CAPÍTULO 01

Perséfone Angelle

Perséfone jurou para si mesma jamais beber novamente.

Sua cabeça parecia prestes a explodir e seu corpo estava completamente destruído. Ela sentiu sua vagina doer, seu corpo todo dolorido e a dor da ressaca iria matá-la a qualquer momento.

Ela acreditou que seu maior problema fosse os sintomas da ressaca. Mas ao abrir os olhos e se acostumar a dolorosa pontada em sua cabeça pela luz do quarto, ela notou que havia um homem sentado em uma cadeira mexendo no celular — um homem que ela realmente não conhecia e que não foi aquele com quem ela fodeu —, ao desviar o olhar para o outro canto ela viu uma mulher de longos cabelos pretos mexendo em um canivete.

Soltando uma exclamação de susto, ela usou o cobertor para cobrir os seios e se sentou com rapidez. Seu movimento brusco fez com que os dois prestassem atenção nela. A mulher rapidamente guardou o canivete e o rapaz apenas bocejou, estalando o pescoço e se levantou.

— Olá, você é a Perséfone, não é? — perguntou se aproximando dela e estendendo a mão — Prazer, eu sou o Jaz.

Ela encarou a mão estendida em sua direção e franziu a testa. Mesmo assim ela levantou sua mão e a apertou em educação.

— Aperto firme, gostei — ele sorriu — Aquela ali é a Priscilla Yang — apresentou a mulher — Ela comprou roupas para você.

Perséfone apertou o lençol contra o próprio corpo com o semblante assustado, mas ainda assim, apertou a mão de Priscilla e a observou com afinco. Os cabelos dela era negros como penas de corvos, seus olhos eram puxados e escuros, sua pele era clara como neve, seus lábios eram avermelhados e seu corpo era escultural.

Era sem dúvidas a mulher mais linda que ela já viu em toda sua vida.

— Quem são vocês…?

Jaz e Priscilla se entreolharam com preocupação.

— Então… — Jaz esfregou a nuca — Essa é uma história engraçada, sabe…

— Eh… — Priscilla forçou um sorriso — Resumindo, você está casada.

A garota os olhou por um tempo e riu fracamente.

— Não, não estou — negou — E isso não responde a minha pergunta.

— Vamos deixar você se trocar — Jaz falou e segurou os ombros de Priscilla — E voltaremos para te explicar tudo.

— Eu posso ficar aqui com ela — Priscilla se ofereceu — Deixa vai…

— Não.

Jaz empurrou a garota até a porta.

— Ah! — Priscilla exclamou e voltou para falar com Perséfone — Você tem seios lindos!

— Obrigada…?

— Priscilla! — Jaz a agarrou pelo cabelo e a forçou para fora do quarto — Desculpe por isso.

Assim que a porta se fechou, ela pulou da cama e correu para o banheiro, trancando-se dentro dele. Seu cérebro estava trabalhando lentamente para absorver as informações da manhã e a dor que ela sentia não parecia melhorar em nada. Perséfone esfregou o rosto em frente ao espelho e franziu a testa ao ver uma aliança e um anel brilhante em seu dedo anelar esquerdo. Ela encarou a aliança em seu dedo com um choque palpável. Agarrando-se ao mármore da pia, ela tomou forças para no cair de bunda no chão.

“Será que eu me casei mesmo?!”

“Quem são aqueles dois?”

“Com quem eu me casei?”

“Onde estão minhas irmãs?”

Essas perguntas rondaram em sua mente durante todo o banho e a sua troca de roupa. Perséfone teve que admitir que Priscilla Yang possuía um gosto impecável por roupa, por mais simples que fosse. A roupa escolhida para ela foi uma blusa de seda fresca vermelha escura, shorts jeans e uma jaqueta preta. Ela amarrou os cabelos em um rabo de cavalo e correu para procurar seus pertences, não encontrando nem mesmo os seus documentos nos bolsos dos vestidos.

