00 I PROLOGUE.

PROLOGO !

━ ' i'll never forget it, he told me one night
"if anybody hurt you, i'm goin' to prison for life" '
prison for life, Olívia Rodrigo.

HA- NA CAMINHAVA SEM RUMO PELAS RUAS DA Coreia do Sul com os pensamentos em turbilhão. Era a terceira vez em dois meses que ela era demitida de um emprego, e cada vez parecia mais difícil de se reerguer. Cheia de dividas para pagar, o aluguel estava atrasado, seu irmão mais novo dependia dela. Ela parou em frente a um bar pequeno com luzes de neon piscando, ela respirou fundo antes de entrar no bar, mais para fugir do frio do que pela vontade de beber.

Assim que Ha-na entrou ela sentou-se no balcão, com uma cadeira a separando de um homem de olhar tranquilo e aparência chamativa. O cabelo meio bagunçado e o casaco de couro davam um ar de misterioso que ela não podia deixar de notar, mas logo voltou sua atenção para a atendente.

── Com licença, posso pedir só uma água, por favor? ── Ha-na perguntou tímida.

── Claro, só um minutinho ── a atendente com um sorriso gentil no rosto se retirou.

Ha-na apoiou seus cotovelos no balcão, nem teve tempo de organizar os seus pensamentos, um homem mais velho entrou no bar, e caminhou até o balcão. Ele parou ao lado dela, e Ha-na percebeu que ele já estava um pouco alterado. Ele estava tão próximo que Ha-na conseguia sentir o cheiro de cigarro misturado com álcool.

── Ei, mocinha, você é nova por aqui? Nunca te vi antes ── ele tinha um olhar malicioso sobre Ha-na.

── Não costumo frequentar bares ── Ha-na olhou de canto e respondeu educadamente.

── Ah, é mesmo? Uma garota tão bela não deveria andar sozinha por aí. Posso te fazer companhia? ── O velho sorriu passando a mão pelos fios de cabelo soltos de Ha-na.

── Estou bem, obrigada.

No mesmo momento a atendente voltou com uma garrafa de água entregando para Ha-na. Antes que ela pudesse pegar o dinheiro para pagar, o velho puxou a carteira se oferecendo para pagar.

── Eu pago a água dela. Que cavalheiro eu seria se eu não pagasse? ── Ele sorriu antes de tirar uma nota de dinheiro.

── Não precisa, eu posso pagar.

── Deixe-me pagar a sua água. Não seja tímida ── Ele se aproximou ainda mais, deixando Ha-na mais desconfortável. Já sem paciência ela se levantou rapidamente e saiu do bar sem nem olhar para trás.

O velho jogou o dinheiro para a atendente antes de começar a seguir Ha-na para fora do estabelecimento.

Ha-na acelerou o passo, mas antes que conseguisse virar a esquina, sentiu uma mão a agarrando pelo seu braço e a empurrando contra a parede.

── Ei, ei, se acalme. Só quero conversar, nada demais.

── Me solta ── Ha-na disse firme, tentando esconder seu medo.

── Você tem muita atitude para uma mocinha. Isso te deixa mais atraente, sabia?

Ela tentou o empurrar para longe, mas ele era mais forte e não cedia. Furiosa e em pânico, Ha-na cerrou o punho e acertou um soco no rosto dele.

── É assim que você me agradece? Eu não vou ser mais bonzinho com você ── O impacto só o deixou mais irritado.

Antes que a situação pudesse piorar, uma voz firme gritou em direção ao velho.

── Solta ela agora ── O homem estava no bar surgiu rapidamente. Ele caminhou até os dois.

── Saia daqui. Isso não é da sua conta ── O velho disse soltando Ha-na e indo em direção ao homem do bar.

── É da minha conta quando você não sabe ouvir um 'não'. Deixa ela em paz.

── Quem você pensa que é para me dar ordens? Isso não é da sua conta, moleque ── O velho se aproximou mais do homem desconhecido.

── Na verdade, é exatamente da minha conta. Sou policial. E você está preso por assédio ── O homem tirou sua carteira do bolso mostrando um distintivo.

── E-eu não fiz nada de errado! Foi só um mal-entendido ── O velho gaguejo indo para trás.

