Capítulo 5


10 ANOS DEPOIS

Megan estava na proa do Morning Star admirando o pôr do sol. Estavam em um porto do Cabo Verde esperando que os reparos fossem terminados e os mantimentos fossem levados a bordo.

Ela pensava nos sete anos que tinham passado e em como esse tempo havia corrido.

"Eu e Liam nos tornamos unha e carne nesse tempo, já desisti de contar quantas vezes nós salvamos a vida um do outro. Agora, ele é um homem bem educado, terminou o Eton e ainda é capitão do seu próprio navio... Uma pena que nos últimos anos nós não tenhamos nos encontrado, só conversado por correspondência...quando esta não se extravia..."

Ela franziu levemente o cenho e admirando o por do sol continuou a pensar:

"Tem sido assim com David também. Apenas cartas. Mas, pelo menos, nós somos grandes amigos." – Este pensamento lhe trouxe um sorriso triste aos lábios. – "Uma pena que não nos encontremos mais, seria muito bom fazer que nem naquela viagem para as Índias com o meu pai..."

Amos havia concordado apenas para acalmar o Duque, a verdade é que não havia possibilidade de deixar sua filha correr tantos perigos com tão pouca proteção. Ele se alistou escondido do pai no mesmo navio que eles, e ofereceu proteção extra junto com McCourton. E, assim que foi possível, transferiu-os para o seu próprio navio e os levou para verdadeiramente conhecer rotas mercantes, como estabelecer relações de negócios e a respeitar sempre as outras culturas. Foi uma experiência ótima até que o Duque descobriu e exigiu que voltassem ao plano original, ou seja, ou se tornariam capitães ou teriam que voltar a trabalhar no navio mercante que ele havia escolhido.

"Acho que foi a última vez que realmente permanecemos juntos em um mesmo navio. Assim que meu avô descobriu, Liam voltou para ir ao Eton e eu adquiri o Morning. Seria bom se ainda conseguíssemos nos encontrar em alguns portos para conversar ou quem sabe navegarmos juntos. Sinto muito falta dele... Oras, de David também, do bom humor dele, daquele sorriso calmo... Será que eles me reconheceriam?"

Ela mudou muito nesses anos longe de todos que conhecia. Tinha abandonado definitivamente o corpo de menina e havia se tornado uma bela jovem. Seu rosto de coração estava mais cheio, sua pele um pouco mais bronzeada do que seria desejável e seu longo cabelo negro estava escondido embaixo da boina.

"E eles ? Será que mudaram muito?"

Mas, antes que pudesse pensar nisso, Henry McCourton subiu pela amurada com alguns homens que voltavam com provisões e a chamou com um tom de urgência na voz:

–Milady, quanto tempo! Linda como sempre, se me permite dizer...

– Henry, que surpresa agradável. Veio trazer alguma notícia da minha família?

– Acho melhor conversarmos em particular. – respondeu com um tom um pouco ansioso.

Surpresa, ela mais que depressa indicou as escadas, na direção da cabine dela, sendo seguida de imediato por um agitado McCourton, o que a assustou, pois ele era um homem que sempre agia com uma calma irritante e vê-lo nervoso não era, definitivamente, um bom sinal.

– Diga, McCourton! O que aconteceu? Fale logo, você está me assustando! Foi algo com a minha mãe? Ou com minha irmã?

– Não, não. Sua mãe está um pouco fraca por causa de uma gripe, mas não é nada demais e a sua irmã está linda e saudável como sempre.

– Então o que foi? O que aconteceu?

– Isso aqui! – e com essas palavras ele retirou um envelope do bolso. – Eu recebi uma carta do seu avô contendo outra para você. Na carta que ele me enviou, ele pedia urgência máxima na entrega desta carta aqui a você. – terminando de falar, ele lhe entregou o envelope e perguntou:

– Milady, deseja ficar a sós para ler a carta?

– Não, isso não é necessário. E, McCourton, você é meu amigo, não precisa me tratar por Milady.

– Sim, Mi... Megan. E, então, o que diz a carta?

– Espere um pouco... Ah não!

– O que foi? Algo grave?

– Não, ele está ordenando o meu regresso imediato para que seja realizado um baile de apresentação à sociedade no qual eu serei oficialmente nomeada a futura Duquesa.

– Hum! Entendo a urgência dele agora...

– Entende? Então explique, porque eu não entendi o porquê desse alvoroço todo! Apavorar-me por causa de um baile... E estamos ainda a alguns meses de distância do início da temporada em Londres.