Quando tentou chegar até a porta, ela se abriu repentinamente e aqueles dois adentraram o quarto novamente carregando um carrinho de comida.

— Oi, querida — Priscilla sorriu — Aqui, coma tudo.

— Preciso ir embora, tenho um vôo hoje a noite e preciso encontrar minhas irmãs.

— Suas irmãs estão bem — Jaz sorriu para ela — E sobre o vôo…

— Senta aí — Priscilla apontou para a cadeira à frente dela — Come um pouco.

Desconfiada, a garota se sentou em frente aos dois e observou com desconfiança quando Jaz deixou um prato com croissant e uma enorme xícara de chocolate quente para ela.

— Quem são vocês?

— Hm… — Priscilla inclinou a cabeça para o lado — Explicar todo o contexto será complicado sem o Dawson.

— Perséfone — Jaz chamou — ontem a noite você transou com o nosso chefe e também se casou com ele.

— A parte de transar eu admito que fiz — ela esfregou a testa — Mas eu não me casei com ele!

— Essa aliança no seu dedo é de enfrente? — Priscilla perguntou.

— A questão é que no momento nosso chefe não pode estar aqui, então nós viemos conversar com você, desculpa se te deixamos desconfortáveis — o rapaz sorriu amigavelmente para ela — Mas tínhamos que garantir que você não fugisse. Perséfone você realmente se casou com o nosso chefe, infelizmente não estamos com a papelada aqui, nosso advogado levou com ele.

— Eu posso pedir uma anulação, okay? — ela se levantou — Preciso ir.

— Athena e Éris Angelle — Jaz falou — São suas irmãs mais novas, correto?

— O que…

— Se quiser ver suas irmãs, é melhor comer e nos acompanhar.

Seu coração só faltou pular pela boca. Mesmo tremendo, ela resolveu obedecer e comer o que eles haviam trago para ela até se sentir satisfeita, temendo que fizesse algo de errado e os assustasse.

— Pri, você viu que a vizinha do Dawson traiu o namorado? — Jaz perguntou, mostrando a mensagem para ela.

— Como você sabe disso?

— Eu estou no grupo do condomínio dele.

— E por que você está no grupo do condomínio dele?!

— Segredos, querida.

Priscilla riu baixinho e virou o copo com café em um gole só. Ela encarou Perséfone notando que ela estava parada, em silêncio e com as mãos pousadas no colo como se esperasse alguma ordem.

— Vamos?

— Eu vou ver minhas irmãs? — ela perguntou baixinho.

— Claro, assim que a aula de Dawson acabar — Jaz riu — Aqui está seu celular.

Ela segurou o objeto descarregado e seguiu os dois até o elevador. Sua cabeça trabalhava a mil pensando se realmente deveria ir com eles ou fugir na primeira oportunidade que tivesse. No fim, ela decidiu manter-se calada e acompanhar os dois para não colocar a vida de suas irmãs em risco.

Priscila e Jaz pareciam extremamente relaxados. A mulher continuava mexendo em seu celular e mastigando o chiclete ruidosamente enquanto Jaz se mantinha as mãos no bolso cantando baixinho.

— Mastiga essa porcaria direito, parece uma vaca.

Para irritá-lo, Priscilla se aproximou de seu ouvido mastigando e causando ruídos irritantes. Jaz bufou enfiando a mão nos cabelos dela e puxando para baixo a fazendo gritar.

— Para com isso, capeta!

Priscilla gargalhou alto e parou de causar ruídos assim que a porta se abriu. Perséfone caminhou pelos corredores com eles, passando pelas pessoas que estavam distraídas jogando ou dançando, a todo momento ela olhava ao redor em busca de suas irmãs.

— Entra aí, lindinha — Priscilla abriu a porta do carro.

