Capítulo 13 - Pulsos
Ela ainda não sabia exatamente porque estava correndo, embora soubesse que estava se divertindo de uma forma indescritível.
── Se continuar lenta desse jeito. Eu vou te pegar. ── a voz de Adrew soou atrás dela.
Monsterrá sorriu enquanto colocava mais força nas pernas. Ela não sabia por que estava tão lenta, pois era praticamente uma atleta na escola. O tempo a deixou molenga?
Adrew corria todos os dias, estava acostumado com aquilo. Sua lentidão era proposital, pois queria que Monsterrá se divertisse um pouco, embora não tivesse achado que ela cederia. Ansioso, Adrew apressou-se um pouco mais e acabou alcançando-a.
── Te peguei. ── ele sussurrou puxando-a.
Monsterrá se desequilibrou com o puxão de Adrew e quase caiu. Se ele não estivesse lá, provavelmente teria quebrado algo com a queda. Mas, o que realmente aconteceu foi que Adrew Black lhe encurralou na parede. Os olhos verdes dele estavam pregados nela, como se ela fosse uma pressa. Ele intercalavam entre os olhos dela e os lábios.
Ele começou lentamente a se aproximar, mas ela se afastou nervosa e inquieta.
── Eu tenho que ir. ── ela murmurou se afastando.
── NÃO, espere. ── ele pediu entrando na frente dela. ── Me desculpe. ── suspirou. ── Não vá embora... Eu ainda quero te mostrar uma coisa. ── falou.
Monsterrá alisou a lateral do braço enquanto concordava. Ela ficou com medo do que poderia ter acontecido. Ele claramente pretendia beija-la, mas não era isso que ela temia. Mas sim ter uma reação inesperada como sempre costuma ter.
O toque era sua maldição.
Os dois permaneceram mais um pouco em silencio enquanto caminhavam lado a lado. Algum tempo depois o túnel chegou ao fim. Não havia nada lá, somente uma parede sem graça de tijolos. Ela se inclinou para olha-lo enquanto seus lábios tremiam com a pergunta presa. Ele teria se perdido?
Quando finalmente estava pronta para formular sua pergunta, a parede se moveu revelando uma pequena abertura. Adrew passou por ela enquanto chamava por Monsterrá.
Assim que ela passou pela abertura, espantou-se com o cenário a sua frente. Era o lugar que Scarlet mencionou outro dia. Era um enorme palácio de arte natural, com estalactites, estalagmites, pilares e cortinas de pedras cheias de pássaros, plantas e animais em forma de cores fantásticas, brilhando em luzes coloridas.
O lado azul a sua frente era uma espécie de espelho, refletindo a beleza colorida do teto. Monsterrá queria pronunciar algo, mas estava completamente sem palavras.
── É lindo, não é? ── Adrew perguntou.
Ela concordou sem tirar os olhos do lugar.
── Esse lugar é o meu favorito. ── ele confessou.
Adrew retirou os sapatos rapidamente enquanto arrancava a camisa, ele a jogou em algum lugar da "caverna" e logo em seguida retirou a calça.
── O que está fazendo? ── Monsterrá perguntou encarando-o.
── Olhe para esse lugar. ── ele começou. ── É pecado não desfrutar. ── sorriu pouco antes de saltar para dentro da água. ── VEM. ── chamou agitando a água.
Monsterrá permaneceu estarrecida no local enquanto seu cérebro filtrava o momento. Por um lado, Adrew tinha razão, mas por outro ela sabia que não devia entrar.
Adrew se arrastou um pouco mais para o fundo enquanto mantinha os olhos em Monsterrá. Almejava desesperadamente que ela ficasse.
Ela respirou profundamente, buscando dentro de si mesma a coragem que precisava. Depois de encontrar, Monsterrá retirou lentamente a blusa de manga que escondia suas feridas externas; e em seguida a calça jeans.
Adrew encarou surpreso, não estava esperando que ela fizesse aquilo, não na frente dele. Seus olhos continuaram fixos nela enquanto a mesma caminhava para dentro do lago. Inevitavelmente ele se aproximou, transbordando desejo.
