrando que algo estava faltando sem saber ao certo o que era. Nenhum dos amigos lhe dizia nada talvez por medo de uma reação negativa ou alguma tentativa brutal de acabar com tudo.

Ao retornar do hospital, exatos dois anos atrás, Minho podia notar alguns pertences extras na sua casa. Uma toalha com a letra J, escova de dente junto a sua, shampoo e perfume com odores diferente do habitual que o Lee tanto amava.

Mas os armários estavam completamente vazios contendo apenas as coisas de Minho e que às vezes ele temia encontrar alguma camisa diferente, algum acessório ou qualquer outra coisa que pudesse o ajudar a recuperar a sua memória.

— Han Jisung. — Uma voz soprou suavemente na mente do Lee que se virou buscando de onde ela vinha.

Seu coração estava a um triz de parar a qualquer momento, não queria acreditar que esse nome tinha qualquer ligação com o seu passado, mas a realidade era que a sua mente já havia mostrado o tal rapaz algumas vezes antes em alguns sonhos.

Quase todos os sonhos que Minho tinha relacionado a esse tal Jisung era com o rapaz lhe pedindo para o deixar partir, o deixar livre. O Lee por outro lado apenas não conseguia fazer isso sem saber exatamente com o que estava lidando, sem saber quem era ele de fato e como estavam ligados.

Mas ali estava ele. Han usava um moletom natalino, igual na noite de dois anos atrás, tinha os lábios trêmulos e os olhos vermelhos por um choro contido de sabe se lá quanto tempo lutando contra tal sentimento. Havia medo, tristeza e solidão lutando para transparecer primeiro.

— Noivamos apenas por alguns minutos, Lino. É intenso saber que quase pudemos nos casar em alguns meses, quase consigo montar uma família. Na verdade, também montamos por algumas semanas até eu perder o bebê tentando lutar por você.

Han fez uma pausa se afastando da tentativa do toque de Minho que se encolheu ferozmente parando onde estava, não era para ser assim. O reencontro deles tinha tudo para ser melhor, menos se Jisung não estivesse ali de fato, talvez se fosse uma imagem criada pela sua mente.

— Eu morri, Minho. Dois anos atrás quando você colapsou no Alzheimer e nenhum dos médicos te deu uma perspectiva de vida por mais do que seis meses. Era para ser o nosso Natal, o melhor de todos os nossos tempos, mas tudo se perdeu e espero que agora você seja capaz de finalizar esse ciclo da melhor forma possível.

— Te deixando partir…

— Sim, meu bem.

Jisung permitiu ser tocado, com cuidado e carinho pela última vez antes de desaparecer na escuridão da noite tendo cumprido sua missão.

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