Perséfone se manteve paralisada e quase em pânico encarando a porta do carro que foi aberta para ela. Respirando fundo e com cautela, ela adentrou o carro sentindo que aquilo era um tipo de sequestro dócil. Durante todo o caminho, ela respirava fundo apertando seus próprios dedos e olhando pela janela.

— Olha só, vai demorar umas 4 horas de viagem — Jaz avisou — Se você quiser ir ao banheiro ou estiver com fome é só nos avisar.

Novamente ela se manteve em silêncio.

Jaz e Priscilla se encararam em confusão por algum tempo, mas logo deram de ombros e voltaram sua atenção para a estrada. Perséfone se assustou quando um par de fones foi estendido para ela junto de um celular.

— São meus, pode usar — Jaz avisou — A viagem vai ser chata.

Decidindo se distrair de toda aquela confusão, ela colocou os fones e deixou em uma playlist alta o suficiente para não ter contato com ninguém. Os flashes começaram a passar em sua cabeça e seu cérebro começou a raciocinar lentamente.

Ela havia sido sequestrada.

E suas irmãs estavam em perigo por alguma irresponsabilidade sua.

“Minha mãe vai me matar” — pensou.

“Claro, se eles não me matarem antes.”

𑁍

Perséfone se xingou quando percebeu que havia dormido durante a viagem toda com dois desconhecidos a levando para só Deus sabe onde. E em sua própria defesa, ela tentava a todo custo acreditar que era pela exaustão da noite anterior e claro, pelo seu corpo extremamente dolorido.

— Pode sair princesa — Priscilla pediu ao abrir a porta do carro e a deixar sair de dentro dele — Seja bem vinda a sua futura casa!

Os olhos de Perséfone se arregalaram ao ver uma mansão tão grande quanto a Casa Branca. Ela parecia um castelo, os jardins eram extremamente bem cuidados com milhares de flores e estátua de divindades e ela pode até mesmo jurar ter visto um enorme carvalho ali.

— Ah… — ela encarou a mansão — Quantas pessoas moram aí?

— Hm — Jaz inclinou a cabeça — Somente o seu marido.

Priscilla riu da expressão assustada de Perséfone e colocou a mão em suas costas a guiando para dentro da enorme mansão, ela digitou uma senha na porta e a adentrou com facilidade arrastando a mais nova para dentro de uma sala próxima tão rápido que ela nem mesmo pôde notar a decoração da casa. Quando adentrou a sala, Perséfone ficou confusa ao ver ela repleta de homens e uma cadeira semelhante a de uma sala de aula, uma lousa e até mesmo um monitor estava ali como se tivessem se preparando para uma aula da faculdade.

Ela travou assim que todos os rapazes se viraram em sua direção.

— Olá! — dois dos rapazes acenaram para ela ao mesmo tempo.

— O-oi…

— Sente-se aí, princesa — Priscilla Yang piscou para ela e a incentivou a se sentar na cadeira e lhe oferecer um caderno — Toma, vai precisar.

O rosto de Rose corou como se tivessem dado tapas fortes em suas bochechas assim que a mulher sorriu para ela maliciosamente. Priscilla se encostou entre os dois rapazes que a cumprimentaram e Jaz se encostou em um outro cara conversando animadamente com ele. Atrás dela estava um homem forte, negro de aparência rígida e que se manteve em completo silêncio desde que ela entrou.

— Ei, onde está a Barbie Advogada? — Jaz perguntou — Ainda está resolvendo aquele assunto?

— É, você sabe como assuntos assim demoram — o rapaz ao seu lado respondeu — Só vamos esperar que…

Perséfone saltou quando a porta se abriu teatralmente e um homem extremamente alto, musculoso, loiro e com uma roupa formal adentrou o cômodo jogando uma pasta em cima da mesa.

— A Barbie chegou! — Jaz provocou.

Dawson revirou os olhos e tirou o terno junto da gravata. Ele pegou os papéis que estavam em cima da mesa e os leu com uma expressão tão séria que Perséfone quase se encolheu na cadeira.