── Por que me trouxe aqui? ── a voz soou calma e confusa.
Ela ergueu seu olhar para encontrar o dele.
── Queria compartilha-lo com você. ── ele respondeu desviando do olhar dela.
── Por que? ── ela perguntou.
Ele queria responder à pergunta dizendo: ── PORRA, porque eu gosto de você. Mas, não foi isso que ele disse.
── Eu não sei. ── falou coçando a cabeça de forma nervosa.
── Quantas você já trouxe aqui? ── a pergunta soou rude.
── Além de você... ── fez uma pausa. ── Somente uma. ── confessou.
── É por que a trouxe? ── perguntou.
── Porque confio nela. ── respondeu. ── É uma grande amiga.
Scarlet tinha razão, Adrew não estava interessado nela quando a trouxe. Então provavelmente não estava interessado outra vez.
── O que vai fazer neste final de semana? ── ele perguntou desviando-se do assunto atual.
── Eu não faço a menor ideia. ── confessou sem graça. ── Meu pai quer que eu vá para casa. ── murmurou.
── É por que você não quer ir? ── ele perguntou.
Monsterrá o olhou.
── Você não parece que quer ir. ── explicou-se.
── E não quero. ── concordou.
── Por que não? ── perscrutou.
── Não me sinto à vontade.
── Ele é seu pai. ── sussurrou. ── Por que não se sentiria à vontade com ele.
── Eu nunca tinha conhecido meu pai. ── confessou mergulhando um pouco mais do corpo.
Os lábios de Monsterrá tremiam próximo a água, enquanto ela contava parte da sua verdade.
── Por que está aqui? ── ele fez uma pausa. ── Quero fizer, por que está aqui em Shield Of Pain?
── O meu pai...ele me colocou aqui.
── Por que? ── ele perguntou automaticamente.
── Porque eu sou uma bomba relógio. ── respondeu. ── Prestes a explodir.
── Eu sou especialista em bombas. ── ele metralhou chistoso.
Monsterrá sorriu e suspirou.
── E a sua mãe? ── ele perguntou puxando assunto.
── Eu não quero falar sobre isso. ── confessou cabisbaixa enquanto ameaçava ir embora.
── Me desculpe. ── ele pediu. ── Eu não queria te deixar triste...
── Não tudo bem. ── falou. ── Eu só não gosto de tocar nesse assunto. ── falou.
── Posso te perguntar uma coisa? ── ele perguntou enquanto se aproximava.
── Eu acho que sim.
── O que aconteceu com você? ── ele perguntou.
Ela o encarou confusa.
── Do que está falando? ── perguntou rudemente.
── Quem machucou você?
── Eu não estou entendendo. ── falou.
── Você tem um comportamento peculiar. ── falou.
── Você também é estranho. ── ela rebateu.
Adrew sorriu, mas continuou com seu interrogatório.
── Você por acaso sofreu algum tipo de abuso? ── ele perguntou automaticamente.
A pergunta de Adrew mudou drasticamente a face de Monsterrá. Ela bufou irritada e começou a sair da água.
── Ei, o que está fazendo? ── ele perguntou indo atrás dela.
── Eu não vim até aqui para você ficar perguntando se já fui estuprada. ── ela gritou apontando o dedo para ele.
── Me desculpe. ── ele pediu. ── Eu não fiz por mal. Só queria saber um pouco mais sobre você.
── Você já sabe o suficiente. ── rebateu voltando a andar.
── ESPERE. ── ele pediu puxando-a pelo braço.
── NÃO ME TOQUE. ── gritou.
── O que queria que eu pensasse? ── ele perguntou bravo. ── Normalmente pessoas que não gostam de serem tocadas é porque....
── Você já pensou em pesquisar no Google? ── ela perguntou cortando-o. ── Existem muitas pessoas que não gostam de serem tocadas. ── falou. ── Isso não quer dizer que elas foram estupradas. ── gritou.
── Por que fere seus pulsos? ── ele perguntou de repente.
── O que? ── falou confusa.
