Andrew tentou concentrar-se nas aulas seguintes, mas foi impossível já que todos os seus pensamentos envolviam Monsterrá. O sol estava se pondo quando ele a encontrou no gramado com Scarlet, Josh e Estefânia. Seu semblante estava diferente, parecia esconder uma tristeza profunda, ele já tinha visto aquela expressão várias vezes, a maioria delas de frente o espelho.

── Achei vocês. ── falou com lúdico na voz.

Monsterrá se virou e sorriu ao vê-lo.

── E aí, cara. ── Josh cumprimentou.

Os portões de ferro de SOP rangeram atraindo a atenção do grupo. Um carro branco entrou, os vidros eram escuros demais para ter uma visão de quem se encontrava do lado de dentro.

A porta se abriu lentamente, uma garota ruiva e bonita saiu de lá. Adrew percebeu que Monsterrá havia ficado petrificada quando viu a garota, talvez porque de alguma forma a conhecia. A ruiva cruzou os braços enquanto olhava para Monsterrá.

Monsterrá disparou loucamente na direção de Alya.

── Alya? ── falou surpresa. ── O que você está fazendo aqui? ── perguntou.

── O que? ── ela bramiu. ── Eu gastei todas as minhas economias para chegar até aqui. ── ergueu uma das sobrancelhas. ── O que acha que estou fazendo aqui? ── pergunto ironicamente. ── Eu vim ver você, sua boba.

Lágrimas ardentes desceram pela face de ambas, Monsterrá não se conteve e a abraçou desesperadamente.

── Me perdoe Alya. ── pediu em meio aos soluços.

── Está tudo bem. ── falou acariciando as costas da amiga. ── Estou aqui agora.

── Eu fui tão injusta com você. ── Monsterrá começou.

── Esqueça isso. ── Alya a afastou.

── Eu não queria...

── Não chore. ── pediu enxugando as lágrimas de Monsterrá. ── Vamos esquecer tudo o que aconteceu. ── pediu.

Monsterrá meneou a cabeça confirmando e se afastou.

── Quem são eles? ── Alya perguntou encarando o grupo.

── Acho que são meus amigos. ── riu olhando para Alya.

── Ele é bonito. ── Alya comentou olhando para Adrew.

Monsterrá sorriu envergonhada e virou-se olhando para Adrew.

── Eu conheço esse olhar. ── Alya comentou cutucando a amiga.

── Que olhar? ── fez-se de desentendida.

── Gosta dele, não é? ── perguntou. ── É não ouse mentir para mim. ── ameaçou.

── Eu gosto. ── confessou.

── Isso é ótimo. ── falou contente. ── Não acredito que finalmente gosta de alguém. ── sorriu. ── Ele deve ser de ferro. ── brincou. ── Por aguentar a sua nova personalidade.

── Ele faz o que pode. ── sorriu.

── Eu estou tão feliz por te ver. ── confessou. ── Deixe-me dar uma olhada em você. ── pediu se afastando. ── Está tão bonita. ── sussurrou.

O olhar de Alya percorreu cada centímetro de Monsterrá, porém ele parou nos pulsos enfaixados de Monsterrá.

── Monsterrá. ── ela sussurrou pegando ambas as mãos dela.

Alya ergueu o pedaço da blusa encarando a faixa que estava um pouco suja de sangue.

── Por favor, diga-me que não fez isso. ── suplicou com os olhos.

Os olhos de Alya perderam o brilho por completo e tornaram-se apáticos naquele instante. Monsterrá abaixou a cabeça derrotada e disse:

── Me desculpe. ── pediu. ── Eu só queria que tudo isso acabasse. Eu não quero passar por tudo aquilo novamente. Eu prefiro morrer. ── finalizou.

── Ei, se fizer isso novamente...eu mesmo mato você. ── brigou.

── Estou com pressentimentos ruins desde o dia em que ele me ligou...ameaçando-me. ── confessou.

── Você não tem que fugir disso. ── falou firme. ── Não tenha medo dele. ── pediu. ── Você é mais forte do que ele. ── segurou firme a mão de Monsterrá. ── Não quero que tente se matar por causa dele.

── Alya. ── tentou falar.

── Eu prometo a você Mon, se ele tentar fazer alguma coisa com você...eu o matarei.

── Você tinha razão Alya....

── NÃO! ── falou cortando. ── A culpa disso tudo é minha. ── falou pousando a mão sobre o ombro de Monsterrá. ── Se eu não tivesse te convencido a contar, ele nunca teria machucado você. ── lamuriou-se.

── A culpa não é sua ── falou.

── É sim. ── seus olhos brilharam devido a água que se formava neles.

── Aquele maldito teria feito do mesmo jeito. ── falou. ── Não ia demorar muito para que aquela desgraça viesse a acontecer. ── voltou a chorar a medida que as más lembranças surgiam. ── No fim, ele sempre me destruiria.

── Estou aqui agora, e não deixarei que isso aconteça novamente. Ele não vai tocar em você. ── bramiu.

── Obrigada. ── agradeceu enquanto segurava abas as mãos de Alya.

── Eu prometo que ficarei ao seu lado.

── Vai ficar aqui comigo? ── perscrutou.

── Bom, não. Eu ainda preciso resolver algumas coisas. ── falou. ── Voltarei mais tarde.

── E se você não vier. ── falou desesperada.

── Eu não vou deixar você Monsterrá. Eu prometi.

Ela estava realmente desesperada, pois Alya tinha feito muita falta. Monsterrá gostaria de dizer que ficou bem, mas a verdade e que ele não ficou. Desde aquele odioso momento em que a deixou, nunca mais foi a mesma. As coisas só pioraram quando Monsterrá decidiu se isolar, não devia ter afastado Alya daquela maneira, tão abruptamente, sem pensar nas consequências.

── Alguma vez já quebrei uma promessa? ── perguntou Alya.

Um turbilhão de pensamentos dançava em sua cabeça. Alya tinha razão, ela nunca havia quebrado uma promessa, nenhuma vez se quer. Não importava o assunto quando Alya dizia "Eu prometo", tudo ficava bem, uma paz sempre invadia Monsterrá, era tão reconfortante quando ela pronunciava aquelas palavras, ela se sentia tão segura. Saber que sempre poderia confiar em Alya era prazeroso, ela sempre foi o sol em meio a tanta escuridão.

── Não me faça chorar mais. ── Alya pediu fechando rapidamente os olhos. ── Não posso chorar agora. ── sorriu.

── Você tem mesmo que ir, não é? ── perguntou.

── Tenho. Mas, não se esqueça de que voltarei mais tarde. ── lembrou-a.
Monsterrá deu um último e apertado abraço em Alya antes dela entrar novamente no carro e partir.

Quando aquele maldito carro branco cruzou os portões, o coração de Monsterrá se acelerou e instantaneamente surgiu um vazio assolador, uma dor irremediável lhe invadiu o peito, era como se algo dentro dela tivesse sido arrancado.

Por mais que a voz de Alya ecoasse em sua cabeça, pronunciando aquelas palavras " Eu prometo", Monsterrá não conseguia parar de temer. Pois, tinha medo que Alya não retornasse. De que a sua primeira e melhor amiga fizesse o mesmo que um dia ela fez. Ela tinha tantos medos, que só cessariam quando Alya retornasse.

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Porque ela veio?