— Perséfone Rose Angelle — pronunciou com um suspiro — Você tem alguma noção do que está acontecendo?

Em defesa, Perséfone cruzou os braços e encarou os próprios sapatos.

— Eu sei que eu fui sequestrada logo que acordei.

— Sequestrada?! — Jaz e Priscilla perguntaram em choque — Daw, nós fomos muito educados com ela!

— Aham… — o loiro esfregou a testa e encarou a garota — Perséfone, você es-

— Rose.

— Ahn?

— Me chame de Rose, por favor.

— Tá, Rose — Dawson esfregou a testa com mais força — Ontem a noite você transou e se casou com um homem. Sabe quem ele é?

— Ah… — ela inclinou a cabeça, parecendo pensar seriamente — Eu não me lembro bem, eu acho que era algum nome com a letra C. Talvez… Clóvis? Não… não! — Perséfone estalou os dedos — Christian!

Os dois rapazes que estavam a cada lado de Priscilla começaram a rir sem parar, atraindo a atenção de todos.

— Clóvis — o loiro gargalhou — Ele vai adorar o nome novo!

Dawson bufou e voltou a encarar Perséfone, ele sentou-se na mesa deixando apenas uma coxa apoiada nela e se apoiando no chão com a outra perna, os papéis pousados em sua perna repousada sobre a mesa.

— Esse era o nome dele, certo? — ela perguntou — Olha, podem me explicar de uma vez por todas o que está acontecendo e onde estão as minhas irmãs?! — sua mão bateu contra a mesa — E sobre esse casamento podemos discutir com os advogados da minha família, pagar uma multa e acabar com isso de uma vez por todas!

— Não.

— Não?

— É complicado — Dawson estalou o pescoço — Esse contrato não tem possibilidade de anulação — ele jogou os papéis contra a mesa dela — Mas eu tenho uma ótima proposta para você.

Os dedos trêmulos de Perséfone agarraram os papéis e ela franziu a testa ao lê-lo com os olhos marejados.

— Se você se manter casada com ele, poderá viver nos Estados Unidos da América pelo resto da sua vida, suas irmãs ganharão Green Card e poderão viver aqui com você pelo resto da vida, poderão entrar em qualquer faculdades que desejarem e uma quantia de dinheiro considerável — ele falou, se aproximando e parou ao colocar a mão sobre a mesa — Mas se você decidir ir a fundo com o pedido de divórcio, a multa será equivalente a 850 milhões de dólares, valor este sendo o equivalente da fortuna milionária do seu pai. Não é mesmo?

— Isso… eu…

— Decida o que você prefere — ele colocou as mãos nos bolsos — Viver em um país de primeiro mundo com o tanto de dinheiro que quiser, sem contato com a sua família e com suas irmãs sob proteção por todo o país ou voltar para sua deprimente França, sem nenhum tostão no bolso e tendo que implorar para os ratos da sua cidade preparem seu café da manhã já como uma bela Cinderela?

Perséfone quase vomitou devido ao nervosismo e ansiedade. Ela sentia que poderia explodir a qualquer momento com toda aquela pressão sobre seus ombros e sua mente trabalhando a todo custo para encontrar uma solução.

— Prefere ficar aqui e em paz ou voltar para sua casa vazia na França com sua mãe narcisista e seu pai negligente?

Como um estalo de consciência, ela tomou sua decisão. Sua mão bateu contra a mesa causando um estrondo e ela ergueu o rosto para encarar o loiro a frente dela.

— Está bem, eu fico.

Dawson sorriu e estendeu a mão para ela.

— Prazer, eu sou Dawson — ele sorriu cordialmente — aqueles dois são os gêmeos Moore.

Ela olhou para os dois rapazes ao lado de Priscilla Yang e eles novamente acenaram para ela.

— Eu sou o Will! — o loiro sorriu.

— Eu sou o Gus — o moreno sorriu igual o irmão.