– Não?! Oras, Megan! É tão simples... O Duque quer assegurar que você será Duquesa. Ele fez tudo que estava ao alcance dele para desvincular o título de um herdeiro masculino, acredito que ele teve sucesso. Depois que ele te nomear oficialmente como a herdeira dele, a não ser que o seu tio saia da cova ou o outro tio apareça depois de quase 20 anos sumido no mar, ninguém poderá dizer que você não pode assumir o título só porque é mulher.

Megan fez menção de dizer alguma coisa, mas desistiu quando McCourton complementou a explicação:

– Você vai completar 21 anos, sua apresentação está tardia. Sem falar que você daqui a pouquíssimo tempo estará velha demais para fazer um bom casamento.

Indignada, ela retrucou:

– Oras, eu não vou me casar agora. Eu só vou me casar quando eu encontrar um homem que me mereça e a quem eu ame de verdade, assim como os meus pais.

– Pobre menina... Está esquecendo-se de quem você é?! Você é a futura Duquesa Cavendish e, como tal, tem obrigações! Entre elas, a de se casar e gerar um herdeiro. E o casamento não pode ser com qualquer um, a união deve ser vantajosa para ambas as partes. Além do dinheiro, você é agradável aos olhos, o que pode ser visto como um bônus por alguns.

– Eu não sou um objeto para ser vendido ao que pagar melhor! – respondeu com raiva.

– Eu sei que não é... Eu também não gosto da ideia de um arranjo. Geralmente. esses casamentos são muito infelizes. Mas eu estou falando como funciona a vida em sociedade, especialmente na alta sociedade, na qual você nasceu. Pois é muito provável que você termine o baile com alguns pretendentes à sua porta. Se é que o seu avô já não está cuidando disso.

– Isso é um absurdo! Meu avô não se atreveria a arranjar-me um casamento... Isso é impossível, McCourton!

– Megan... Por favor, não seja tão ingênua. Seu avô se casou por meio de um arranjo assim como o pai e o avô dele, enfim, como todos os Cavendish antes dele. Megan, para ele, isso é mais do que natural. Sua avó, Lady Cristina, veio do exterior com uma grande fortuna, que compensava a sua origem simples. Ele e a sua avó, graças ao bom Deus, foram uma exceção à regra da infelicidade, eles nunca foram loucamente apaixonados um pelo outro, mas entre eles existia uma grande amizade, carinho e o principal, menina, respeito.

– Eu nunca havia pensado sobre isso... Sempre sonhei com algo como o que meus pais têm. Por Deus o que eu devo fazer?! Não quero me casar com um desconhecido de quem não gosto!

– Bem... Então use a cabeça, mocinha... Participe da escolha, não deixe seu avô decidir sozinho. Se não existir entre os pretendentes um que te faça apaixonar, então escolha entre eles algum que seja seu amigo. Respeito e amizade podem se tornar a base para o amor.

Megan ficou pensando nas palavras de McCourton e percebeu que esse era o melhor caminho, faria de tudo para se casar por amor e, se assim não fosse, então que fosse por amizade! Não suportaria unir-se a um homem a quem poderia vir a odiar.

– Tem razão, Henry... mas, por enquanto, eu não vou me preocupar com isso. Esse é um problema que eu resolvo depois. Agora me faça um favor.

– Sim, Megan, o que deseja?

– Quero que você, Liam e David compareçam ao baile.

– Entrarei em contato com o Sr. Trevor e transmitirei o seu convite, creio que ele está nas Canárias. É muito provável que o LordThorne já tenha recebido o convite, pois estava de folga das suas atividades militares na época em que parti. De qualquer maneira, não se preocupe, eles irão.

– Você também está convidado.

– Não acredito que isso seja possível... O Duque pode não gostar de um criado circulando pela festa, mesmo que eu tenha sido criado junto com seu pai e o seu tio. Ele pode considerar isso uma ofensa.

– Não me importa nem um pouco o que o rei vai pensar. Você é meu amigo, cuidou de mim quase a minha vida inteira! Seria muita ingratidão...

– Você tem certeza? – McCourton perguntou visivelmente emocionado.

– Claro!

– Então está bem... Eu e aqueles dois molequesiremos.    

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Boa tarde! Espero que estejam gostando da história. =)

Vou me esforçar para postar os capítulos duas vezes por semana, preferencialmente as terças e sextas. 

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