── Segurar alguém contra a vontade dela e ignorar um 'não' não é mal-entendido. É crime. ── Antes que o velho pudesse reagir, o detetive puxou algemas do bolso e, com movimentos precisos, prendeu os pulsos do homem.

── Ei! Você não pode fazer isso ── o velho disse.

── Eu já fiz. Agora você vai se explicar na delegacia ── O homem desconhecido olhou para Ha-na antes de levar o velho até o carro. ── Me espera aqui.

Ha-na ficou parada e ainda em choque com o que havia acabado de acontecer. O que teria acontecido com ela se ele não aparecesse para salvá-la?

── Você está bem? ── O homem desconhecido voltou e viu que Ha-na continuava imóvel no mesmo lugar.

── Eu... sim. Obrigada. Ele não me machucou.

── Você tem certeza? ── Ha-na apenas concordou com a cabeça. ── Sou Jun-ho, Hwang Jun-ho.

── Jung Ha-na ── eles se apresentaram.

── Eu te conheço de algum lugar? ── Jun-ho tentou se lembrar de onde já viu ela.

Ha-na já foi "presa" por jogar comida na cara de um cliente quando trabalhava em um restaurante.

── Eu acho que não... é melhor eu ir ── Ha-na disse sem jeito.

── Ha-na, espera! ── Jun-ho gritou, mas a garota continuou andando com pressa.

. . .

Ha-na andava de volta para o seu apartamento. O ar frio da noite a fazia se encolher, e ela esfregou os braços, tentando se aquecer. Assim que chegou ao pequeno apartamento, encontrou seu irmão sentado no sofá, jogando no celular. O garoto de treze anos nem percebeu sua presença até que Ha-na fechou a porta com um leve estrondo.

── Você demorou ── ele comentou sem desviar sua atenção do aparelho.

── Desculpe, acabei me distraindo ── ela respondeu, sentando-se ao lado dele, ── você já comeu?

── Não. Estava esperando você trazer alguma coisa ── ele disse, finalmente levantando o olhar para ela. ── Você trouxe, né?

Ha-na soltou um suspiro cansado, passando a mão em seus cabelos, e deu um leve sorriso.

── Bom, não... mas que tal sairmos para comer?

── Sério? ── Os olhos de Min-jae brilharam.

── Sim ── Ha-na respondeu, pegando sua carteira, ou o resto de dinheiro que sobrava. Mesmo preocupada com as contas atrasadas, ela não podia deixar o seu irmão com fome.

O pequeno restaurante de rua onde eles costumavam comer ficava a poucos quarteirões do apartamento. Eles se sentaram em um dos bancos de plástico, enquanto Ha-na observava seu irmão comendo. Ela estava faminta, mas não tinha dinheiro suficiente para pagar duas refeições.

── Como foi seu dia? ── Min-jae perguntou.
Ha-na hesitou por um momento. Ela não queria contar o que aconteceu no bar, não queria preocupá-lo com seus problemas.

── Foi... cansativo ── ela respondeu. ── Mas estou bem. E o seu?

── Normal. Escola, dever de casa... o de sempre ── ele deu de ombros.

Ha-na observou o irmão por um instante. Ele estava crescendo tão rapidamente. A responsabilidade de cuidar dele pesava sobre seus ombros, mas ela nunca deixaria que ele percebesse o quanto era difícil.

Depois de um tempo comendo em silêncio confortável, Min-jae olhou para ela com uma expressão séria.

── Ha-na... Você está preocupada com dinheiro, né?

── O quê? ── Ha-na piscou surpresa.

── Você está trabalhando menos ultimamente ── ele respondeu, ── e... você não comprou nada para você comer.

── Não estou com fome ── ela mentiu, ── e eu vou dar um jeito, Min-jae. Não se preocupe com isso, ok? ── Ela sorriu e bagunçou os cabelos dele.

Min-jae fez uma careta, mas não insistiu no assunto.

── Pode comer o resto ── ele afastou sua comida em direção a ela. ── Eu queria poder te ajudar mais.

── Só o fato de você se preocupar já me ajuda muito ── Ha-na olhou para ele e sorriu.

Pela primeira vez, ela sentiu que, apesar de tudo, ficaria tudo bem. Ela precisava ser forte por ele.

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