— É um prazer te conhecer! — os dois falaram juntos de uma forma engraçada que a fez sorrir.

— O Jace você conheceu — ele apontou para o rapaz loiro e tatuado que a trouxe para aquele lugar — O chame de Jaz e aquele é o primo dele, Anthony Rodrigues.

— Pode me chamar de Tony! — Anthony acenou.

— E o espírito obsessor atrás de você é o Nick Diamond.

Perséfone virou-se lentamente e olhou para Nick sentindo um calafrio em sua espinha ao notar o olhar cortante dele nela, o homem fez um aceno com a cabeça e ela o devolveu, voltando à posição inicial.

— Agora iremos te explicar um pouco a onde você se enfiou — Dawson apagou as luzes e acendeu o monitor — Comece a anotar, você vai precisar estudar tudo isso o mais rápido possível.

— Ah… certo…

Priscila ficou na frente da lousa tirando da jaqueta e expondo um body de renda que marcava seus seios de forma tão perfeita que Perséfone quase perdeu o foco.

— Que nojo Priscilla, você sai assim na rua?! — os Moore repreenderam — Coloca uma blusa mulher, se preserva!

— Preservar o quê? — Jaz perguntou — Ela é stripper, está acostumada com esse tipo de roupa!

— Mas ninguém aqui quer ver os peitos dela! — Anthony cruzou os braços — Esconde isso aí menina!

— Não sei se chamo vocês de gays ou de machistas — ela revirou os olhos, colocando a jaqueta novamente no corpo — Podemos começar, princesa?

— Uhum…

— O nome do seu marido é Hades Christian Armand — ela contou — Ele é o herdeiro da família Armand e agora você irá entender como a família funciona.

— Certo…

— Há muitos anos atrás o bisavô do Hades, chamado Robert Wilson, um homem negro em uma época extremamente preconceituosa começou a produzir drogas e a se enfiar em trabalhos nada limpos para poder se sustentar. Como você provavelmente já deve ter estudado em alguma aula de sociologia, pessoas negras e de famílias pobres são os mais vulneráveis a este tipo de situação, ainda mais em um país e em que a segregação racial era extrema — Priscilla falou — Ele conseguiu guardar dinheiro suficiente para se mudar para a França onde começou a trabalhar com alfaiataria e produção de móveis. Robert se casou com uma mulher chamada Nyx Armand e então decidiu modificar seu nome e adotar o nome da esposa, tornando-se Érebo Armand.

Priscilla deu um tempo para que Perséfone escrevesse tudo em seu caderno e absorvesse as informações. Conforme a mulher explicava, fotos e informações sobre as pessoas apareciam como uma enorme árvore genealógica.

— Érebo voltou para os Estados Unidos com a esposa e com dinheiro suficiente para que pudesse criar um negócio de vendas de móveis, mas como você sabe, em um país preconceituoso tudo é mais difícil — ela acenou com a mão — Então ele novamente decidiu vender substâncias ilícitas, seu negócio começou a fluir pelo submundo do país como água e ele construiu uma ótima estabilidades. Érebo e Nyx juntos tiveram dois filhos chamados Thanatos e Hypnos. Infelizmente Hypnos faleceu quando tinha 8 anos devido a uma tuberculose que não foi devidamente tratada nos hospitais por motivos óbvios.

Perséfone assentiu em compreensão.

— O avô de Hades era Thanatos — ela contou — Ele se casou com uma mulher chamada Julliet e ambos moraram juntos em um bairro de classe média, os negócios da família ainda eram simples, mas lucrativos. Juntos os dois tiveram o pai de Hades, Renan Armand e sim, ele é o único com um nome comum — a mulher brincou — E Renan se casou aos 17 anos com uma vizinha francesa chamada Deméter Laurent após tirar a virgindade dela e engravida-la — contou — Guarde bem essa informação.

— Okay…

— Renan tinha amigos na vizinhança — Priscilla apontou para a lousa — Alef Dawson, Michael Moore e Stephan Rodrigues.