── Seus pulsos. ── ele apontou para os braços dela. ── Por que os fere dessa forma? ── perguntou.
── Por que você corta os seus? ── ela rebateu.
Monsterrá já havia notado as marcas de cortes nos pulsos de Adrew, mas nunca sequer tinha tocado no assunto.
── São recentes. ── ele acusou. ── Por que está fazendo isso? ── perguntou.
── Isso com certeza não é da sua conta. ── bramiu.
── Você é um perigo para si mesmo. ── sussurrou.
── O que você disse?
── Nada! ── mentiu. ── Eu quero ajudar você. ── ele confessou.
── ME AJUDAR? ── ela riu. ── Você é a pessoa menos capacitada para isso.
── Está enganada. ── ele suspirou. ── Eu sou o mais capacitado. Porque já passei por isso.
Ela permaneceu em silêncio enquanto o ouvia.
── Eu comecei a cortar os pulsos... ── hesitou. ── Eu cansei de tentar, e acabei desistindo de tudo... eu não sei se era muita coragem, ou muita burrice. Mas, foi à única forma que eu encontrei... Eu precisava criar uma nova dor. ── falou.
Ele se aproximou cautelosamente de Monsterrá.
── Eu sei o que você está sentindo... Porque eu já passei por isso. ── confessou. ── O meu pai... ── hesitou. ── Ele era muito cruel comigo. Eu já tentei me suicidar. ── ele confessou.
A confissão de Adrew deixou Monsterrá em choque, ela nunca teria imaginado aquilo.
── Eu não quero que você continue fazendo isso. ── ele sussurrou pegando uma das mãos dela.
O toque dele eletrizou todo o corpo dela, mas ao contraio do que ela imaginou seu corpo não teve uma reação negativa.
── Deixe-me ajudar você. ── ele pediu pegando a outra mão dela enquanto olhava fixamente para os olhos azuis de Monsterrá.
── Como poderia me ajudar? ── ela perguntou em um sussurro.
A voz de Monsterrá saiu trêmula de seus lábios. Seu corpo denotava sinais de nervosismo.
── Eu queria que alguém tivesse lá por mim. ── ele falou. ── Disposto a me ajudar como eu estou agora por você. ── sorriu. ── Se pelo menos alguém estivesse lá por mim... Já seria o suficiente. ── confessou.
── Você é diferente do que pensei. ── ela metralhou olhando para ele.
── Diferente como? ── ele perguntou. ── Menos babaca? ── sorriu.
── É. ── ela concordou sorrindo. ── Definitivamente as aparências enganam.
── Eu conheci um cara chamado Erick...ele era legal...dono de uma pequena academia na cidade. ── sorriu relembrando. ── Ele me ensinou a descontar a raiva no ringue... E não nos meus pulsos.
── Então é isso que está me propondo? ── ela perguntou. ── Uma oportunidade de socar a sua cara.
── Sim. ── ele confirmou. ── Podemos treinar juntos. Você vai ver o quanto é reconfortante. ── concluiu soltando as mãos dela.
Ela não se mexeu, ficou pensando a respeito do assunto. Enquanto isso Adrew continuava com os olhos colados nela.
── Quer tentar? ── suscitou.
── Eu quero pensar. ── rebateu.
── Como quiser. ── ele concordou. ── Você sabe onde me encontrar. ── piscou provocando-a.
── Sim eu sei. ── sorriu se afastando.
── Ah, é sobre aquele lance do seu pai. ── fez uma pausa. ── Devia dar uma chance a eles. ── sorriu. ── Você nunca irá se sentir parte de uma família, se não tentar ser parte dela.
Monsterrá meneou a cabeça confirmando. Ele tinha razão, ela nem se quer tinha tentado ser parte daquela família.
── OBRIGADA. ── ela agradeceu. ── Por ter-me trago aqui. ── sorriu enquanto pegava suas roupas. ── É por se importar...
Ela pegou suas roupas e correu, estava praticamente fugindo dele.
Olá meus amores...Como você estão ?
O que estão achando da história ?
Comentem aqui , quero muito saber a opinião de vocês😉
...Vamos conversar...
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