Capítulo 29 - Sina

         

  Monsterrá sentia que a sina daquele maldito avião era o inferno, pois sabia que sua vida voltaria a ser como antes, que toda aquela rotina voltaria.

Enquanto estava sentada naquela poltrona que mais parecia uma prisão, Monsterrá almejou intensamente que o avião caísse, não que ela quisesse que todas aquelas pessoas morressem, mas porque ela sabia que se uma força maior não o fizesse ela mesma faria.

Ela não queria que fosse assim, mas era preciso, ela não poderia suportar nenhum dia sequer naquela casa. E mesmo que soubesse os efeitos infindáveis que sua morte causaria, ela acreditava que deveria tirar a própria vida porque não conseguiria suportar tanta dor.

Eles ficariam melhores sem ela, seria como antes, como se ela nunca tivesse existido, logo ela seria esquecida, e ambos estariam felizes. Adrew iria conhecer uma pessoa melhor, uma pessoa que não fosse louca. Alya encontraria uma nova amiga, Scarlet talvez. Estefânia teria uma nova irmã, uma que a amasse infinitamente e que acima de tudo demonstrasse esse amor. Tony ainda teria o amor da filha, e o de Monique.

Como Monsterrá já esperava, a força maior não veio, e o avião pousou com segurança, ela odiou cada segundo. Ela não falou uma palavra sequer, ficou em silencio, como se estivesse morta por dentro, e talvez estivesse.

Lágrimas ardentes inundaram sua face quando a figura de sua antiga casa ganhou forma, seu coração bateu forte e seu corpo petrificou enquanto imagens dos abusos que sofreu passava diante de seus olhos.

── Bem-vinda de volta. ── Ryan diz com um longo sorriso nos lábios.

Os olhos de Monsterrá continuaram inexpressivos enquanto ela subia as escadas em direção ao seu pior pesadelo. Assim que ela adentrou o quarto sentiu como se o corpo estivesse sujo, suas mãos agarraram com força as laterais de seus braços enquanto seus pés a levaram em direção a janela, que agora tinham barras de ferro enormes, provavelmente para impedir que ela fugisse.

Ela queria poder se deitar, mas toda vez que olhava para a cama sentia que o estômago fosse sair pela boca.

Desde que ela chegou não saiu uma vez se quer do quarto, ela sabia que iria precisar sair uma hora, ou podia simplesmente morrer ali.

Monsterrá levantou do chão em que estava a aproximadamente três horas e adentrou o banheiro, procurou no armário que se encontrava acima da pia o vidro de insulina, mas não havia nada lá, sua mãe retirou todos os possíveis remédios que poderia levar Monsterrá a morte.

Após uma noite horrível, Monsterrá acordou ainda na banheira, ela havia trancado a porta, por segurança. Se levantou esticando o corpo que estava dolorido devido a posição em que havia dormido, destrancou a porta e saiu, olhou pela janela e percebeu que o sol ainda não havia nascido, saiu do quarto na ponta dos pés e desceu as escadas.

Andou em direção a porta e girou a maçaneta, estava trancada, procurou pela chave na parede, como ela costuma ficar, mas não encontrou, olhou a porta dos fundos e correu silenciosamente, girou a maçaneta desesperada, porém ela também estava trancada, as janelas continham cadeados que antes não existiam, a casa mais parecia uma prisão. Sem poder fugir Monsterrá andou até a cozinha bebeu um copo de leite para sanar a dor de seu estomago e depois depositou o copo na pia.

Braços robustos a agarraram por trás tapando violentamente sua boca, as mãos grandes impediam seu alento, na tentativa de se libertar ela deu uma cotovelada na costela do homem, que provavelmente seria Ryan.

Monsterrá se afastou da figura masculina que logo tomou forma, era Ryan. Ele apalpou a área do golpe e seus olhos lampejaram de fúria, ergueu a mão abruptamente e desferiu um golpe na face de Monsterrá, ela caiu no chão batendo com força a cabeça, o golpe de Ryan era tão forte quanto o que ela se lembrava.

── Garota estupida. ── falou cuspindo no chão.

Monsterrá sentou no chão enquanto apalpava a área ferida.

── Não podem me prender aqui. ── resmungou.

── Podemos sim. Ninguém se importa com você. ── metralhou. ── Agora levante-se daí. ── briga. ── Vá para seu quarto. É não se esqueça. ── pede. ── Quero que tire toda a roupa. ── se inclina sorrindo.

── Não vou tirar nada. ── falou.

── Ficou maluca? ── pergunta furioso.

Ryan agarrou Monsterrá pelo cabelo e a ergueu com violência, puxando-a para cima. Ela se sacudiu enquanto tentava se libertar.

Ele arrastou Monsterrá pelos cabelos até o andar de cima, a jogou com violência contra o chão do cômodo e bateu com força a porta, trancando-a em seguida.

── Só irá sair, quando aprender a me respeitar. ── resmungou atrás da porta.

── ME TIRA DAQUI. ── gritou batendo na porta.

── CALE A BOCA. ── gritou de volta.

── Me deixe sair. ── pede em meio aos prantos.

── Garota ridícula. ── sussurra a si mesmo antes de ir embora.

Monsterrá atravessou o quarto e fitou o espelho, a área afetada pelo golpe de Ryan não estava roxa como de costume, na verdade não havia sinais de que tinha sido golpeada, ela agradeceu mentalmente por ele ter ido embora, pelo menos ficar trancada era melhor que o suportar mais uma vez. Assolada pelo destino Monsterrá voltou ao banheiro e girou a maçaneta da banheira, aguardou silenciosamente ao lado da mesma enquanto a água subia cada vez mais. Quando a mesma se encheu ela desligou a água e adentrou, cada molécula de seu corpo repeliu o contato com a água fria.

Lágrimas ardentes escorreram por sua face, sua cabeça estava norteada de pensamentos fúnebres, só lhe restava uma coisa, a morte. Monsterrá sabia que estava destinada a cair, desde o princípio ela estava destinada a cair. No começo ela não sabia ao certo para que viera ao mundo, mas agora sabe que seu destino não era viver. Monsterrá não estava disposta a sofrer o resto de sua vida, ela almejava pela liberdade, e se a morte fosse a resposta, que assim seja.

Seu corpo deslizou automaticamente pela banheira. Seus longos cabelos pretos que pairavam sobre água foram sugados no instante em que sua cabeça mergulhou. Ela prendeu a respiração já sabendo que aqueles seriam seus últimos segundos de vida.

Ela gostaria de poder escrever uma carta, mais sabia que a carta nunca chegaria ao seu destino, então não lhe restava mais nada além da escuridão. Seus olhos detalharam o teto por debaixo d'água enquanto isso seu pulmão almejava desesperadamente por ar, sua cabeça doeu e seu peito inchou em meio ao desespero. Monsterrá se forçou a continuar debaixo d'água. Até que a luz que habitava em seus olhos se apagou, e tudo foi tomado por uma escuridão sem fim.  

Olá meus amores. Que capítulo não?
😭😭😭😭😭💔
Estou sem palavras..
Juro que chorei lendo isso.

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