Os olhos cintilantes de Perséfone Angelle observaram os rapazes na sala vendo eles com sorrisos divertidos.

— Juntos, os quatro fundaram uma gangue chamada Ceifadores. Futuramente essa gangue se torna praticamente uma máfia, dominando todo o país e com uma alta influência — explicou — a Família Dawson cuida do judiciário, a família Rodrigues da polícia e a família Moore…bom…

— Cuidamos da infraestrutura — Will ergueu a mão.

— E de cirurgias de emergência — Gus explicou.

— Isso! — Priscilla apontou para eles — Deméter Laurent fundou um hospital com o apoio dos Ceifadores para pessoas de baixa renda, em uma homenagem para Julliet Armand, a avó do Hades. Ela morreu devido a uma pneumonia, os médicos e os hospitais não queriam tratá-la adequadamente. — suspirou — O negócio da família evoluiu para tecnologia e marketing. Então para muitos os Armand são uma família rica que possui uma empresa muito bem estruturada e dirigida, mas a realidade é que existe o submundo dos Ceifadores que é o verdadeiro lucro.

— Certo…

— Lembra que eu te disse que Renan se casou com Deméter logo após tirar a virgindade dela? — perguntou vendo-a assentir — Isso aconteceu porque o bisavô de Hades, o Sr. Érebo decidiu criar uma regra de família. Todos os homens da família que engravidassem ou tirasse a virgindade de alguma mulher seriam obrigados a se casar com elas para assumir a devida responsabilidade.

— E isso ainda continua? — ela perguntou em choque — Por isso ele se casou comigo?!

— Exatamente!

— Isso é tão arcaico!

Priscilla encolheu os ombros e assentiu.

— Bom, atualmente a regra vale para mulheres também — contou — Se alguma mulher tirar a virgindade de outra ou de algum cara, também tem que se casar com ele.

Perséfone soltou a caneta e esfregou o rosto respirando fundo.

— Okay — aceitou — Mais alguma coisa?

— Ah sim! — Jaz respondeu — Você deve aprender a ser uma esposa Armand adequada.

— Que porra?!

— Calma, calma! — Anthony ergueu as mãos — Relaxa, vai por mim, não é tão machista quanto você imagina.

— Você não precisa ser submissa, não precisa obrigatoriamente transar com ele ou algo assim — Will continuou — Mas existem algumas coisas necessárias.

Priscilla apertou um botão fazendo o slide mudar para uma lista repleta de afazeres.

— A partir de amanhã você deverá aprender a andar de carro, moto, deverá saber pilotar um helicóptero — listou — pode decidir algumas aulas também, você prefere culinária ou necropsia?

A garota congelou com a pergunta.

— Culinária…

— Que sem graça — Gus murmurou.

— Obrigatoriamente você deverá ter artes marciais, como taekwondo, karatê, judô, jiu-jitsu e muay thai — Anthony contou — Também é obrigatório aprender luta de facas, manuseio de armas de fogo e produção de veneno e bombas é opcional.

— Aulas de teatro também são obrigatórias — Priscilla falou — tem que aprender a mentir com facilidade.

— O que você acha? — Jaz perguntou — Consegue fazer tudo isso?

— Se eu fizer tudo isso — ela encarou a lista com o rosto neutro — minhas irmãs ficarão seguras e livres dos nossos pais?

— Exatamente.

Perséfone Rose passou as mãos pelos cabelos em agonia. Ela se enfiava em muitas enrascadas, era verdade, mas dessa vez era uma coisa que somente Éris tinha capacidade de fazer. A garota respirou fundo e assentiu com a sua consciência ainda em alerta.

— Certo — respondeu — Eu aceito.

Se para viver livre de sua família e com suas irmãs em segurança era necessário se tornar uma esposa Armand perfeita.

Bom.

Ela se tornaria uma Armand perfeita.

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